Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Notas finais.
;)



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POV Gina

Eu havia achado a conversa um pouco estranha, talvez porque eles estivessem falando de mim com se eu não estivesse presente, ou simplesmente porque Dumbledore me intimidava um pouquinho, por mais que eu o admirasse e acreditasse que o sentimento é mútuo. Mas principalmente por ter sido defendida com tanta veemência.

—Eu não acredito que aquela vaca fez isso! - Exclamei assim que fechamos novamente a porta do nosso escritório.

—Eu disse que todo o escritório ficaria sabendo. - Ele falou indo em direção à sua mesa enquanto eu me dirigia à minha. - Não pensei que fosse contar justo para o diretor, mas não me surpreende. Vagabunda fofoqueira.

Eu ri um pouco ao vê-lo falar assim, era muito difícil tirar dele aquela calma toda e o modo sutil de falar.

—E o que vai acontecer agora? - Perguntei insegura quanto a resposta que ouviria.

—Vai acontecer que na segunda feira ainda trabalharemos juntos ou seremos dois desempregados. - Comentou normalmente dando de ombros e rindo um pouco.

—Você vai mesmo fazer isso? Quer dizer, ele prefere que você fique então não tem que ficar sem emprego por causa de mim. - Cruzei os braços sobre a mesa enquanto dizia e senti minhas bochechas ficarem vermelhas enquanto ele esboçava um sorriso presunçoso.

—Não vou ficar sem emprego só por causa de você, é por causa dos meus princípios também. - Falou em tom divertido e imediatamente adotou uma postura séria antes de prosseguir. - Eu sempre soube que era perigoso, tanto quanto você, e se eu continuei é porque vale a pena. Não é como se eu tivesse perdendo meu emprego, vou considerar que estou buscando novas oportunidades.

Ao final da sua frase eu já estava sorrindo como uma boba e olhando para ele como se admirasse a estátua de Adônis.

—E eu vou considerar uma oportunidade para aprender matemática financeira. - Brinquei ainda com o sorriso estampado no rosto.

Ele deu uma gargalhada gostosa antes de se ajeitar na cadeira e determinar que deveríamos continuar trabalhando normalmente se quiséssemos aumentar nossas chances de ficar. Durante o resto da tarde fizemos piadinhas sobre nossa situação de adolescentes, os quais os pais estão decidindo se podem namorar ou não, e rimos como duas crianças o tempo inteiro.

—Amor, eu já estou indo. - Avisei quando já se passavam dez minutos do nosso horário de sair. - Preciso ir para a faculdade, não quero me atrasar.

—Nossa, nem vi a hora passar. Eu vou também, marquei de jantar com Hermione em casa hoje, ela disse que eu não lhe dou mais atenção. - Nós rimos enquanto ele finalizada o que provavelmente seria um e-mail e desligava seu computador. - Te deixo na faculdade, vem comigo.

—Mas não tem nada a ver com o caminho da sua casa. - Argumentei colocando a bolsa no ombro.

—É só um pretexto pra você apalpar minha perna durante uns minutos. - Brincou e rimos um para o outro.

—Já que você insiste. - Concordei também em tom brincalhão e saímos para o corredor que nos levaria até o hall dos elevadores.

Não estávamos de mãos dadas, mas sair juntos foi o suficiente para que todos nos olhassem e a Srta. Vane fizesse uma cara que me lembrou muito uma daquelas criancinhas curiosas que chupa limão pensando que é laranja lima. Ele me deixou na porta da faculdade e saiu em direção à sua casa enquanto eu ia para minhas aulas do dia.

Cheguei em casa por volta das onze e Ron já estava dormindo. Fui até seu quarto e o despertei tempo suficiente para dizer que já havia chegado, como eu fazia todos os dias em que isso acontecia. Comi algo rápido, mandei uma mensagem de boa noite para o Harry, tomei banho e me deitei também, já morrendo de sono.

Trinta minutos antes do meu horário de entrada no trabalho recebi uma chamada da portaria avisando que meu namorado já havia chegado. Harry havia insistido que deveria me levar ao trabalho mais vezes e por fim eu cedi. Subimos em um elevador apinhado de gente, o que me deu um ótimo pretexto para me encostar a ele e minutos depois desembarcávamos no 23º andar.

Ao nos ver chegar juntos, Romilda Vane exibia um sorrisinho presunçoso ao invés de ser tão amável com meu namorado, como normalmente o era. Eu achei o ato estranho, mas não disse nada. Falei 'bom dia' como sempre, Harry fez o mesmo, e nos encaminhamos para o escritório. Assim que entramos a primeira coisa que percebi foi a terceira mesa, ao fundo, ocupada.

—Bom dia Sr. Black. - Cumprimentei um tanto sem graça, pois eu sabia exatamente o que o trazia aqui hoje.

