Speechless escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

À linda Milla Maia, que deu à Speechless a honra de ser sua primeira recomendação, o meu Muito Obrigada!
Enjoy



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POV Harry

A deixei em sua casa e fui para a minha contendo a muito custo a vontade de convidá-la para dormir comigo, o que me fez lembrar que eu nunca a tinha visto dormir. Eu sorri o tempo todo ao imaginar formas de vê-la adormecida, afinal se fosse para vê-la de novo com aquele pijama nem que eu precisasse escalar a janela do seu quarto pelo lado de fora do prédio.

Cheguei em casa, estacionei o carro e subi. Eu até pensei na hipótese de tomar um banho, mas o cheiro dela sairia então desisti, escovei os dentes, tirei toda a roupa, exceto a cueca, e me deitei assim mesmo. Fiquei pensando bastante tempo no que eu teria sentido se ela não houvesse barrado minha mão naquele momento crucial, do qual eu não me arrependia embora já tenha me decidido a não tentar de novo a menos que ela dê indícios de que também queira. Lembrar daquela boca gostosa no meu pescoço e sentir o cheiro dela em mim não contribuiu muito para meu estado de espírito e só consegui dormir depois de me "aliviar" um pouco.

Dormi igual uma pedra, não sonhei com nada e não acordei nenhuma vez durante a noite. Como era domingo, não coloquei o relógio para despertar, acordaria naturalmente hoje e era quase dez da manhã quando abri os olhos. Eu sabia que estava sozinho em casa então fiquei deitado, mesmo sem conseguir dormir, pelo menos descansaria mais um pouco. Deixei minha mente vagar, pensei um pouco nos problemas do trabalho, no que teria que fazer essa semana, no que daria de presente de aniversário para Hermione (seu aniversário será no próximo mês) e (claro!) na noite de ontem.

Eu aproveitei nosso primeiro encontro (porque eu não considero o almoço de quinta feira um encontro) para observar bem tudo o que ela fazia: a maneira de jogar os cabelos para o lado com uma das mãos, as unhas muito bem feitas, a pele clara e quase sem maquiagem (mas mesmo assim perfeita), o perfume gostoso que ela usa, como gesticula ao falar, a modo sutil e ao mesmo tempo marcante de se vestir, a risada exagerada em alguns momentos e o modo quase intocável como ela segura os talheres (como uma perfeita menina mimada). Sempre foi meu hábito reparar nas mulheres antes de começar qualquer envolvimento, duradouro ou não, com elas e nosso jantar de ontem, junto com toda a inteligência que eu já havia percebido nela, serviram para que eu percebesse uma coisa: eu estava apaixonado.

“Por uma adolescente!” pensei e me levantei rindo e de cueca mesmo fui até o banheiro, escovei os dentes e depois me dirigi à cozinha para preparar algo para comer. Quando abri a geladeira eu tive uma idéia bem melhor, olhei no relógio e ainda não eram onze horas, ela certamente estaria dormindo, então ainda dá tempo. Peguei o telefone, me deitei de novo embaixo das cobertas, bem relaxado, e liguei para o mais novo numero anotado em meu celular. Seu eu ainda não posso vê-la dormir, eu pelo menos tentaria ouvi-la.

—Alô? - Falou com uma voz muito sonolenta que eu achei linda.

—Bom dia. - Respondi entre divertido e inseguro.

Afinal eu ainda não sabia como ela reagia quando era acordada cedo (ou no caso não tão cedo como hoje).

—Bom dia. - Me respondeu com uma voz animada e imediatamente mais desperta. - A que devo a honra da sua ligação a essa hora da manhã? - Me perguntou rindo.

Eu já havia me virado dez vezes na cama e não encontrava uma posição confortável para continuar minha conversa, então levantei e parei ao lado da janela.

—Eu estava aqui pensando em uma maneira especial de estrear o mais novo número de telefone anotado no meu celular, então pensei que talvez você quisesse ir tomar café comigo. - Perguntei só um pouco nervoso, mas aparentemente sem deixar transparecer.

Eu daria quase tudo para poder ver sua reação nesse momento.

—Mesmo considerando o horário é uma proposta irrecusável. - Falou divertida. - O que devo vestir?

Só mulheres fazem essa pergunta para irem tomar café!

—Algo bem confortável, é só um café da manhã. Prometo que não a levarei em uma festa de gala de surpresa. - Nós rimos com minha piadinha sem graça.

—Está bem, vou me vestir então. Que horas passa aqui?

—Meia hora está bom? - Ela concordou. - Então até daqui a pouco. Beijos.

