POV Gina.

Depois que eles saíram eu continuei deitada no sofá e sorrindo para o teto, Ron fechou a porta e me perguntou.

—Como foi o encontro?

—Foi ótimo, conversamos bastante, o lugar era muito bom. Eu gostei muito. - Me virei para ele. - E não dormimos juntos, Ron. Quando ele me deixou aqui ontem você já havia se deitado e quando saimos hoje ainda estava dormindo.

—Ahh entendi. - Sua cara de alívio foi perceptível.

Irmãos!

—Acho que estou apaixonada! - Falei sorrindo e olhando para o teto.

—Acha, é? - Falou irônico. - Eu costumava ver essa expressão nos olhos da Fleur.

Eu olhei para ele com cara de nojo e rimos. Fleur é a esposa do nosso segundo irmão mais velho, uma francesa cheia de frescuras e que morria de amores por ele na época do colégio, e convenhamos, o faz muito feliz desde uns dez anos atrás, quando se casaram.

—Fiquei até feliz com a comparação. - Rimos um pouquinho. - Vou dormir, Ron, estou cansada.

—Eu também já estou indo. Boa noite.

Dei um beijo nele e fui para o meu quarto.

O dia seguinte na empresa foi bem mais tranqüilo, estávamos mais a vontade. Almoçamos juntos na segunda feira e em todos os outros dias que se seguiram (eu fui categórica ao dizer que se ele não me deixasse pagar meu almoço eu voltaria a almoçar sozinha) e embora nos esforçássemos ao máximo para não demonstrar nosso caso secreto, a Srta. Vane nos observava muito, mas aparentemente ela era a única. Os fins de semana foram iguais, de vez em quando saíamos só os dois, mas passamos bastante tempo com nossos irmãos também.

Estávamos mais íntimos, já conversávamos sobre nossos problemas, contávamos algumas coisas engraçadas e vergonhosas da nossa infância, e também já deitávamos juntos no mesmo sofá para assistir filmes aos fins de semana. Mesmo assim ele nunca mais tentou passar a mão em mim. Ao mesmo tempo em que isso me deixava feliz eu me sentia meio frustrada as vezes, mas não demonstrava porque era bom saber que ele ficava o tempo todo comigo mesmo sem isso.

Fazia um pouco mais de um mês que havíamos saído pela primeira vez e nesse dia eu cheguei à empresa um pouco atrasada, Harry havia me ligado para falar que não estaria aqui e sim em nossa outra filial em uma reunião e para me dar bom dia. Nos despedimos quando eu sai do elevador e entrei na recepção. Cumprimentei a todos como sempre e parei um pouco na mesa em frente a Srta. Vane para pegar as correspondências do meu departamento.

—Bom dia, Weasley. - Falou de um jeito diferente.

—Bom dia. - Respondi e voltei a olhar os envelopes.

—Você e o Sr. Potter estão muito íntimos ultimamente, não é? - Me perguntou como quem não quer nada.

—Ele é meu único colega de trabalho, Romilda, passamos o dia inteiro juntos, é normal não acha? - Respondi indiferente e sem olhá-la.

—Fiquei sabendo que ele é amigo do seu irmão também, não é? - Continuou com aquele tom de voz fingindo indiferença.

—Sim, o conheço há bastante tempo. - Respondi da mesma maneira.

— E ele é só seu chefe, não é? Digo vocês não têm nenhuma relação alem dessa? - Perguntou agora visivelmente interessada.

—Claro que temos - seus olhos faiscaram para mim - ele é amigo da minha família há anos, como já te disse.

Peguei os meus envelopes e me virei para sair quando ela sorriu grandemente e continuou.

—Ótimo, porque eu planejo uma relação bem mais interessante para nós dois.

—Boa sorte. - Respondi com a maior frieza que consegui e fui para minha sala.

Fechei a porta com uma raiva totalmente compreensível e passei um tempo falando para mim mesma que eu deveria me acalmar e que o que a secretaria oferecida havia dito não deveria me deixar assim, afinal Harry é um homem bonito, inteligente, com dinheiro e por isso é normal que muitas mulheres fiquem em cima dela desse jeito. Esse pensamento me deixou ainda mais brava.