—Bom dia Srta. Weasley, Sr. Potter. - Nos saudou cordialmente.

—Bom dia. - Harry respondeu fechando a porta e se encaminhando ao seu lugar.

—Creio que os dois saibam o que me traz aqui hoje, certo? - Começou tão logo estávamos instalados em nossas mesas.

—Sim, receio que nós dois saibamos, senhor. - Harry respondeu tão sério quanto ele.

—Ontem eu recebi uma ligação um tanto preocupante de Alvo me dizendo que meus dois funcionários estão intimamente envolvidos e...

—Se me permite uma correção Sr. Black, seus dois funcionários estão namorando. Acho que isso dá um sentido mais real ao que realmente acontece entre nós. - Meu namorado o interrompeu e eu vi um lampejo de petulância atravessar as feições até então calmas do nosso chefe.

—Como quiser. - Continuou com indiferença. - Meus dois funcionários estão namorando. Mas o que realmente me preocupou foi sua convicção ao afirmar que não permaneceria conosco caso a Srta. Weasley fosse demitida por nós. - Ele explanou o assunto sobre o qual falaria e imediatamente se virou diretamente para mim. - Espero que não nos leve a mal, senhorita, essa questão é absolutamente profissional e não pessoal.

—Compreendo perfeitamente Sr. Black. - Respondi séria.

Ele assentiu com a expressão brevemente simpática e se virou para Harry novamente.

—Desde quando isso vem acontecendo? - Perguntou sem tom de ameaça, com a voz imparcial.

—Faz quase dois meses que é sério, mas já vem desde antes de trabalharmos juntos. - Respondeu no mesmo tom e não necessariamente sincero.

O Sr. Black assentiu outra vez e olhou para nós dois antes de continuar.

—E mesmo sabendo que nossa política não permite envolvimentos românticos a senhorita não nos disse nada a respeito quando ficou sabendo que o Sr. Potter estava sendo contratado por nós? - Me perguntou.

—Nós não sabíamos. Na semana que o Harry, digo o Sr. Potter, começou as entrevistas e foi contratado nós havíamos tido alguns imprevistos e não pudemos nos ver nenhum dia. Foi surpreendente para ambos vê-lo entrar e ser apresentado como meu novo chefe. - Esclareci no mesmo tom sério com o que ele havia perguntado.

Ele assentiu novamente e apenas virou seu olhar para meu namorado.

—Sua posição ainda é a mesma, Sr. Potter? Se ela sair por causa disso ficamos sem os dois? - Questionou, e pelo seu tom reparei que foi apenas para confirmar.

—Sim, Sr. Black, minha posição continuará sendo a mesma. - Meu namorado respondeu cordialmente.

—Não acha que está sendo muito radical? - Nosso gerente quis saber.

—É uma questão de princípios. - Harry deu de ombros, como se fosse óbvio.

—Certo, já entendi. - Endireitou-se em sua cadeira antes de continuar. - Os dois já sabem que é contra nossa política interna tolerar qualquer tipo de relacionamento intimo entre funcionários, correto? - Sem esperar nossa resposta prosseguiu o assunto. - No entanto, me espanta que esse relacionamento já dure um tempo considerável e nada tenha sido notado por mim ou por qualquer pessoa que trabalhe próximo aos dois.

—Sr. Black, antes de tudo nós somos profissionais. - Interrompi brevemente.

—Tenho reparado isso, Srta. Weasley. - Suspirou profundamente e prosseguiu. - Mas eu quero saber de vocês, individualmente, o que esse relacionamento interfere aqui na empresa? Pergunto isso porque vocês me parecem muito bem hoje, mas podem decidir seguir rumos diferentes e trabalhando tão próximos assim não tenho motivo para acredita que o impacto disso não nos afetaria.

—Sr. Black, quanto a isso pode ficar tranquilo. Não é como se nós estivéssemos passado esse tempo juntos sem nunca ter brigado e ainda assim não houve impacto algum. Como Gina disse aqui dentro nós somos profissionais. - Harry respondeu com a postura mais relaxada.

—OK. - Falou com um suspiro antes de recostar-se no assento e voltar a nos encarar. - Antes de tudo eu gostaria de parabenizá-los pelo profissionalismo porque vocês são bons. Os dois são. Mas juntos vocês são realmente muito bons. Eu venho notando, desde que o Sr. Potter começou a trabalhar conosco, como o departamento ficou mais funcional e era exatamente isso o que eu esperava de vocês. E é por isso, apenas por esse motivo, que Alvo e eu decidimos que vocês ficam conosco.

Eu fui muito eficiente em disfarçar meu suspiro de alívio, mas deixar de sorrir foi inevitável.

—Mas, - ele continuou - e dessa vez é uma ordem expressa e não mais um pedido, quero que vocês mantenham a mesma discrição e a mesma postura ética que vêm mantendo desde o início.

