Doce Amargo escrita por WaalPomps


Capítulo 2
Cap. 1 – Seis anos depois...


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey everyone. Bem vinda MillaHalliwell *---*
Nos vemos lá embaixo galera!



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_ Beth, se apresse! O caminhão já está carregado!

_ Já vou Ian, se acalme! – gritou a jovem, trancada dentro do banheiro. Sabia que o noivo estava impaciente. O avião não os esperaria, nem a sua mudança. Na verdade, esperaria: era o avião particular dos Strand. Mas como diria Nigel, eram meros detalhes.

O celular apitou, marcando o fim do tempo. Ela apanhou o bastãozinho de dentro do copo com urina e olhou, tremendo. Negativo. De novo. Não que quisesse engravidar, mas era o 4º alarme falso. E não conseguia evitar se sentir ansiosa a cada vez.

Limpou e guardou tudo rapidamente, antes de descer as escadas correndo. A casa na qual ela e o noivo haviam habitado com Nigel desde o incêndio estava completamente vazia, e assim ficaria até o dia seguinte quando os novos moradores chegassem.

Ian estava ao lado da limusine, ansioso. Ela apenas negou com a cabeça e ele murchou os ombros. Elizabeth sabia o quanto o noivo queria que desse positivo, mesmo negando.

_ Não tem problema meu amor. – dizia ele, com um sorriso amarelo – Nós ainda nem nos casamos, acho que não é a hora certa.

Mas ela ainda sim ficava nervosa, preocupada, culpada. E entre seus vários pensamentos antes de dormir, esse estava sempre presente.

O caminho até o aeroporto foi silencioso, levando a notícia e os acontecimentos que levaram a partida dos dois. Beth já havia perdido a mãe. Havia perdido os tios, Charles e Katherine. E agora, o ‘avô’, Nigel Strand falecera. Era possível se sentir triplamente órfã?

No avião, Ian encostou-se e adormeceu rapidamente, mas Beth não. Ela apanhou sua bolsa e tirou de lá uma caixinha de veludo, abrindo-a com cuidado. Ali, repousando sobre o forro de cetim havia uma medalhinha de ouro, sua única lembrança da infância. Algo tão pessoal que nem Ian merecia compartilhar.

~*~

Nos dias que se seguiram ao incêndio, Beth se fechou para si mesma, se remoendo em culpa, remorso, raiva e dúvida. Ian lutava bravamente para manter a empresa nos trilhos, então não tinha muito tempo para lidar com a namorada, mas Nigel tinha.

Quando ele bateu em sua porta, a menina não queria abrir. Mas após ele dizer que levava biscoitos de chocolate, ela não resistiu e deixou-o entrar. Sentaram-se no tapete felpudo da menina, com biscoitos e leite entre eles.

_ Então Srta. Elizabeth... Posso saber o que se passa nessa sua cabeçinha? – perguntou Nigel, após um tempo. Ela estava receosa de falar sobre o assunto, nem com Ian quis falar. Mas algo naquele senhor grisalho lhe passava paz. E ela desatou em falar.

Ele não pareceu surpreso com a informação. Na verdade parecia solidário e até com pena, o que normalmente a deixaria furiosa. Odiava que sentissem pena dela. Mas naquele momento, estava tão fragilizada que nem se importou.

_ Mas minha querida, para que você quer encontrar seus pais? Shelly não foi uma boa mãe? – perguntou o bondoso senhor, quando ela terminou de contar a história.

_ Foi, claro que foi. A melhor mãe do mundo. Mas ela não tinha o direito de me esconder a verdade. E eu quero entender... Entender porque eles não ficarão comigo. Quero saber como eles são. Se são como nos meus sonhos de infância... – disse a menina, levantando-se e indo até a janela.

_ Bom, se você quer a verdade, lhe direi o que sei. – disse Nigel se levantando – Mas pode ser que você se decepcione mais.

Eles desceram até o escritório e ele sentou-se em sua poltrona, com ela a sua frente. Ele abriu uma gaveta e tirou de lá uma caixa de veludo.

_ Pra começar, sua mãe não se chamava Shelly Danten. – disse ele e a menina abriu a boca, chocada – Não sei o verdadeiro nome dela. Descobri por acaso ouvindo uma discussão de meu filho com Katherine. Foi quando descobri que você era adotada. Antes disso, achava o que todos acham: que você era a cara do seu pai.

“Quando questione Charles, ele disse que era um assunto extremamente complicado e que o melhor era não tocar nele. Fiz o que ele disse, mas isso não quer dizer que não me mantivesse de olho, preocupado com o que tivesse levado sua mãe a essa atitude extrema.”

