Podia estar frio. Podia estar nevando. Podia estar acontecendo o apocalipse que eu não me importaria. Nada me importava. Sei que isso pode parece melodramático, mas é verdade. Que atire a primeira pedra quem não ficaria assim ao saber que o amor da sua vida se esqueceu de você.

Eu estava sentado, quieto, solitário no meu canto...Nosso canto, a nossa árvore. Pelo menos teria aquela árvore como fonte de lembranças do nosso amor, nosso amor que ela não se lembra mais.

Olhei para o anel. Seria dela, se ela não tivesse sofrido a batida. O mais breve possível. Assim que estivéssemos na nossa árvore, já que nós nunca gostamos de romantismo. Vi lágrimas caírem no anel e respirei fundo. Ninguém estava ali, eu podia muito bem chorar o quanto eu quisesse. Chorar por Rose não se lembrar de mim. Chorar por estar sozinho. E o principal...Chorar por tudo não passar de uma lembrança agora.

Ouvi um barulho e me levantei. Lentamente eu vi ela aparecer na minha frente. Engoli em seco. Que diabos ela fazia ali? Será que ela queria brincar de cão e gato novamente? Eu já estava ficando cansado daquilo, embora soubesse e afirmasse que eu faria tudo de novo se fosse para conquistá-la.

- O que faz aqui? – perguntei. Ela se aproximou timidamente, segurava a flor nas mãos. Aquilo apertou mais ainda meu coração. Ah Rose... – Me seguiu?

- Não. – disse ela me encarando pela primeira vez. – Eu sabia que estaria aqui.

- Como? – eu perguntei. Será que ela tinha se lembrado de mim? Meu coração batia muito rápido, transbordava esperança.

- Eu senti. – disse ela ficando vermelha. Nós nos aproximávamos calmamente um do outro. Ela voltou a erguer a cabeça. Nossos olhos se encontrando e aquilo me amoleceu por dentro. – Eu...

- Você... – eu disse incentivando ela.

- Eu te amo Scorpius. – disse ela firme me olhando. Eu sorri para ela.

- Ah Rose... – eu disse abobado abraçando ela. – Você se lembra. Está se lembrando?

- Não. – ela disse. – Eu não me lembro de nada. Nada entre as férias e o dia que acordei na ala hospitalar. Eu não sei nada que aconteceu entre esses tempos.

- Então...

- Mas eu sei que te amo. – disse ela me olhando fixamente. – Eu confio em você. E...eu acho que você fez eu me apaixonar de novo por você. – disse ela. Eu sorri e a puxei para um beijo.

Um beijo tímido no início, sem amedrontá-la, mas querendo por tudo no mundo que fosse real, que fosse verdade. Apertei-a mais contra mim com medo que fugisse, que não me quisesse. E então eu finalmente senti, ela me amava, sempre amaria, não importa quantas vezes esquecesse disso, lembranças do nosso amor permaneceriam em seu coração. E era nessa esperança que eu me agarraria.