Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 62
Capítulo 62


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Espero que vocês desculpem a demora e ignorem algum eventual errinho, porque não deu tempo de betar =/
Muito obrigada a todos os comentários lindos deixados aqui, eles são uma fonte de inspiração sem tamanho!
Enjoy!



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—Eles ainda não chegaram? - Perguntei ao Ron na sexta-feira a noite enquanto Harry e eu entrávamos pela porta que ele segurava aberta.

Nossos pais chegariam para o casamento hoje a qualquer momento, e a julgar pelo atraso ao sair do trabalho pensamos que eles já estivessem aqui.

—Não, mas ligaram dizendo que estão perto. - Respondeu me dando um beijo no rosto.

Cumprimentamos os outros que estavam sentados no sofá e antes que eu me sentasse também o interfone tocou.

—São eles! - Gritei dando um pulo em direção ao aparelho. - Olá? - Atendi e esperei para ouvir o que o porteiro dizia. - Por favor deixe que eles guardem o carro aqui, sim? Obrigada. - Desliguei antes de anunciar aos demais: - Chegaram!

—Nossa, quanta empolgação, até parece que tem saudade deles. - Percy alfinetou, referindo-se a todas as minhas constantes negativas a sua insistência de uma semana em me fazer voltar para Ashford.

—Nem tenta, Percy, hoje você não vai me irritar. - Respondi tão sorridente quando antes.

Aproveitei Harry sentado em uma poltrone e me sentei sobre suas pernas para esperar, e apreciei de bom grado o cheiro que ele deu no meu pescoço.

—Cansada? -Perguntou baixinho, já sabendo minha resposta.

—Muito. - Respondi e passei os dedos entre seus cabelos que se desalinharam ao longo do dia exaustivo na empresa.

A campainha tocou e do mesmo modo corri para atender a porta, encontrando a ruiva gordinha mais linda do mundo parada do outro lado.

—Mamãe! - Não economizei empolgação ao abraçá-la, e a recíproca foi verdadeira. - Papai! - Repeti o ato ao abraçar o homem parado logo atrás dela.

—Como vai, meu amor? - Ele me perguntou retribuindo o abraço um pouco mais apertado do que eu conseguiria aguentar e ainda respirar normalmente.

—Estou bem, papai. E morrendo de saudade de vocês! - Respondi sem tirar o sorriso do rosto enquanto ele beijava minha bochecha.

Ron estava logo atrás de mim e os cumprimentou com o mesmo entusiasmo antes que eles estivessem livres para abraças também Harry e Hermione e dar um beijo comedido em Percy e Lauren.

—Como vai, querido? Senti sua falta. - Minha mãe falou enquanto Harry a abraçava com carinho e elegância e Percy dava uma risada de deboche.

—Muito bem, obrigado Sra. Weasley. Também senti falta de vocês. Como estão todos? - Retribuiu a gentileza antes de cumprimentar também o meu pai.

Ron e Harry os ajudaram a levar as malas para o quarto de Ron e acompanhei já contando tudo que me lembrava sobre as novidades desse ano.

—Me conte tudo sobre Paris! - Ordenou assim que nos sentamos à mesa de jantar para conversar mais confortavelmente.

—Verdade! Conte para mim também. - Lauren pediu empolgada, incluindo-se na conversa e se sentando ao meu lado para ouvir.

Hermione se juntou a nós para aproveitar o momento, embora ela já soubesse dessa viagem muito mais coisas do que eu contaria a minha mãe.

—Foi perfeito! - Comecei pela frase que resumia perfeitamente o lugar. - Tudo é lindo lá, foi um fim de semana incrível.

—A Sr. Weasley comentou comigo que ele te levou pra lá de surpresa, você não desconfiou de nada mesmo? - Minha cunhada quis saber, os olhos brilhando.

—Não, nada. Eu estava no trabalho quando ele me ligou e o vôo era para dali a duas horas, a primeira coisa que perguntei foi sobre as roupas, e ele disse para não me preocupar com nada. - Confirmei sorridente.

—Num lugar daquele, aposto que você nem precisou de roupa. - Lauren comentou maliciosa e eu vi as bochechas da minha mãe corarem como as minhas, mas rimos mesmo assim.

—Nós compramos lá, mas só o necessário para dois dias, nada demais. - Respondi mudando o foco do assunto.

—Harry é muito romântico, não é? - Minha mãe perguntou cúmplice, sorrindo um tanto maliciosa também.

—Sim, ele é. Muito. - Afirmei olhando de canto para onde ele estava sentado, o rosto virado para a TV com aquela pose de quem está com a cabeça em outro lugar e não prestando a mínima atenção no programa que passava.

—E você, como está esse coraçãozinho de noiva? - Mamãe perguntou para Hermione, fazendo-a balançar as mãos como quando está nervosa.

—Nem me fale, Molly! - Respondeu com a intimidade adquirida ao longo de anos de convivência. - Eu estou tentando a todo custo não pensar nisso, mas não consigo. Estou aqui conversando, mas uma pilha por dentro.

