Força De Um Amor escrita por MayLiam


Capítulo 35
Não era pra ser assim


Notas iniciais do capítulo

Ai meu Deus que capítulo tenso!!!
Nem vou comentar nada agora. Leiam as notas finais!
Boa leitura!
p.s.:Obrigada pelos comentários. ^^



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Damon estava saindo do hospital, depois de mais uma terapia. Alaric lhe recomendou um tratamento com uma touca de resfriação. Ele a usava quinze minutos antes da sessão e durante ela. Com o couro cabeludo resfriado a -28C° as células paravam de circular naquela região, impedindo a absorção dos medicamentos que causavam a queda dos cabelos de Damon. Era meio incômodo, mas Alaric 66% de chances de um bom resultado.

...

Eu cheguei em casa acompanhado por Stefan, que me ajudou a chegar até meu quarto. Deitei-me na cama e me cobri, eu estava morrendo de frio. Minha mãe estava providenciando minha janta, ela fazia questão de supervisionar o que eu comia, meu pai ainda estava nas empresas. Enquanto Stefan me ajudava a me acomodar nas almofadas, eu o notei pensativo, Ele tinha no rosto uma expressão um pouco curiosa e até mesmo engraçada. Ele andava meio lesado desde a reunião na casa de Elena. Eu logo quis saber o motivo de sua “cara de bocó”.

–Uma moeda por seus pensamentos! – falei do nada e ele me encarou confuso. – Tem algo te incomodando? Você está estranho! – ele suspirou e logo em seguida sentou- - se na poltrona ao lado de minha cama, todo largado.

–Rolou uma conversa bem franca com a Carol na noite da festa dos Gilbert’s, não consigo para de pensar nela. – ele falou encarando o nada e super distante.

–Acredite, nem dá pra notar que você anda alienado, se não me fala agora... – eu soltei um riso irônico e ele me fitou irritadinho. – O que foi? Fala pra mim!

Ele me olhou e meio que tomou fôlego e começou a vagar na sua mente outra vez.

(Flash Back - Stefan)

–Eu sinto muito pelo o que houve entre você e o Klaus. – Caroline me encarou confusa, estávamos caminhando pelo jardim e meio se rumo. – Quero dizer, você parecia gostar dele de verdade.

–Ele era importante, mas a muito tempo atrás eu aprendi que nada dura para sempre e que só podemos confiar em nós mesmos.- ela flou num tom de dureza, tom que eu não conhecia nela.

Caminhamos mais uns segundos em silêncio e ela começou a me falar do nada:

–Eu tinha oito anos quando a minha mãe ficou doente, ela tentava fazer-se de forte na minha frentes, mas eu sempre a ouvia passar mal. Ela já trabalhava para os Gilbert’s na época, A mãe da Elena começou a cuidar dela, meu pai também trabalhava pra família nesta época. – Sua expressão era ausente e emocionada, vez ou outra ela soltava risos fracos. – Depois de um tempo ela piorou, foi definhando pouco a pouco, mas o pior de tudo foi que meu pai, vendo seu estado, decidiu nos abandonar. Minha mãe morreu um mês depois, a decepção foi muito grande. – ela falou isto deixando uma lágrima escapar de seu rosto e depois um riso fraco surgiu em sua face. Não conhecia esta força que existis dentro dela, ela parecia tão frágil. – Desde então os Gilbert’s me acolheram e me criaram como uma filha, eu cresci ao lodo de Elena, quase como sua irmã. Eu nunca mais soube nada sobre meu pai, nem quero. Aprendi a ser forte e a me virara sozinha, mas principalmente, aprendi a não esperar que minha felicidade venha de outra pessoa. Se quero ser feliz, tenho que me fazer feliz.

Eu a encarava totalmente admirado. Que mulher! Ela me olhou com uma expressão divertida, eu deveria estar fazendo uma cara hilária, talvez até estivesse com a boca aberta. Eu meio que acordei.

–Desculpe perguntar, mas... O quer sua mãe tinha? – ela me olhou meio hesitante e respondeu cabisbaixa.

–Câncer. – Abrir a boca foi inevitável, um frio me cortou a espinha e eu engoli em seco.

–Meu Deus! – eu meio que cuspi essa fala.

