Força De Um Amor escrita por MayLiam


Capítulo 36
É isso o que você quer?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por não postar ontem o nyah não deixava nem eu responder os comentários direito... ¬¬'
No próximo capítulo vamos ter nova personagem chegando, quer dizer, nova não, mas ela vai reaparecer, Damon tomou uma decisão e depois de descobrir algumas coisas Elena também tomará a sua. Teremos um pouco mais de Stef e Carol daqui pra frente, eles serão uma espécie de ponte pro nosso casal. Sem mais lenga, lenga. Boa leitura!



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Elena ainda tentava se recompor sentada no corredor do hospital. Nada daquilo era justo ou certo, aquele beijo nãoi deveria ter acontecido e ela não deveria ter se deixado envolver. Mas haviam tantas coisas acontecendo, a mente dela estava tão escura e inebriada pelo medo de ficar só, ela tinha sua família, mas Damon significava mais que isso, era outra metade dela, parte de quem era. Sem ele ela estaria sozinha, consigo mesma, não seria mais ela. Sem Damon não existe Elena.

Stefan se aproximou da jovem um tanto hesitante, ele acabara de voltar da lanchonete e encontrou Elena no corredor chorando. Certo desespero lhe abateu neste momento, podia ter acontecido algo com Damon.

-Elena?! O que foi? – perguntou sentando-se na cadeira ao lado dela. Elena estava de cabeça baixa e ao encará-lo chorou ainda mais o abraçando fortemente.

-Só me abraça Stefan – ela dizia entre soluços e Stefan retribuiu o abraço.

-Porque está assim? Damon está bem? – ele perguntava confuso e aflito.

-Está... Ele está dormindo ainda... – ela falava alterada – Apenas...

Elena parou de falar e voltou a chorar, Stefan a envolveu ainda mais no abraço. Nunca a tinha visto assim antes.

-Fica calma Elena, vai ficar tudo bem. Ele vai ficar bem. – ele tentava conformá-la, meio que deduzindo o motivo de sua crise. Ela estava com medo por Damon. – Alaric falou que o pior já passou. Ele vai se recuperar.

Aos poucos Elena foi se acalmando, ela estava com tanta coisa entalada, tantos receios, seus nervos estavam em colapso e sua mente em total escuridão, ela não conseguia focar em coisas boas, embora soubesse que era preciso. Ela tinha que estar forte, tinha que apoiar Damon mais que nunca, ela iria buscar forças de dentro dela, ela iria ser forte, por Damon, pelos dois.

Ao se afastar do abraço de Stefan, ela encarou seu amigo, eles tinha um grande afeto um pelo outro, ficaram tanto tempo juntos, existia algo realmente forte entre eles. Carinho, respeito e gratidão. Ela sentou-se ereta  e começou a falar olhando para a direção da porta do quarto de Damon.

-Agora pouco eu estava pensando em como tudo isto é injusto pra nós dois. Quer dizer, eu ... Levamos tanto tempo pra ficar juntos e quando finalmente isto acontece, quando finalmente posso chamá-lo de meu, meu namorado, o homem que amo... É tão ridículo. – ela falava rindo sem graça e irônica. Stefan ouvia tudo de cabeça baixa.

-É complicado pra todo mundo Elena, eu fico imaginando o Damon. Ele sempre teve esta postura de pai de todos. Sempre foi durão, mas quem de verdade o conhece, como nós, sabe que ele é tão frágil no sentido de decepcionar ou decepcionar-se com alguém. Ele não suporta sofrimento, nem dele nem de ninguém. E hoje, ao ver como ele tem encarado tudo isso de frente, ao ver como ele agarrou esse tratamento eu vejo que ele encontrou algo mais forte, algo que destrói esse fragilidade, algo que lhe dar sentido pra lutar. Ele te encontrou Elena, encontrou o amor de vocês. Ele está nessa por você.

Os olhos de Elena brilhavam, Stefan a encarava agora, ela esboçou um sorriso.

