Clan of Vampires - Dagger escrita por weednst


Capítulo 2
1 Reecontro




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Eu avistei o automóvel de Lucas escorregar no asfalto em câmera lenta, ele estacionou próximo a calçada e desceu os vidros fumes, quis sorrir quando o azul me encontrou. Eu o encarei fixamente entre o deslumbramento e o espanto, atravancando meus braços ao mesmo tempo. O que Lucas está fazendo aqui? Onde ele esteve nas últimas semanas? Ele deixou a cidade sem deixar vestígios?


Ele ainda tem os mesmos olhos azuis, os mesmos dedos esqueléticos, o mesmo rosto pálido, a mesma tonalidade de cinza nos fios de cabelos repicados, e os mesmos músculos magros.

Não consigo desviar o olhar dele, mesmo que eu queira desesperadamente, estou presa no azul topázio. Ele ao primeiro momento nada diz. Depois de alguns segundos silenciosos, nos estranhando, ele deixa fugir um sopro pesado e diz:

— Olá Annie, posso te dar uma carona? — Ele também era o mesmo esquisito e anti-social de sempre. Fiquei feliz em revê-lo. Mas ainda estava aborrecida com seu comportamento, ainda brava por ele ter me deixado.

— Isso é meio estranho, né? Você some e depois reaparece como o cometa Halley.

— Percepção distorcida. Creio que cheguei um pouco mais cedo. Possivelmente ele só irá atravessar o céu em 2061. — Sua voz ainda soa tão familiar.

Dei a volta e entrei no carro dele. Ele ligou o carro e fomos embora.

Eu limpei minha garganta e ele voltou a pousar a mão no volante, 14h50 minutos era a posição de suas mãos.

— Como tem passado?


Eu não pude responder a essa pergunta. É familiar e é estranho. Se ele se importasse com “como eu tenho passado”, ele teria me ligado, mandado um SMS, email, um recado por um pombo correio, sinal de fumaça, ou sei lá o que. Era penoso admitir para mim mesma, mas eu senti a falta dele.

— Estou bem e você? — Foi tudo o que eu disse.

Ele deu de ombros.

— A mesma coisa de hoje de manhã — Resposta típica.

— Fala sério.

Sua mão destra largou a direção por míseros segundo, e tocou meu rosto com carinho. Ele deu um meio riso.

— Eu estarei bem, contanto que você esteja.

Eu limpei minha garganta. E a mão dele voltou a repousar no volante. Senti-me ligeiramente constrangida com aquela cena.

— E aí? — Ele perguntou, tentando agir normalmente.

Eu encolhi os ombros, sem responder nada.

Corremos a cidade toda, e ele cessou o carro em um lugar ermo, perto de umas árvores, eu acho. Eu estava distraída demais para lembrar onde estávamos. Depois de parar, Lucas fixou seu olhar em um ponto longínquo no verde e nada disse. Estreitei meus olhos para ele e me perguntei o que ele estava tramando. Lutei contra aquela questão, mas era fatal. Não havia como fugir, pois aquilo era um big elefante entre nós. Resolvi acabar logo com isso.

— Por onde você andou?

Ele me olha e justapõe seu corpo imediato ao meu. Nossos narizes a centímetros de distancia um do outro. Lucas mordeu o lábio inferior dele, avaliando-me como um animal. Eu suspiro cansada de jogos e testes imbecis. Seus lábios se curvam em um pequeno sorriso, enquanto as gotas de sangue mancham sua camisa branca. Eu o afasto.

— Você, Lucas, é um grande idiota.

— Fico feliz por você ser, humana — Ele parece realmente aliviado.

— Onde você esteve todo esse tempo? — Balanço minha cabeça.

— Eu tive que me afastar, não era seguro ficar na cidade. Sou muito jovem para morrer, não acha? — Só ele ri.

— E agora voltou por quê? — As sobrancelhas dele estão unidas fingindo confusão.

— Por que voltei? Será que lá no fundo desse seu coração congelado você não sentiu a minha falta?

Eu olho dentro dos seus penetrantes olhos azuis, e respiro internamente abrandada. Ele me encara, e temos mais um daqueles momentos de silencio.

— Você não tem ideia do que passei, Lucas — senti meus olhos quererem marejar, mas não haveria lagrimas dentro de mim, não mais.

— Conte-me, Annie. — Eu paro, mas não o encaro mais, não me viro mais.

Eu precisava contar aquilo para alguém, precisava me livrar daquele segredo familiar. Aquele laço consangüíneo com Locke estava me assombrando cada vez mais. Meu próprio irmão. Desesperadamente, eu queria subir em seus braços, sentir a batida de seu coração, enquanto ele fazia carinho na minha cabeça. Eu queria poder me sentir segura outra vez.

— Foi o meu irmão — A ultima palavra saiu desfraldada.

— Espera um segundo, — ele disse, uma nota de algo que eu não gostava deslizando pela sua voz. Ele podia não saber do que se tratava, mas sabia que era algo terrível. Terrível demais para ser dito — Locke fez alguma coisa contra você?

Eu assenti.

— O que ele fez? — Ele se curvou tentando enxergar minha expressão mais de perto. Querendo ver através dos meus olhos, do meu silencio.

— Eu gostaria de saber, Annie. — Uma nova abordagem.

Apertei meus olhos fechados, me odiando por estar reduzida aquele momento, aquelas lembranças. Eu não poderia pensar em uma maneira melhor ou mais rápida para lhe mostrar a quão assustada e arrependida eu realmente estava.

Eu olhei pra ele, sem realmente vê-lo, via apenas seu espectro, seu contorno. No fundo do meu estômago eu senti um enjoou repentino, mas eu tentei me controlar. Eu estava quase me recompondo.

Lucas se afastou calmamente, como se qualquer movimento brusco fosse me assustar ainda mais.

— Seja lá o que ele tenha feito com você, ele não fará mais nada. Você entendeu? Nada, ele não irá tocar em um só fio do seu cabelo, eu voltei, eu vou te proteger.

Eu o olhei, e ele balançou a cabeça sinalizando que estava tudo bem agora, que iria ficar tudo bem.

***


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Notas finais do capítulo

Reviews?? *-*



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