–Eu entendo bem o que vocês estão passando com o Damon. È muito complicado, mas diferente da minha mãe, ele teve a chance de descobrir antes da doença lhe causar maiores estragos e ele é jovem e forte e está reagindo bem ao tratamento. Sei que Damon tem um temperamento complicado e que ele é meio relutante a quase tudo. Como minha mãe, ele se faz de durão pra poupar aqueles que ama, mas ele precisa de todos vocês, ele é mais forte com vocês ao seu lado. E por mais que ele seja um estúpido – eu não pude evitar sorrir neste momento e ela me seguiu. – o apoio de vocês é muito importante. Ele não pode perder mais nada, isso o abalaria ainda mais, foi assim com minha mãe. Se sentir amparado e amado é o melhor tratamento pro Damon Stefan. Sempre!

Eu segurei suas mãos neste momento, aquele conselho foi tão sábio e oportuno. Ela era maravilhosa.

–Klaus não te merecia! – eu meio que falei sem pensar muito e me aproximei dela um pouco mais. Ela me encarava com olhos assustados e engolindo em seco. Ela desviou de meu toque e meu olhar. Me dando às costas.

-Ao longo dos anos eu namorei um ou dois caras, Tayler e Matt, para ser bem exata. – Eu só conhecia o Matt. – Mas não era como se fosse durar para sempre – ela deu de ombros ainda de costas pra mim, eu me reaproximei dela. – Sempre que eu percebia isto, eu me esquivava, antes de me apegar demais e depois ser abandonada.

–Como seu pai abandonou sua mãe. – eu falei perto de seu ouvido e ela se sobressaltou se virando para me encarar e meio esquiva.

–É. Como meu pai abandonou minha mãe. Com Klaus ficou claro que não seria algo pra sempre e sendo assim não me interessa nem faz falta. – Ela completou se afastando um pouco mais de mim.

–Já parou pra pensar que agindo assim, na defensiva, talvez seja difícil reconhecer quando o seu pra sempre surgir em sua frente? – ela sorriu pra mim, com ar superior.

–Bem, eu já me conformei com o fato de que ele não existe! – ela falou rindo irônica e se moveu para me dar às costas novamente, mas eu a impedi, segurando seu braço e a puxando pra junto de mim.

–è claro que existe! – eu falei a encarando fortemente e ela estava outra vez assustada diante de mim. – É só se abrir pra ele.

Eu me aproximei mais dela, que estava cada vez mais trêmula e assustada em meus braços. Não sabia o que estava acontecendo comigo, eu apenas não conseguia me afastar. Fui chegando mais perto de sua face, nos olhares próximos, foi inevitável olhar sua boca e vi seus lábios se moveram neste instante sibilando meu nome.

–Stefan...

Sua voz era apenas um sussurro, eu voltei a encarar seus olhos que agora estavam fechados, ela engoliu em seco fazendo uma negativa com a cabeça e me empurrando. Eu me afastei dela alterado. “Que droga era essa?”

–Me desculpa, eu... Não sei o que... Eu não quis te ofender! – eu falei enfim, meio desorientado. Ela cruzou seus braços acanhada.

–Melhor voltarmos para dentro. – ela me deu as costas antes que eu pudesse reagir de alguma forma.

Eu não iria me esquivar, eu iria beijar a Caroline se ela não tivesse se esquivado. Faria isso sem pensar duas vezes, mas não sabia dizer o porquê.

...

Ao lembrar da conversa falei pro Damon apenas o que ele precisava saber. Sobre o passado da Carol e sobre a conversa dos ex e é claro meu quase beijo com ela. Deixe de fora o conselho que ela me dera é claro. Era melhor assim.

...

–Nossa ! Eu... Não ... Sabia... Disso! – falei pro Stefan após ouvir sua retrospectiva dos fatos, tremendo de tanto frio. Ao ouvir minha voz trêmula e alterada, ele me encarou especulativo e veio tocar minha testa.

–Credo Damon! Você está fervendo.

–Eu... se..sei!

–Quer mais um cobertor? – eu assenti e ele foi pegar. Meu corpo inteiro doía, mas era pior do que as outras vezes, estava mais insuportável.

Depois que Stefan voltou com a coberta, minha mãe surgiu no quarto e logo veio verificar como eu estava. Stefan me olhava de frente a minha cama, de braços cruzados.

–Sua febre está muito alta querido! – ela exclamou preocupada.

–Es – tou ... Be-bem. – respondi com dificuldades me contraindo mais por debaixo das cobertas e Stefan bufou.

–Deixa de se fazer de forte Damon. Tem que nos contar o que sente, de outra forma como poderemos ajudar? – falou irritado.