-E eu vou lutar com ele até que tudo isto acabe. E quando acabar, vou viver este amor com toda a intensidade que ele merece.

Eles riram fraco. Elena sentiu-se mais confortava pelas palavras de Stefan.

-Eu vou entrar e ver ele, ainda não o vi. Onde está o Jeremy? – Elena tremeu ao ouvir o nome, e respondeu secamente.

-Ele já foi. Não tinha porque estar aqui. – Stefan a encarou estranhando seu tom, um tanto duro demais, mas nada comentou.

-Você vem? – Stefan perguntou levantando.

-Eu vou ver se como alguma coisa, não me alimentei direito e estou com fome, na verdade muita fome. Eu volto logo em seguida. – Stefan assentiu e foi em direção ao quarto de Damon. Elena ficou mais uns segundos sentada absorvendo tudo o que aconteceu e soltando um suspiro se levantou indo pra lanchonete.

...

Eu entrei no quarto com cuidado, sem fazer muito barulho, me virei pra fechar a porta devagar. Ao virar pra outra direção e encarar a cama me sobressaltei. Damon estava com os olhos abertos, encarando o nada. Muito assustador!

-Nossa Damon! Era pra você estar dormindo. – eu disse me aproximando da cama e ele nem sequer se mexeu. – Ei! Falei com você. – eu insisti e ele virou a cabeça devagar, me olhando vazio. Certo, isso estava me apavorando.- Está tudo bem?

-Está. – ele respondeu breve e firme.

-Como se sente?

-Sonolento. – ele falou soltando um suspiro e fechando os olhos brevemente. Depois os abriu e voltou a encarar o nada.

-Onde estão os outros? – ele me perguntou. – Pai, minha mãe. Estão bem? – típico, preocupado com os outros.

-Estão,  Alaric os mandou pra casa, eu fiquei pra mandar alguma notícia. Mamãe relutou, mas papai a convenceu. Elena também está aqui. – senti que sua expressão endurecer ao ouvir o nome de Elena.

-Certo. Onde ela está? – me perguntou ainda mais seco.

-Foi comer alguma coisa. Ela precisava.

-Hum. Certo!

Eu me sentei na poltrona ao lado de sua cama, estava o observando, ele realmente estava meio sonolento, talvez isto explicasse o seu tom na conversa. Ele continuava encarando o teto.

-Alaric comentou que sua crise foi resultado de um deslize seu e nosso também por consequência. Ele falou que foi por não estar comendo ou descansando direito. – eu esperei ele responder, demorou uns segundos até ele soltar um riso irônico e falar debochado.

-Ele esqueceu de mencionar que estou morrendo por conta de uma doença grave. Isso explicaria muito mais. – Eu não gostei de ouvir isso.

-Deixa de ser idiota Damon. Você às vezes exagera na estupidez. – eu estava irritado.

-É só a verdade. E você...

-Olha me poupa dessas suas verdades está bem? Guarde-as pra você. – eu o interrompi enquanto ele voltou a fechar os olhos e engolir em seco.

Ficamos em silêncio mais uns segundos e Andie entrou no quarto.

-O que faz acordado? – ela perguntou pra Damon, mas olhou pra mim, que dei de ombros, eu estava tão ou mais surpreso que ela.

-Adquiri imunidade a tranquilizantes. Eu já tomei muitos. – Damon falou com seu tom irônico frio que eu odeio.

-Mas precisa descansar Damon. Eu vou providenciar outra dose. – ela falou anotando alguma coisa em um bloco que tinha nas mãos enquanto encarava os monitores a sua frente. Depois virou pra mim. – Stefan é importante que ele descanse, ao menos por essa noite. Então não force muito. – eu assenti. - E você. – ela voltou a encarar Damon- Vou aumentar a dosagem. – Falou convicta.

-À vontade doutora Star. – disse Damon debochando. Andie revirou os olhos.

-Se cuida Salvatore. – ela falou pra ele, então me encarou exibindo um aceno de despedida que eu retribuí e saiu.

