Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 35
Capítulo 35




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POV Gina

—Você conseguiu resolver aquele título de dívida que estava pendente quando viajei? - Harry me perguntou enquanto estacionava o carro numa vaga em frente ao prédio onde eu morava.

—Consegui, mas acho que nunca na minha vida eu tive tanto trabalho. - Respondi exagerada. - Aaah e por falar em resolver, preciso da sua ajuda em uma coisinha.

—O que? - Perguntou enquanto abria o porta malas para pegar os presentes do Ron e da Mione.

—Lista de exercícios de matemática financeira. - Falei já sabendo qual seria sua resposta.

—Amor, não vou fazer seus trabalhos da faculdade. - Respondeu irredutível enquanto atravessávamos a rua de mãos dadas.

—Não quero que você faça pra mim, só queria sua ajuda. - Contestei o mais manhosa que consegui. - Caso você não se lembre, se não fosse um dos meus trabalhos talvez não estivéssemos aqui hoje.

Nós dois rimos com a lembrança.

—Eu não demoraria tudo isso pra tomar uma atitude, pode ter certeza. - Apertou o botão do elevador antes de continuar. - E por falar nisso, o que você estava fazendo debruçada sobre mim aquele dia enquanto eu me esforçava para encontrar a melhor didática pra te ensinar?

—Te cheirando. - Estranhamente eu não fiquei nem um pouco constrangida por responder isso. - Seu perfume é muito bom.

Ele riu e me puxou para um abraço, aproveitei a oportunidade para cheirar seu pescoço.

—Não estou usando perfume hoje. - Falou divertido.

—Eu sei, mas o seu cheiro é muito bom também. - A porta do elevador se abriu e nos viramos para sair. - Acho que até melhor que seu perfume.

Abri minha bolsa e comecei a procurar a chave de casa, notei que ele se debruçou sobre ela para olhar o que tinha dentro.

—Pra que tanta coisa?

—Não é tanta coisa, é tudo que eu preciso. - Puxei a chave de dentro e destranquei a porta.

—Duvido, ninguém precisa de tudo isso aí. - Respondeu já entrando e apenas ri enquanto trancava a porta novamente.

Assim que me virei vi que ele havia passado direto pela sala e estava entrando no meu quarto, o segui e parei ao lado da porta.

—Deseja alguma coisa? - Perguntei divertida.

—Desejo, mas você deve estar cansada. - Nós dois rimos com sua resposta. - Nada Gi, só estava olhando. Você conhece meu quarto, eu também queria conhecer o seu.

—Então fique a vontade, pode olhar o que quiser. Vou preparar algo para comermos, eu disse que não precisávamos vir tão cedo porque eles ainda não estariam aqui.

—Você tem que entender que uma pessoa que dorme até duas da tarde falar que não precisa acordar cedo por qualquer outro motivo é suspeito. - Contestou se explicando.

Eu ri e fui até a cozinha procurar algo para comermos. Enquanto tirava do armário alguns pães e torradas deixei a cafeteira ligada e coloquei toalha na mesa de jantar, levei todas as coisas para lá e enquanto o café estava sendo feito voltei até meu quarto para guardar as roupas que eu havia deixado em cima da cama ontem antes de sair. Assim que passei pela porta ele estava deitado na minha cama (havia empurrado as peças de roupa de qualquer jeito para o outro lado) olhando um álbum de fotos que eu me lembrava muito bem de ter guardado em uma das gavetas do meu criado mudo.

—Você disse que eu podia olhar o que quiser. - Respondeu diante do meu olhar de dúvida.

—Isso não incluía fotos da infância. - Falei começando a dobrar uma das calças.

—Então da próxima vez você deve dizer: pode olhar o que quiser exceto fotos da infância. - Rebateu sem nem desviar o olhar do álbum à sua frente. - Você era uma criança linda.

—Obrigada. - Falei rindo da sua cada de pau.

