Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 49
Capítulo 49 - Acordo


Notas iniciais do capítulo

E lá vai o capítulo do dia :D



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Enquanto a situação no hospital aparentemente se respondia, após quase estragar-se inteira de vez, Alice estava em seu momento de reflexão interna. A garota demorou alguns minutos para se estabilizar e seguir colégio à dentro. Pelos corredores, até a diretoria, ela passou por várias salas e painéis com eventos agendados. Ela não havia estudado ali, mas achou o prédio até charmoso visto de seu interior.




Seguindo as placas, logo ela estava na temida diretoria. Ela lembrava como, invariavelmente, acabava sempre passando seus intervalos em um local semelhante enquanto estudava. Afinal, ser a representante de turma e ótima em preparar festas, fazia dela o alvo perfeito das diretoras para se pedir tudo.




Com seu sorriso mais convincente que pode, já que ainda queria chorar com as duras palavras de Jane, ela chegou até a secretária e pediu pela diretora. Alice ficou impressionada ao ver que a mulher não demorou quase nada para aparecer a sua frente e, bem, ela não queria uma mulher daquela mandando em sua escola não. Só a cara dela já dava medo e logo que abriu a boca, sua voz era um trovejar forte e assustador. “Bem, com as crianças de hoje em dia tem que se impor, não?”, ela pensou, sorrindo para a diretora que a pedia para acompanhá-la.




Dentro de sua própria sala, a mulher até conseguia a façanha de parecer bem mais simpática. Ela apontou a cadeira para Alice e deu a volta para sentar-se em seu próprio lugar, até ofereceu café – que foi recusado de forma educada, e apressou-se em saber sobre qual assunto falariam.





– Bem, senhora, eu sou babá das crianças Whitlock e me pediram para ver a situação escolar de ambos – Alice tentou falar firme, embora tremesse por dentro, prevendo que algo não deveria ser bom só pela mudança de humor da mulher quando ela mencionou porque veio.




– Ah sim, a babá? Bem, ao menos o seu chefe tratou de contratar alguém, não? – ela disse pegando o telefone em seguida e ligando para a secretária, pedindo as pastas de Alec e Jane. Depois, voltou-se novamente para Alice. – Sei que não vai falar mau de seu chefe, mas aquele rapaz visivelmente não entende muito de crianças. Quando a senhora Whitlock era viva as notas e o comportamento de ambos eram exemplares. Mas, nos últimos dias, estão cada vez piores.




– Mas não seria por causa da perda? – Alice arriscou dizer, mas o fez bem baixinho, temendo já uma represaria.




– Certamente – ela disse, revirando os olhos, – eu mesma já indiquei ao pai que levasse os filhos para uma ajuda especializada. Mas, cá entre nós, meus filhos estão criados, meu trabalho é educá-los, o psicológico é responsabilidade dos pais.




E enquanto ela dizia isso, a secretária entrou após um toque na porta e entregou duas pastas enormes para a diretora. Alice engoliu em seco, pensando consigo se aquele monte de papel por acaso se referia a algumas traquinagens dos dois. A diretora pegou a primeira pasta e abriu para Alice, após a secretária sair.




– Essa é a pasta da menina Jane. Embora suas notas estejam exemplares, já que sempre se mantiveram na média da turma, ela tem tido constante discussões com as outras meninas de sua sala. Aliás, há dois dias ela foi advertida e estará suspensa da liga se não melhorar o comportamento.




– Liga? – Alice perguntou incerta, meio temerosa se pegava nos papeis ou não.




– Das líderes de torcida, oras! – a diretora respondeu zangada, como se falasse o óbvio e Alice manteve-se quieta. – Agora, quanto a Alec... Bem, ele era brilhante, mas realmente está com problemas. Veja só...




A diretora pegou a pasta de Alec e entregou um papel com as notas dele, depois, passou todo o restante para Alice analisar. Lá estavam prova por prova do garoto e ela não resistiu a folhear.




– Como pode notar, de primeiro aluno da turma, agora ele está entre os com as piores notas. Eu até cheguei a sugerir ao conselho de classe que o colocassem nas aulas de reforço. Mas, francamente – ela agora parecia que falava mais consigo do que com Alice – está na hora que o problema não é ele desconhecer a matéria e sim se concentrar naquilo que está fazendo. Aulas de reforço não iriam lhe servir de nada.




– Sabe, - Alice começou incerta – eu poderia levar essas provas ou pelo menos copiá-las?




– Bem, não posso deixar retirá-las, mas posso pedir para minha secretária copiá-las para você.