Alguns minutos depois uma enfermeira veio e aplicou mais sedativo, não conversei muito com Damon, não era como se ele estivesse afim de papo e eu estava seguindo a ordem de Andie. Ele pegou no sono e eu fui ligar pros meus pais do corredor. Depois que terminei de falar como ele estava e seu estado de humor, mamãe ficou mais tranquila, ele estava normal. Após desligar vi Elena surgir no corredor, um tanto abatida, mas sua expressão estava mais serena.

-Melhor? – perguntei sorrindo.

-Muito. E ele?

-Estava acordado quando eu entrei, me assustei até, ele estava bem aéreo. – Elena ficou estática na minha frente e acho que pálida também.

-Acordado? – ele perguntou engolindo em seco.

-É. Com certeza você não viu, senão estaria com ele. – falei sorrindo enquanto ela encarava o chão. – Tudo bem?

-Está. É... Ele está acordado ainda? – ela perguntou hesitante.

-Andie mandou aumentar a dose do tranquilizante. Ele tinha que apagar. Está dormindo agora. – Elena assentiu respirando fundo .- Vou pegar umas coisas no carro, depois eu volto aqui. Já que vamos passar a noite. Vou ligar pra Rebekah também, eu meio que sumi. Você fica no sofá e eu na poltrona. Não demoro. – ela sorriu e foi em direção ao quarto. E eu fui ao estacionamento.

Liguei pra Rebekah, ela estava histérica, peguei meu casaco no estacionamento. Voltei pro quarto, levei comigo água e meu notebook, precisava trabalhar. Ao voltar pro quarto encontrei Elena ao lado de Damon, acariciando seu cabelo, fui pra poltrona e comecei a resolver algumas coisas no note, depois de uma hora, Elena estava sentada no sofá e logo depois se arrumou pra dormir, pareia exausta. Ela parecia sentir frio, então a cobri com meu casaco. Fiquei mais umas horas no note e depois tentei dormir na poltrona mesmo, eu cochilei algumas vezes, mas sempre acordava, pelo incômodo da posição. Damon e Elena dormiram a noite toda. Pela manhã eu tive que sair cedo, Elena estava esperando Caroline trazer algumas coisas pra ela e minha mãe logo chegaria também. Deixei Elena sozinha no quarto. Damon ainda dormia. Eu tinha que ir trabalhar.

...

Eu a acordei sentindo minha garganta queimar, meus olhos estavam pesados e eu me sentia ainda muito sonolento, a luz que entrava no quarto era baixa, mesmo assim me incomodava, antes que eu pudesse abrir totalmente meus olhos senti mãos tocarem a minha.

-Você acordou. – Elena.

Meus olhos foram se acostumando com a claridade, até que pude encará-la. Aquela pessoa diante de mim tinha muito pouco da minha Elena. Com olheiras, um tanto abatida, ela me olhava com urgência e com um riso fraco possivelmente havia dormido extremamente mal. Odiava ver isto.

-Sim. – eu falei.

-Como se sente? Precisa de alguma coisa? – ela perguntava frenética.

-Água, por favor. – ela assentiu soltando a minha mão para depois voltar com um copo em mãos.

-Aqui! – ela falou apoiando minha nuca para que eu bebesse, ao terminar de molhar minha garganta deixei minha cabeça cair de volta pros travesseiros.

-Obrigado! – ela sorriu e colocou o copo na mesa de canto perto da cama.

-Está melhor?

-Um pouco sonolento apenas. Andie pegou pesado. – falei meio irritado, eu estava me sentindo lerdo.

-É, Stefan falou que ela aumentou a dose dos seus medicamentos. Você não conseguia dormir e precisava descansar. – ela falou com um tom fraco, soltando um suspiro pesaroso.

-Assim como você. Sua cara está péssima Elena. – ela relutou fazendo uma negativa com a cabeça.

-Não começa. Tinha que ter certeza que estava bem.

-Sim, mas não precisa se descuidar, vai acabar doente. – ela segurou minha mão.

