Escuridão - A chave escrita por Queen K


Capítulo 13
Escuridão em mim


Notas iniciais do capítulo

Não sou de me gabar, mas adorei escrever esse capitulo e achei que ficou f#da u.u gosti
Espero que gostem também xD



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Quanto mais caminho para perto do tal bosque, mas receosa fico, não sei se estou com medo. É meio difícil eu ter medo de algo, sempre fui e me achei uma pessoa forte. Não sei por quê um pequeno bosque me perturbava tanto, já fui em lugares piores.

Conforme adentrava no bosque uma fina camada de neblina obscurecia ainda mais o lugar, havia uma trilha reta, feito pelas as grandes árvores secas que ficavam lado a lado, fazendo com que poucos raios de luz cinzentos adentrassem, a trilha fazia uma curva para a direita, levando a um lugar, que apenas via árvores mais grosas com folhas alaranjadas, como as de outono.

O ar era seco e abafado como em se estivéssemos em um litoral. Nunca percebi, mas essa cidade parecia mesmo litorânea, o ar era seco, os ventos traziam areia com si, mas isso era somente fora da escola. Lá dentro a temperatura era sempre amena, o sol sempre brilhava e o ar era úmido e gostoso, muito diferente, o solo da escola era completamente diferente do da cidade toda, é como se a escola fosse mesmo mágica.

O céu estava sem nuvens, mas cinzento. Hanna andava feliz pela trilha como se, se familiarizasse com esse lugar.

O solo era de terra molhada, como se estivesse acabado de chover, coisa que não aconteceu, e me estranhou ainda mais, pois o ar era seco, o solo também deveria ser seco.

Uma leve brisa de vento batia em meus cabelos e nas folhas das árvores que balançavam em sintonia. Eu não estava mais com medo ou com qualquer resquício de receio daquele lugar. A brisa e o cheiro de terra molhada me traziam conforto e paz. Fazia um tempo que eu havia percebido que a natureza me acalmava.

_ Alicia, venha. – Hanna me chamava no fim da trilha.

Apressei o passo e fui em sua direção.

_ Hanna, você tem razão, aqui dentro é diferente... – Olho para as folhas das árvores dançando, com o leve tocar do vento.

_ E você nem viu isso aqui ainda. – Disse se virando para a parte do bosque, que a tal curva da trilha não me deixara ver.

Caminhei ainda mais rápido, pois a curiosidade gritava dentro de mim.

Meu queixo caiu no instante em que vi aquele lindo lugar, parecia um jardim de inverno, mas não havia nenhuma casa ao lado. Não tenho palavras para descrevê-lo, mas nunca vi lugar mais belo. Havia muitas árvores com folhas mescladas de um ferrugem ao alaranjado, no meio de tudo havia um banco branco, fino de metal no formato de uma coroa.

Era o único lugar no bosque que aparentemente tinha grama, era uma grama verde e bonita, parecia recém cortada. Flores coloriam e perfumavam o lugar, lírios da paz e flores de Ísis faziam um desenho muito bonito, plantadas lado a lado cercavam o banco, deixando apenas a parte da frente livre. Pedras brancas faziam um caminho até a frente do banco, onde formavam um tapete quadrado. Fora essas flores árvores coloridas enfeitavam o lugar. Parecia que estávamos no outono, as flores, as árvores e o solo estavam como tal, mas estávamos em pleno verão.

_ Que lugar maravilhoso, por quê apenas aqui há flores? Enquanto estávamos na trilha até o ar era diferente, tudo era seco e cinzento. E aqui... É tudo tão vivo. – Digo colocado a mão no braço do banco.

Enquanto Hanna me olhava calada, posicionei meu corpo para sentar no banco quando Hanna gritou desesperada:

_ Não...

_ O que foi? – Digo ficando em pé.

_ Ninguém pode se sentar ai, e saia daí, estamos em um dos santuários da princesa Ísis. Não podemos tocar em nada.

_ Princesa Ísis? – Pergunto.

