Rosas escrita por Larissa M


Capítulo 13
Capítulo 12 - Amor Proibido


Notas iniciais do capítulo

=D (dps de escrever quase 3 mil palavras, acabou a criatividade para colocar qq coisa q seja aqui...)



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Lucy deu a volta na varanda, entrando na casa pela porta da frente. Dentro, Carla a esperava, pronta para acompanha-la ao andar de cima. Com passos rápidos, Lucy seguiu o caminho tão conhecido para o quarto de sua mãe, que ficava no mesmo corredor que o dela própria e de Susanna. A filha de Isobel estava temerosa com o que podia encontrar. Carla a avisara de que algo não estava correto, e ela temia pelo pior. Cada vez mais curiosa, subiu a escada mais rápido para averiguar o que estava acontecendo. De perto, era seguida por Susanna, que não conseguira esperar quieta na varanda.

Ao entrar no cômodo em que sua mãe e Henry estavam, Lucy percebeu de cara que a cena não representava algo positivo. O maxilar de Henry estava preso, tensionado. Seu cenho estava franzido, e ele ainda cruzava os braços duramente. Eram claros sinais, até mesmo para quem não o conhecia direito, que algo estava errado.

Do outro lado, Isobel estava sentada a cadeira de uma escrivaninha, com a postura ereta e os lábios retraídos numa linha fina.

Quando Henry avistou Lucy, sua expressão relaxou, mas nem tanto. Ela foi direto de encontro a ele, procurando suas mãos num aperto confortante. Lucy pôde ver, mesmo pelo canto do olho, que Isobel não estava aprovando-a.

– Mãe, qual o problema?

– Com todo o respeito, não quero você com esse jovem.

Lucy boquiabriu-se, mas não largou do gentil aperto de Henry. Por mais que tentasse, Lucy não via motivo para sua mãe não ter gostado de um jovem como Henry. Na concepção da moça, seu namorado era o mais gentil, o mais cavalheiro, o mais sensato, o mais ético que poderia ser. E no geral não era uma visão idealizada: de fato Henry La Fontaine possuía as características que sua amada tanto valorizava. Portanto, porque havia Isobel o recuso, por assim dizer? Questionou a si mesma Lucy, naquele dia.

– Mas... – Lucy abriu a boca para contestar.

– Lucy. – Isobel cortou-a, e foi o suficiente para fazê-la se aquietar. – Sr. La Fontaine, por gentileza poderia nos deixar a sós?

Henry, muito encabulado, e ainda assim confuso (tinha certeza de que não cometera nenhum erro de etiqueta nem nada do tipo) saiu da sala, deixando Lucy parada no meio da mesma, sem saber o que fazer.

– Mãe, o Henry...

– Sem mais, Lucy. É um La Fontaine, pelo amor de Deus. – Isobel desabafou, levantando-se da cadeira. – Um La Fontaine!

– E que mal há nisso? – a filha perguntou, ainda sem compreender nenhum das razões da mãe.

– Ele é um marceneiro, Lucy, os negócios da família não vão bem... Isso não é um emprego que se respeite. E se quer saber, eu não simpatizei com a pessoa dele, e muito menos do pai e do irmão, desde o primeiro contato. Acredite em mim.

– Não é como se ele fosse casar comigo, mãe! – Lucy chegava a levantar a voz com sua própria mãe, fazendo algo tão diferente de sua própria personalidade. – Não estamos assinando um contrato nupcial, ele só veio educadamente pedir sua permissão... Eu o amo, mamãe, e acho que isso suprime qualquer tipo de emprego que “não seja respeitável”.

Isobel se virou de costas para a filha, muda. Sua expressão facial, no entanto, continuava a mesma, e certamente sua opinião de antes não se mexera nem um centímetro. Convicta sempre, e certa de que não errava facilmente, Isobel encarou Lucy de frente, e rebateu:

– Pense com lógica, não com emoções. Não é um caminho que você queira trilhar.

Lucy passou por cima da profundidade do comentário da mãe, dizendo ainda angustiada:

– Você não pode dizer não...

Isobel suspirou. Disse num tom de quem encerra uma conversa:

– Sim, eu posso.




O sol já seguia levantado, com seus raios iluminando o interior da doceria, quando Susanna passou por suas portas, ansiosa para encontrar o casal idoso. Era o meio da tarde de uma sexta-feira, e Susanna sabia que era esse o dia que o casal fechava mais cedo, para não se cansarem com os afazeres que possuir uma doceria em uma cidade pequena trazia.

Por sorte, Ed estava terminando de limpar o balcão, tendo como seu próximo passo trancar a loja, quando Susanna entrou. Sempre de bom humor, o velho foi cumprimenta-la, sorrindo.