–Eu vou preparar um banho pra você, meu amor. Temos que baixar esta temperatura e te deixar mais confortável. – Minha mãe falava enquanto acariciava meu cabelo. – Stefan fique com ele! – ela encarou o irritadinho e ele assentiu. Stefan ficou me olhando sentado na ponta da cama de frente pra mim.

Eu vi minha mãe ir em direção ao meu banheiro e fechei meus olhos, eles queimavam e... Deus, estava tudo doendo, meu corpo parecia sofrer facadas em cada parte dele, pancadas em cada osso. Terrível! Foi então que a vi entrar no quarto. Elena. Ela sempre vinha. Eu não gostava que ela ficasse comigo durante a sessão, embora ela insistisse, ela relutou, mas aceitou, fizemos um acordo, ela viria cuidar de mim em casa. Achei ridículo, mas não pude recusar.

–Oi! – ela falou pro meu irmão.

–Oi Len!

–Como está nosso doentinho? – ela me perguntou, sentando-se na cama e acariciando meus cabelos.

–Teimando como sempre! – Stefan respondeu por mim, o que eu agradeci, não era como se eu pudesse falar no momento. – Minha mãe está preparando um banho pra ele, está com febre alta.

Que droga! Esta muito frio. Senti as mãos de Elena em minha testa. Nossa! O que tem de errado comigo?

–Está quente mesmo. – a voz de Elena estava ficando longe, longe demais. Eu senti uma dor aguda, que nem sei identificar de onde vinha, eu estava de olhos abertos, embora enxergasse muito pouco, minha vista estava turva, eu revirei os olhos pela dor. – Damon?! – escutava sua voz alterada e distante. – Stefan ele vai sofrer uma convulsão! – seu tom era desesperado, eu abria e fechava os olhos sem nada ver, também não conseguia falar, só havia dor, muita dor. – Ele precisa baixar a temperatura do corpo agora! Ajuda-me a levar ele pro banheiro, vamos dar um banho frio mesmo!

Fechei meus olhos totalmente, embora ainda seguisse ouvindo vozes sem às distinguir e sentindo toques em mim, estava com tanto frio, senti água, batidas em meu rosto, depois mais nada. Abri meus olhos devagar. Estava na minha cama, Elena deitava ao meu lado, parecia dormir. Stefan estava sentado diante de nós, nos pés da cama, percebendo que abri meus olhos ele se sobressaltou, me encarando firme.

–Você acordou! Que bom! – ele soltou um suspiro. Não entendia muito bem o que havia acontecido, senti Elena se mover ao meu lado, ao olhar pra ela percebi a presença de meu pai e minha mãe no quarto, sentados ao lado de minha cama, também me encaravam um alívio nos olhos. Uma verdadeira vigília, por mim.

...

Eu cheguei à mansão Salvatore e não encontrei ninguém. A empregada que me recebeu falou que todos estavam no quarto com Damon. O senhor Salvatore não estava em casa ainda, apenas Stefan e sua mãe e é claro, Damon. Eu subi até o quarto e ao chegar lá, vi Damon deitado envolto em cobertores e Stefan sentado junto a ela na cama com um olhar de receio.

–Oi! – eu falei pra o caçula da casa.

–Oi Len! – ele me respondeu docemente.

Eu fui em direção à cama, sentando-me ao lado de Damon e enquanto acariciava seu cabelo o perguntei:

–Como está nosso doentinho? – Damon me encarou se encolhendo nas cobertas e gemendo baixo. Stefan respondeu por ele.

–Teimando como sempre! Minha mãe está preparando um banho pra ele, está com febre alta. – eu encarava Stefan preocupada.

Eu ouvi Damon gemer outra vez de uma forma mais agonizante. Toquei sua testa, ele tremia e gemia sem parar. Estava ardendo.

–Está muito quente mesmo. – meus olhos não saiam dele e o vi revirar seus olhos enquanto soltava outro gemido, ele arqueou seu corpo, soltando uma expressão de dor. – -Damon?! – eu estava desesperada, ele estava muito mal, pior do que das outras vezes, eu nunca o vi assim. –Stefan ele vai sofre uma convulsão! – exclamei desesperada. – Ele precisa baixar a temperatura do corpo agora! Ajuda-me a levar ele pro banheiro, vamos dar um banho frio mesmo!

Stefan assentiu e me ajudou a levá-lo até o banheiro.