_ Sim, também conhecida como Ísis a Deusa da natureza. Dizem que foram construídos santuários iguais a essa á ela em todos os lugares do mundo em que ela mais gostava de ficar. Por isso aqui é a única parte do bosque que parece ter vida, pois dizem que onde a princesa Ísis pisar a vida permanecerá eternamente, mas isso é mito, eu acho. Que grande bruxa eu sou. – Ri. _ O ser servo da natureza nem sabe se a princesa Ísis existe. Mas não tem como ela ter pisado apenas nessa parte do bosque, como ela iria ter entrado aqui? Mas mesmo não sabendo temos que respeitar, pois servimos a natureza. Alguns bruxos acreditam nisso, mas a maioria assim com eu, acreditam que a própria natureza é a mãe de tudo, sem precisar de alguém que a criou.

_ Ok. – Volto a entrado da trilha ao lado de Hanna que observava o lugar.

_ Mas não é aqui que queria te mostrar. Vem, o bosque é enorme. – Diz voltando a trilha.

A segui por um bom tempo, até que chegamos a uma parte bem retirada do bosque onde percebi que seres pequenos nos seguiam com receio e cuidado, mas seus zumbidos identificáveis os anunciavam, eu já sabia o que eram.

_ Hanna. – Me aproximo dela e digo com voz baixa. _ Você já viu quem está nos seguindo.

Hanna olha para trás e vê pequenos focos de cores brilhantes se escondendo atrapalhadamente atrás das árvores.

_ Ta legal podem sair daí, vocês já foram descobertas. – Diz Hanna calmamente se virado para trás.

As pequenas fadas saem de trás das árvores envergonhadas.

_ Por quê elas estão aqui? – Pergunto.

_ Criaturas mágicas existem em todos os lugares, você apenas não as via. – Explica Hanna.

_ Mas por que posso ver agora? – Pergunto.

_ Não sei. Nós bruxos só as enxergamos depois de termos conhecimento da magia.

_ Ta, mas eu não sou bruxa.

_ Sei lá você é tão esquisita. – Diz com as uma sobrancelha arqueada.

_ Por que aqui não é assustador e sombrio como do lado de fora?

_ Aqui dever ter barreira de guardiões do inferno, eles devem proteger o lugar, por isso aqui é tão cinzento e morto. – Abaixa o olhar e continua a caminhar.

_ Mas se tivesse você não conseguiria vê-los? – Caminho junto com ela.

_ Quando eles estão de barreira, em volta de locais, nada pode vê-los por isso protegem o lugar, mas quando saem da barreira podemos vê-los, mas vai por mim você não vai querer ver um Guardião do inferno.

_ Por quê? – Pergunto parada olhando para ela.

As fadas caminhavam ao nosso lado, mas pareciam não gostar do assunto da nossa conversa.

_ Por que é um dos seres mais assustadores que existe. Me dá calafrios só de lembrar, da ultima vez que vi um tive que ser internada em uma clinica especial por um mês, até voltar a ser eu mesma. E olha que apenas vi seus olhos de relance.

_ Nossa, por quê? – Pergunto intrigada.

_ Por causa dos seus olhos, são capazes de atormentar qualquer ser. Nos fazem esquecer da felicidade, de todos os momentos felizes que já vivemos, nos fazem pensar o tempo todo em coisas horríveis. Somos apenas tristeza, dor e ódio. Queremos sangue, queremos lagrimas. Trazemos discórdia á todos que nos cerca, nossa maior alegria é a dor dos outros e não importa quem for. Eu fiz coisas horríveis até a minha própria mãe. – Abaixa a cabeça envergonhada. _ Eu não era eu, nem por um momento nesse mês.

Percebo que lagrimas começam a correr pelo seu rosto. Ela deve ter feito algo que se arrepende profundamente. Mas o pior é que não sei o que posso fazer pela minha amiga, o que dizer...

_ Vamos, estamos quase chegando. – Caminha na minha frente enxugando as lagrimas que caiam dolorosamente.

As fadas jogaram um pouquinho de pó brilhante que não sei o que era, mas era o mesmo pó brilhante que as cercavam. Instantaneamente os olhos azuis de Hanna voltaram a brilhar e em seu rosto nasceu um sorriso verdadeiro.

_ Obrigada. – Diz para as fadas que sorriam para ela.

_ O que era aquilo?- Pergunto, me pondo ao seu lado.

_ Pó da alegria, te traz esperança e felicidade, mesmo que ser feliz pareça impossível. A magia das fadas é muito poderosa. – Diz sorrindo para uma de cor rosa que voava ao seu lado.

