Eu já não me lembrava de nada, apenas observava calada o suave rosto de Matheus, que prendia meu corpo junto ao seu, me abraçando com força. Eu não me importava se estava á vários pés de altitude, na verdade nem percebi, cada momento que Matheus estava ao meu lado era com se estivesse nas nuvens, então por que eu teria medo de estar voando? Eu estava com ele.

Seus lábios levemente rosados e carnudos me faziam ter um grande desejo de prender os meus aos seus, mas me continha. Esse amor que sinto por ele eu não deveria sentir, é algo impossível.

_ Matheus para onde estamos indo? – Pergunto.

Matheus abaixa o olhar para mim, e fixa seus profundos olhos verdes nos meus, me fazendo corar, fica assim por um tempo depois encosta sua testa na minha e se afasta franzindo o cenho com expressão de dor.

_ Já estamos chegando. – Diz por fim.

Após alguns minutos intermináveis avisto uma ilha não muito longe da praia naquela imensidão azul do céu e do mar. É eu tinha acertado essa cidade é mesmo litorânea.

Matheus começa a descer, devagar, pousando nas areias brancas e leves da praia.

_ Chegamos, você não queria ficar sozinha? Então te trouxe para uma ilha deserta. Agora você quer que eu sai? Bom... Te deixe aqui embaixo?

_ Não. Fica, por favor.

_ Tem certeza? – Disse se aproximando, ficando a centímetros com um sorriso torto me deixando ofegante.

Olho para o chão e me afasto rezando para que ele não percebesse como eu estava nervosa com a sua presença, mas mesmo assim não o queria longe, o queria perto, perto até demais.

_ Tenho. – Digo tentando deixar o tom da minha voz normal.

_ Você está bem?

_ Sim. – Respondo caminhando pela areia fina até a maré alta.

A água gelada encobria meus pés, a água era de um azul cristalino muito bonito. As ondas balançavam calmamente e o silencio absoluto trazia calma e leveza ao lugar.

_ Alicia... – Matheus caminha em direção á água e para ao meu lado._ O que aconteceu lá? Por quê você não quis voltar?

Me viro de frente para ele, o olhando nos olhos.

_ Eu não quero falar disso.

Ele não diz mais nada e ficamos apenas de frente um pro outro, olho a olho. Uma chama crescia dentro de mim, desejo, paixão e dor me queimavam por dentro, mas o desejo falava mais alto que tudo, até mesmo que minha consciência, nossos corpos eram como imas. Me aproximei, colei meu corpo ao seu e ele não fez nada apenas continuou a me fitar.

Então decido ceder ao desejo e encostei meus lábios nos seus calmamente, ele hesita, mas também cede ao desejo me beijando com desejo e paixão. Seu beijo era intenso, tomado pela paixão e seus lábios eram calorosos. Ele subia sua mão direita sobre o meu pescoço e segurava minha nuca me colando ainda mais ao seu corpo. Em seus braços eu não era nada, não lembrava de nada, eu era apenas sua.

Matheus com calma desencosta sua boca da minha e se vira colocando a mão direita nós seus lábios.

_ Matheus.

_ Alicia... Me desculpa, mas isso não deveria ter acontecido. – Diz se virando para me olhar. _ Eu não posso.

_ Por que não? – Pergunto.

_ Por que eu te amo... – Faz uma pausa e com dor no seu olhar diz: _ Sou um demônio, você não me merece. Faço coisas horríveis, mato por prazer.

Só por esta noite. – Digo colocando meus dedos em seus lábios. _ Só por essa noite, por favor, não serei a criatura sombria que sou, o amuleto, ou seja lá o eu que for, e você não será um demônio, seremos apenas homem e mulher. – Aperto fortemente meus lábios contra os seus, os prendendo fortemente por uns segundos e me afasto.

_ Só por esta noite. – Diz Matheus prendendo meu rosto junto ao seu.

Me beija, me envolvendo em seu corpo. Me entrego inteiramente ao desejo e a paixão. Seus lábios vão descendo calmamente pelo meu pescoço, com delicadeza coloca as mãos por baixo da minha camiseta e a levanta, faço o mesmo com a dele passando a mão pelo seu peitoral. Matheus volta a beijar meus lábios depois os solta.

_ Tem certeza disso? – Diz olhando nos meus olhos.

_ A única certeza que tenho é que te quero. Me faça mulher. – Volto a prender meus lábios aos seus mordendo seu lábio inferior. _ Só está noite, serei sua, só por está noite serei feliz.