–Calma amor, vamos cuidar de você! – as lágrimas já surgiam em meu rosto, ele não me respondia, embora estivesse com os olhos abertos, era como se não estivesse ali, ele revirava os olhos me deixando cada vez mais aflita.

–Vamos lá Damon, fique acordado! – Stefan dizia, Maria nos viu entrar no banheiro carregando Damon totalmente entregue.

–Meu Deus! – ela assustou-se.

–Está piorando mãe! Vamos colocar na água fria mesmo. Encha a banheira! – Stefan falou pra mãe que assentiu e rapidamente obedeceu. Stefan e eu começamos a despir Damon, o deixando só de cueca, era horrível ver ele assim, ela estava mais magro, perdeu alguns pesos o que me angustiava mais.

–Pronto mau amor, vamos lá! – eu falei enquanto o erguia com a ajuda de Stefan e Maria.

Deitamos ele na banheira o deixando submerso até o pescoço, eu massageava seu peito por baixo da água e a senhora Salvatore massageava suas pernas, enquanto Stefan o segurava mantendo seus braços embaixo das axilas de Damon, o impedindo de afundar na banheira. Estávamos todos muito desesperados, ele nunca teve uma reação tão negativa assim antes. Nem tão forte como esta.

Damon não falava nada, apenas abria e fechava os olhos, até que ele parou de fazer isto, parecendo desmaiar. Tiramos ele da água. Stefan ficou encarregado de vesti-lo depois que o secamos. Eu fui com a mãe dele até o térreo ligar para Alaric. Ele nos explicou que embora fosse apavorante, isto era normal num quadro como o de Damon, cada reação era muito relativa e dependia de vários fatores. Ele pediu para ficarmos atentos a qualquer outra anormalidade em seus sintomas e, se caso ocorresse, que nós o levássemos para o hospital.

Ao voltar para o quarto, Stefan já havia o acomodado na cama e ele ainda não tinha recobrado a consciência, ainda tina febre, mas estava menos agitado, mais sereno. Ficamos esperando ele acordar e atentos ao que Alaric recomendou. Ao chegar em casa o senhor Salvatore juntou-se a nós bastante inquieto e preocupado.

Minutos depois eu acabei adormecendo ao lado de Damon na cama, ignorando Stefan e seus pais que também estavam lá. Eu despertei com a voz de Stefan: “Que bom!”, ele disse. Olhei para Damon, ele encarava o irmão em silêncio, ele moveu os lábios e sussurrou um pedido:

–Preciso de água! – Stefan imediatamente foi atender o irmão. Havia sempre uma jarra com água no quarto.

–Como se sente? – eu parecia ter retirado à frase da garganta dos pais dele, que esperavam por sua respostas tão ansiosos quanto eu.

–Cansado! Ele falou com dificuldade. - Stefan se aproximou com a água.

–Aqui! – ele estendeu o copo pro irmão, que se esforçou para se apoiar nos cotovelos, Stefan estava levando o copo até a boca de Damon enquanto eu dava suporte a ele, apoiando suas costas. Damon pegou o copo da mão do irmão soltando um olhar de “deixa comigo”. Stefan me encarou na mesma hora. Que teimoso! Ele bebeu uns goles e voltou a jogar-se nos travesseiros.

–Você precisa comer Damon! – Maria falou.

–Estou enjoado agora, talvez mais tarde! – ele falou fechando o olho e puxando as cobertas até a altura de seus ombros.

–Ainda com frio? – eu lhe perguntei.

–Um pouco.

–Tente descansar filho. Vamos deixar você fazer isto! – Falou Joseph enquanto olhava para Stefan e Maria.

–Qualquer coisa que precisar... – Stefan disse pro irmão.

–Eu grito! – Damon falou soltando um riso fraco.

–Exato! – Stefan sorriu em resposta.

–Estaremos lá em baixo querida. – Maria falou para mim.

–Tudo bem, se precisarmos de alguma coisa, eu chamo. – ela sorriu pra mim e veio dar um beijo no filho.

–Se cuide! – disse ela acariciando o rosto dele.

–Sim senhora! – ele sorriu fraco.

–Vamos! Tem muita gente aqui e ele precisa descansar. – o senhor Salvatore falou num tom duro, com certeza Damon tinha muito dele.

Quando finalmente ficamos sozinhos no quarto, eu voltei a me deitar ao lado de Damon, me virei em sua direção o encarando. Ele encarava o teto.

