Doce Amargo escrita por WaalPomps


Capítulo 3
Cap. 2 - Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Como vocês foram liiindas comentaristas, mais um capítulo para vocês hoje! *---*
E seja muitissimo bem vinda Migabcd, espero que você goste da fic! *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/232127/chapter/3

_ Mamãe! Mamãe! – os gritos vinham do quarto no fim do corredor. Ela abriu a porta, ainda fechando o roupão que vestia e seguiu apressada até o quarto do filho mais novo. Ele estava sentado na cama, esfregando os olhos.

_ O que aconteceu Pete? – perguntou ela sentando-se, e ele a abraçou – Ô meu amor, calma. Mamãe ta aqui, não precisa chorar.

_ Eu tive um pesadelo. – disse ele, a cabeça no ombro da mãe – Você e o papai me deixavam sozinho, iam embora. Promete que nunca vai embora mamãe? Promete?

_ Eu não vou a lugar nenhum Peter. E seu pai também não. – disse ela, acariciando os cabelos dele – Agora vamos deitar e dormir, que amanhã cedo você tem aula, está bem?

_ Eu não posso faltar? Esse pesadelo mexeu muito comigo. – disse ele, enquanto ela o cobria.

_ Não senhor. – disse ela, rindo docemente enquanto beijava a testa dele – Boa noite meu amor.

_ Boa noite mamãe. – disse ele, abraçando o ursinho – E não conta pra Belle que eu dormi com o Tob.

_ Está bem meu anjo. – disse ela, fechando a porta, enquanto ele fechava os olhinhos. Passou pelo quarto da filha mais velha e viu que ela dormia com os fones de ouvido. Tirou-os e desligou o aparelhinho de música, colocando-o na cabeceira.

Quando entrou no próprio quarto, o marido estava sentado na cama, já de cueca, emburrado.

_ Deixe-me adivinhar: aranha? – bufou ele.

_ Ele sonhou que nós o abandonávamos. – o tom de voz sugeria que ela ia cair em lágrimas a qualquer minuto, então o marido estendeu os braços e ela deitou-se abraçada com ele – Será que essa culpa nunca vai embora Noah?

_ Só no dia em que você a deixar partir amor... – sussurrou ele, acariciando os cabelos loiros dela – Já faz quase vinte anos que ela morreu Quinn, não adianta ficarmos nos corroendo com isso. E nem culparmos Shelby. Você mesma sofreu um acidente de carro. Não é algo que possamos atribuir culpa a alguém.

_ Ela teria completado 22, mês passado... – disse Quinn num fio de voz – Fico imaginando como ela estaria hoje. Se pareceria comigo ainda, se pareceria com você. Se estaria na faculdade, namorando. Se um dia se casaria e nós seríamos avós jovens.

_ Sou muito novo e sexy para ser avô! – reclamou Puck e a esposa riu – Você mesma sempre diz que Deus escreve o certo por linhas tortas Quinn. Eu prefiro pensar que Beth veio ao mundo como uma lição para nós dois. Para Shelby não sei. Mas para nós, ela foi uma lição. E nós sempre a amaremos, mesmo ela tendo morrido.

Quinn sentou-se e olhou o marido nos olhos. Já era um homem de quase 40 anos, mas ainda tinha seu moicano (agora mais curto e ralo). As rugas já marcavam seus olhos, mas ela sabia que eram rugas de riso. E apesar de não ser mais tão sarado, ela ainda amava vê-lo sem camisa.

_ Acho que, se eu não tivesse engravidado da Beth, eu e Finn teríamos ficado juntos por muito mais tempo, e eu e você talvez não tivéssemos acontecido, e não estivéssemos aqui hoje. – disse ela, segurando o rosto do marido nas mãos – Não teríamos nossa casa, nossos filhos, nossa vida...

_ Nosso cachorro! – brincou Puck e ambos riram – Não esqueça o Jack Daniels, ou ele vai se ressentir de você e fará xixi nos seus sapatos! – ele apontou no canto do quarto o velho labrador que dormia pesadamente.

_ Eu te amo Noah Puckerman.

_ Eu te amo Quinn Puckerman. Mas foi sacanagem você deixar o Puckssauro aqui e sair correndo. O coitado está chorando. – disse ele apontando seu amiguinho projetado na cueca.

_ Seu filho Noah... – sussurrou ela se levantando – Mas acho que não seremos mais necessários por hora. – e dizendo isso, abriu o roupão, revelando o corpo nu.

_ Essa é a minha garota... – murmurou ele, ensandecido – Vem cá baby.