-Estou bem, uma noite num hospital não mata ninguém Damon.

Uma das coisas que eu mais odiava na Elena era a sua teimosia. Eu não sou nenhum santo neste assunto, mas a dela era burrice. Ela estava mais magra, pálida, seus lábios não continham mais o vermelho vivo que eu tanto amava. Só em pensar que tudo aquilo era por mim. Que espécie de amor suga a pessoa amada dessa forma. É uma doença e eu tinha que curá-la disso. Depois de tudo o que houve ontem, eu não estenderia mais isto. Eu me sentei na cama. Ela veio pra cima de mim pra me amparar, o que eu impedi, pelo menos isto ela ainda poderia crer que eu faço sozinho.

-Temos que conversar. – falei sério e ela me encarou especulativa. – Sente-se aqui Elena. – eu falei batendo com a mão no espaço da cama ao meu lado, ela sentou em seguida. Seus olhos estavam suplicantes, atentos, eles meio que vibravam de ansiedade.

-O que foi? – ela perguntou me encarando confusa agora, eu estava olhando pra ela de uma maneira intensa e firme demais.

-Eu sei que o que eu vou dizer vai me fazer quebrar uma promessa e eu odeio isso, sério. Mas digamos que alguns termos mudaram e é o certo a se fazer. – ela me encarou ainda mais confusa eu segurei suas mãos e a encarei. – Elena, eu sei que você vai relutar, mas desde já eu quero avisar que é o que eu quero e não vou voltar atrás. É o melhor. – ela começou a tremer, engoliu em seco.

-O que quer dizer Damon? – perguntou hesitante encarando o meu toque em suas mãos.

-Estou rompendo nosso compromisso Elena. Não quero mais estar com você.

Elena me encarou gelada e paralisada, apenas o seu olhar estava inquieto, buscando dentro do meu um vestígio de que o que eu falei não era real.

-Como? – ela sufocou quase chorando.

-Isso não tem mais nada a haver. Não está dando certo.

-Como assim não está dando certo? Damon que conversa maluca é essa? O que mais te deram neste hospital? Você está louco? Não pode fazer isso comigo. Com nós dois. – ele falava sem parar agora, começando a chorar, eu ainda tinha suas mãos presas na minha e as segurei com mais força para que ela parasse de falar.

-Elena, me escute! Não quero isto pra você. Não quero isto pra mim. – ela se soltou de minhas mãos levando as suas até os cabelos e os jogando pra trás, deixando suas mãos na nuca enquanto fechava os olhos e voltava a me encarar.

-O que você não quer pra mim ou pra você? O que você acha que é tudo isso? Damon eu estou ao seu lado e não vou a lugar algum.

-Isto está acabando com nós dois. – eu gritei agora e ela apoiou suas mãos na cama.- Olhe pra você, está  abatida, tristonha, mal tem se dedicado a suas coisas, está limitando o seu tempo a mim, eu não quero isso Elena, eu nunca quis.

-Mas eu quero. – ela gritou – Eu quero! Quero estar com você. Onde mais eu estaria? Damon, eu te amo. Você prometeu não se afastar, não me afastar, agarramos isto juntos, prometemos que seria assim. Você prometeu! Até o ar de seus pulmões se extinguirem lembra? – ela falou segurando meu braço.

-Não sei se você lembra, mas ontem, eu praticamente cuspi um pedaço do meu pulmão. Só estou adiantando o inevitável. Não temos que passar por isto. – ela me olhou perplexa, soltou o meu braço e se levantou da cama me dando as costas.

-Você não vai fazer isto Damon. Não ouse! Você não tem esse direito. – falava de costas pra mim.

-Tenho todo direito de não querer ver você sofrer, Tenho todo direito de não ver você estragando a sua vida por minha causa, perdendo os seus melhores anos por mim. – ela virou pra minha direção, seus braços estavam cruzados.