—É normal, amanhã tudo isso ficará pior. - Aconselhou sabiamente, nos fazendo rir.

O barulho de pessoas caminhando chamou nossa atenção e eu me virei a tempo de vê-los se levantar e caminhar até nós.

—Já estão com fome? - Ron perguntou parando atrás de nossa mãe e apoiando carinhosamente as mãos em seus ombros.

—Eu e Harry estamos famintos, o dia foi péssimo hoje e mal comemos um sanduíche na hora do almoço. - Respondi por nós dois.

—Eu também estou. - Hermione afirmou também. - Ron e eu fizemos o jantar, espero que esteja bom.

Pedi para que todos se sentassem e neguei quando minha mãe e Harry ofereceram ajuda, e fui até a cozinha ajudar os dois a trazerem as coisas para a mesa. Quando todos já haviam se servido meu pai iniciou um assunto qualquer sobre algumas novidades no trabalho e eu ouvi prestando pouca atenção.

—Ronald, Molly e eu dormiremos no seu quarto mesmo? Acho que já vou me deitar assim que todos terminarem de comer. -Nosso pai anunciou pousando seus talheres sobre a mesa.

—Sim, lá mesmo. - Confirmou entre um pedaço e outro de carne assada. - E Percy e Lauren continuam no quarto de Gina.

—E vocês? - Mamãe perguntou apenas como confirmação, já imaginando a resposta.

—Vamos dormir na casa deles. - Respondeu apontando para Harry e Hermione.

—Gina já passou a semana toda enfiada no quarto dele mesmo, que diferença faz? - Percy debochou e vi meu namorado baixar os olhos para o próprio prato.

—E você deveria agradecer, é só por isso que não está dormindo no tapete da sala. - Rebati ácida, olhando-o da mesma maneira que ele fazia comigo.

—E quando não estou aqui qual a desculpa que você usa? - Questionou irônica.

—Desculpa nenhuma, eu vou quando tenho vontade, não preciso de desculpas. - Respondi irritada.

—Então é isso que essa merda de lugar faz com as pessoas? Quem diria que você seria disso? - Argumentou com uma risada sarcástica.

—Percy. - Mamãe chamou em tom ameaçador.

—Que eu seria disso o que? Dessas pessoas que pensam maior do uma caixa de fósforo? Ou dessas pessoas com coragem o suficiente pra sair da barra da saia da mãe e fazer o que quer pelo menos uma vez na vida? Sim, é isso que essa merda de lugar faz. - Respirei fundo ao final, tentando controlar o choro que eu sei que viria.

Bendita sensibilidade pré casamento do irmão preferido!

—Pena que a única coisa que você quer é se enfiar no quarto de qualquer um.

Harry se retesou mais quando ouviu isso, e antes que sua mão pousasse sobre a minha eu já havia me levantado e meu dedo em riste estava a centímetros do rosto debochado do meu irmão mais idiota.

—Cala a boca, Percy! - Gritei e ele se assustou de início, mas voltou ao sorriso cínico. - Você passou a semana inteira com essas indiretas ridículas, mas agora você vai calar a boca. Qual é o seu problema? Inveja? - Perguntei rindo sarcástica, como ele, e ganhei um olhar gélido em troca. - Você não é metade do que o Harry é, metade! E sabe o que é pior do que isso? - Perguntei e dei um segundo para que ele respondesse.

—Gina. - Minha mãe me repreendeu, mas eu não parei.

—Pior do que isso é você se achar o máximo, e você não é nada! Quem não seria qualquer um para mim? Alguém igual a você? Um funcionariozinho de repartição pública, que com quase trinta anos não tem nada e ainda mora com a mãe? - Ri de novo e ele já não me olhava mais com tanto cinismo, agora apenas com raiva. - Entende, Percy, você não é nada e não é ninguém para decidir ou opinar no quarto de quem eu me enfio, entendeu? E eu não preciso de desculpas pra isso, não preciso pedir para ninguém pra fazer isso, sabe por que? - Dei outra pausa para uma resposta que não veio.

Eu sentia os olhares em volta pregados em mim, e o silêncio era absoluto.

—Porque eu trabalho para me sustentar, Percy. Eu pago minhas contas, a minha faculdade, as minhas roupas, a minha comida e tudo o que eu tenho fui eu que comprei. Então eu mando na minha vida, só eu cuido da minha vida. - Respirei fundo antes de finalizar. - Você não faz ideia do que isso seja, e eu nem espero que saiba vindo de alguém dessa idade que só usa o próprio dinheiro pra colocar gasolina no carro e bancar um jantar por semana no mesmo trailler estacionado na praça da igreja.

Antes que eu me sentasse novamente ouvi sua voz baixa e contida, típica de um acesso de raiva não extravasada:

—Você é uma vagabunda. - Ele sibilou alto o suficiente para que todos ouvissem.

