Arregalei os olhos quando Cattleya pegou uma faca que estava em cima da bancada e dei alguns passos pra frente, mas não demorou para que Thomas me bloqueasse o caminho.

Cattleya sorriu pra mim, e o sangue escorreu.

Capitulo 26 – Always and forever

Cattleya arregalou os olhos e desabou no chão, no mesmo instante em que dois guardas agarravam Thomas e o levavam para longe de mim. Poseidon estava na minha frente, logo atrás de Cat. Passava os dedos pelos cabelos de Nicholas e olhava com tristeza para a filha.

-Ela esta morta? – Nick perguntou, erguendo os olhos para o pai.

-Não – respondeu o deus, depois deu um suspiro e balançou levemente a cabeça - Ela é imortal, simplesmente não morre.

Nicholas assentiu, parecendo saber exatamente do que ele falava. Então olhou pra mim, e dando mais alguns passos em minha direção, se jogou em meus braços. Eu o apertei o máximo que pudi, beijando seu rosto várias vezes.

-Ah, meu menino – sussurrei, deixando lagrimas salgadas escorrem por meu rosto – Me perdoe, por favor, por favor... Eu sinto tanto...

-Você não tem culpa, mãe – respondeu ainda me abraçando com força – Agora vai ficar tudo bem.

Sinto muito.

Ergui os olhos para Poseidon ao ouvir sua voz em minha mente. Ele também olhava pra mim, parecendo sem saber ao certo o que fazer. Deu alguns passos em minha direção, então parou, suspirou novamente e voltou para pegar o corpo inerte da filha.

Perguntei-me se ele havia ouvido o que Cattleya tinha falado e o que pensava a respeito disso. E o mais importante, o que faríamos agora?

∞

Era algumas poucas horas depois e eu estava no quarto de Nicholas. Eu havia me recusado a sair de perto dele desde o que acontecera com Cattleya.

-Mãe, eu estou bem, ok? – disse ele mais uma vez – Não precisa ficar aqui.

-Bem , eu não tenho nada pra fazer – falei – E não me importo em ficar aqui.

Ele apenas revirou os olhos e deitou na cama. Sentei ao seu lado.

-Filho, eu tenho omitido algumas coisas de você e acho que esta na hora de contar – falei

Ele continuou olhando para mim, esperando, com os olhos tão azuis quanto o mar.

-Nick, a verdade é que... – suspirei, sem saber ao certo o que falar e como ele iria reagir – Seu pai, ele...

-É Poseidon – completou

Arregalei os olhos, surpresa e ao mesmo tempo confusa

-Como sabe disso? – perguntei

-Mãe, eu não sou burro, ok? – ele disse – E vocês deixaram muitos furos. Pensa bem: Percy é meu irmão e uma vez ouvi tia Anne falando que ele é filho de Poseidon e como eu sei que ele é filho da tia Sally e não seu. Bem, junte um mais dois... – ele deu de ombros, depois sorriu.

Continuei chocada por um tempo.

-E você esta bem com isso? – perguntei – Não esta com raiva de mim por não ter contado esse tempo todo?

Ele balançou negativamente a cabeça

-Gosto daqui – disse – E gosto de Poseidon, ele é bom comigo.

Eu sorri em resposta, esperando que aquilo fosse o suficiente.

∞

Voltei para o quarto lentamente, deixando que meus passos soassem extremamente autos no comprido corredor. Me joguei na cama assim que a vi e poucos minutos depois a porta voltou a se abrir. Sentei-me na cama enquanto Poseidon andava em minha direção.

-O que vai acontecer com Cattleya e Thomas?

-Deixei que Zeus tomasse a decisão, não quero me envolver com um julgamento desse porte agora. Provavelmente serão banidos para o mundo inferior, ou perderão a imortalidade. Tristão também será banido.

-Sinto muito – falei

O deus balançou a cabeça negativamente. Parecia mais cansado que o normal.

-Você não tem culpa – disse – E eles tem que pagar pelo que fizeram.

Ele parou por um momento, até que caiu de joelhos e enterrou o rosto no meu colo. Arregalei os olhos, sem saber o que fazer.

-Bel, meu amor, meu bem... – ele disse, mas sua voz soou estranha e abafada – Achei que fosse perder você, que fosse perder nosso filho. Desculpe, por favor, me desculpe. Me perdoe por colocar vocês em perigo. Eu só... Por favor, não me deixe.

Passei a mão por seu cabelo bagunçado.

-Poseidon, vai ficar tudo bem – eu disse, sem saber se isso era o certo falar em um momento como aquele – Eu não vou te deixar, nunca mais. Já fiz isso uma vez, e não pretendo fazer novamente. Ei, olha pra mim.

Poseidon levantou a cabeça lentamente, e eu pudi ver a tristeza em seu olhar, misturado com a incerteza. Peguei seu rosto com as duas mãos e tentei sorrir.

-Você não vai me perder, ok? Nem a mim, e nem ao Nicholas – falei – O que aconteceu não foi culpa sua... E eu não vou te deixar.

Me curvei em sua direção e beijei seus lábios.

-Vou ficar aqui com você – eu disse – Eu e o nosso filho, juntos... Para sempre.

-E seus pais? Sua família? A loja?

-Poseidon, eu sou sua esposa, eles sabiam que uma hora isso ia acontecer e vão ter que aceitar. Anne pode cuidar da loja, ela sabe como tudo funciona e vai se dar bem.

Ele assentiu, depois falou:

-Mesmo assim, precisa entender que Cattleya foi apenas uma de muitos que ainda virão. Outros tentarão ocupar meu lugar – balançou a cabeça – Esse mundo em que eu vivo... Me preocupo com você nele. Uma rainha sempre enfrenta adversários implacáveis. Você terá inimigos. Outras pessoas vão querer seu poder e não hesitarão em tentar consegui-lo.

-Você me protegera e sou mais forte do que pensa – falei, tocando seus lábios com os meus mais uma vez – Vou ter você ao meu lado, e é isso que importa. Só preciso que me aceite e serei sua para sempre.

Dessa vez foi ele que selou nossos lábios, em um beijo calmo e lento.

-Isso é para a eternidade, Annabel – disse ele – Você entende, não é? A eternidade...

Voltei a segurar seu rosto entre as mãos

-Eu te amo, Poseidon – falei – Sempre amei.

-Ah, Annabel, eu também sempre te amei.