–Você me deu um susto! – ele me encarou de lado e eu levei meus dedos até seus cabelos sedosos.

–Sinto muito, acontece! – ele me respondeu fazendo uma cara feia, parecia dor outra vez.

–Ainda sente dor? – ele fez uma negativa com a cabeça.

–É mais enjoo mesmo, mas isto é normal.

Me aproximei mais dele, deitando em seu peito e ele me aninhou lá, encostando seu queixo no topo de minha cabeça.

–Senti saudades! – ele falou com doçura.

–Eu também!

Ficamos assim por uns minutos, ele acariciava meus cabelos e eu o seu peito e barriga. Foi então que senti ele prender sua respiração, com meus ouvidos em seu peito, pude perceber seu coração acelerar, ele soltou um gemido de desagrado e eu ergui minha cabeça para o encarar.

–Que foi? – perguntei receosa.

–Droga! – ele esbravejou se sobressaltando da cama e cambaleando em direção ao banheiro, fiquei meio atordoada pelo seu movimento inesperado, mas logo depois o segui.

O encontrei debruçado no vaso vomitando. Ele soltava grunhidos de dor e parecia extremamente aborrecido com a situação, como se já estivesse farto daquilo. Me agachei e comecei a esfregar suas costas, eu sempre fazia isto, parecia ajudar, aos poucos ele parou com os vômitos, sentando-se no chão frio. Levantei pra molhar uma toalha e dar a ele, para que se limpasse ou algo do tipo, enquanto fazia isto, de costas pra Damon, ouvi sua voz totalmente alterada, era puro medo.

–Ai meu Deus! –ele falou me fazendo o encarar assustada. – Liga pro Ric! Agora!

Ele estava gritando e eu paralisei por uns segundos ao perceber o porquê, o nariz dele estava sangrando, de uma maneira muito agressiva. Damon começou a arrastara a respiração. Peguei meu celular e me sentei ao seu lado.

–Calma, estou ligando! – Ric atendeu no segundo toque. – Ric?! – eu falei e Damon puxou o celular da minha mão.

–Hemorragia Ric. Que droga é essa? – ele estava agitado e eu apenas tentava acalmar ele e me manter calma, eu esfregava seus ombros. – Entendi... Eu entendi! – ele gritou.

–Calma Damon! – eu tentava inutilmente o acalmar, havia muito sangue na roupa dele, nas mãos, no rosto.

–Eu estou indo! – ele falou desligando e se levantou. – Preciso ir ao hospital!

–Tudo bem, vamos! – falei me levantando, ele estava indo em direção a pia, talvez se limpar, mas antes de chegar, Damon curvou o corpo pra frente soltando um grito de dor e em seguida vomitou sangue. – Ai meu Deus! – eu gritei assustada, isso nunca aconteceu. Antes que eu pudesse chegar nele ele caiu inconsciente. –Stefan! –eu chorei-gritei desesperada, havia sangue pra todo lado e Damon estava largado no chão. – Stefan, socorro!

...

Ao chegar ao hospital, Alaric recepcionou Damon, acompanhado como sempre pela Andie, que minutos depois apareceu na sala de espera onde estavam todos, para explicar o estado de Damon. Elena ligou pros seus pais, contando o que acontecera, eles logo vieram se juntar aos Salvatore, acompanhados por Caroline a para a surpresa de Elena por Jeremy também. Segundo Miranda, ele havia ido visitar Elena e não a encontrando, aceitou o convite pra jantar com os Gilbert’s estando presente quando ela ligou, quis ir junto. Apenas as duas famílias tinham conhecimento das doença de Damon, além é claro, de Alaric e alguns amigos médicos do hospital, assim como Andie. Jeremy ficou surpreso, mas sendo um amigo muito querido pra Elena jurou manter a descrição. Todos pareciam estar mais confortáveis após isto. Alaric se juntou a Andie para melhor esclarecer o que houve com Damon.

– Eu sei que foi ruim presenciar tudo isto, sinto muito. – ele começou solidário. – Mas tenho que dizer que se tratando dessa doença não é tão impossível. Foi uma surpresa tanto pra mim quanto para o próprio Damon esta reação tão agressiva, mas temos que convir que ele andava meio relapso quanto aos cuidados, mesmo com todos vocês na espreita. Ele não estava descansando o necessário e se alimentava peculiarmente. – Todos concordaram, Damon Salvatore era sinônimo de teimosia. – Ele ficará em observação por um tempo. Até se estabilizar.

