Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 38
Capítulo 38 - Nervos À Flor da Pele


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, estou correndo aqui no meu almoço para postar para vocês, espero muito que gostem, hein?



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Passar parte da noite na delegacia não era a melhor das coisas a se acontecer com aqueles três. Mas Rafael tinha certeza de que Bella não poderia deixar aquilo passar em branco, não era interessante dar chance para Jacob sequer pensar que ela estava despreocupada e não faria nada a respeito.

Não foi difícil para Bella dar seu depoimento ao pai de Luiza, que fez questão de estar presente no momento em que ela fazia seu boletim de ocorrência após reconhecê-la como a colega de trabalho de sua filha.

Convencer as duas de que o melhor era dormir na casa dos Holdford não foi uma tarefa fácil. Na verdade, Alice acabou sendo mais espertinha ainda fazendo com que o namorado ficasse com elas no apartamento, e a felicidade de Bella com aquela ideia era tamanha que ele não conseguiu dizer não.

Por outro lado, para ele pareceu uma boa ideia estar por perto de Bella no dia seguinte, já que ela estava com um atestado médico e não poderia fugir para o trabalho se ele estivesse ali para garantir que a danadinha não sairia.

Alice acordou cedo, tão cedo que nem mesmo Rafael ou Bella estavam de pé. Mas ela tinha uma grande tarefa pela frente, achar a roupa certa para uma babá e um penteado ideal. Uma ideia lhe rondava a cabeça e era se deveria ou não fazer uma maquiagem leve para trabalhar ou se até mesmo aquilo pareceria demais. “Vai que acham que estou desesperada, né? Ok, mesmo que eu esteja, não é preciso dar na cara, certo?”, ela pensou consigo.

- Hei, amor! – ela cutucou Rafael, que ainda dormia. – Acorde, por favor...

Ele, bem aos pouquinhos, abriu os olhos e logo a claridade era tanta que  voltou a fechá-los, voltando a abrir somente um deles parcialmente e colocando a mão na frente do rosto para tentar tapar algo da claridade.

- Que horas são?

- São cinco da manhã, mas isso não importa – ela disse dando de ombros e abrindo um enorme sorriso. – O que importa é que eu preciso de uma ajuda na escolha da minha roupa de hoje e como a Bellinha está meio tensa, você é o bom samaritano que vai me ajudar!

Ele se sentou na cama, não com tanto entusiasmo quanto o dela e sorriu do comentário.

- Justamente eu serei o “bom samaritano”? Eu não poderia ser só aquele que te ajudará a escolher, não?

- Hein? – ela franziu a testa. – Juro que não entendi, amor...

- Minha linda “católica apostólica romana” faltava às aulas de catecismo, hein? – ele brincou.

- Sim, eu sou tudo isso aí... Mas, eu ia sim na catequese, viu? Eu tirava ótimas notas com meus desenhos! – ela fez beicinho.

- Devia mesmo desenhar bem, minha linda – ele a abraçou, – mas não devia absorver muita informação, né? – ele voltou a provocá-la.

- Amor! Está me chamando de burrinha, é? – ela se desvencilhou dos braços dele, para poder colocar as mãos na cintura, numa grande pose de pessoa zangada.

- Não, linda, você é inteligente e esperta.

- Não foi o que disse antes – ela continuava zangada.

- Bem, mas, então, mudando de assunto... Eu tenho que escolher o que mesmo? – ele coçou a cabeça vendo várias peças de roupas espalhadas pelo quarto.

- Ah! Sim! – ela deu um pulo, se lembrando o quanto precisava de ajuda. – São essas aqui! – ela pegou cinco cabides com looks diferentes. – Qual deles te parece mais como uma roupa que uma babá usaria?

Rafael deu de ombros, e depois respondeu inocentemente.

- Amor, não sei, eu nunca tive babá... – e levou um tapinha de leve.

- Deixe de ser palhaço, qual roupa eu vou?

- Ok, essa aqui – ele apontou a esmo.

- Ah, essa? Não acha azul demais?

- Azul demais? Ok, então essa outra – ele apontou outra.

- Não acha muito preto?