—Beijão.

Desligamos e eu fui me trocar. Vesti uma calça de moletom preta, um tênis da mesma cor e blusa, também de moletom, azul marinho. Passei um pouco de gel nos cabelos para ficar pelo menos ajeitado, peguei minha carteira e as chaves do carro e saí. Cheguei na casa dela vinte e cinco minutos depois que desligamos o telefone e eu mandei uma mensagem de texto avisando que já havia chegado.

Alguns minutos depois a vi saindo de dentro do hall com uma calça preta de coton bem colada nas pernas e no bumbum e pouco mais solta do joelho para baixo, tênis branco, blusa de moletom branca com um detalhe pink na altura dos seios e os cabelos presos em um rabo de cavalo alto e um tanto desarrumado. Estava linda, só para variar. Ela andou a passos largos até o carro, abriu a porta e entrou, antes de me cumprimentar me olhou de cima abaixo.

—Só estava conferindo se não tinha me vestido simples demais. - Se explicou quando nossos olhares se encontraram e eu ri. - Bom dia. - Se inclinou em minha direção para me dar um selinho.

—Bom dia. - Retribui seu beijo e liguei o carro para sairmos. - E eu te levaria até em uma festa de gala com essa roupa. É incrível, qualquer coisa fica bem em você. - Essa ultima frase falei mais para mim do que para ela.

Ela apenas sorriu e apoiou sua mão em minha coxa quando o carro começou a se movimentar.

—Dormiu bem? - Me perguntou.

—Muito bem. Digamos que eu tenha tido uma boa noite antes de ir dormir. - Falei sorrindo para ela. - E você?

—Considere a mesma resposta. Exceto pelo fato de ter sido acordada quase de madrugada. - Nós rimos do seu exagero. - Aonde vamos? - Quis sabe.

—A um parque no centro de Londres, eles fazem um café da manhã muito bom.

—Não me considere abusada, mas eu nem trouxe minha bolsa hoje. Alem de não combinar com a minha roupa você nunca me deixa pagar mesmo. - Falou de um jeito engraçado.

—Faz parte do meu cavalheirismo isso. - Sorri para ela rapidamente e voltei a olhar para a estrada.

—Daqui a pouco você vai ser um cavalheiro falido se continuar assim. - Disse apontando o dedo para mim e depois voltando a pousar a mão na minha perna.

Rimos dessa e de outras coisas engraçadas que aconteceram no nosso dia, tomamos café demoradamente e sem pressa nenhuma, caminhamos pelo parque de mãos dadas por um tempo, ficamos um pouco sentados na grama e quando percebemos já havia passado muito da hora do almoço.

—Quer almoçar por aqui ou prefere ir para casa? - Deixei que ela decidisse.

—Se importa de ir para casa? Faz tempo que não ficamos os quatro juntos. - Respondeu caminhando ao meu lado arrumando o cabelo.

—Não me importo, vamos.

Esperei que ela terminasse de se arrumar e segurasse minha mão novamente para depois perguntar uma coisa da qual havia me lembrado.

—Por que você não estava mais passando os fins de semana com a gente? - Perguntei olhando para ela.

No começo da pergunta ela estava me olhando, quando percebeu o que era ficou com as bochechas vermelhas e olhou para frente.

—Eu sabia que você ia me perguntar isso uma hora. - Falou sorrindo e ainda sem me olhar. - Eu preciso mesmo responder?

Eu ri um pouco.

—Não precisa, se não quiser.

Pelo jeito como falou com certeza ela estava saindo com outra pessoa, e eu não queria ouvir isso dela, só saber já me deixava com ciúmes suficientes. Ficamos alguns segundos em um silêncio constrangedor até que ela falou.

—Foi por causa de você.

De mim???

—De mim? Por quê? - Perguntei confuso.

—Por que eu achava que se ficasse sem te ver a vontade de que acontecesse o que está acontecendo agora passaria. - Falou lentamente, como se estivesse escolhendo as palavras, e sem me olhar.

Me virei para ela sorrindo e vi suas bochechas vermelhinhas, o que me fez sorrir mais. Parei de andar e a puxei pela mão para que parasse de frente para mim.

—Então nesse caso obrigado. - Falei abraçando-a, mas ainda olhando em seus olhos.

—Por quê? - Perguntei visivelmente em duvida.

—Eu comecei a sentir saudade quando você sumiu. - Seria difícil explicar realmente o que comecei sentir quando ela parou de aparecer, mas acho que ela entenderia dizendo desse jeito.