– Olá, Suze! Como vai? – ele falou.

– Gostaria de dizer que estou ótima, Eddie, mas nas circunstâncias atuais... – ela suspirou. – Sempre com algum problema ocupando a mente.

Eddie largou para trás o seu trabalho de limpar o balcão, e se adiantou logo para fechar a porta da doceria. Apagando as luzes, fez um gesto para Susanna acompanhá-lo para o interior da casa, onde o casal morava.

– May está lá dentro, vamos...

Não ignorara, no entanto, o que Susanna acabara de lhe dizer. Estava prestes a aconselhá-la, como sempre fazia; porém achou melhor que fizessem isso na quietude da aconchegante sala de estar dos dois idosos. Sabia que, quando a moça vinha lhes procurar, eram mais encrencas, na certa.

– Suze, como vai? – May ecoou a pergunta de Eddie, e recebeu uma resposta semelhante da moça. – Oh, sente-se... O que foi que aconteceu dessa vez?

Susanna sorriu mediante toda a solicitude do casal perante os seus próprios problemas. Sabia que ali era um porto seguro para ela, e que nunca faltaria afeto da parte de nenhum dos dois. Sentando-se numa poltrona de tecido gasto, Susanna disse:

– É Lucy. Para ser mais precisa, é sobre o namorado dela.

Nem May nem Eddie pareceram surpresos ao ouvir a palavra “namorado”, assim como Susanna estava esperando.

– Vocês já sabem? – Susanna perguntou, estranhando. Geralmente, o casal ficava isento de quaisquer fofocas que percorriam pela cidade, e sabiam apenas do que Susanna contava, isto é, se ela própria achasse que dizia respeito aos dois.

Explicando a sua falta de incredulidade, May disse:

– Você sabe como é Valliria: uma novidade como essa corre pela boca de todo mundo. E, como somos donos de uma doceria, é difícil ficarmos sem saber de nada.

– Claro, você sabe que nunca damos importância para o que dizem, nem sequer ouvimos direito. – completou Eddie. – Mas quando May ouviu o nome de Lucy saindo da boca desses fofoqueiros desocupados, ficou preocupada...

– Entendi. Então sabem o que aconteceu com ela, presumo? – Susanna perguntou. Ela foi surpreendida quando o gato do casal, Luck, pulou em seu colo sem a menor cerimônia, esparramando-se. Luck adorava Susanna. Fora ela mesma quem, anos atrás, achara Luck encolhido no meio de uma calçada, sujo e doente. De tanta pena que sentira, ela levou o gato para os Ferguson, que o acolheram de bom grado. Nomearam-no Luck, devido a sorte do gatinho em ser achado logo por uma piedosa alma como a de Susanna.

– Não sabemos de nada, só que ela começou a namorar o moço La Fontaine... – respondeu May, ainda mais preocupada.

– Lucy não está mais namorando ele. – falou Susanna, enquanto fazia um cafuné em Luck. – Ou pelo menos não deveria. – vendo os rostos indagadores do casal, Susanna emendou, explicando – Isobel proibiu Lucy de ver Henry, e por conta disso ela anda cabisbaixa desde domingo... Entendam, ela amava Henry, e não foi algo súbito, como todos imaginaram. Creio que ela já nutria esse apreço por ele por uma longa data. Porém está evitando falar qualquer coisa disso desde então, até comigo... odeio vê-la assim.

– Pobrezinha... – comentou May, compadecida. – Mas porque é que Isobel a proibiu de vê-lo?

– May, eu não saberia dizer ao certo. Pelo o que eu ouvi de Carla, Isobel deu a justificativa de que os La Fontaine não tem dinheiro o bastante, e que ela não gosta da família.

– De fato, não gosto de ficar incentivando esse tipo de coisa, mas é inegável que a família não está nas melhores condições. – falou Eddie. – Mas o que podem fazer com concorrência de seus serviços? Malditos sejam aqueles forasteiros que se mudaram para essa cidade e roubaram os clientes dos La Fontaine...

Susanna meneou a cabeça positivamente. Ainda acariciava Luck, distraidamente.

– Eu preciso fazer algo para levantar o ânimo de Lucy! Não consigo mais vê-la desse jeito. – desabafou Susanna. – Eu acho que desde domingo, quando Henry foi a nossa casa falar com Isobel, os dois não se veem. É claro que querem, mas ambos são éticos e presos demais às regras impostas por Isobel para quebrarem-nas e se encontrarem, mesmo que se amem.

– Mas o menino nem falou nada mais com Lucy? – perguntou Eddie.

– Não acredito que Isobel tenha dito as razões dela na frente dele... – completou May.