Passamos por um lugar um pouco mais claro onde encontramos alguns gnomos trabalhando em alguma coisa. Eles nos percebem e me olham de cara feia. Reviro meus olhos, nenhum desses seres gostava de mim, eu tinha que aceitar, mesmo sem saber o por quê.

Hanna para e como se estivesse ouvindo algo de longe se aproximar, começa a analisar o lugar procurando por algo com o olhar distante entre as arvores secas.

De repente uma luz ofuscante invade o lugar trazendo cor e vida por onde passa, conforme se aproximava a luz ofuscante que queimava minhas retinas começou a ter forma. Mesmo com meus olhos doendo identifico duas figuras um cavalo completamente braço com um chifre na testa e um homem montado nele. O homem era completamente pálido de olhos azuis e cabelos brancos, mas não era velho parecia ter vinte e cinco anos, usava apenas um pano branco para cobrir o seu corpo.

_ Guardião, a que devo a honra? – Diz Hanna se curvando como se ele fosse algo divino.

_ Apenas vim te avisar. Hanna tome cuidado, esse bosque pertence ao OUTRO. Você não está segura aqui volte para a escola.

Percebi que algo que me assustou, em todo o lugar havia luz, claridade em volta de tudo menos de mim. Um sombra negra me cobria por inteira. Comecei a olhar para minhas mãos assustada quando o homem se virou a mim e disse:

_ Não se assuste, não tem nada que possa fazer contra isso, você já nasceu com essa escuridão em si, com essa maldição. Pobrezinha nem teve a chance de escolher, escolheram por você. Você pode ser um ser obscuro, algo ruim, mas seu coração é puro, posso sentir.

_ O que? – Indaguei assustada com as palavras que ele me dizia tão calmamente.

_ A morte te rodeia, o tempo é pouco. – Diz e depois cavalga rapidamente sumindo pelas árvores e levando com si a cor e a claridade.

Após ele sumir, me olho novamente e a sombra escura some me inquietando.

_ O que ele quis dizer? – Pergunto á Hanna com uma lagrima brotando em meus olhos.

Hanna fica sem palavras e abaixa a sua cabeça.

_ Eu não sei o que ele quis dizer.

_ É mentira, é mentira. – Digo nervosa.

_ Não. –Diz Hanna franzindo o cenho e fazendo uma cara triste. _ Me desculpe, mas ele é um guardião do céu uma das criaturas mais puras que existem. Por isso seu animal é um unicórnio, o animal mais puro que existe. O guardião sabe de tudo, é capas de saber tudo sobre você estando a quilômetros de distancia. – Diz com uma voz calmante._ Alicia vamos voltar, você tinha razão não deveríamos ter saído da escola.

_ Não. Agora que você tem o grimório e estamos aqui talvez sua magia possa me ajudar a descobrir o que sou.

_ Isso pode ser perigoso tem certeza? – Pergunta.

_ Sim.- respondo.

_ Venha estamos perto. – Diz Caminhando entre as árvores.

Caminhamos em silencio pelo caminho de terra molhada, era um silencio ruim, inquietador. As palavras do guardião ficavam rodeando pela minha mente, eu não conseguia encontrar sentido no que ele havia me dito, muitas peças ainda faltavam, muitas palavras precisavam ser colocadas, para que a frase se completasse.

_ Você tem certeza disso? – Pergunta Hanna parada em frente a uma gruta. _ Que quer saber o que é? Pelas pistas dadas não é nada bom. Em vez de se machucar com a resposta deveria esquecer tudo isso. Sua alma é boa, você tem poderes que ninguém tem, você pode ver qualquer criatura mesmo não sendo uma bruxa.

_ Esquecer? E ficar me torturando com essa duvida? Mesmo que eu quisesse, a verdade sobre mim sempre estará em mim, me atormentando, me consumindo, eu nunca poderia esquecer esse fato.

_ A escolha foi sua. – Ela deu com a mão para que eu entrasse na gruta.

A obedeci e entrei calmante na gruta seca, ela ficava um pouco mais baixa que o solo, sua entrada era pequena e sua parte de cima a encobria quase inteiramente, fazendo com que o local seja escuro mesmo na luz do dia.

A altura da gruta era pequena, mas era bem extensa. Varias pedras dificultavam a passagem, haviam varias paredes inacabadas de terra seca e pedras esculpidas pelo tempo repartindo o lugar em três partes. Paro na segunda e mais larga á espera de Hanna que vinha logo atrás.