~*~

Dias depois, Quinn estava na cozinha, preparando as panquecas, enquanto o marido lia o jornal à mesa. Era domingo então não tinham que trabalhar. Seus planos incluíam pegar os dois filhos e ir assistir a nova peça de Kurt na Broadway.

_ Amor, vê se as crianças já levantaram, por favor. – pediu Quinn e o marido bufou, dobrando o jornal de qualquer jeito sobre a mesa.

_ ISABELLE E PETER: VÃO LEVANTAR OU VOU TER QUE IR PEGAR VOCÊS? – gritou ele e ouviram risos no andar de cima – Acho que já tenho minha resposta.

Quinn riu enquanto ouvia as passadas ruidosas do marido pela escada. De repente, dois gritinhos preencheram o ambiente e ela ouviu Puck descer as escadas.

_ Cuidado vocês três! – gritou ela. Logo depois, o marido apareceu com o filho caçula sobre o ombro e a filha mais velha embaixo do braço.

_ Belle, você não tá muito velha pra ficar sendo carregada? – perguntou a mulher, colocando as panquecas na mesa enquanto o marido sentava as duas crianças.

_ O papai diz que eu sou a princesinha dela. E enquanto eu for a princesinha dele, ele vai me carregar! – disse a menina cruzando os braços e fechando a cara.

_ Ok mocinha, relaxa! – disse a mãe rindo – Agora vamos comer logo. Vamos pegar a apresentação das 11h, então temos que ir depressa.

Chegaram à porta do teatro faltando 10 minutos e deram com Blaine, Mercedes e Sam.

_ Tio Sammy! – gritou Peter, correndo em direção ao loiro.

_ Garotão! Você cresceu desde a última vez que eu te vi. – disse o loiro segurando o menino – Isso é um fio de barba?

_ Menos boca de truta, bem menos. – disse Puck, enquanto cumprimentava o amigo – Peter desce do colo do seu tio e... Ah, mais como está linda essa minha afilhada. Oi Louise. – disse ele apanhando a menininha de quatro anos do chão.

 _ Papai fica meio idiota perto de crianças. – observou Isabelle, abraçada com Blaine – Cadê o Nate?

_ Nate está no Canadá, foi passar uns dias com Finn e Rachel. – explicou Blaine – E Ann está em Lima com meus sogros.

_ Com licença, mas já vai começar. – avisou o lanterninha. Todos entraram, encontrando lá dentro Brittany e Santana. Santana segurava Nicole, sua filhinha de dois anos, e Britt estava grávida de seis meses.

A peça (uma versão moderna de Wicked, feita com homens no papel principal) estava sendo um sucesso tremendo de bilheteria e Kurt podia ganhar um Tony. Logo após a apresentação (a última matinê, pois a peça sairia de cartaz naquele dia), Kurt e seu parceiro de palco receberam flores, enquanto os amigos aplaudiam entusiasmados.

_ Tio Kurt, você estava incrível! – disse Belle, assim que foram liberados a entrar no camarim.

_ Mas é estanho você vestido de mulher. – observou Peter com uma careta, sendo repreendido pela mãe – Que foi? É verdade!

_ Você estava maravilhoso Kurt, essa é a verdade. – disse Mercedes, abraçando o melhor amigo – Rachel adoraria estar aqui.

_ Mas a Drizz está doente, eu sei. – disse ele sorrindo – Falei pro meu irmão que Canadá não era uma boa, ainda mais com a menina tendo asma. Mas não... Quem escuta o Kurt?

_ Cala a boca todo mundo e acelera o passo, que Britt-Britt e nosso filho estão com fome. – disse Santana, revirando os olhos.

_ Vamos logo antes que ela libere todo o seu Lima Heights por aqui.  – disse Blaine ao marido.

Mais tarde naquele dia, Quinn estava na cozinha, lavando os pratos do jantar. Puck e Peter estavam na sala, numa partida acirrada de X-Box e Belle estava em algum lugar da casa.

_ Amor, cadê a Belle? – perguntou Quinn, saindo da cozinha enxugando as mãos.

_ Não sei... – disse o homem sem tirar os olhos do vídeo game – Pete, você sabe da sua irmã?

_ MORRE DRAGÃO, MORRE! – gritou o garoto, acertando o dragão com a espada centenas de vezes. Quinn revirou os olhos e começou a subir a escada.

_ Isabelle? – chamou ela – Isabelle? – nada de novo – ISABELLE CAROLINE PUCKERMAN! – como em resposta, ouviu o barulho de algo caindo e se quebrando – BELLE!

