POV Harry

Os dois meses seguintes à pequena intervenção da empresa no nosso relacionamento passaram voando e a minha vida não poderia estar melhor. Assim que todos ficaram sabendo do nosso relacionamento secreto não conseguíamos ir até o banheiro sem sermos encarados descaradamente por todos presentes na empresa - exceto por Romilda Vane, que pareceu estar decidida a fingir que nós dois nem existíamos. Uma semana depois já éramos indiferentes novamente.

Ron e Hermione estavam mais grudados que nunca e raramente ficavam em casa aos fins de semana, já que agora estavam procurando a casa perfeita dos sonhos da minha irmã para se casarem no final do próximo ano. Eu achava muito rápido, mas ela achava totalmente apropriado. E como tudo tem um lado bom -excepcionalmente bom nesse caso - eu e a ruiva tínhamos a casa só pra nós. E sem direito a ciúmes do irmão mais velho, diga-se de passagem.

Olhei no relógio e vi que já era hora dela sair, então destravei as portas e desci do carro para espera-la encostada no capo, mas acho que saí cedo demais porque ela demorou mais uns vinte minutos para aparecer sorridente em minha direção.

—E ai, ruiva, qual é? - Falei divertido e com voz de mano, para que só ela ouvisse.

—Idiota! - Ela respondeu rindo antes de jogar os braços no meu pescoço e grudar a boca na minha.

—Que bom, você está carinhosa hoje amor. - Brinquei enquanto abria a porta do carro pra ela entrar.

—Eu estou muito carinhosa hoje, você nem imagina o quanto. - Piscou pra mim enquanto falava maliciosamente e afivelava o cinto de segurança.

Eu ri pra ela.

—Pode me mostrar depois, não me incomodo. - Respondi no mesmo tom e ela riu também. - Porque você demorou pra sair hoje? - Perguntei já dirigindo pela rua da sua faculdade.

—Estava me despedindo da galera, só irei vê-los agora no próximo ano. - Informou se acomodando melhor no banco e pousando a mão na minha coxa. - Nem acredito que estou de férias, agora só faltam dois anos.

—Olha, está quase acabando! - Comentei irônico e ela riu.

—Depois falta só ir para os Estados Unidos fazer minha pós graduação de dois anos e pronto! - Brincou, pois eu sabia que ela não tinha a menor vontade de morar fora de Londres.

—Vai sonhando! Eu te amarro na cama se começar a inventar essas palhaçadas de ir embora. - Falei divertido.

—Uau, amarrar na cama! Interessante, nunca tinha pensado nisso, mas gostei da ideia. - Gargalhou me fazendo rir também.

—Posso começar hoje, já que vamos dormir na minha casa. - Informei já animado com a ideia.

—Eu vou dormir na sua casa? - Questionou em dúvida.

—Claro, hoje é sexta feira.

—Ah que bom, eu nem sabia! - Disse irônica. - Não avisei o Ron.

—Eu já avisei, não se preocupe. - A tranquilizei.

—E eu não trouxe roupa.

—Não tem problema, pode ficar sem. Na verdade, eu não pensei em te amarrar vestida. - Respondi com os olhos brilhando em sua direção e ela gargalhou descontraída e jogando levemente a cabeça para trás, daquele jeito que sempre fazia meu coração disparar.

—Olha, estou começando a me convencer hein! - Comentou divertida.

Durante o resto do caminho conversamos animadamente sobre como havia sido seu ultimo dia de aula.

—Está com fome amor? - Perguntei enquanto fechava a porta atrás de nós.

—Estou. Mas posso tomar banho antes?

—Pode, vou preparando alguns sanduiches pra gente comer enquanto isso.

—Ta bom. Vou pegar uma camiseta sua. - Falou já de costas para mim e caminhando em direção ao meu quarto.

Preparei os lanches de peito de peru, mussarela e pão de forma que ela tanto gostava, deixei a bandeja com o prato, copos e suco de laranja em cima da mesa de centro e fui até meu quarto encontrá-la. Ao entrar reparei suas roupas jogadas em cima da minha cama e a porta do banheiro aberta, o barulho do chuveiro ainda ligado.

—Linda! - Falei encostado ao batente e chamando sua atenção, que estava de costas para mim, ainda sob a água e passando uma das mãos pelas coxas.

Ela se virou para mim e sorriu, fazendo meu coração disparar novamente e alguém mais abaixo dar alguns sinais de vida.

—Os lanches estão prontos, vamos? - Convidei.

—Vamos, já terminei aqui.

Observei cada movimento enquanto ela desligada o chuveiro, se enxugava com a minha toalha azul, a deixava pendurada novamente no banheiro e se dirigia até meu guarda roupas totalmente nua.

—Eu já te falei que você não deveria andar assim pela casa, não é? - Falei ainda seguindo-a com o olhar.

—E por que não, posso saber? - Sorriu enquanto abria meu guarda roupas, indo direto onde eu guardava minhas camisetas de dormir.

—Porque eu posso ser perigoso. - Respondi enquanto ela vestia uma camiseta bege.

—Eu duvido. - Falou rindo e já saindo em direção à cozinha.

—Eu queria te fazer um convite. - Ela quebrou nosso silêncio confortável enquanto estávamos deitados de conchinha no sofá, depois de comermos.

—Faça. - Respondi ainda acariciando suas pernas, a mostra pela minha camiseta.

—Nós teremos férias coletivas esse ano, não é? - Perguntou mais baixinho, um tanto insegura.