—Já chega! - Minha mãe gritou e Harry me segurou pelo braço quando eu me impulsionei para agredi-lo.

—Cala a boca, Percy! - Meu pai falou ao mesmo tempo.

—Senta aqui. - Harry pediu baixo para que eu só eu ouvisse, mas autoritário o suficiente para que eu obedecesse.

—Para. - Hermione pediu no mesmo tom, do meu outro lado.

—Peça desculpas agora, Percy. - Mamãe ordenou a ele.

—Não. - Negou desafiador.

—Agora! E eu não estou pedindo. - Gritou se levantando dessa vez.

Eu o vi lançar um olhar odioso a ela antes de se virar para mim da mesma maneira e murmurar quase sem voz:

—Desculpa.

—Agora você, Gina. Peça desculpas. - Ordenou a mim também e diferente dele eu não ousei questionar.

—Desculpe. - Murmurei tão baixo quanto ele.

—O que vocês pensam que estão fazendo falando assim um com o outro? - Perguntou novamente sentada, olhando de um para o outro.

—Esse idiota passou a semana inteira usando qualquer mínima oportunidade para ofender o Harry e a mim, para jogar na minha cara e na dele que ele não presta pra mim e que eu deveria obedecer a ele quando me dizia tudo o que fazer, e isso incluiu meu trabalho, minha faculdade, meu namoro e onde eu moro. - Desabafei e ela apenas me olhou. - Quem aguenta tudo isso calado?

—Sua irmã não é criança, Percy! - Minha mãe se virou para ele incisiva, e depois se calou dando a ele a oportunidade de falar também.

—E agora vocês vão me dizer também que ele é uma ótima pessoa para ela? Façam-me o favor, olhem para ele! - Apontou para Harry, que até o momento havia se mantido impassível, mas que agora o encarava tão desafiador quanto eu. - Não passa de um moleque mimado que teve tudo o que quis dos pais e que agora que ficou sem a mãezinha dele está procurando na Gina uma idiota para fazer tudo que ele quer. Com a diferença que a minha irmã dorme com você também, não é? - Finalizou perguntando direto para ele.

Eu o percebi ficando rígido e antes que dissesse algo meu pai o fez, acompanhando e um sonoro tapa na mesa.

—Já chega, Percy! Peça desculpas a ele, agora! - Gritou a última palavra.

Diferente da primeira vez, ele não questionou.

—Desculpa. - Murmurou.

—Para todo mundo ouvir! - Ordenou no mesmo tom de voz.

—Desculpa. - Falou em alto e bom som.

Harry não respondeu nada, apenas continuou encarando-o.

—O que te incomoda tanto assim é que Gina durma no quarto dele? É isso que você acha tão errado? - Minha mãe perguntou já mais tranquila, mas longe de seu estado natural de calma.

—Mas é claro. - Respondeu como se fosse óbvio.

—Ok. - Finalizou o assunto e se virou para minha cunhada, até então quieta. - Lauren, a partir de hoje você está proibida de entrar ou dormir no quarto do Percy, estando ele em casa ou não. E Percy, - Continuou virando-se para ele. - Você está proibido de dormir fora de casa enquanto não for casado, não importa a ocasião ou onde, se Lauren estiver com você.

—Mais essa palhaçada agora? - Se exaltou. - E quanto a filhinha de vocês?

—Gina não me parece nem um pouco contrariada com o fato de que ela ou qualquer pessoa durma no quarto do namorado, mas você sim. Eu os ensinei a dar exemplos, lembra-se? Pois bem, se acha errado seja o primeiro a não fazer. - Finalizou o assunto sem dar margens a questionamentos.

—Isso é ridículo. - Ele ainda tentou argumentar.

—Já chega, Percy, nem mais uma palavra sobre isso. - Finalizou com ele e se virou para mim. - E você, mocinha, se eu a vir falando mais uma vez daquele jeito sobre Ashford e cargos públicos, você volta para casa arrastada para aprender que o lugar que você nasceu é tão digno de você quanto Londres. - Ameaçou e eu baixei os olhos, meio constrangida.

—Desculpe. - Murmurei para ela, que assentiu com a cabeça antes de voltar a sua refeição ainda inacabada.

Quando todos ficaram calados Hermione se manifestou, tão educada como sempre:

—Molly, Arthur, me permitem dizer uma coisa também? - Pediu pousando os talheres na mesa.

—Claro, querida. - Papai respondeu enquanto mamãe apenas assentiu.

—Percy, eu também perdi minha mãezinha naquele dia, sabe. - Falou tranquila e sarcástica, olhando-o diretamente nos olhos. - E se um dia você falar desse jeito comigo eu enfio a mão na sua cara.

 


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Notas finais do capítulo

Aaaaah esses barracos de família *-----*
ahahahahah
E então, gostaram? :)
Quero muito saber a opinião de vocês.
Comentem, opinem, critiquem, recomendem.
Vocês são o máximo e é por isso que eu escrevo
Até o próximo
Beijão!



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