_ Aqui está ótimo, pouca entrada de luz, é extenso, só as paredes de pedras que são um pouco rígidas e pontiagudas. Cuidado para não encostar nelas. – Adverte Hanna.

_ Ok. – Respondo, analisando o formato das paredes com o olhar.

_ Irei precisar de tochas, o fogo me dará poder. – Diz Hanna abrindo o livro e procurando algo. _ thochas ignis appareat et da me tua. – Profere Hanna com os olhos fechados, cabeça para cima e respirando profundamente.

Apenas entendi o que ela estava fazendo quando tochas de fogo apareceram penduradas nas quatro paredes, deixando o lugar quente e com uma luz alaranjada por causa do fogo forte que queimava. Aquilo era impressionante e ela ainda não tinha nem começado.

Hanna abriu os olhos, com o olhar colado em mim abaixou a cabeça, ela não piscava, aquilo era assustador parecia estar possuída.

_ Pronto, vamos começar. – Disse voltando a piscar.

Ela deixou o livro no chão e se direcionou até mim, colocou suas mãos em cada um dos meus braços e arrumou minha postura me deixando reta, com os braços colados ao corpo. Depois ela levou a mão até meu queixo levantando meu rosto.

_ Não se mecha. – Ordenou.

_ Você já fez isso? – Perguntei a obedecendo.

_ Sim. – Respondeu de uma forma dura e fria.

Ela voltou ao meio do lugar e pegando o livro do chão novamente em suas mãos, ela o folheou mais uma vez.

_ Como já sei que seu ser é obscuro, irei direto ao ponto. Tenho que penetrar na parte ruim que há dentro de você, no seu buraco negro, como dizemos. Mas para isso preciso que você sinta raiva, ódio. Irei entrar primeiro em seu cérebro, na parte sentimental por que ódio e amor é a mesma coisa.

A Hanna bruxa é diferente da verdadeira Hanna, ela é fria e dura, não apenas no modo de falar, mas também no seu olhar, ele era solido e implacável.

_ Alicia erit intus et penetrare cerebrum. Mihi animus ostenditur. – Profere novamente com os olhos fechados e com a cabeça para cima. _ Alicia vejo três garotos, mas não consigo compreender seus sentimentos por eles, está tudo muito confuso. O primeiro é Thomas, o segundo Matheus, mas o terceiro não sei quem é. Pode me explicar quais são esses sentimentos. – Diz sem se mover.

_ Eu não sinto nada a mais que uma pura amizade por Thomas, mas ele me trata de uma maneira diferente, você sabe, e isso me incomoda. Agora Matheus, você sabe já te disse tudo que sinto por ele, nada mudou, apenas aumentou. E o Terceiro é Jonathan... – Fui interrompida por Hanna.

_ Nossa apenas por falar o nome dele sua alma se encheu de ódio, continue está dando certo, mas preciso de mais ódio.

_ Ódio por ele é o que mais sinto, não apenas por ele, mas por mim também por ter sido uma tola nas mãos dele. Eu o amava, o idolatrava, me entreguei de corpo e alma a ele, literalmente. Mas ele era um moleque, queria apenas uma virgem para brincar, após me usar me trocou pela vadia da Sarah. Após terminar com ele e ser ridicularizada pela escola interia pelas coisas que ele dizia de mim, não me envolvi com garoto nenhum.

_ continue está dando certo. – Disse Hanna puxando o ar mais fortemente pela boca. _ Pense nele no que ele fez e no seu ódio.

A obedeci mesmo não querendo, a lembrança de Jonathan me trazia nojo. Lembrei da forma nojenta como ele beijava meu corpo após eu ter aceitado dormir com ele, das palavras nojentas e desrespeitosas que ele usava, aquilo me dava ânsia. Eu era apenas uma garota ingênua, que sonhava com o amor verdadeiro. Foi minha primeira vez e a pior que alguém pode ter.

Era incrível a forma que quanto mais ódio eu sentia mais fortemente e estupidamente o fogo das tochas crepitavam, formando chamas enormes que depois se desfaziam e se formavam novamente.

Não era apenas o ódio e o nojo que me dominavam agora, a dor aquela forte dor de arrependimento me fazia sucumbir em lagrimas. Sempre que me lembrava disso era o mesmo que torturar.