-Isso tem haver só com você não é? É tão egoísta a esse ponto? Tudo o que você está me falando é ridículo. Eu quero estar com você, eu amo você. Não vou me afastar de você só porque você não suporta a ideia de que eu esteja sofrendo. É duro te ver assim... É. Angustia, mas sabemos como seria Damon. – ela soltou os braços e os agitou- sabemos como tudo seria, eu podia ter caído fora no início, mas não. Se você queria me poupar tanto assim que fizesse isso no dia que me contou que estava doente. Não agora, não depois de tudo o que já passamos. Não depois de olhar nos meus olhos e me dizer que contava com o nosso amor pra passar por isto.

-Foi um erro. E isso sim foi egoísmo. Forçar-te a entrar nessa, falando coisas lindas e românticas, coisas que só existem naqueles filmes que você vê. Não é tão romântico na vida real não é Elena? Ontem você viu que não.

-Escuta aqui! – ela veio segurar meu braço outra vez e eu desviei o meu olhar virando pra outra direção. – Olha pra mim! - Ela falou firme – Damon, olha pra mim! – foi quase um grito, eu olhei de novo, uma lágrima escorreu de meus olhos antes que eu pudesse evitar. – Eu escolhi estar com você, porque eu te amo e não queria estar em nenhum outro lugar. Meu amor por você vai além de momentos doces, vai além do prazer, além de qualquer sentimento que possa ser explicado. Eu apenas te amo e meu lugar é ao seu lado. Você está me entendendo. Então não ouse me afastar de você, Não ouse se mostrar um egoísta que só pensa no que pode ou não suportar, eu estarei pior longe de você e você sabe.

-Ou talvez não. – eu falei firme e ela me encarou descrente – Deu ouvi sua conversa ontem com seu amigo. – ela ficou tensa diante de mim. – Eu ouvi tudo Elena. Seu desabafo – ela engoliu em seco, lágrimas encharcavam seu rosto – seu desespero. Sua frustração. Acha mesmo que é egoísmo da minha parte querer que a mulher que eu amo não tenha que passar por tudo isto? Como acha que me senti ao te ouvir falar daquela forma e saber que tudo era por minha culpa. Por estar em sua vida e por te pedir pra ficar comigo e não desistir de mim? Egoísta eu fui ao te dizer tudo aquilo, ao te fazer crer que isto podia funcionar pelo simples fato de que eu queria que funcionasse.

Elena estava paralisada, ela me ouvia atônita, levou uma de suas mãos até sua boca e voltou a se sentar, fechou seus olhos e me encarou levando a mão até o peito, ela ofegava com o choro.

-Você estava acordado? – sua voz não foi mais que um sussurro.

-Estava.- falei olhando pra frente.

-Damon você... – ela falava entre soluços - Meu Deus...

-Eu ouvi tudo e vi algumas coisas também. Vi o suficiente. – eu ainda não a olhava.

-Aquilo foi... Um momento de fraqueza, não era pra ter acontecido, eu não planejei nada daquilo eu...

-Eu sei Elena. – eu voltei a encará-la gritando - Você estava frágil, desesperada. Deus, você se agarrava a ele atormentada, por um instante eu quis me levantar e separar vocês dois, mas ele era seu amigo e estava tão aflito te vendo daquela forma. Até um total estranho ficaria aflito, porque era horrível. – ela chorava sem parar e eu baixei o tom – Eu não ligo para o que Le fez, não é segredo pra nós dois o que ele sente por você. Não o culpo, pois no lugar dele provavelmente eu faria o mesmo. Vendo você daquele jeito.

-Ele não devia. – ela falou num tom bravo.

-Mas aconteceu e você não se esquivou. – falei calmo.

-Não era como se eu estivesse pensando muito claramente, eu nem processei direito o que ele fez, antes de ter a boca dela na minha. Eu jamais te submeteria a algo assim.

-Bem, tecnicamente não submeteu mesmo, eu estava dormindo. – ela começou a rir sem graça.

-Então é por isso. Foi o quem você viu que te fez tomar essa decisão. –Ela falou num tom duro enxugando as lágrimas do rosto.