Beth estava em silêncio, com lágrimas escorrendo pelos olhos, quando o senhor lhe estendeu a caixa de veludo. Ela estava chamuscada e suja de fuligem, então Beth deduziu que devia ter sido tirada dos escombros do incêndio.

_ Certa vez, vi sua mãe guardar isso no cofre da mansão. Quando a questionei, ela disse que era uma lembrança que sua mãe biológica havia lhe dado. Ontem quando voltei à mansão revirar os escombros, achei-a no que restou do cofre. Não a abri, ela é sua... Você deve abri-la, quando achar que está pronta.

A menina olhou o senhor a sua frente, que lhe sorria bondosamente. Ela levantou-se e foi para a porta.

_ O senhor conseguiu achar alguma foto? – perguntou ela – Algo que tenha resistido ao fogo?

_ Receio que não minha querida... – disse ele tristemente – Todas as fotos do meu casamento, da infância de Charles... Nada restou.

_ Apenas a da carteira do Ian...  – disse ela.

_ Sim, o único registro existente da imagem de Nicole e James... – lágrimas escorriam pelos olhos do homem a sua frente, então ela achou melhor deixá-lo quieto.

Sua mãe não era uma grande fã de computadores e internet, dizia que nos dias atuais podia haver muitas coisas inapropriadas para alguém na idade da filha. E não eram grandes freqüentadores de eventos públicos, Shelly pelo menos não. Ela gostava de ficar em casa com os dois pequenos. Então Beth sabia que dificilmente acharia fotos da mãe por ai. Tinha apenas suas lembranças.

Sentou-se em sua cama, soprando levemente a caixa e retirando o pó. Com cuidado abriu o fecho, levemente derretido e emperrado. Prendeu a respiração vendo a medalhinha de ouro ali dentro.

Era parte de um coração. Pelo formato e corte, o coração devia ter sido partido em três. Uma para ela, uma para sua mãe e uma para seu pai. Gravado, havia algo que o tempo e o calor do fogo haviam desgastado. Mas conseguiu ver algo que parecia “amor” e “sempre”.

Sentiu os olhos molharem e deixou as lágrimas escorrerem, enquanto apertava a medalhinha junto ao peito. Eles a amavam, eles com certeza a amavam. Então o que teria acontecido?

Mas então, pensou na mãe. Shelly, a mulher que a criara. Como seria seu real nome? Algumas vezes, tio Charles chamara-a de Shelby, mas sempre se corrigia brincando. Seria esse o nome dela? Olhou-se no espelho a sua frente e tocou os cachos castanhos claros. Era loira quando criança. Seu pai ou mãe seriam loiros? E os olhos? Seriam de quem?

Horas mais tarde, quando Ian chegou em casa, encontrou Beth no sofá, com os cabelos recém cortado curtos, lisos e pintados de preto.

_ Eu perdi alguma coisa? – perguntou ele, se aproximando com cuidado.

_ Eu não quero que esqueçam minha mãe... Não quero! – disse ela, num sussurro – Você acha que eu estou parecida com ela?

_ Beth... Você sempre será parecida com ela. – disse ele, sentando-se ao seu lado e segurando suas mãos – Na maneira de sorrir, de falar... Quando você canta ou ainda quando dança balé.

Ela sorriu e o beijou. Naquela noite, tiveram sua primeira noite e depois disso, Elizabeth não tocou mais no assunto de sua mãe ou sequer mencionou com ele a história de seus pais biológicos.

Hoje, ela sabia que era tudo mentira. Nada em seu jeito de agir era como sua mãe, muito menos sua voz ou jeito de dançar, apesar de ela dançar extremamente bem.

Agora, estavam a caminho de Nova York, onde Ian fundiria sua empresa com uma grande construtora nacional, de um tal de Noah Puckerman. Beth não conhecia o homem, mas Ian lhe falara muito bem do mesmo.

No começo havia relutado em ir embora da Inglaterra, mas quando Nigel morreu, não viu mais porque ficar ali. E havia outro motivo.

Ali, ao lado do avô nos momentos finais de sua vida, ele lhe revelará seu último segredo.

_ Estados Unidos. – sussurrou ele – Seus pais moravam lá, assim como você e sua mãe... Encontre-os. Prometa que os encontrará.

Ela prometeu. E ela iria. Guardou a caixa rapidamente, quando o noivo se remexeu e fingiu dormir. Havia certas coisas que nem Ian deveria saber.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Estão gostando das capas? Da história? Dúvidas? Criticas? Reclamações? Só não vale xingar! UHAUHAUHAHUAHUAHU
Beijos gentem!