Se ela machucasse meu filho... Se encostasse um dedo nele...

O que faria, Annabel? Perguntei a mim mesma e a resposta veio no mesmo instante: eu a mataria.

Capitulo 25 – Um ato final

 Antes de sair, Poseidon designou quatro guardas para ‘cuidarem’ de mim, o que significava que eu não deveria sair do quarto enquanto ele estivesse procurando meu filho - eu ainda não havia me acostumado com a parte do ‘nosso’.

Então, fui obrigada a fugir. Foi extremamente fácil, já que os guardas estavam do lado de fora do quarto e o banheiro tinha uma janela grande o suficiente para que eu pudesse passar. Quando me joguei por ela, a agua ao meu redor ficou mais densa e me abaixou lentamente ate o chão. Depois corri, porque sabia exatamente onde a vadia estava.

Cattleya precisava de um lugar fora da agua, para que o pai não a encontrasse, mas ao mesmo tempo perto, para que eu a encontrasse. Tudo se resumia a isso: eu e ela.

Eu tinha certeza que ela estava na casa ao lado da praia onde eu e Poseidon havíamos passado nossa lua-de-mel. Quase podia sentir sua presença la, andando de um lado para o outro, nervosa e aflita. Ela estava com medo, e eu sabia disso.

O circo esta se fechando, querida... E você vai ser pega.

A ruiva se virou pra mim no minuto em que entrei na casa, e me lançou um de seus sorrisos mais falsos.

-Olá, Annabel – disse.

- Cattleya – falei, rangendo levemente os dentes – Onde esta meu filho?

-Ah, o bastardo? – riu ela, depois chamou – Thomas traga a criaturinha aqui.

Apenas alguns segundos depois, Thomas apareceu, trazendo Nicholas consigo. Apesar de ele estar aparentemente bem, eu tive vontade de segura-lo em meus braços e não deixar que mais nada o machucasse. Mas para isso, eu teria que passar por Cattleya e Thomas, e isso não seria fácil.

-Solte ele – falei.

A ruiva riu.

-Sabe, Annabel, isso tudo é culpa sua – disse – Se você não tivesse aparecido no meu caminho, se tivesse ficado com seus pais quando ainda tinha 16 anos, nada disso teria acontecido. Você teria vida chata com alguém sem importância alguma, e eu teria conseguido o que queria. O seu problema, querida, é que você se apaixonou pelo cara errado, entende? Mas eu não a culpo por isso... Ele é simplesmente fantástico.

Tempo, meu amor.

Eu reconheci a voz em minha mente imediatamente e aquilo me deixou com vontade se sorrir.

Precisamos de tempo, Annabel... Distraia-a.

-Porque tudo isso, Cattleya? – perguntei – Seu pai já sabe a verdade. Não conseguira subir ao trono.

-Não se trata do trono – ela disse, com os olhos cheios de raiva e as mãos fechadas em punho – Eu não tenho mais nada e a culpa é sua.

-Cat... – começou Thomas, mas logo foi silenciado pela ruiva.

-Eu fiz tudo certo, sempre... Convenci Tritão de que seria melhor elimina-la o quanto antes; arrastei Poseidon para o pior lugar que encontrei; roubei seu colar e fingi ser você, mas nada deu certo... NADA!

Cattleya parecia ficar cada vez mais descontrolada e isso me deixava com medo. Medo do que ela poderia fazer com Nicholas.

A mulher respirou fundo e soltou um sorriso sem humor algum.

-Sempre fiz tudo o ele queria. Tudo para que ele notasse a mulher que eu sou. A mulher que seria perfeita pra ele. ELE TERIA ME ESCOLHIDO SE VOCÊ NÃO TIVESSE APARECIDO!

-Do que... Do que ela falando?

Cattleya revirou os olhos e mais uma vez riu sem humor.

-De Poseidon, é claro – respondeu – Quem mais seria?

Continuei calada. Eu estava chocada demais pra fazer ou falar alguma coisa.

-Entende, agora, querida? Eu o amo. Amo Poseidon e você o tirou de mim...

Pensei em Thomas, que ouvia calado sua esposa dizer que amava o outro.

-Mas ele é seu pai... Isso é incesto.

-E desde quando isso importa? Não sei se notou, mas a maioria da nossa família se casou com algum parente. Zeus e Hera, por exemplo, são irmão...

Eu não soube o que responder. Casamento entre irmão –ou primos próximos- era extremamente normal entre os deuses. Mas nem eles aceitariam algo assim.

-Mas estamos perdendo tempo é claro – disse ela, e puxou Nicholas para sua frente. Ele protestou, tentando se soltar, mas ela ainda era mais forte que ele – Você tirou algo de mim, querida, e agora vou tirar algo de você...

Arregalei os olhos quando Cattleya pegou uma faca que estava em cima da bancada e dei alguns passos pra frente, mas não demorou para que Thomas me bloqueasse o caminho.

Cattleya sorriu pra mim, e o sangue escorreu.