-Não Elena, foi pelo o que eu ouvi. – eu falei no mesmo tom de calma. Ela parecia extremamente irritada com isso. Minha calma.

-Eu não aceito seus motivos. São patéticos se levar em consideração que eu quero assim. Que é minha decisão e que é tarde demais pra voltar atrás disso.

-Eu não quero mais estar com você. Não assim. E não posso te dizer: “Elena vamos dar um tempo, se eu ficar curado, podemos recomeçar.” Não é justo.

-É ridículo isto sim, eu não aceitaria isto nunca, me afastar de você neste momento e depois voltar com você, como se você fosse algum pertence meu que deu defeito e que eu deixei num concerto e depois voltei pra pegar, quando já estava concertado. Não funciona assim Damon, eu te amo. Não entende o que isto significa?

-Eu entendo, e por entender é que eu sei que mesmo que você esteja sofrendo, morrendo por dentro você não vai recuar, não vai me abandonar, porque você se agarrou a ideia de que eu vou ficar bem e...

-Mas você vai! – ela me interrompeu alterada.

-Mas você esquece que eu posso não ficar. – ela relutava com a cabeça -  Que pode tudo mudar. Você viu. É imprevisível. Eu posso estar aqui com você agora e amanhã piorar e tudo acabar. Elena, não quero você ao meu lado me esperando morrer.

-Para de falar isso Damon. Você está sendo covarde. – ela gritou novamente batendo as mãos na cama – Está assustado com o que aconteceu, está com medo, é natural, te pegou de surpresa, mas você sabia que podia acontecer. Agora reúna as orças necessária e saia disso. O que você viu ou ouviu ontem foi um momento de fraqueza sim, eu estava frustrada sim, mas eu sabia desde o começo que nada seria fácil. Quantas vezes conversamos sobre isso? Por quantas sessões já passamos juntos?

-Acabou Elena! – eu a cortei – Não vou mudar de ideia. É o que eu quero. É o melhor.

-O melhor pra quem? Pra você? Pra culpa que você está sentindo? Não ouse dizer que é pra mim, porque é mentira. Você só está pensando em si mesmo.

-Pense como quiser. Afinal a vida é sua. Eu sei o que eu quero pra minha e certamente não é ver a minha namorada sucumbir diante de mim. Não é ver ela perdendo noites de sono, ficando doente, desmaiando. Não quero. Vai doer, mas seu lugar não é ao meu lado.

-E onde é? – ela falou vindo pra cima de mim, bem perto da minha face, seus olhos marejados, porém firmes injetavam em meu ser um arrepio.

-Sai e descubra Elena. Só sei dizer que é onde esteja feliz de verdade. E não é comigo ou aqui neste quarto de hospital. Saia por aquela porta e descubra. – ela me olhou furiosa, acenando negativamente com a cabeça.

-Como eu fui tola. – falou se levantando da cama – Por toda a minha vida eu te admirei. Via em você um homem de verdade. Forte, justo, leal. – sua voz estava adquirindo um novo tom. Um tom que eu nunca ouvi nela – O homem que eu amo é assim. Mas este? – ele disse apontando pra mim com as mãos e rindo ironicamente – Este é outra pessoa. Este é covarde, egoísta e o pior de tudo. Tenta maquiar sua fraqueza atrás de falsos altruísmos. Agora me escuta bem. – ela apontou seu dedo bem perto de mim, eu estava paralisado e vez ou outra sentia uma lágrima quente percorrer meu rosto – Se eu cruzar aquela porta, eu não volto mais. – engoli em seco – Se eu sair deste quarto acabou de verdade. Porque eu terei descoberto que o homem que eu idealizei não era o que eu pensava e isso sim, eu não consigo suportar. Responda-me só uma coisa Damon... – ela me encarou, meus olhos estavam nos seus – É isso o que você quer? – ela soltou mais uma lágrima – É isso o que você é?