– Seria muito bom, obrigada – ela diz contente, algo ali cheirava muito errado e Alice tinha um certo palpite sobre aquilo tudo.




A diretora solicitou e de fato não demorou muito para que a secretária voltasse. Após agradecer e prometer que tentaria acertar as coisas com as crianças, Alice deixou a escolha, ao entrar no carro ela não conseguia tirar os olhos daqueles papéis e pensar o quão errado aquilo tudo parecia para ela.




* * *




Naquela tarde, quando as crianças voltaram, Alice já tinha todo um plano de estudo para elas, mesmo não falando com Jasper ainda. O fato era que ela mesma os faria estudar, e, bem, ela imaginava que não deveria ser algo tão difícil, não?




Ela estava em frente a escola quando eles saíram, Jane andou e entrou no carro sem dizer uma palavra, já Alec, estava com um amiguinho conversando sem parar. Eles se despediram minutos antes de eles chegar perto do carro. O garoto seguiu para outro veiculo, junto com uma menina de idade aparentemente próxima. Ao volante, uma loira falava ao celular e parecia nem notar que as crianças já estavam dentro do carro.




Alice tirou os olhos da cena, focando-se em seu próprio trabalho a fazer. Em sua mente ideias corriam a mil, mas ela se manteve calada para não dar chance a Jane de soltar suas garrinhas de fora novamente.




Ao chegarem em casa, Jane subiu correndo para seu quarto, mas Alice parou na frente de Alec, não deixando que ele fizesse o mesmo.




– Temos que conversar, senhorzinho...




Ele a encarava, sem saber exatamente o que dizer, mas Alice apontou para a sala e pediu para que a acompanhasse. Como Jane estava longe, não havia problema algum em ele falar com a babá, certo? Foram seus pensamentos a segui-la até a sala de jantar.




– Pode sentar-se aqui, querido? – Alice indicou uma cadeira, sentando em outra.




Alec notou que em cima da mesa haviam vários papeis, cópias e mais cópias de provas que ele havia feito “...ou não”, ele pensou, engolindo em seco.




– Sabe o que são esses papéis, Alec? – ela o perguntou, entregando duas em suas mãos.




– Provas de escola... E daí? – ele deu de ombros.




– Não qualquer provas, querido. São as suas.. – ela começou, mas ele tentou intervir rapidamente.




– Olha, você não é meu pai, não pode me dar broncas pelas minhas notas, ok?




– E quem disse que eu queria lhe dar broncas, hein? – ela sorriu, e ele calou-se. – A verdade é que passeia manhã toda quebrando a cabeça para entender como um aluno “A+” poderia chegar a um “C-“... – ela mostrou as provas. – Mas, quando fui buscá-lo, acho que entendi tudo, sabia?




– Tudo o que? – Alec perguntou temeroso. – Porque, é que...eu apenas não consegui me concentrar, nada demais – ele encarou o chão.




– Eu até iria acreditar nisso, sabe? Mas você tem direito de se desconcentrar com o que houve, isso é fato. Porém, dificilmente sua letra seria ainda mais bonita quando se faz algo sem prestar muita atenção, entende? – Alice sorriu triunfante para um Alec pasmo. – Seu amigo precisava de notas, não é?




– Eu não sei do que está falando, moça... – ele tentou se esquivar, mas Alice riu.




– Eu não vou contar para o seu pai o que andou fazendo, ok? Mas eu mesma já fiz muito disso, então não o culpo – ela viu que ele sorriu sutilmente enquanto ela dizia. – Mas, olhe só, isso vai exigir um acordo entre nós.




Alec cruzou os braços e fechou a cara, mais uma para tentar chantageá-lo era demais para sua mente. Ele estava a ponto de se levantar, mas ela não se abalou.




– Vou dizer ao seu pai que você precisa de reforço e que é melhor estudar junto com seu amiguinho, ok? E o plano será esse: você fará ele vir aqui e eu me encarrego de tudo.




– Parece bom demais para ser verdade – ele disse, depois estreitou os olhos em descrença, – mas qual a pegadinha nisso, hein?




– Nenhuma – Alice respondeu. – Mas se não aceitar minha oferta eu terei que falar a verdade ao seu pai.




– Sabia que isso cheirava a chantagem – ele virou os olhos.




– Hei, não é chantagem não e eu não estou te julgando. Na verdade é muito fofo da sua parte ajudar um amigo com problemas, viu? – ela o sorriu em incentivo, mas Alec não parecia acreditar muito, então Alice completou. – Eu, pelo menos, acho isso até louvável, ok?