–Podemos vê-lo? – Stefan perguntou.

–Ele está sob efeito de sedativos, a hemorragia cedeu, e ele está se estabilizando aos poucos. Não acho que vá acordar tão cedo. Aconselho a todos a voltarem para casa e descansar. Todos vocês.

–Eu vou ficar! – disse Elena.

–Querida, ouça Dr. Saltzman! – Miranda pediu a filha.

–Eu vou ficar mãe. Não vou a lugar algum até ter certeza de que ele está bem! – Falou Elena convicta.

Grayson tocou no ombro de Miranda, ele estava prestes a relutar sobre a decisão da filha, mas ele sabia que seria inútil, Miranda entendendo o olhar do marido cedeu.

–Tudo bem querida.

–Eu vou ficar também! – disse Stefan.

–Isso filho! – disse Joseph. – Nos avise sobre qualquer coisa. – Stefan assentiu.

–Não vou deixar meu filho! – Maria relutou, Joseph a encarou e disse:

–Querida, não é como se pudesse fazer alguma coisa ficando aqui. Dele estará bem cuidado e você precisa descansar. Quando ele acordar amanhã precisa estar bem, você conhece seu filho, detesta vê-la abatida. Vamos para casa, Stefan nos manterá informados.

Maria encarou o filho que assentiu ao que o pai disse.

–A qualquer hora. – Ela encarou Stefan fortemente.

–A qualquer hora. – ele respondeu e ela cedeu vencida.

–Eu fico com você Elena! – Jeremy falou do nada e todos o olharam.

–Não precisa Jeremy, Stefan e eu ficaremos bem e...

–Eu insisto. Pelo menos mais algumas horas. – Elena relutou.

–Sou seu amigo, quero me certificar de que está tudo bem, depois eu vou embora. – ela assentiu enfim.

Todos os outros se foram, restando apenas Elena Stefan e Jeremy.

–Posso vê-lo Alaric? – Elena perguntou.

–Se você insiste... Só peço que, por favor, não o acorde, mesmo sedado Damon tem um sono extremamente leve. Nunca vi nada igual. Ele precisa descansar. – ela assentiu.

–Eu vou até a lanchonete pegar um café. Quer algo Elena? – perguntou Jeremy.

–Um suco de maracujá. – ela respondeu sorrindo.

–Eu vou com você. – disse Stefan. – Preciso de um café também.

Eles saíram.

–Vamos Elena, te levo até onde ele está. – disse Andie sorrindo amigavelmente e por um instante Elena conseguiu concordar com Damon, ela era uma pessoa direita e muito prestativa, uma ótima amiga.

–Bem, vou atender outros pacientes. – disse Alaric e saiu.

Andie deixou Elena no quarto de Damon, ela se aproximou da cama, ele dormia tranquilo. Ela tinha os olhos marejados e chorar foi inevitável.

–Tenho tanto medo de te perder! – ela falou enquanto deu um leve beijo na testa dele, não o acordaria.

Elena ficou uns instantes ali, ao lado da cama, depois sentou-se, pouco tempo depois Jeremy chegou no quarto.

–Seu suco! – ele estendeu o copo para Elena que o pegou sorrindo sem muita força, depois seu riso morreu e ela fez uma expressão de dor.

–Tudo bem? – Jeremy perguntou sentando-se ao seu lado preocupado. Havia especo suficiente para os dois na poltrona.

–Está, eu só estou um pouco cansada e assustada. Foi uma crise forte! -Jeremy assentiu. Elena tomou um gole do suco e logo depois ficou encarando o copo que estava apoiado no meio de suas pernas. Jeremy a observava em silêncio, até que do nada ela começou a chorar.

–É tão difícil Jer... Vê-lo assim. – ela falava entre soluços.- Eu o amo tanto e isso dói. Doi vê-lo sofrer, sentir dor, não poder fazer muita coisa, vendo sua cor indo embora, sua vitalidade. Ele tem lutado tanto, todos nós e tem dado certo e agora esta doença nos dá esta rasteira. É como se quisesse nos avisar: “Não é assim tão fácil, eu não me rendo assim.” – Elena falava descontrolada. – Isso é tão injusto. Eu odeio tudo isso, odeio! – Jeremy envolveu Elena com um abraço.