—Quanto a isso pode ter certeza. - Harry disse já não tão sério, mas bem menos empolgado do que eu estava.

—E também, - Notei que ele ficou um pouco desconcertado ao falar - não que seja o que eu desejo, mas caso esse relacionamento acabe não quero que atrapalhe o rendimento profissional de nenhum dos dois.

—Não vai atrapalhar. - Respondi ao mesmo tempo em que Harry disse “não vai acabar.”.

Nos olhamos com um sorriso um tanto tímido e rimos um para o outro. Mas incrível mesmo foi o Sr. Black ter rido conosco.

—Bom, se não tem jeito. - Suspirou resignado e começou a juntar suas coisas. - E se me dão licença eu vou indo. Tenho uma reunião na outra filial, vim exclusivamente para falar com vocês. Veja isso, já começaram a me dar trabalho. - Concluiu divertido e nós três rimos.

Após se despedir de nós dois levantou e saiu, fechando a porta ao passar.

—Vem cá, vem. - meu namorado chamou com um sorriso enorme assim que nosso chefe nos deixou a sós.

—Temos que ser discretos, chefinho. - Falei enquanto caminhava em sua direção e me encostava a sua mesa, de frente para ele, que ainda estava sentado.

—Eu sei, mas acho que merecemos um beijo para comemorar o fato de sermos muito bons. - Ele brincou me puxando para que eu sentasse em seu colo e grudando nossas bocas.

—Mas isso de mim eu já sabia. De você é que estou descobrindo agora. - Ri retribuindo seu beijo.

—Convencida. - Riu também.

—Lindo.

Não demorei nem dois minutos ali, porque não queríamos abusar da sorte e havia a possibilidade de que alguém entrasse a qualquer momento. Quando saímos para o almoço não havia quase ninguém na empresa, todos já deveriam estar em horário de almoço, então passamos por ali tranquilamente e sem o olhar estranho de ninguém.

Quando voltamos, no entanto, não tivemos a mesma sorte. Assim que entramos juntos, mas com a postura com que deveriam se comportar o chefe e sua subordinada, a Srta. Vane nos observou com um sorriso presunçoso estampado na cara e eu simplesmente não pude deixar a oportunidade passar em branco. Assim que Harry passou por ela sem lhe dar a menor atenção, eu parei e me debrucei sobre sua mesa e a encarei com um sorriso maior que o seu.

—Oi. - Falei inicialmente e pelo canto dos olhos vi que Harry parou e me olhou. Ela não respondeu nada. - Eu si vim te agradecer.

—Pelo que? - Ela perguntou indiferente e arqueando aquela sobrancelha insuportavelmente bem feita.

—Por ter nos poupado o trabalho de tornar nosso namoro público. - Esclareci sorrindo mais.

—E agora eu suponho que você esteja indo até sua mesa pegar suas coisinhas e dar o fora daqui, né! - Afirmou sorrindo tanto quanto eu.

—Na verdade não. Eu vou sim até minha mesa, mas vou me sentar ali e continuar trabalhando, exatamente como era antes de você nos oferecer sua ajuda. - Ela mudou um pouco sua expressão, eu continuei sorrindo. - E depois do expediente eu vou para casa com meu namorado comemorar esse passo importante no nosso relacionamento. E você não imagina como ele é bom com comemorações!

—Gina! - Eu ainda sorria quando a voz de Harry me chamou com um misto de repreensão e diversão.

—Preciso ir, meu chefinho está chamando. - Me despedi e tirei as mãos de sua mesa. - Tenha uma boa tarde.

Não dei a ela tempo para se despedir de mim também. Andei em direção ao meu namorado lindo, que ainda estava me esperando em pé e com as mãos no bolso, e caminhei ao seu lado em direção à nossa sala. Assim que passei pela porta e ele a fechou após entrar também, eu ganhei um tapa na bunda.

—Ai! - Me assustei com o impacto e depois ri ao ouvir sua risada linda atrás de mim.

—Você não deveria ter falado aqui pra ela. - Comentou ainda rindo e andando em direção a sua mesa.

—Deveria sim! Você viu a cara dela? - Retruquei já me sentando diante do meu computador.

—Vi, valeu a pena! - Concordou comigo e rimos outra vez.


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores!!! Tudo bem com vocês?
Primeiro, espero que tenham gostado do capítulo! Comentem, recomende, opinem, critiquem, deem a sua opinião, recomendem... apareçam! Eu gosto muito de vê-los aqui.
Speechless já está na reta final também e eu confesso que ainda não terminei porque quero que o final seja perfeito, e ainda não consegui pensar em algo que seja tão bom quanto o que eu quero, mas tenho muitos capítulos escritos, falta só betar e já posso postá-los.
As postagens agora serão mais rápidas, já que tudo está pronto. Enfim, é isso.
Espero que continuem gostando e acompanhando.
Beijinhos!