Eu respirei fundo, tudo o que eu mais queria era que ela fosse feliz comigo era fazê-la feliz, mas isso estava ameaçado, eu não era mais o Damon de antes e podia não voltar a ser. Talvez este novo Damon seja mesmo o covarde que ela fale, mas para mim ele é apenas o Damon que ama a Elena o suficiente para não a torturar mais, o Damon que ama esta mulher e que sempre escolherá o melhor pra ela, mesmo que ela não queira aceitar ou reconheça esse “melhor”.

-É o que eu quero. E o que eu sou ou deixo de ser pra você ao pensar assim, não me interessa. É o melhor para nós dois. – Elena fechou os olhos e mais lágrimas saíram deles, ela acenou em assentindo se afastou da cama indo até perto do sofá onde se inclinou e pegou sua bolsa, ela passou a alça pelo seu ombro de costas pra mim e se virando pra minha direção falou com firmeza:

-Então você nunca mereceu o meu amor. – Eu escutei a frase e vi Elena sair do quarto sem nada dizer, apenas fechei meus olhos e me entreguei as lágrimas assim que ouvi a porta bater.

...

O que eu estava sentindo não tinha nome. Minha garganta ardia por um grito sufocado que eu prendia nela. Seu fechei a porta daquele quarto e desejei perder minha memória, esquecer de quem era e de tudo o que um dia eu já senti. Esquecer que eu amei por quase toda a minha vida um homem que nunca poderia compreender meu amor. Eu estava mais que triste por tudo aquilo, eu estava ferida, magoada. Nada fazia sentido agora, minha vida inteira se perdeu, se partiu. Eu me entreguei ao choro, eu só queria deixar aquele lugar, esquecer aquela conversa, esquecer o Damon. Isso seria impossível. Eu o amo demais, mas ele não é capaz de entender isso e logo, não merece. Eu ia fazer o que ele queria.

...

Elena começou a andar pelo corredor, passos apressados, quase uma corrida, antes de virar para outra direção esbarrou na senhora Salvatore, que ao perceber seu estado se apavorou.

-Elena queria, o que aconteceu? – Elena não respondeu, apenas se desviou dos braços dela e seguiu seu caminho, sem olhar para trás. Maria pensou em segui-la, mas a ideia de que algo tivesse acontecido com seu filho a fez ir na direção oposta, correndo pro quarto de Damon. Ao entrar viu seu filho na cama, com a cabeça enfiada entre os joelhos, chorando.

-Meu Deus! – foi na direção dele já o abraçando – Meu querido, o que aconteceu?

Damon não conseguia falar, apenas abraçou sua mãe fortemente.

-A Elena estava chorando no corredor, quase arranca meu braço. Eu pensei que tinha acontecido alguma coisa com você. – Damon encarou sua mãe agora, lágrimas no seu rosto.

-Aconteceu mãe. – ele disse quase soluçando.

-O que foi ? Me fale! – pediu segurando o rosto do filho.

-Eu a perdi. Perdi Elena mãe. – ele voltou a chorar se jogando nos braços dela – Perdi pra sempre.

-Shh! Calma meu amor. – ela falava sem entender muita coisa e acariciava os cabelos dele.

Damon tinha certeza disso, ele perdeu Elena, viu no seu olhar, sentiu na sua fala. Ele sabia que ela estava decidida. Estava doendo muito e embora ele soubesse que isto era o melhor pra ela - pelo menos pra ele era assim - não conseguia evitar o desespero por deixar a mulher que ama sair daquele quarto. Foi o certo, mas a dor era inevitável, porém mais tolerante diante da outra dor. Diante da dor de vê-la sofrer por tudo o que ele estava passando. E quem sabe um dia ela pudesse compreender seu lado. Quem sabe?


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Notas finais do capítulo

Eu sei, muitas de vocês vão dizer: " Valeu May, você conseguiu estragar tudo. Te mato!" Peço paciência, por favor, pode não parecer, mas depois desse capítulo as coisas vão se amenizar, prometo.
Beijos!