—Sim, fechamos por duas semanas. Por que, amor? - Parei meu carinho e passei meus braços ao redor dela, trazendo-a mais para perto.

—Eu estava pensando em ir visitar meus pais. - Parou um pouco e pareceu escolher as palavras antes de continuar. - E queria saber se você não gostaria de ir também.

—Hummm, então eu estou sendo convidado para conhecer o sogrão e a sogrona? - Brinquei enquanto virava seu corpo de frente pra mim.

—Por quê? Parece sério demais pra você? - Perguntou rindo.

—Me parece o nível perfeito de seriedade. - Respondi rindo também. - E quando iríamos?

—Bom, o Ron e a Mi vão dia 20 e voltam dia 03, vão passar as festas lá. Eu queria ir com eles, mas se você quiser ficar menos tempo, tudo bem.

—E o que eu ficaria fazendo aqui sozinho se voltasse antes? - Perguntei e ela sorriu.

—Então isso é um sim? - Concluiu sorridente.

—Claro amor, eu adoraria conhecer seus pais. Preciso descobrir como é esse lance de ficar nervoso pra pedir a moça em namoro ao pai dela. - Esclareci e ela gargalhou.

—Não precisa fazer isso, eles já sabem que estou namorando. - Me tranquilizou.

—Mas eu faço questão, eu acho. - Falei e ela riu de novo. - É a primeira vez que tenho a oportunidade de fazer isso.

Ela estava rindo e sua expressão transformou-se em curiosidade.

—O que foi? - Perguntei.

—Você já me disse que nunca pediu ninguém em namoro. É sério? - Perguntou meio envergonhada.

—Sim, muito sério. - Respondi sorrindo pra ela, eu sabia que depois disso viria uma infinidade de perguntas.

—Mas você era noivo! - Ela falou como se não fizesse sentido.

—Sim, mas eu nunca pedi ninguém em namoro, nem em noivado, antes. - Esclareci. - Quer mesmo falar sobre isso? - Perguntei antes de estender o assunto.

—Sim, fiquei curiosa agora. - Respondeu dando de ombros, mas eu sabia que ela não era tão indiferente assim a esse assunto.

—Ta bom. Quando adolescente eu era meio tímido, então a minha primeira namorada me pediu em namoro e eu aceitei, não tive que fazer nada. - Contei e ela riu.

—Mulher da relação! - Brincou e eu ri também. - Durou muito?

—Quase um ano. - Respondi normalmente e continuei. - Depois disso houve uma pessoa, mas não era nada sentimental, então não tinha rótulo nessa relação, nós ficávamos, digamos assim. E com a Cho foi acontecendo, ninguém nunca pediu de fato, até que um dia estávamos conversando e ela disse que apesar de nunca ter pensando em casamento se casaria comigo, eu disse que também, e pronto, estávamos noivos.

—Nossa, como você é prático. - Ela comentou rindo.

—Não sou não. Agora eu sei que é porque eu nunca tinha encontrado alguém por quem valesse a pena fazer essas coisas. - Falei sincero, e ela abriu um sorriso enorme.

—Que lindo! - Comentou ainda sorrindo.

—Obrigado. - Respondi rindo.

—Os meus pais vão adorar você. Dona Molly principalmente. - Ela contou, com o maior sorriso do mundo. - Quando eu disse que você era irmão da Hermione ela ficou radiante.

—E seus irmãos? - Perguntei enrolando uma mecha do seu cabelo. - Será que vão gostar de mim também? Você tem irmãos demais, sabe que isso pode ser um problema, não sabe?

Nós rimos antes que ela respondesse.

—Acho que eles nem estarão todos lá. Carlinhos mora longe...

—Ele é o que mora na Romênia, não é? - Perguntei em dúvida.

—Sim, normalmente ele vem, mas não sei se virá esse ano. Gui é casado e ano passado ficou conosco, então acho que dessa vez vai pra França ficar com a família da Fleur. Então acho que só os outros estarão lá.

—Mesmo assim, só os outros já são muitos! - Falei e ela riu.

—Não é amor. Fred e George, os gêmeos que certamente vão achar um motivo pra te encher o saco durante todo o tempo que estivermos lá, Ron que você já conhece, e Percy, que é o mais chatinho, mas não ligue pra ele. - Explicou rindo. - E provavelmente tia Muriel, que não gosta nem de mim então com certeza não vai gostar de você também.

—Olha, e eu achando que meu pico de adrenalina tinha sido ir até a Disney. - Brinquei e ela riu.

—Sério que você foi pra Disney? - Perguntou e eu assenti. - É meu sonho ir pra lá, desde criança.

—Um dia nós vamos juntos. - Prometi e me levantei do sofá, levando-a comigo. - Agora eu me lembrei que tinha alguém muito empolgada pra ser amarrada. - Falei rindo enquanto a puxava para o meu quarto.

—Eu estava brincando, Harry! - Falou rindo.

—Mas eu não, ruiva! - Esclareci fechando a porta com o pé e empurrando-a para que caísse deitada na minha cama.

Fui até meu guarda roupas e tirei de lá uma gravata preta.

—Acho que isso serve. - Falei me virando para ela e vendo seus olhos verdes se arregalarem.

—Você está falando sério? - Perguntou inexpressivamente.

—Claro. - Respondi hesitante andando em sua direção.

—Ok. - Abriu o maior sorriso do mundo. - Não me decepcione.

Foi impossível não sorrir também ao vê-la ali, deitada na minha cama, usando a minha camiseta e se rendendo às minhas fantasias. Tão linda, tão entregue, tão minha.