Subiu as escadas aos pulos, ouvindo o marido e o filho atrás. Quando abriu a porta do seu quarto, a filha estava com a perna sangrando. Uma caixa no chão estava revirada e um vaso de flores quebrado, um dos cacos havia cortado a perna da menina. Quando foi se aproximar, Quinn viu que caixa era.

_ Não. – sussurrou rouca. Ela correu e começou a tirar as fotografias da água do vaso, já aos prantos. Puck se aproximou correndo e ajudou no que deu, mas estavam quase todas estragadas – O que você tem na cabeça Isabelle? – gritou a mulher.

_ Quinn, calma... – pediu Puck, apoiando a cabeça nos joelhos.

_ Você sabe que essa caixa É PROIBIDA! – gritou a esposa o ignorando – ERAM AS ÚNICAS FOTOS QUE NÓS TINHAMOS DELA, AS ÚNICAS! E ELAS ESTÃO ESTRAGADAS!

_ Foi sem querer mãe... – choramingou a menina.

_ SEM QUERER? ISABELLE, QUANTAS VEZES EU FALEI QUE FICASSE LONGE DESSA CAIXA? QUANTAS? – gritou Quinn – A BETH MORREU, E ESSA ERA A ÚNICA RECORDAÇÃO QUE EU TINHA DELA. E VOCÊ ESTRAGOU!

_ NÃO É MINHA CULPA QUE VOCÊS DERAM ELA EMBORA! – gritou a menina de volta – QUE FORAM IRRESPONSÁVEIS E...

_ CALADA ISABELLE! – foi Puck quem gritou dessa vez – VOCÊ É UMA CRIANÇA, NÃO SABE DE NADA. NÃO SABE O QUE É SER RESPONSÁVEL, O QUE É ERRAR. ENTÃO DOBRE SUA LINGUA ANTES DE FALAR COMIGO E COM A SUA MÃE ASSIM!

A menina bateu o pé, antes de sair correndo e chorando. Peter estava na porta, assustado, com os olhos molhados. Quinn estava de joelhos no chão e Puck de pé ao seu lado, bufando e apertando as têmporas.

_ Pete, já tá tarde. Desliga o game lá embaixo e se arruma pra dormir. – pediu o pai em voz baixa e o menino obedeceu prontamente. O homem se abaixou e abraçou a esposa, beijando o topo de sua cabeça – Seca as fotos com o secador, enquanto eu vou ver a perna na Belle. Amanhã eu levo num laboratório e vejo se tem como eles reconstruírem a foto. Está bem? – ela acenou com a cabeça e ele saiu.

No quarto da filha, ele achou a porta bloqueada, mas com apenas dois empurrões conseguiu abri-la. A menina estava sentada na cama, a perna enrolada em papel higiênico, chorando com o rosto do colo. Ele sentou-se com a bolsa de primeiros socorros e limpou a perna dela, fazendo um curativo. Assim que ele terminou, ela deitou-se e puxou as cobertas. Ele suspirou. Sabia que não era hora de conversar. Beijou a testa dela e saiu do quarto, passando dar boa noite ao caçula.

_ Papai, a Belle tava falando a verdade? – perguntou o menino, abraçado com o ursinho – Vocês abandonaram mesmo a Beth?

_ Quando eu e a mamãe tivemos a Beth, nós éramos muito novos filho... – disse ele, calmamente – Não podíamos cuidar dela. Então demos para uma moça, que não podia ter filhos, mas queria muito. E ela cuidou da Beth. Mas um dia, elas duas morreram.

_ Mas vocês não vão fazer isso com a gente né? – perguntou o menino, assustado.

_ Escuta Peter, você e sua irmã são as coisas mais importantes do mundo para eu e sua mãe. – disse ele abaixado ao lado da cama do menino – Nós nunca vamos deixá-los, por nenhuma hipótese ou motivo.

_ Eu te amo papai. – disse o menino – E diz pra mamãe que eu amo ela também.

_ Também te amo campeão, e a mamãe também. – disse beijando a testa dele – Agora boa noite.

Entrando em seu quarto, Quinn estava sentada na cama, abraçada com um ursinho de pelúcia, chorando sem parar. Ele respirou profundamente, antes de se aproximar e sentar ao lado dela. Se abraçaram e choraram juntos sobre o ursinho que levavam de presente para Beth no dia do acidente.

E ali, naquela eterna dor mutua, adormeceram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Lembrem-se de comentar! *-------*
Bejoooos