Clan of Vampires - Dagger escrita por weednst


Capítulo 7
6. Observados




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Ele terminou de sugar-me. Eu me sentia um pouco zonza, acho que dessa vez ele  exagerou — Sabia que ele não faria aquilo comigo se estivesse em seu estado habitual, mas as coisas eram exageradamente instáveis para um vampiro com sede. Eu tinha ciência exata do quanto era torturante e vital para ele obter meu sangue, afinal agora eu vivia em um mundo perigoso — Andar com vampiros tem um preço, eu sabia que teria que pagar minha divida a qualquer hora. Sabia que por mais que doesse em mim, era necessário. Quando ele terminou, eu puxei minha mão para mim e a enrolei com a manga da blusa. Insatisfeita.

Percebi que ele encolheu os ombros, e suas garras pareceram sumir voltando ao estado de unhas normais. Ele limpou algumas gotas de sangue que manchavam seu queixo, exibindo a prova do crime. Exibindo a perda do controle.

— E aí deu para saciar a sede? – Perguntei com minha voz estagnada.

— Você pode me perdoar? – ele disse sem olhar para mim, com uma voz deslustrada.

— E o que mais me resta fazer?  - disse com um suspiro cru.

Frustração aqueceu aquele carro, com um silêncio talhante embutido. Tudo era uma confusão gelada para mim. Uma dor fria, não apenas a temperatura. A realidade era apenas uma cena que definiria meu próximo passo, meu sangue foi sugado e minha alma estava abatida.

— Estou me sentindo péssimo, mas seu sangue é tão bom. Desculpe-me.

— Você é um vampiro hipócrita. Você não se sente nenhum pouco mau.

— Certo. – Ele deu um risinho alegre – Não me sinto mal, não sei o que é sentir arrependimento. Esqueci-me há tempos, porque isso é natural para mim. Mas não gosto do fato de você sempre estar próxima a mim, quando estou...

— Sedento — conclui para ele.

— Não aconteceu algo ruim? Quer dizer você ainda pode andar? Ainda tem forças vitais?

— Que bonitinho, um morto-vivo preocupado. — Eu ri da situação. Uma piada.

— Sim — Ficou sombriamente sério outra vez.

— Vá se ferrar! – disse saindo do carro e caminhando para a rua ladrilhada.

O chão pareceu estar desfocado. Locke velozmente estava ao meu lado, me segurando pela cintura. Eu realmente precisava de auxílio, mas não ia admitir isso a ele. Olhei para ele e a luz do poste o iluminou na direção contraria. Sombriamente perfeito e proibido. Seu corpo parecia ser feito do mesmo material da neblina, que agora pulsava na noite, inteiramente a mesma coisa. Seus cabelos estavam arrepiados em um topete imaturo, escuros quase negros a sombra da luz. Seu rosto era como uma estrutura magnética, terrivelmente bonito. Sua única falha era ser meu meio-irmão. Meu meio-irmão vampiro.

— Hey, garota? – Ele sussurrou para mim.

— Eu não estou me sentindo bem... Preciso me sentar. — Caminhei para o meio fio do calçamento. Ele quis me carregar, mas eu não deixei.

Sentamos no meio fui, apoiei meus cotovelos nos meus joelhos. Tensa. Querendo vomitar. Tonta.

Ele apenas sorriu.

— Desculpe-me. Sem ofensas.

— Cretino.

Ele balançou a cabeça, e se fez a sorrir outra vez.

— Me transforme de uma vez. – disse.

— Você não precisa ser como eu. Agora é só o meio da estrada, sabe que o Conselho quer mais de você.

— Eu nunca os vi verdadeiramente.

— Em breve, você os verá. No momento eles estão ocupados tentando descobrir quem são os caçadores.

— Que caçadores? – Indaguei assombrada. Ele sorriu e piscou.

— Vamos, vou te levar para casa.

— Que caçadores? – Eu investiguei de volta.

Locke parou de respirar e repentinamente olhou em volta, como se houvesse alguém ali. Uma presença. O vento frio nos açoitou. Eu me encolhi. De repente, o gramado do outro lado da rua, se mexeu nas sombras. Um espectro calado. Minha espinha dorsal se arrepiou inteira, seja o que for que estivesse lá, era perigo. Estávamos sendo observados. Locke se pôs em pé em um instante e correu até lá, eu me ergui imediatamente, mas não o escoltei. Em situações de medo eu petrificava, isso não havia mudado.   

Esperei alguns segundos e ele voltou correndo, com uma expressão impregnada de desconfiança.

— Vamos, entra no carro. Nós temos que ir embora. Não é seguro, não mais.

— O que era? O que era aquilo? – Disse enquanto ele me puxava pelo braço.


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