- Muito preto essa e a outra muito azul? Certo... A seguinte acho que vai dizer que é muito verde e a outra vermelha demais e... Bem, a última é o que? Clara demais?

Alice fechou a cara imediatamente.

- Seu grosso!

- Eu? Mas... Eu não fiz nada.

- Fez sim! – ela se emburrou e jogou as roupas na cama, pronta para correr para o banheiro.

- Hei, hei, linda, desculpe – ele a pegou pelo pulso antes que fugisse, mas ela tentou se soltar.

- Me larga, seu chato! – ela fez birra e ele riu ao abraçá-la.

- Amor, não importa a roupa que vá, você estará linda. Mas vamos discutir uma coisa aqui, e não me odeie por isso, ok? – ele a encarou com carinha de pesar. – Se você se comportar assim, criança nenhuma vai te respeitar. Afinal, você está agindo exatamente como uma delas.

Ela tentou se desvencilhar ainda mais zangada.

- Eu sou burra, não sei escolher roupas e agora sou infantil também? Seu... seu... seu... estúpido! – ela disse mais alto do que deveria. – E me solte agora!

E ele a soltou, achando que ela ia correr dali, mas ela sentou na cama e começou a chorar. Rafael ainda tirou uma das roupas dali, para não amassá-la, e se sentou ao seu lado.

- Eu não disse nada disso, meu amor – ele acariciou os cabelos dela. – Você é linda, inteligente e tem um jeito bem interessante de se vestir.

- Ah sei... – ela disse fungando.

- Sério – ele sorriu. – Você parece a minha bonequinha, tão pequenininha e delicada e – ele apontou para ela, antes que ela falasse algo brava. – Não estou criticando sua estatura, porque você é perfeita para mim como é. – Depois ele deu de ombros e sabia que ia levar um tapa após o comentário, mas não resistiu. – Mesmo assim de TPM.

- Ah, seu chato! – e como previsto ela lhe deu um tapa, mas ele riu dela. – E não ri não, eu não tenho TPM!

- Ok, desculpe, meu anjo, você não tem. Não está mais aqui quem falou. Aliás, quem falou que você tem?

- Cínico!

- Bravinha. Você fica parecendo uma gatinha zangada, que não tem noção do quão fofa fica de dentinhos a mostra – ele a abraçou, mesmo sob protesto. – Sabe, eu tenho uma ideia melhor para o que você vai vestir...

- E seria? – ela perguntou sem interesse, já desistindo da ajuda que ele, por ventur, poderia dar.

- Eu lembro que você estava com uma roupa outro dia que talvez seja o que você quer. É uma que você estava usando no dia que conheceu a terrorista da minha irmã e ela...

- E ela me jogou terra... Sei qual é – ela deu um pulo e correu para o guarda-roupa, mas no meio do caminho voltou para dar-lhe um selinho. – Você é um gênio! Ela é perfeita!

- Ué? Eu não era chato, estúpido e cínico? – ele brincou.

- Ah, você é também, mas no momento não – ela disse revirando o guarda-roupas. – Achei! – ela rodopiou com o cabide feliz.

- Que bom, e bem, já que a senhorita já sabe o que vestir, acho que vou fazer café para você. Ou vai se esquecer de comer de tão afobada que está.

- Ok! E, ah, eu te amo, viu?

- Sei... Chantagista.

- Ah, amor, eu amo sim – ela fez beicinho e ele voltou para beijá-la.

- Também te amo, agora vai tomar banho que eu me viro na cozinha, está bem gatinha?

- Ok gatinho! – ela disse saltitando a caminho do banheiro.

* * * * *

Quem já estava de pé também era Lucy, que já estava até na casa do irmão e rodeava Gertrudes de tanta preocupação, enquanto a empregada preparava o café tranquilamente.

- Sabe, senhorita, vai furar o chão – ela comentou brincalhona.

- Estou uma pilha, Ger! Nem imagina o meu desespero se essa moça não chegar aqui logo. E se ela desistir?

- Calma, - Gertrudes tocou o ombro dela e sorriu – não tem que se preocupar com ela, tem que se preocupar com os dois...

- Ai Ger! É isso mesmo! Imagina o que esses dois podem fazer? E é a nossa última chance porque a mulher da agência já disse que não há mais ninguém disponível!