E pelo sorriso enorme que abriu para mim ela com certeza havia entendido. Depois disso ela me beijou e eu tomei o cuidado de manter minhas mãos bem firmes apenas em sua cintura, nos separamos alguns segundos depois e continuamos nosso caminho até o carro. Fizemos o percurso até sua casa conversando sobre coisas banais, passamos em um restaurante e compramos almoço para os quatro e alguns minutos depois entramos em casa rindo abertamente um para o outro, Ron e Hermione estavam deitados no sofá e nos olharam cada um do seu jeito: Hermione desconfiada, Rony enciumado.

—Oi, gente. - Gi falou entrando e dando um beijo em cada um.

—Oi, Gi. ­- Hermione respondeu, Ron só a olhou. -Onde estavam até essa hora?

—Fomos tomar café em Londres, acho que ainda estavam dormindo quando ela saiu daqui. - Falei cumprimentando os dois.

Ron até me olhou mais amigavelmente depois disso, acho que entendeu que eu não havia dormido junto com sua irmãzinha.

—Trouxemos almoço, estão com fome? - Gi perguntou indo até a cozinha.

Comemos todos juntos, como era antes, e rimos o tempo todo. Hoje eu reparei mais em Rony e Hermione, eles tinham uma intimidade incrível, parecia que sabiam o que o outro estava pensando e eu me perguntei quando e se um dia eu seria assim com ela. Depois do almoço assistimos dois filmes na televisão, ela passou a tarde toda deitada no meu colo e eu fazendo carinho em seus cabelos. No jantar comemos pizza, para não perder o hábito, e quando já estava próximo das onze da noite eu e Hermione resolvemos ir embora.

Me despedi dela com um beijo discreto e carinhoso e um "até amanhã". Como Mione tinha vindo com o carro dela e sempre usava a segunda vaga à qual o apartamento do Ron tinha direito, não tivemos oportunidade de conversar no caminho. Estacionamos nossos carros quase ao mesmo tempo e subimos juntos no elevador.

—Me conta, como foi? - Me perguntou assim que paramos um ao lado do outro.

—Mas se ela vai te contar tudo pelo telefone amanhã, que eu sei. - Falei divertido.

—Eu gosto de ouvir as duas versões. - Riu pra mim.

—Foi perfeito, Mi. Nos divertimos muito, conversamos sobre tudo praticamente, demos uns beijos mais quentes e ela me barrou quando eu tentei passar a mão nela. - Falei normalmente.

—Harry! - Eu conhecia bem demais a minha irmã pra saber que isso era uma repreensão.

—Foi incontrolável, mas eu me desculpei e não tentei mais. Nem tentarei até ter indícios fortes de que ela quer isso. - Sua expressão se suavizou depois disso. - E eu pedi o telefone dela quando nos despedimos, porque eu não tinha. Ai hoje de manhã liguei convidando-a para tomar café comigo, e ela aceitou.

—Eu e Ron achamos que vocês tinham dormido juntos, ele não falou nada, mas ficou la se mordendo de ciúmes. - Nós rimos quando ela terminou de falar. - E você está se sentindo...?

—Feliz pra caralho. - Eu disse fazendo-a rir. - Eu gosto muito da companhia dela. - Falei e me virei para frente para abrir a porta de casa.

—Você se sentia assim com Cho? - Perguntou sem nenhum rodeio.

Eu estaquei com a chave na mão.

—Eu nem estava me lembrando dela, Mione. - Falei e até eu me senti incrédulo quando percebi isso. - Mas já que você perguntou não me sentia assim. Sempre pareceu faltar algo, e eu sempre atribui essa falta a você, papai e mamãe que estavam longe.

—Que bom! Dessa vez eu aprovo sua escolha. - Falou rindo e me fazendo rir enquanto voltava a abrir a porta para entrarmos.

—Eu sabia que um dia você aprovaria, só não pensei que fosse demorar vinte e três anos para isso. - Rimos do meu exagero. - Eu sinto uma necessidade muito grande de agradá-la, entende isso?

—Entendo - falou colocando a bolsa no sofá - você está apaixonado. A sensação é boa, não é? - Se virou para mim sorrindo. - Vou dormir, se importa?

—Claro que não, boa noite. - Me deu um beijo e entrou em seu quarto.

Eu me joguei no sofá pensando no que ela havia falado. Eu estou apaixonado e sim, a sensação é muito boa.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Meu presente de sexta feira pra vocês ;D
Comentem, opinem, critiquem, recomendem! A opinião de vocês é sempre muito importante!
Espero que continuem gostando.
Próximo capítulo semana que vem.
Beijinhos.