O álbum foi presente de aniversário da minha mãe no ano passado e devia ter aproximadamente umas cento e cinqüenta fotos, então quando terminei de dobrar todas as peças e me deitei ao seu lado para olhar também ele ainda estava vendo minhas fotos de quando tinha mais ou menos doze ou treze anos de idade. Estava virando as páginas lentamente: eu e meus pais, alguns primos, amigos da escola, uma foto onde eu e Rony estávamos sentados juntos e abraçados no sofá, vestida de dama de honra no casamento de Gui e Fleur, na praia, e mais um monte dessas fotos de família.

Conforme ele foi virando as páginas, as imagens que via já eram bem mais parecidas com o que sou agora: quinze, dezesseis e até os dezessete anos. Alguns passeios noturnos com os amigos com quem convivi desde sempre, as poses na frente do espelho, como é de praxe, algumas fotos rindo escandalosamente e, algumas páginas à frente, eu e Corney Creeve, meu primeiro namorado, de pé em um barzinho enquanto ele me abraçava por trás e me dava um beijo na bochecha e eu exibia um sorriso enorme, de pura felicidade.

Ele se deteve um pouco nessa foto, examinando-a atentamente. Não estávamos nos beijando, mas a maneira como ele me abraçava possessivamente, uma das mãos apoiadas no meu quadril e a minha receptividade pelo gesto sugeriam claramente que ele era mais do que um amigo meu.

—Quem é? - Perguntou um tempo depois.

—Corney Creeve, meu primeiro namorado. - Fui sincera.

—Quantos anos você tinha aqui? - Quis saber.

—Tinha acabado de fazer dezessete.

—Você tinha mais cara de criança do que agora. - Comentou rindo e eu o acompanhei. - Ficaram muito tempo juntos?

—Quase um ano. - Respondi finalizando a conversa.

Era um tanto desconfortável falar do seu primeiro namorado para seu namorado atual. Ele entendeu que o assunto havia acabado e continuou vendo as fotos até o final, parando em uma das últimas para comentar uma em que eu vestia uma camiseta com decote V enorme.

—Nossa. Você ainda tem essa camiseta? - Perguntou aproximando o álbum do rosto.

—Tenho. - Respondi sorrindo.

—Pode usá-la da próxima vez que sairmos juntos, ta bom? - Pediu me puxando para mais perto e me apertando em um abraço.

Terminou de ver as fotos enquanto eu dava alguns beijinhos em seu pescoço e o sentia se arrepiar. Assim que ele pousou o álbum em cima do criado mudo ao lado da minha cama, o chamei para tomar café e já ia me levantando.

—Espera aí. - Pediu e me puxou novamente para seu lado.

—O que?

Ele se mexeu um pouco e quando parou novamente atrás de mim estava com o celular em uma das mãos e o apontando para nós dois.

—Você tem que ter uma foto minha também. Fiquei com ciúmes. - Falou naturalmente.

As borboletas do meu estômago se eriçaram ao ouvir isso e eu sorri para a câmera à nossa frente. Assim que o barulho peculiar soou anunciando que nossa imagem havia sido registrada ele me virou para que deitasse na cama e debruçou por cima de mim, tirando nossa segunda foto juntos me dando um selinho demorado.

—Pronto, podemos ir agora. - Anunciou depois de ver as fotos em seu celular.

—Me passa depois? - Pedi indo atrás dele.

—Passo. Ou se eu me esquecer você mesmo passa depois. - Respondeu já se sentando.

Olhei no relógio um tempo depois e já era quase uma hora da tarde, já havíamos comido, assistido televisão, "estreado" minha cama, tomado banho (separados, para o caso dos dois chegarem), trocado meu vestido por um short jeans e a tal camiseta com decote V que ele havia pedido, estávamos agora jogando baralho e nada dos dois chegarem.

—Você joga muito mal! - Comentei assim que ganhei a terceira das quatro rodadas que já havíamos jogado.