–Shh! Ei! Vai ficar tudo bem. Você ouviu o doutor. Isso acontece às vezes, foi um descuido. Ele vai ficar bem. – ele falava acariciando os cabelos dela, tentado consolar sua amiga.

–E se não ficar? – Elena levantou-se, deixando o copo com suco em cima da mesinha de canto, indo em direção a frente da cama, levando as mãos a cabeça. Jeremy foi ao seu encontro e segurou seus braços.

–Ei! Elena,vai ficar. Calma! – ele a abraçou novamente e ela se agarrou a ele desesperada.

–Não aguento mais isso. Não posso perdê-lo. Eu estaria sozinha.

–Mas é claro que não! – Jeremy falou segurando sua face, Elena chorava muito. – Você nunca estará sozinha, trem seus pais, a Caroline, tem a mim.

Eles se encaravam profundamente, as lágrimas de Elena embaçavam sua visão e seu raciocínio. Ela estava tão perdida e assustada. Jeremy se aproximava cada vez mais, Elena não reagia, não se mexia, ela só ficou observando ele se aproximar cada vez mais. E sentiu os lábios dele nos seus, levemente, ela fechou seus olhos e mais lágrimas escorreram pelo seu rosto. Numa tomada súbita de consciência ela o empurrou e levou suas mãos até sua boca.

–Não era pra ter acontecido. – falou encarando Jeremy que a olhava culpado.

–Desculpa, fui eu, me desculpa, você estava frágil e eu... Eu não deveria...

–Não deveria ter acontecido! – ela praticamente gritou e saiu correndo do quarto.

–Elena! Desculpa, eu... Espera! – Jeremy deixou o quarto atrás dela a alcançando no corredor e segurando o seu braço.

–Me solta! – Elena falou irritada.

–Elena, me desculpa!

–Você não tinha o direito Jeremy, não tinha. Vai embora!

–Elena...

–Vai!

–Eu sinto muito, foi involuntário, você estava tão frágil, vulnerável, só pensei em te amparar, te consolar, eu não sei. Desculpa! – Elena o olhava irritada e andando de um lado para o outro.

–Escuta aqui, eu amo o Damon! Ele é o amor da minha vida. E não importa o quanto esteja doendo ou eu esteja sofrendo. Eu não vou abandoná-lo, nem vou desistir dele ou de nosso amor. Não vou fugir. Eu respiro e vivo só por ele. Poço fraquejar por um momento, como a pouco lá dentro, posso me desesperar, mas ao final sempre vai ser Damon. Eu não quero mais ninguém. Não cabe mais ninguém. É ele que eu amo, vou lutar contra o que quer que seja por ele.

Jeremy escutou tudo e apenas assentiu. Ele agiu sem pensar.

–Me desculpa de verdade. Não quis te magoar.

–Vai embora Jeremy!

–Tudo bem. – ele falou vencido. –Eu vou. Fica bem! – ele se aproximou de Elena, queria beijar sua testa, mas ela cruzou os braços e virou a face.

–Apenas sai!

Ele assentiu cabisbaixo e saiu. Elena desabou em uma das cadeiras que havia no corredor, chorando.

...

Eu senti um sopro estranho em meu rosto, tentei abrir meus olhos, mas estavam pesados, só conseguia respirar. “Isso é um sonho?”. Estava tudo quieto, meus olhos queimavam toda vez que eu tentava abrir. Uma voz desconhecida invadiu minha mente: “Seu suco.”, outro sonho talvez? Ouvi a voz outra vez, um pouco mais clara: “Tudo bem?” Reconheci a voz. Era um homem. Fell. Era um pesadelo então. Uma segunda voz surgiu, esta eu conhecia bem, Elena. Mas o que ela e o idiota faziam num sonho meu? E juntos? “Estou, só estou um pouco cansada e assustada. Foi uma crise forte!”

Forcei meus olhos a se abrirem, aquilo estava ficando real demais pra ser sonho, porém eu não me movi nenhum centímetro, quando finalmente abri, reconheci onde estava, no hospital. As vozes vinham da lateral da cama. Mas o que o Fell fazia acompanhando Elena no quarto onde eu estava? O que ele estava fazendo ali? Eu permaneci imóvel, não queria que notassem que eu estava acordado. Eu ouvi Elena começar a chorar e toda a vontade de ficar quieto se foi quase que no mesmo instante, eu ia me mexer, mas então ouvi sua fala: “É tão difícil Jer... Vê-lo assim.”Eu paralisei ainda mais, fechando meus olhos e apenas ouvindo agora, atento.