- Mas fique calma, menina. Sente-se lá para o café que eu vou lhe fazer um chá de camomila, com cidreira e hortelã, ok?

- Se colocar tudo isso no meu chá, acho que vou dormir na mesa e não aparecerei trabalhar – Lucy tentou brincar.

- Vai sim, eu sei fazer na medida certa para acalmar seus nervos. Agora se sente, respire e se distraia com algo...

- me distrair?

- Sim, com o canto dos pássaros, talvez.

- Isso me irrita...

- Ok, leia a parte de cultura do jornal, então.

- Mas finanças é mais interessante.

- Minha menina – Gertrudes pegou as mãos de Lucy e a encarou com doçura – eu disse para se distrair, e não para ficar pensando em problemas, ok? Você e são irmão não fazem mais nada fora pensar em trabalho, não? Depois ele tem coragem e falar que é o pobre Eward o viciado em trabalho, a verdade é que os três foram picados pelo bichinho, isso sim! – ela sorriu ao final, ao ver a cara pasma de Lucy.

- Xi, já vi que estão falando mau de mim... – Jasper disse ao chegar na cozinha.

- E estava mesmo – Gertrudes diz pomposa. – Agora, sumam os dois daqui enquanto faço o café da manhã. Não vou aguentar dois Whitlocks crescidos me rondando.

- Viu só – Lucy cutucou Jasper com o braço – fomos trocados por seus filhos.

- Misericórdia! – Gertrudes respondeu antes de Jasper – Nem os crescidos e nem os pequenos, agora, me deixem trabalhar, ok?

Os dois saíram em direção a sala de jantar aos risos, e Jasper não resistiu ao comentário.

- Às vezes tenho impressão de que quem manda na minha casa é a Ger. Eu acho que só estou aqui para pagar as contas mesmo.

Lucy entrou no clima.

- Isso porque as crianças não sabem acessar o site do banco, senão você seria totalmente dispensável, irmão – e ela fez cara de quem comentou algo sem pensar e mordeu a língua em uma careta, mesmo que aquilo fosse só encenação.

- Lucy! – ele se fez de ofendido, mas sabia que era brincadeira. – Não joga na cara assim não. Deixa eu me sentir útil em algo, vai.

- Ok, vou te dar um desconto, mas só porque é meu irmão e gosto muito de você, ok?

- Me sinto lisonjeado! – ele fez um comprimento exagerado para ela, como se ela fosse uma rainha, e ela, em contra partia, pegou os lados imaginários de seu vestido inexistente e retribuiu ao comprimento. – Agora, - ela disse pausadamente – melhor eu ver as crianças, não?

- Não se preocupe, eu já os acordei. Eles estão bem bravos hoje, viu...

- O que você fez? – ela pareceu preocupada.

- Eu nada, eles estavam brigando ontem pela televisão da sala e eu os deixei suas televisões nos quartos... só isso. – ele deu de ombros.

- Ah seu... Como pode? – ela se fez de zangada. – Crianças e televisores são quase que como um complemento, Jasper!

- Eu sei...

- E aonde colocou as televisões deles?

- Em lugar nenhum – ele deu de ombros.

- Como assim? “Em algum lugar” elas tem que estar. Televisores não se desintegram do nada.

- Estão nos quartos deles mesmo, eu só mexi nas configurações do sistema mestre da casa. Ou seja, até a televisão da sala só funcionará com senha.

- Seu nerd perverso – Lucy falou boquiaberta, mas ele não se abalou.

- Aliás, - ele disse pegando o jornal e se sentando em uma das cadeiras da sala e jantar – sua amiga Nettie veio aqui ontem.

- Nettie? – ela estranhou e sentou-se na cadeira ao lado, roubando a parte de cultura do jornal, para obedecer Gertrudes. – E o que ela queria?

- Sabe que nem sei? Ela me pegou ando bronca nos dois e reverteu todo o quadro da coisa como se eu fosse o errado da história.

- Não creio... – ela estava boquiaberta, totalmente pasma, mas logo tentou se recompor. – Quer dizer, creio sim, mas é que... O que ela fez exatamente?

- Ameaçou me processar por maus tratos, eu acho – ele disse, já olhando para o jornal.