_ Chaga, já consegui encontra-lo, agora preciso penetrar no grande buraco negro. – Disse Hanna interrompendo meus pensamentos masoquistas.

Respirei aliviada, pois não precisava mais pensar naquilo.

_ Penetrare in nigrum foramen, penetrare, penetrare ...

Hanna fazia expressões de dor, como se estivesse lutando com algo, aquilo estava me preocupando. O fogo crepitava com uma brutalidade assustadora, até que então ele se apagou, todas as tochas de uma vez só, e Hanna foi jogada com muita força na parede atrás dela.

_ Hanna. – Corri até ela que estava jogada no chão com os olhos fechados.

_ Hanna. – Á balançava desesperada.

_ Alicia me desculpe... – Disse abrindo os olhos fracamente.

_ Você está bem? – Pergunto preocupada.

_ Sim. Mas não consegui penetrar em seu buraco negro... ele não é um buraco é uma esfera solida e impenetrável, seu desenho, sua marca... – Ela não conseguiu terminar a frase estava ofegando de mais. _ A tocha, me traga uma e o livro, por favor.

A obedeci peguei uma das tochas pendurada na parede e o livro que estava jogado ao chão. Entreguei com cuidado e ela folheou o livro e depois disse:

_ Ignis quod ignis natus est facem.

Instantaneamente a tocha voltou a pegar fogo. E então ela recitou:

_ Ignis quod regenerare tua.

A tocha se apaga, seu rosto volta a ficar corado e seus olhos com brilho, e então como alguém que acaba de se recuperar depois de ter ficado muito tempo descansando ela levanta com se nada tivesse acontecido.

_ O que você fez? – Perguntei curiosa.

_ Usei o poder do fogo para me recuperar, estou novinha em folha. Alicia. – Ela me olha preocupada. Você quer mesmo saber o que é?

_ Sim. – Respondo apreensiva.

_ Eu te disse que seu buraco negro não é um buraco certo?

_ Sim, e o que isso quer disser? – Perguntei

_ Que você não é praticamente um ser... è um amuleto.

_ O que? – Indaguei horrorizada.

_ E a marca que disse ter em tua esfera era a marca de uma maldição, mas não uma maldição qualquer. Era uma maldição muito forte, de nascença. Fora isso não sei de mais nada, não tem como penetrar em seu lado sombrio.

_ Mas isso que você me disse já é muita coisa, obrigada, mas você não deveria ter feito isso, me desculpa?

_ Ta brincando? Aquilo foi incrível, eu nunca tinha visto uma esfera daquela, muito menos tocado.

_ Por que eu tenho uma esfera e não um buraco negro? – Indaguei.

_ Por que você é um amuleto, não é um ser completo. É um ser passageiro.

_ E o que é um ser passageiro?

_ Um ser que existe apenas por que tem uma missão, um propósito. Após esse propósito ser cumprido esse ser morre, sua vida é curta.

_ Por isso que o guardião me disse que a morte me rodeia, mas tudo bem já estou acostumada a ouvir isto, as almas adoram me lembrar que minha hora está chegando.

_ Não quero te perder amiga. – Diz Hanna com uma expressão triste.

_ Você poderia ter se machucado, falta um pouco de maturidade em você bruxinha. – Tento mudar de assunto, dou um leve tapa na sua costa e rio.

_ É o que todos dizem. – Comenta rindo.

De repente ventos gelados cercam o lugar nos fazendo tremer, a escuridão toma conta do lugar e vemos um vulto preto se movendo na entrada da gruta.

_ Faces Litt. – Grita Hanna e então as tochas se acendem novamente.

Meu coração gela ao ver a criatura na minha frente, era ela, mas muito mais assustadora pessoalmente, aquela criatura fria envolta em um pano preto que flutuava, a do meu pesadelo e a que tentou me matar trocando o antiduo do professor Roger e acabou fazendo com que ele matasse Keity.

Hanna ficou pasma, com os olhos arregalados.

_ Não se mexa. – Disse ela.

Eu a obedeci, mas com calma perguntei:

_ Que criatura é essa?

_ Dementors, criaturas sugadoras de almas.