Continuando, Susanna falou:

– Henry saiu direto de dentro de casa, mas esperou por Lucy. Eu acho mesmo foi que ele entreouviu as explicações de Isobel, e claro que não gostou nem um pouco... Eu estava só assistindo de longe quando os dois se encontraram ressentidos, e se despediram...

Susanna terminou a narrativa com o olhar perdido, e envolta em pensamentos. Sem querer, esqueceu-se de fazer carinho em Luck, que logo se cansou dela e pulou fora de seu colo.

– Faça o possível para animar Lucy, Susanna, ela não merece ser infeliz. – concluiu May, colocando um fim no assunto.

O silêncio durou alguns minutos antes de Eddie tomar coragem de trocar de assunto e perguntar algo que o estava importunando desde que soubera:

– Suze, me diga uma coisa: como é que vai seu emprego?

Sem saber, Eddie tocara no ponto fraco de Susanna. Nos últimos dias, a jovem viera exatamente tentando evitar falar o máximo possível de seu novo emprego como jardineira na mansão Giusini.

Susanna fora novamente para a mansão, ao contrário do que primeiramente pensara ao deixar o local, no domingo. Ouvira o conselho de Carla, e também de Lucy, que partilhava da mesma opinião, e engolira a vergonha para retornar ao local. Não só deixou a vergonha de lado, como também sua raiva por Christopher e, nada mais adequado, seu ego e seu orgulho. Precisava voltar lá, pois empregos como aquele não apareceriam uma segunda vez.

Lembrou-se de tudo o que aconteceu da segunda vez em que esteve lá, antes de responder a pergunta de Eddie:

“Minha boca está extremamente seca”, ela reparou momentos antes de bater ao portão da mansão. Da última vez que fora a cozinha dali pedir um copo d’água, desencadeara uma série de eventos que não gostava de se recordar. Era manhã de terça-feira, e Susanna levara tempos em sua casa antes de pegar um carro e seguir para seu novo trabalho. Tudo o que fizera no jardim no domingo a deixara com dores nas costas, de tanto que ficara rente ao chão para cuidar de cada planta. Suas unhas ficaram sujas de terra por horas antes de Susanna retirar completamente como devido.

Na manhã de segunda-feira, Susanna quase fora até a mansão. Desistira no último minuto. Dizia para si mesma que na verdade ficara para apoiar Lucy e seu desânimo constante, mas a verdade era que ela mesma não tivera coragem o bastante para encarar Christopher depois de domingo.

No centro do pátio da frente dos Giusini, a fonte borbulhava como sempre fizera, inalterada perante os acontecimentos que a rodeavam. Como Susanna queria ser igual à água que corria: cristalina, clara, bela, fluente, e sem estar trancafiada na negritude de seus problemas.

Foi Ilina, mais uma vez, quem veio atendê-la.

– Susanna! – a moça chamada pelo nome não soube interpretar o que aquilo significava: Ilina não deixou transpassar nenhuma emoção ao dizer aquilo.

– Sim, eu voltei. – ela respondeu, achando que não fosse esperada.

– Estava justamente me perguntando isso...

Engolindo em seco mais uma vez, Susanna perguntou temerosa:

– George ainda me quer como jardineira?

– Mas é claro que sim! – respondeu Ilina, para o alívio de Susanna. – Querida, ninguém te despediu, não é mesmo?

A empregada abriu a porta com um falso sorriso no rosto, e deixou Susanna entrar. Ilina virou as costas e foi seguindo até a entrada da mansão, num convite silencioso para ser seguida. Sem se conter, nervosa com o silêncio da empregada, Susanna perguntou:

– E ele?

Naquele simples pronome estavam contidos todos os medos de Susanna ao retornar à mansão naquela manhã de segunda, na forma de uma pergunta. Na mesma hora, Ilina entendeu a quem ela se referia, e respondeu gentilmente:

– Não falou nada. Nem mesmo ao irmão. – parando a meio caminho, do lado da fonte, ela segredou. – Mas não se preocupe, George compreendeu que as coisas entre vocês estão mal resolvidas, e vai entender se você quiser ir. Porém, ele adorou o seu trabalho (e devo acrescentar que eu também) e não quer que você vá, independente de estar brigada com Christopher ou não. George esquecerá tudo de anteontem, se assim você pedir. – Ilina sorria com compaixão, deixando Susanna completamente à vontade. No entanto, ainda guardava um pouco da falsidade do sorriso anterior. Ilina temia a reação de seu patrão mais velho, Christopher. Afinal, fora ela, a empregada, quem deixara Susanna entrar de novo, e desde domingo, as vontades de Christopher relacionados ao acontecido permaneceram uma incógnita para todos.

