POV Gina

Tentei ao máximo me concentrar apenas no que tinha para fazer, mas mesmo assim o dia não passou rápido. Não desci para almoçar, ao contrário disso pedi para que entregassem um lanche aqui no escritório mesmo.

Exatamente no meu horário de saída eu já estava atravessando a recepção em direção ao elevador. Assim que passei pela mesa da secretária, ele começou sua seqüência de frases desnecessárias.

—Engraçado, Weasley. - A voz de sempre, que para mim se tornou insuportável. - O chefinho não está e você não almoça nem precisa mais ficar até mais tarde.

—Nada engraçado, Vane. - Respondi à mesma altura. - Pelo menos para mim, que faço faculdade e tenho prova hoje não é engraçado usar o horário de almoço para estudar e sair mais cedo para não chegar atrasada. - Inventei a primeira desculpa que me veio à cabeça.

Assim que terminei de falar saí sem esperar sua resposta, entrei no elevador que chegou rapidamente e assim que desembarquei no térreo saí em direção à vaga do estacionamento que eu já sabia de cor onde ficava.

Entrei em seu carro rapidamente para evitar que alguém do escritório visse e dirigi para casa, resolvi não ir pra faculdade hoje. Minutos depois entrei na garagem e estacionei o carro dele na segunda vaga à qual eu e Ron tínhamos direito. Peguei o elevador e assim que desci no andar onde morava meu celular tocou e eu senti o típico sorriso bobo no meu rosto assim que vi o código de outro país antecedendo o número.

—Eu já estava achando que seu avião tinha caído. - Atendi em tom divertido.

Ele riu abertamente do outro lado da linha.

—Eu estou bem, e você? - Respondeu irônico.

—Estou ótima. - Entrei em casa e fui direto para o meu quarto. - Como foi de viagem?

—Tudo bem. O vôo tinha escala, acredita? - Falou incrédulo.

—Você chegou agora no hotel? - Perguntei tirando os sapatos e me deitando de qualquer jeito na cama.

—Acabei de entrar, nem tomei banho ainda. E você já está em casa?

—Estava abrindo a porta quando você ligou, agora estou deitada na minha cama. Não vou pra faculdade hoje.

—Por que não? Está se sentindo bem?- Perguntou

Eu gostei da preocupação dele.

—Estou bem sim, só estou com preguiça de sair hoje. - Nem eu soube dizer de onde saiu essa voz manhosa que eu usei agora.

Ele riu baixinho do outro lado e eu hesitei um pouco, mas perguntei mesmo assim.

—Agora que está a mais de vinte quilômetros de mim você conseguiu se acalmar? - Meu tom soou provocante até aos meus ouvidos.

—Estava melhor antes de falar com você. - Ele respondeu rindo. - E por aí?

—Quem te convenceu de que eu estava assim? - Provoquei.

Ele gargalhou antes de responder, exatamente como havia feito de manhã quando eu falei a mesma coisa.

—Duvido que não estivesse. Eu não consegui ver, mas ouvi muito bem os seus gemidos. - Eu senti um misto de timidez e excitação ao ouvi-lo falar desse jeito. - Me conta, vai. Quando tempo você demorou a se acalmar?

—Bem menos que você. - Respondi mantendo o mesmo tom que ele estava usando.

POV Harry

—Bem menos que você. - Respondeu me provocando.

Eu já havia tirado a roupa da viagem enquanto falava com ela e estava agora só de cueca deitado na cama enorme que tinha no quarto do hotel. Meu amiguinho já estava doendo de tão duro e ela me provocando com aquela voz de adolescente safada que tem quando quer.

—Não tem problema, no final do mês eu estarei na empresa. É fechamento, com certeza vamos ficar só os dois até onze da noite outra vez e minha mesa continua ai, podemos reverter essa situação.

Eu ouvi sua risada e podia jurar que ela estava mordendo o lábio, da maneira que sempre fazia tanto em sua própria boca quanto na minha. E eu adorava.

—Como quiser, chefinho. - Voz sexy do caramba!

Eu estava me segurando a conversa inteira, mas agora não agüentei e minha mão foi quase com vida própria em direção à minha cueca e apertei meu membro tentando aliviar um pouco a tensão que havia ali.

—Não fala assim, Gi. - Pedi o mais normal que pude.

Ouvi sua risada baixinha do outro lado e o barulho de alguma coisa batendo.

—O que você está fazendo? - Quis saber.

—Agora estou me trocando, aquele vestido é muito quente. - Fechei os olhos para imaginar a cena. - E estou tentando achar o pijama daquele dia, porque eu o adoro, mas não sei onde deixei.

—Eu posso imaginar a cena? - Brinquei.

—Quer uma foto pra ajudar? - Perguntou entre irônica e divertida.

—Eu mesmo posso tirá-la? - A pergunta saiu em tom de brincadeira, mas intimamente era seriíssima.

Ela gargalhou antes de responder.

—Nunca, chefinho.

Foi difícil não imaginá-la só com aquela calcinha preta minúscula que estava usando hoje de manhã e me chamando desse jeito.