Matheus desce com os lábios pelo meu pescoço me fazendo ofegar e sucumbir em desejo.

Me deito na areia, Matheus desce seus lábios pelo meu corpo me beijando apaixonadamente, passo minhas mãos pela sua costa o arranhando com minha unhas.

E então transamos na areia branca da praia. Éramos só eu e ele, dois corpos perdidos na imensidão da noite.

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Acordei nos braços de Matheus, usando seu peito nu como travesseiro, o céu ainda estava um pouco escuro, mas o sol já começava a brilhar no horizonte. A paisagem era perfeita o sol reluzindo nas águas do mar, o seu nascer nunca fora mais bonito.

Matheus já havia acordado e estava apenas me observando dormir com um sorriso no rosto.

_ Bom dia. – Diz me olhando nos olhos com um sorriso verdadeiro.

_ Bom dia. – Retribuo o sorriso.

_ Vamos voltar para a escola.

_ Não. – Digo aconchegando minha cabeça no seu peito.

_ Sim, sim. Já devem ter dado pela sua falta.

_ Mas ainda nem amanheceu. – Argumento.

_ São 4 e 55, isso te dá mais duas horas de sono se chegarmos rápido. – Diz olhando no seu relógio de pulso.

_ Não quero dormir, não quero voltar. Quero ficar aqui com você pra sempre. – levanto meu olhar para o seu rosto.

_ Também quero, mas nosso amor nunca será aceitado nem pelo inferno nem pela terra. Amor entre mortais e criaturas é inteiramente proibido ainda mais se eu for um demônio. Alicia escute. _ Se senta na areia e segura minhas mãos. _ Eu te amo e por te amar não posso deixar que nada aconteça com você. – Abaixa o olhar. _ Ele, meu criador nunca iria aceitar isso de maneira alguma, ele não deixaria isso quieto e pelo visto nem o que aconteceu ontem á noite. Mas meu desejo, meu amor por você é mais forte do que eu, é mais forte que tudo, não tenho forças para lutar contra isso. – Lágrimas expressas escorriam pelo meu rosto de uma forma dolorosa, mas a dor que os olhos lagrimejados de Matheus me passava era muito mais forte. _ Não podemos ficar juntos.

Matheus me abraça fortemente, a fim de me passar conforto, mas a dor em nosso interior era profunda.

Ainda nos seus braços olho para o mar alaranjado pelo nascer do sol, a paisagem era linda, o lugar era perfeito, nosso amor era a única coisa que me deixava de pé. Ali, observando o nascer do sol nos braços de Matheus pude entender isso. Ele me deixava forte, de uma maneira que nunca fui, mas agora não podia lutar contra o que nos separava não sabia como e nem o que fazer, mas sabia que do nosso amor nunca iria desistir.

As lagrimas ainda escoriam pelo meu rosto me machucando de uma forma brutal, mas eu tinha que parar com isso. De me fazer de coitada, vitima e infeliz, tenho que aceitar minha vida da maneira que ela é, eu não era privilegiada, chorar não adiantava em nada. Então de uma forma violenta, com raiva de mim mesma limpo as lagrimas com a palma das mãos, respirei fundo e parei de chorar aceitando a situação.

_ Vamos Matheus, ainda tenho que descobrir muita coisa sobre mim. – Digo de uma forma dura me levantando.

Matheus me olha assustado com a força que eu tentava demonstrar ter, mas não diz nada apenas abre suas asas e levanta voo me abraçando forte.

Com a força que Matheus batia suas asas muita areia voou em meu rosto, mas com a mão tapei meus olhos.

Não dissemos uma palavra a mais o caminho todo, eu apenas prendia minha cabeça ao seu peito e o abraçava fortemente como se eu nunca mais fosse vê-lo. Chegamos rapidamente á escola, como todos ainda estavam dormindo Matheus me leva até a janela do meu quarto que eu sempre deixava abeta.

Com cuidado para não fazer barulho a abro, entro cuidadosamente no quarto e fico de pé em frente á janela, onde Matheus sustentava seu corpo no ar.

_ Noite passada, foi a melhor da minha vida. – Digo encarando seus profundos olhos verdes.

_ Noite passada, foi a menor noite da minha eternidade. – Diz com um meio sorriso. _ Apenas quando estou com você sou verdadeiramente feliz, Alicia. Você não faz ideia da maneira que te desejo, mas... – Faz uma pausa e olha bem no fundo dos meus olhos. _ A noite já acabou. – Então levanta voo e me deixa sozinha.