Ela falava que não suportava mais me ver sofrer, que a doença era injusta e traiçoeira e que ela odiava tudo aquilo. Aquelas palavras queimavam a minha alma, o choro dela ficou mais desesperado e eu ouvi o Fell a consolar: “Shh! Ei! Vai ficar tudo bem. Você ouviu o doutor. Isso acontece às vezes, foi um descuido. Ele vai ficar bem.” “E se não ficar?” Elena perguntou alterada, eu ouvi algo batendo contra outra coisa e passos em direção a frente de minha cama. Depois ouvi mais passos indo na mesma direção. “Ei! Elena,vai ficar. Calma!” Era a voz de Fell outra vez e eu arrisquei abrir meus olhos, apenas o suficiente para encarar os dois diante de mim agora. Ele estava abraçando Elena, que se agarrava a ele desesperada “Não aguento mais isso. Não posso perdê-lo. Eu estaria sozinha.” Ela falava desesperada, Fell a segurou pelo rosto, eu tremi com isso, minha vontade era de gritar, mas eu não queria interromper, ele estava tentando acalmá-la. “Mas é claro que não. Você nunca estará sozinha, trem seus pais, a Caroline, tem a mim.” Eles se encaravam, seus rostos próximos demais, Elena não reagia. Vamos Elena, se afaste dele! Eu quis gritar, eles estavam cada vez mais juntos e ela estava entregue, não se afastava, como imãs. Então ele a beijou. Elena não se esquivou. Depois de ver aquilo, fechei meus olhos novamente. Como isso dói! Sufoquei meu choro, mas meu corpo tremia. Uma lágrima teimosa correu pelo meu rosto. Eu não abri mais meus olhos, vi o suficiente. “Não era pra ter acontecido”, eu ouvi a voz de Elena. Mas aconteceu e dói, eu pensei sentindo outro tremor me tomar por completo. Outra lágrima desceu pela minha face. Fell tagarelou algo no meio de meus pensamentos, mas eu não entendi, nem me interessa. “Não deveria ter acontecido”. Foi um grito que Elena soltou agora. Ouvi a porta do quarto abrir, Fell soltava pedidos de desculpas e logo depois sua voz ficou distante, Elena saiu do quarto e ele também.

Abri outra vez meus olhos quando tive certeza de que estava sozinho no quarto. Meu rosto queimava, meu corpo tremia, mas o pior de tudo, o nó que sufocava minha garganta me causava uma dor maior que todas. Eu não sei o que foi pior naquilo tudo. Ver aquele beijo ou ouvir Elena falar daquela forma, provavelmente a segunda opção. Ela não deveria sofrer, não era para estar desesperada. Era egoísmo de minha parte continuar com tudo isso. Eu pensei que podia lutar por nós dois, pensei que juntos seria mais possível suportar. Eu a amava tanto e minha vontade de tê-la comigo me cegou para o que eu estava lhe causando, dor e sofrimento. Ela não aguentava mais, estava sofrendo e eu não suportava essa ideia. Ela tinha tanto pra viver, havia outros homens que podiam dar a ela tudo o que ela merecia, de uma forma plena, Fell, por exemplo. Eu estava sentenciando Elena a um sofrimento que ela não merecia. Eu não podia continuar com isso. Oh, meu Deus! Me leva agora! Não vou suportar, não tenho mais forças. Depois de ver o que vi, ouvir o que ouvi. Me tira da vida de Elena.

...

–Me mate! – Damon falou para as paredes do quarto, sua voz embargada por seu choro. – Apenas me mate e acabe logo com isto. Acabe com nosso sofrimento!

Damon chorava, doeu ouvir Elena falar tudo aquilo, desabafar daquela maneira, era tudo o que ele mais temia nessa história. Tudo que ele não suportaria sentir. Não era tanto pelo beijo, era pelo sofrimento dela, por sua causa. Isso ele jamais iria suportar.


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Notas finais do capítulo

Primeiro:Não me matem.
Elena estava muito fragilizava e entorpecida, ela mal sentiu aquele beijo, mas par Damon o pior foi o que ele ouviu. Seus maiores temores se confirmaram e ele nem pode ouvir o que Elena conversou com Jeremy no corredor. ¬¬ Típico!
Ele vai tomar uma atitude no próximo capítulo.
Não me crucifiquem, só posso dizer que tudo voltará ao seu lugar, mas na hora certa.
Beijos!