—Já te falei que eu acho... Legal quando você me chama assim? -Não quis falar excitante.

—Não, mas eu posso te chamar assim toda hora se você quiser. - Me provocou.

—Pode ser só quando você estiver ao meu alcance? - Me levantei e andei até a janela, daqui dava para ver a Torre Eiffel.

—Como quiser. - Respondeu rindo.

—Você já veio à Paris, Gi? - Perguntei mudando um pouco o foco da conversa, eu não queria que nosso primeiro ato sexual fosse por telefone a quilômetros um do outro.

—Nunca, mas sempre tive vontade. Você já tinha ido?

—Uma vez com papai, mamãe e Hermione para comemorar o aniversário de casamento dos nossos pais, mas estava no inverno e agora está calor, as ruas todas floridas. Você ia adorar, é lindo.

—Então aproveite os dias que estiver ai. - Seu tom de voz não sugeria uma vontade verdadeira de que eu aproveitasse.

—Sozinho e a trabalho? Só vou aproveitar o restaurante do hotel. - Ela riu mais verdadeiramente quando eu falei isso. - Gi, se importa se eu for tomar banho agora? Queria dormir um pouco mais cedo hoje, ficar sentado lá esperando a conexão me deixou cansado.

—Claro que não, pode ir. Vou tomar um banho também, aproveitar que não fui à aula e adiantar alguns exercícios que tenho que entregar.

Eu ri baixinho, essa fase tinha passado há tanto tempo para mim e ela ainda entregando lista de exercícios.

—Eu te ligo assim que puder, não sei o horário das reuniões, mas dou um jeito de te ligar ainda essa semana.

—Ta bom. Se cuide por ai, hein.

—Você também. E cuidado na faculdade. - Alertei. - Aquele rapaz não me inspira muita confiança.

—Vou ficar longe dele.

—Melhor assim. Boa noite, Gi.

—Boa noite, beijão.

—Beijão linda. Tchau.

E desligamos. Ainda fiquei alguns minutos na janela e depois fui para o banheiro. Tomei um banho demorado, pedi meu jantar no quarto mesmo e três horas antes do habitual eu já estava dormindo. No dia seguinte acordei cedo, tomei uma ducha rápida para despertar e estava ajeitando o nó da gravata quando o telefone tocou avisando que o motorista da empresa já estava me esperando.

Terminei de me arrumar rápido, coloquei o paletó, peguei minha maleta com o notebook e saí do quarto. No elevador pensei em mandar uma mensagem para Gina, mas pelo horário ela não deveria ter se levantado ainda, achei melhor não acordá-la. Passei pela recepção e entrei no carro preto que me esperava. Trinta minutos depois eu entrava na primeira reunião.

O primeiro dia se arrastou e eu mal tive horário de almoço. À noite os diretores da empresa fizeram questão de me levar para jantar e eu cheguei ao hotel já quase dez da noite, ela com certeza estava na faculdade e eu cansado, então não liguei. Só tomei um banho rápido assim que cheguei e desabei. O dia seguinte se passou da mesma maneira, mas quando cheguei ao hotel quinta-feira dez e meia da noite não me importei com horário e liguei mesmo assim, ainda sabendo que ela deveria estar na aula. Eu estava morrendo de saudade.

Entrei no quarto já com o celular na mão e discando o número do seu celular, estava desligado. Tentei no telefone da sua casa e Rony me atendeu.

—Alô.

—E ai cara, beleza? - O cumprimentei.

—Beleza e você? Como é que ta passando ai?

—Aquela chatice que você já conhece: reunião o dia inteiro, jantar chato de negócios, aquela coisa toda.

—Péssimo, hein. Mas semana que vem você está de volta, passa rapidão.

—É, pra você que não saiu de casa deve passar mesmo. - Nós dois rimos. - Sua irmã está ai?

—Eu imaginei mesmo que você não ia ligar para falar comigo. - Rimos de novo. - Chegou mais cedo da faculdade, está dormindo já. Vou chamá-la, espera ai.

—Não Ron, deixe-a dormir. Eu ligo de novo amanhã. - Preferi não atrapalhar seu sono, eu já sabia que ela parecia um urso hibernando.

—Você que sabe, se quiser eu chamo.

—Deixa quieto, é que já faz dois dias que nos falamos por isso liguei essa hora. - Me expliquei.

—Ah entendi. Harry me fala uma coisa. - Começou em tom sério e eu o mandei continuar. - Já vai admitir que está de quatro por ela ou ainda não?

Ele terminou a pergunta e riu, eu caí na gargalhada.

—Vai se foder, Ronald. - Era bom não perder antigos hábitos da nossa amizade. - Pode se dizer que talvez.

—Bom, já começamos a evoluir. - Rimos mais uma vez.

—Ron, já que sua irmã não pode falar comigo, eu vou dormir também. Boa noite, cara.

—Beleza, vai lá. Boa noite.

Desliguei o telefone, tomei um banho para tirar o cansaço e fui me deitar chateado, falar com ela certamente me faria dormir melhor. Apaguei nem cinco minutos depois e durante toda a noite Gina Weasley povoou meus sonhos.