Alice foi ao lado de Alec e tocou seu ombro, tentando demonstrar seu apoio. Mas ele suspirou e olhou para o outro lado, visivelmente preso em pensamentos. Mas ela não desistiria, iria tentar ajudá-lo de alguma forma, mesmo que ele e a irmã continuassem sendo rebeldes com ela.




– Sabe, infelizmente, isso está lhe trazendo problemas, Alec. Eu vi o como suas notas decaíram e você tem ao seu favor o fato de a diretora e os professores atribuírem isso a... – ela ia dizer “a morte de sua mãe”, mas se refreou e tentou ser mais sutil em suas palavras – ao que passaram. Mas as coisas não podem ficar assim, ok? Você vai se prejudicar muito se continuar fazendo isso...




– Eu não sei de onde você tirou a ideia de que e importo com o que você pensa – ele criou coragem para dizer, mesmo que minutos depois se sentisse mal por repeli-la.




– Olha – Alice se abaixou ao seu lado, tentando fazê-lo olhar para si, ela pegou sua mão, - eu tenho certeza que você sonha em fazer uma boa faculdade, com um curso na área que se interessa, não? Se continuar com notas baixas, infelizmente, não haverá muitas faculdades que vão te aceitar.




– Eu não ligo – ele disse puxando a mão.




– Mas eu sim.




– Liga nada, Jane tem razão quando diz que só está aqui por dinheiro.




– Bem, isso não é de todo verdade, embora vamos admitir que seja também, viu? Afinal, adultos tem contas a pagar e... – mas ela parou, entendendo o ponto ali, ao invés de se zangar com ele. – E, quer saber? Eu cuidar de vocês não significa que estou substituindo ninguém, ok? Pelo contrario, do que depender de mim, farei serem mais notados como a crianças boas que eu sei que são.




– Você não sabe de nada... – ele cruzou os braços e fechou a cara.




– Sei si. Aliás, até sei como solucionar o seu probleminha e o de seu amiguinho...




– Dando um cérebro para ele – Alec sussurrou, mais consigo do que com ela, mas Alice riu.




– Não seja mau com o menino, viu? Nem todas as crianças são pequenos gênios como você, ok? – e embora fosse divertido para ele ver a pose de brava dela, com as mãos na cintura, ele se sentiu feliz pelo elogio camuflado. – Agora, pense bem, se há como solucionar as coisas, porque não tentar, hein?




E Alice estava ali de mão estendida, pronta para fazer um trato com uma criança. Mas Alec olhou para todos os lados antes de aceitar, e no ultimo instante ainda surgiu uma duvida, então ele puxou sua mão de volta, o que deixou Alice receosa.




– Ok, ainda não entendi o que você quer em troca com tudo isso... Afinal, cá entre nós, ninguém é legal com ninguém por nada. Não nessa sociedade capitalista, interesseira, em que vivemos. O que você quer?




– O que eu quero? Não quero nada, na verdade... – ela pensou uns minutos – queria conseguir falar com sua irmã, entender porque me odeia tanto. Mas não vou cobrar isso de você. No momento, tudo o que eu quero, é acertar suas notas, ok? Não quero que dê motivos para todos falarem que são difíceis, porque eu consigo vê-los assim. Olha, me deixe ajudar você, ok? Tem minha palavra de que eu não quero nada em troca.




– Sabe que nos dias de hoje a “palavra de alguém” não vale lá muita coisa, não? Não estamos mais no inicio do século passado... – ele disse, ainda de braços cruzados, mas a olhando com um ar de espertinho.




–Infelizmente, mas... – ela pegou sua bolsa e tirou um caderninho de lá. – Vê isso aqui?




Ele fez que “sim” com a cabeça, e ela escreveu em uma folha “Eu, Alice Brandon, dou minha palavra e estou escrevendo-a para valer, de que não irei tentar extorquir você, Alec Whitlock. Apenas que ajudá-lo com suas notas e nada mais”. Depois, ela tirou a folha e o entregou com um sorriso.




– Aqui.




– Faltou a assinatura – ele brincou com um ar sério, e ela pegou o papel e fez uma rubrica. – Agora sim.




– Bem, então agora guarde isso e...vá ligar para seu amigo. Suas aulas começam hoje mesmo, viu?




– Ok – ele disse sorridente, correndo escada à cima, nem mais parecia a criança amuada de minutos atrás.




Alice ficou encantada ao ver ele sair dali até sorridente, estava tão absorta na cena que só voltou a si com um “pigarrear” intencional de Gertrudes, coisa que ela fez só para ser notada.