—Mas ele está com você! - Disse para mim mesma e comecei a trabalhar.

Não resolveu, mas melhorou um pouco.

O dia se passou extremamente lento hoje, almocei sozinha como fazia antes, saí no meu horário certo e fui para a faculdade. Hoje com certeza eu não seria dispensada mais cedo, a ultima aula era do Sr. Snape e ele ocupava cada segundo do seu tempo com explicações monótonas. Cheguei lá e encontrei Luna sentada em seu lugar de sempre, me sentei atrás dela que imediatamente se virou para mim.

—Oi, Gi. - Falou sorrindo.

—Oi, tudo bem? - Respondi enquanto arrumava minhas coisas sobre minha mesa.

—E o chefinho, ainda pegando?

—E pretendo pegar por muito tempo, amiga. - Nós duas rimos.

—Tenho que te contar quem veio falar comigo hoje antes que eu entrasse na sala.

—Quem? - Perguntei interessada.

—Dino. - Falou com cara de 'eu não tenho culpa. '

—Ele não desiste não? E o que queria?

—Saber por que você está se fazendo de difícil se ele sabe que você o ama. - Falou com cara de dúvida.

—Agora só faltava essa! O que esse cara tem na cabeça, Luna? - Ela só fez uma expressão engraçada e eu continuei. - E o que você disse a ele?

—Que se você o ama como ele diz está escondendo muito bem, porque a mais de um mês está saindo com outra pessoa que a está fazendo muito feliz. - Disse naturalmente e eu ri do jeito dela.

—Nossa, como você é sutil. - Rimos juntas. - Mas de qualquer forma obrigada, espero que ele se toque. Eu não gosto dessa perseguição toda.

—Nem eu gostaria.

Essa ultima frase saiu sussurrada porque o professor já estava na aula. Assisti às aulas concentrada e na hora do intervalo não sai da sala, preferi ficar conversando um pouco mais com a minha amiga. Como eu previ, a ultima aula foi extremamente monótona e me deu um sono incrível, mas vitoriosamente eu consegui me manter acordada. Uns quinze minutos antes de sair da aula começou a chover, e como meu querido professor simpático não me deixaria usar o celular eu só poderia ligar para o Ron quando saísse e teria que esperar meia hora até que ele chegasse para me buscar.

O sinal bateu e caminhei com Luna até a saída, ela sempre ia para casa com Neville, seu namorado que fazia outro curso aqui também, mas eles moravam do outro lado da cidade então sem chances de conseguir uma carona. Nos despedimos e eu continuei embaixo do beiral do pátio para não me molhar, tirei meu celular da bolsa e quando comecei a discar o número do meu irmão uma voz conhecida e não desejável falou de trás de mim.

—Temos que conversar.

—Dino, pelo amor de Deus, para com essa perseguição. - Me virei para ele. - Está ficando chato, sabia?

—Chato, Gina, é você inventar que está saindo com alguém só para me fazer ciúmes. - Falou cruzando os braços e me encarando de maneira inquiridora.

—Desculpe, Dino, mas eu não te devo explicações da minha vida. - Falei e me virei de costas para ele voltando a discar o número do Rony.

—Estamos conversando, pode parar de me dar as costas? - Falou bravo.

—Não temos mais nada para conversar. -Falei normalmente.

—Temos sim. - Falou isso segurando fortemente meu braço e virando-me bruscamente para ele.

Meus olhos imediatamente se encheram de lágrimas, nem meu pai nunca havia feito isso comigo, mas eu não as deixei cair, ao invés disso o encarei com raiva e não disse nada.

—Luna me disse que você está saindo com outra pessoa.

—E estou. - Falei com raiva. - Me solta.

Ele não soltou.

—Está na cara que você está mentindo. - Falou com segurança.

—Me solta, Dino.

Cadê os seguranças desse lugar? Olhei ao redor e não havia ninguém a vista.

—Se não está mentindo, cadê o tal cara que está te fazendo tão feliz enquanto você está tentando falar com seu irmão para vir te buscar?

—Me solta, Dino. - Respondi ainda olhando-o da mesma maneira.

—Solta ela, Dino.