A criatura virou seu rosto completamente negro, com apenas duas bolas brancas sem focos que deveriam ser seus olhos. Para Hanna e depois caminhou até a mim.

Ela parou na minha frente e me fitou com seus profundos olhos brancos depois deu um sorriso sarcástico rasgando a pele negra, pois antes não parecia ter boca. Aquilo era assustador e pelo buraco da sua boca eu via a outra parede que ficava atrás dela.

Depois arregalou a boca e começou a me sugar. Eu estava anestesiada não sentia nada, parecia estar entorpecida, completamente grogue, fora de mim. Vi pessoas sendo mortas, mas pessoas que não conhecia, vi em mim um sorriso contente com a morte deles. Aquela sensação que eu sentia me trazia horror, como eu poderia ficar feliz com a morte de alguém? Como eu poderia ficar feliz com aquilo? Eu apenas reconheci o lugar eu estava na escola, rindo da morte de pessoas que nem conhecia.

Fiquei fora de mim por alguns minutos e depois vi uma claridade, como um raio perfurar a barriga da criatura que ganiu dolorosamente me soltando depois sua barriga que havia virado um buraco estava se regenerando e voltando a ficar novamente negra.

Hanna recitava algo desesperadamente, acho foi ela que feriu a criatura com a claridade. Ela estava vermelha e suada.

A criatura agora recuperada voltou a sorrir sarcástica. Eu sai correndo da sua frente e fui até a entrada da gruta mas travei ao ver elas chegando.

As almas, muitas entravam na gruta cercando a criatura, formando um redemoinho negro que de repente desapareceu deixando apenas algumas almas que estavam de pé me fitando.

_ Princesinha, não estava na minha agenda te salvar. – Disse a alma, mais negra que quase me fez me cortar o pescoço.

_ O que fizeram com a criatura? – Pergunto

_ A tiramos daqui, sorte que tua amiga a fez parar antes de ela sugasse a tua alma e te deixasse morta nessa gruta.

Olhei para Hanna que apenas observava tudo quieta.

_ Alicia. – Uma voz lá fora me chamava.

_ Alicia. – Matheus aparece na entrada da gruta. _ Até que enfim, você está bem? – Diz me abraçando e suspirando aliviado.

_ Acho que estou.

A alma negra revirou os olhos e depois desapareceu, as outras que estavam atrás fizeram o mesmo. Deixando apenas nós três no local.

_ Por que saiu da escola? Você poderia estar morta agora. Apenas pude te achar por causa das almas.

_ Desculpa. – Digo cabisbaixa.

_ Desculpas não salvaria a sua vida, vamos voltar para a escola agora.

_ Não. – Grito lembrando do que vi quando estava sendo sugada pela criatura. Aquela expressão de prazer em mim por ver outro morrer, não era verdade não podia ser. Eu não sou assim, sou algo ruim, um amuleto ou seja lá o que for, mas não ou maligna, não desejo a morte de ninguém se eu voltasse para a escola a sena iria me remoer, pois a cada canto que eu olhasse eu iria lembrar, mesmo que nada do que vi fosse verdade, fosse apenas uma alucinação, mas aquilo me chocou e mexeu com meu emocional.

_ Por quê? – Pergunta Matheus arqueando a sobrancelha.

_ Apenas me tire daqui. – Digo atormentada.

_ Para onde você quer ir? – Pergunta Matheus.

_ Pra qualquer lugar onde não tenha ninguém.

_ Ok, vamos. – Diz me puxando para fora da gruta.

Hanna nos acompanha a até a saída e depois se despede dizendo que irá direto para a escola, que não precisávamos nos preocupar e depois sai, nos deixando as sós.

Já havia escurecido e a lua cheia brilhava no céu, não havia nenhuma nuvem, as estrelas brilhavam fortemente deixando a noite clara.

_ Para onde quer que eu te leve? – Pergunta Matheus segurando minha mão esquerda.

_ Para qualquer lugar que não tenha ninguém. –Respondo.

Eu precisava ficar um tempo sozinha ou apenas longe de tudo, esquecer de tudo isso pelo menos por um minuto.

_ Já sei onde te levar. – Disse o demônio abrindo suas asas negras com mechas douradas.

Depois abraçou meu corpo fortemente junto ao seu e levantou voo.



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Notas finais do capítulo

Então gostaram? comentem comentem comentem hehe
Bjão pra todos K



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