– Ora, ora... Mas que cena rara, não? – ela brincou.




– Ah Ger, ele parece tão fofo...




Gertrudes balançou a cabeça e suspirou inconformada.




– Não sei mais o que penso, ou você é boa demais e só vê o lado bom das pessoas, ou é louquinha de pedra – ela brincou e Alice riu com ela.




– Deve ser a segunda opção, hein? A primeira é algo bom demais para me descrever, eu não seria capaz de tanto! – ela disse ainda sorrindo, e Gertrudes deu de ombros.




– Ah, pense o que quiser. Mas, bem, eu farei um suco para vocês e trarei um bolinho, ok? – ela completou, saindo cantarolante da sala.




Alice não teve nem tempo de dizer que Gertrudes deveria trazer só para as crianças, pois ela estava a trabalho, pois a governanta já a havia deixado. Dando de ombros, ela começou a arrumar o espaço de estudos, pensando quais deveriam ser as matérias que eles precisariam de ajuda e pegando as provas para nortear-se.




* * *




Enquanto isso, no andar superior, Alec se depara com a irmã sentada em sua cama ao entrar no seu próprio quarto. Ele até se perguntou mentalmente se estava no lugar certo, mas a decoração não deixa duvidas: afinal, não havia nada rosa ali, logo era seu quarto mesmo. Jane estava com cara de poucos amigos, aliás, e ele se perguntava mentalmente se ela os havia ouvido.




– Errou de quarto? – ele perguntou confuso, decidindo brincar com a cara de inconformada da irmã.




– Não, claro que não – ela respondeu séria, apagando um pouco a felicidade dele antes mesmo de prosseguir. – Onde você estava até agora?




– Levando uma bronca – Alec virou os olhos teatralmente, enquanto guardava o papel no bolso disfarçadamente.




– Por...?




– Adivinhe só... – ele deixou suspenso no ar, enquanto pegava sues livros.




– Ela descobriu sobre suas notas? Sabia que essa historia de elas nos levar não me cheirava nada bem... O que vai fazer agora?




– Aulas de reforço – ele respondeu aparentando tristeza, embora estivesse até feliz por dentro.




– Tragédia, hein? Mas...enfim, se precisar de mim, não me chame. Estarei no meu quarto lendo alguma coisa... Aliás, que saco ficarmos sem nada! Eu queria meu computador... – ela disse frustrada.




– Somo dois...mas você pelo menos está livre para fazer qualquer outra coisa, né? – ele deu de ombros.




– Verdade! – ela sorriu. – E eu lhe desejaria sorte, ou até um “bons estudos”, mas sei que não é bem o que queria fazer... Então, apenas sobreviva irmãozinho... Enquanto isso – ela levantou e seguiu até a porta – pensarei em nosso próximo ato!




Alec até iria tentar dizer algo a Jane, mas ela já havia deixado o quarto. Ele suspirou pesaroso, estava começando a achar a babá legal, mas, no fundo, sabia que se comentasse isso com a irmã seria execrado.




Sem muita saída, ele pegou seus livros e desceu até a sala, pois só poderia ligar para Felix do telefone fixo, uma vez que estava sem celular também. Alice o encontrou na escada e levou seus livros para a sala enquanto ele falava com o amiguinho.




Claro que o amigo relutou a principio, mas Alec não deixou brechas para que ele escapasse, até disse que Alice o buscaria se fosse o caso, ela até o levaria se ele quisesse. Como o garoto não queria ficar em casa, já que a mãe estava surtada, ele aceitou no ato. Não que quisesse estudar de fato, mas manter distancia da mãe era muito bom naquele momento.




Porém, para ir, ele aproveitou que os pais estavam voltando para a empresa e pediu uma carona. Rosalie não se conformava com a amizade do filho, mas Emmett sempre dava de ombros e dizia que eram só crianças e não havia nada demais. E, bem, Rosalie havia desistido de discutir com ele há anos, se ele não ligava para com quem o filho andava, ela mesma estava decidida a não cansar sua beleza com isso.



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Notas finais do capítulo

Pessoas lindas temos 28 pessoinhas que marcaram essa história entre as favoritas dela e amariamos saber o que esses 28 acham, viu?
Porque eu duvido que um dia na vida os mais de 80 que a seguem vão comentar no mesmo capítulo, (o que é muito triste, mas...Enfim!)
Por favor, não custa, né? :D
Afinal, foi tão triste só recebermos três comentários no capítulo anterior...é tão triste isso....
Façam-nos pessoas felizes, por favor :D