—Não é, esse seu decote que está me desconcentrando! - Argumentou com a cara fechada e eu sorri. - Eles estão demorando, não estão?

—Eu disse que podíamos dormir até mais tarde. - Ele revirou os olhos. - Quer jogar mais? - Perguntei já embaralhando as cartas.

—Não quero não, é chato jogar com você.

—E o que quer fazer então, péssimo jogador? - Perguntei rindo.

Antes que ele me respondesse a porta se abriu e por ela passaram Ron e Hermione mais sorridentes que o normal.

—Olá meus amores. - Minha cunhada disse animadíssima enquanto dava um beijo em mim e um no Harry.

—Ahh finalmente. - Respondi me levantando e a abraçando forte. - Parabéns, cunhada!

Harry a parabenizou também.

—E ai, cara. -Ron o cumprimentou com um toquinho de mão. - Oi cabeçuda. - Me deu um beijo no rosto.

Mione foi até o quarto deixar a bolsa em cima da cama do meu irmão e quando voltou os dois se sentaram no sofá em frente ao nosso.

—Então vocês ficam sozinhos em casa e passam o tempo jogando baralho? - Ron perguntou divertido.

—Se você quiser saber detalhadamente eu te conto como passamos o tempo. - Respondi sorrindo.

Harry ao meu lado corou, Hermione riu e Ron ficou sem graça.

—Não precisa contar, deixa quieto. - Finalizou o assunto com cara de nojo e todos nós rimos.

POV Harry

Eu entreguei o presente de ambos e recebi um abraço discreto com os agradecimentos do Ron e esperei Hermione terminar de surtar por causa de um sapato, depois nos acomodamos confortavelmente no sofá e combinamos rapidamente o restaurante onde jantaríamos para comemorar o aniversário dela. Gina estava inquieta ao meu lado, e eu suspeitei que ela estivesse querendo contar para as primeiras pessoas o motivo do nosso jantar de ontem.

—Conta logo amor. - A incentivei.

Ron e Mione nos olharam confusos e disseram ao mesmo tempo:

—Amor? - Minha irmã perguntou sorrindo de canto.

—Contar o que? - Ron perguntou assustado.

Eu ri da cena e ela se ajeitou ao meu lado como se fosse fazer uma palestra.

—Estamos namorando! - Anunciou com a voz mais contida que conseguiu, embora eu tenha reparado no tom de euforia.

Hermione abriu um sorriso enorme e Ron respirou aliviado. Embora eu não estivesse exibindo um sorriso enorme como a ruiva linda ao meu lado, por dentro eu ria tanto quanto ela. Hermione nos parabenizou de todas as maneiras possíveis, além de salientar diversas vezes que dessa vez aprovava minha escolha. Dez minutos depois, e enquanto minha irmã ainda falava, Ron não tinha falado nada, e aparentemente isso incomodou Gina.

—Não vai falar nada, Ron? - Perguntou rindo e se aconchegando mais a mim.

Ele nos olhou com a expressão divertida antes de dizer:

—Sexo só depois do casamento!

A explosão de gargalhadas na sala foi geral, e nossa tarde se passou assim, da maneira mais perfeita para nós. Eu havia trazido na mochila o que usaria hoje a noite e Hermione tinha tanta roupa aqui quanto na nossa casa, então nos trocamos aqui mesmo e fomos os quatro no mesmo carro.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Como têm passado?
Bom, não vou me estender muito dessa vez. E só pra constar, acho que já faz muito tempo que eu não tenho nenhuma recomendação pra agradecer, vocês não acham? Sei lá, só uma ideia! ahahah Sem comentar também a Srta. Natália Rosso que sumiu de novo e o Sr. Gui Lion que nem sei dizer a quanto tempo não vem aqui, né? Lista negra para os dois rsrs
Espero que gostem, comentem, recomendem, opinem, critiquem, mas apareçam!
Beijinhos.