- E você? – mas ele apenas deu de ombros. – Ah, eu pego ela, Poe deixar comigo.

Naquele instante Gertrudes chegou com a bandeja de chá, com xícaras e um bule soltando fumaça.

- Aqui está o seu, menina – ela disse ao servir Lucy, que sorriu animada, quase pulando de felicidade no lugar. – E você vai querer, meu menino? – ela perguntou a Jasper, mas ele fez uma careta.

- Não, ser ofensas Ger, mas para mim chá parece água suja... Prefiro café mesmo, Ger.

- Ok, menino - ela sorriu, pois sabia que ele lhe falaria isso, mas não desistiu de oferecer. – Eu trago já.

- Obrigado.

Jasper continuou lendo o jornal e Lucy tomava seu chá, curiosa demais sobre Nettie para conseguir ler qualquer coisa na seção de Cultura. Ela pensou duas ou três vezes em como retomar a conversa, mas sempre acabava desistindo, com medo de se tornar inconveniente demais.

Alec foi o primeiro a descer, como o de costume, mas ele estava com tanto sono que se não segurasse os corrimões da escada já a teria rolado.

- Bom dia tia Lucy... – ele disse ao se sentar.

- Bom dia, meu amor – ela mexeu no cabelo dele, que fez uma careta, mas não disse nada, pois precisou bocejar. – Que cara amassada essa aí, hein? Trombou com o travesseiro, foi? Anotou a placa dele pelo menos?

Alec sorriu sem humor e pegou uma tigela, encheu de sucrilhos e começou a comer, fazendo um pouco de barulho e quase capotando vez ou outra na mesa.

Lucy sabia que dali para frente não conseguiria perguntar nada para Jasper, mesmo com um sobrinho tão sonolento ao lado. “Afinal nunca se sabe quando as crianças não estão só fazendo manhã, né?”, ela pensou consigo.

Gertrudes trouxe o café e cumprimentou Alec.

- Bom dia, meu fofo. Quer suco de laranja?

- Bom dia... Não quero não, eu tomo chá mesmo – ele disse pegando uma xícara, e se espreguiçando bem antes e pegar o bule.

- Ok...

Ela ia deixar a sala de jantar quando Jane chegou correndo.

- Bom dia Ger!

- Bom dia, minha flor. Quer suco?

- Ah não... eu prefiro café mesmo, obrigada Ger.

- Alguém pelo menos acordou, hein? – Lucy brincou enquanto Jane se sentava a mesa com carinha de santa.

- Oh, sim. Estou bem acordada e cheia de planos!

- Se eles não incluírem perturbar a babá, tudo bem – Jasper disse a encarando, e Jane sorriu amarelo, louca para mudar de assunto.

- Sabe, estou com fome hoje... – ela disse, se esquivando de dar uma resposta ao pai.

- Lucy, eu tenho que ir, mas qualquer coisa me ligue – ele se levantou e Lucy fez o mesmo, o acompanhando até a porta.

- Tudo bem, Jasper. A moça deve chegar a qualquer minuto e, bem, vou mostrar tudo para ela antes de sair para trabalhar. Nettie sabe que vou me atrasar hoje.

Jane, que estava do ladinho do irmão o cotovelou de leve e ele quase deu um pulo.

- Hei, não é para chamar a atenção! – ela sussurrou zangada.

- Desculpe... – ele respondeu no mesmo tom, ainda sonolento.

- Tá, tá... Temos planos para fazer, então vê-se acorda de acordo logo! Eu vou comer e subir para meu quarto, antes que tenhamos que ir. Me encontre lá, tá?

Alec apenas concordou com a cabeça e voltou a comer seu sucrilhos.

- Esse barulho irrita, sabia? – ela o repreendeu, mas ele deu de ombros.

- E daí? É bom...

- Porém leite nessa porcaria pelo menos.

- Ah não, o legal é mastigar e com leite fica nojento.

- É, também...


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Notas finais do capítulo

Minhas pessoas lindas, por favor: comentem.
Um comentário não leva mais de dois minutinhos para ser feito, e eu levo uns 3 dias fazendo o capítulo, então é justo, né?
Por favooor!!!