Susanna, aliviada, nem percebeu nenhuma dessas minúcias na face de Ilina, e comentou:

– George é maravilhoso, tenho que agradecer a ele... Creio que eu vá ficar como jardineira, a despeito de tudo. Pedirei que me perdoem pela desordem que causei anteontem, sem falar na falta de educação...

– Que nada, querida, esqueça o que aconteceu... – Ilina comentou, entrando na casa.

De volta ao presente, Susanna foi obrigada a responder a Eddie, que esperava pacientemente por uma resposta da moça. Nem meio minuto havia se passado, mas fora o suficiente para todas aquelas lembranças passarem ligeiras pela mente de Susanna.

– Indo bem. – ela respondeu, ponderando em ocultar do casal todas as complicações referentes a Christopher. Pensando melhor, completou: - Na realidade...


George fora a gentileza em pessoa, naquela manha de terça-feira. Susanna nunca se esqueceria do quanto ele foi bom para ela. Este era o George que todos conheciam: dedicado, amoroso e cheio de compaixão.

Não havia sinal de Vivian Melbourne pela mansão naquele dia, para mais um alívio de Susanna. Achava que havia deixado uma terrível impressão de si mesma para a moça, e não gostaria de reencontrá-la tão cedo. Porém, Vivian era de longe quem Susanna tentava evitar.

Sabia que ele estava lá. Ouvia seus passos rondando a casa, descendo ou subindo as escadas, ou simplesmente indo para lá e para cá no seu quarto. Talvez pintasse, talvez não. Susanna não queria revê-lo de qualquer modo, mas não podia negar para si mesma que estava curiosa com os quadros.

No entanto, nenhum dos temores e expectativas de Susanna se concretizou. Passaram-se manhãs, tardes, dias inteiros, sem que Susanna vislumbrasse sequer um brilho de luz nos cabelos castanhos do pintor. Trabalhava em silêncio, e com eficiência. Ela passou a cada vez mais se aproximar de Ilina, assim como George. Vez ou outra, entrava no quarto de Jane para deixar rosas, e depois saía. A mãe de Christopher estava sempre adormecida, e quando acordava, as rosas já estavam lá, a seu lado. Sempre imaginava que fossem de seu filho mais velho.

O mesmo que se aplicava a Susanna não poderia ser dito de Christopher. Ele, ao contrário da jardineira, procurava-a sempre nos jardins, observando lá do alto das janelas, enquanto ela estava concentrada demais para que pudesse notá-lo. Ele se debruçava na borda da janela, ou de sua varanda, e se punha a assisti-la. Se ela ameaçasse se virar, o jovem, ligeiro, saía de vista, escondendo-se nas sombras do interior da casa.

Chegara a debater-se em dúvida, a ponto de pegar o pincel, apenas para depois largá-lo no mesmo lugar onde estava.

Susanna não sabia de nada do que se passava andares acima de onde ela trabalhava. Podia jurar, porém, que alguém a estava observando. Além da constante sensação de estar sob o olhar de alguém, tivera o vislumbre dos cabelos acastanhados, empreitando-a da janela do quarto dele.

– O que houve? – perguntou May, notando a hesitação de Susanna em contar tudo de uma vez.

– É o Christopher. Christopher Giusini. – Suspirando, ela contou tudo ao casal.




– Henry, onde você está? – nervosa, Lucy sussurrava para si mesma, amassando o curto bilhete em suas mãos. Sabia de cor as palavras ali gravadas, assim como conhecia a caligrafia.

Sem querer, deixou o papelzinho cair no chão, de tanto que suas mãos estavam escorregadias. Ventava forte, e o bilhete, já quase uma bolinha de tão amassado, voou para longe, dando voltas no ar. Parou aos pés de um jovem alto e loiro.

Henry abaixou-se para pegar o papel, e depois encurtou a distância entre Lucy e ele com passos largos.

– Olá. – ele falou, fitando Lucy com um olhar penetrante.

Foi o que bastou para os dois se entenderem. Para saberem que, mesmo proibidos, nenhum dos dois desistiria do outro. Henry tomou Lucy em seus braços, buscando o beijo que sentira falta por tanto tempo.

Era o meio da noite, e ninguém em Valliria ligaria para um casal apaixonado em frente a um jardim de rosas. A cena se aproximava de algo digno de telas de Hollywood, ou talvez, como imaginou Susanna ao espreitar os dois da janela de seu quarto, algo para ser imortalizado num quadro.

A prima de Lucy era a única que sabia do encontro proibido. Jurara guardar segredo, e assim faria. Fechou o pedacinho de cortina que deixara aberto para entrever a cena, e foi se deitar.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews? Nem fui cruel nesse capítulo...