~*~

            Segunda-feira, oito horas da noite e ali estava ele. Nervoso, batia efusivamente os dedos no volante, enquanto uma musica á qual ele não prestava atenção tocava no rádio do carro.

            Olhava esperançoso e receoso, o prédio luxuoso á sua frente. Receava que ela voltasse atrás e não aceitasse jantar com ele.

            Estava ali á quase meia hora esperando por ela. Suspirava de cinco em cinco minutos, tentava cantar a musica que não conhecia, só para fazer o tempo passar mais depressa.

            Mas, então, sem ele estar á espera, a porta de vidro do prédio abriu-se e ele sentiu o coração falhar uma batida.

            Ela estava perfeita! Sim, não havia outro adjetivo que melhor se encaixasse na definição daquela estonteante loira.

            Ah, como ele a queria só para ele!

            Sorriu com o seu pensamento e acalmando-se saiu do carro lentamente, sempre olhando a beleza daquela menina-mulher.

            Ela levantou o seu olhar do chão e surpreendeu-se com a proximidade que ele se encontrava dela. Sorriu, nervosa.

            Ele parou perto dela e ela com mais um passo ficou em frente a ele, sentindo o seu perfume amadeirado.

            -Boa noite! – Ela disse sorridente.

            -Boa noite Debbie! Estás…estonteante! – Ele disse.

            Ele pegou gentilmente na sua mão e evolveu-a no seu braço.

            -Vamos?

            Ela assentiu com a cabeça e sorriu-lhe. Ele encaminhou-a até ao seu carro onde lhe abriu a porta e de seguida se posicionou no lugar do condutor, para se dirigir até ao restaurante.

            ~*~

            -Não acredito! – Disse Debbie, surpresa pela escolha do restaurante. -Como é que conseguiste reserva? Eu nunca consigo!

            -Eu tenho os meus contatos! – Ele gabou-se.

            -E isto estava a correr tão bem! – Ela brincou.

            Os dois gargalharam e entraram no restaurante Daniel.

            Foram recebidos por uma mulher de uniforme, serveuse do restaurante, que perguntou pelo nome em que foi feita a reserva. Foram acompanhados por ela até uma mesa um pouco afastada das restantes.

            -Sabes, apesar de ser muito bom, estar no Daniel, que eu adoro digo já, é de desconfiar!

            -Então porquê? – Ele pergunta sorridente, deixando Debbie mais nervosa ainda.

            -Bem…Eu pergunto-me como é que um francês tem contatos tão bons em Nova Iorque?

            -Já ouviste dizer, que o segredo é a alma do negócio?!

            -Então, não vais mesmo dizer?

            -Talvez um dia!

            -Eu vou esperar por isso!

            -Ainda bem!

            Ela corou e ele sorriu-lhe gentilmente.

            -Sr. Totta! O chef chegará em breve, ele pediu que lhe oferecesse o nosso melhor vinho francês por conta da casa.

            -Obrigada Catty!

            -Até com o chef, tens confiança? Inacreditável! – Ela fingiu estar indignada e bebeu um gole do vinho servido pela serveuse.

            -Bons contatos! É a isso que todo se resume!

            Voltaram a gargalhar os dois.

            -E então, o que fazes como profissão Matthieu?

            -Sou diretor executivo! – Ele disse depressa demais.

            -Hum! Isso é um grande feito! Empresa de quê?

            -Publicidade! E tu?

            -Eu estou, neste momento, com o meu pai no GQ.

            -Trabalhas numa das mais conceituadas revistas, do mundo?! Bem…isso é… Eu diria…importante! – Disse parecendo nervoso.

            -É, eu acho! – Ela disse dando aos ombros.

            Os dois ficaram em silêncio alguns minutos. Debbie sentiu-se um pouco desconfortável e encarando Matthieu percebeu o mesmo desconforto da parte dele.

            -Matthieu! Boa noite! – Pronunciou Daniel Boulud, o dono e chef do restaurante.

            -Daniel! – Os dois abraçaram-se. – Como estás?

            Debbie levantou-se para cumprimentar o tão conceituado chef.

            -Bem meu caro amigo! E está beldade, quem seria?

            Debbie corou pelo elogio e apresentou-se.

            -Debbie Cooper. Prazer!

            -O prazer é todo meu, minha cara!

            -E então o que vão os meus convidados de honra eleger para esta noite?

            -Vietnamese Crab Spring Rolls. – Disseram os dois juntos, tirando gargalhadas do chef.

            -Definitivamente boa escolha! Com licença!

            Daniel desapareceu pela porta que dava para a cozinha deixando-os novamente sozinhos.

            -Eu estou curiosa para saber uma coisa! Realmente, vieste para Nova Iorque, para me seduzir? – Debbie perguntou sorrindo e corando ao mesmo tempo.

            Matthieu não conseguiu, não sorrir. Dito por ela, aquilo parecia mais ridículo do que era! Realmente, ele tinha agido de cabeça quente, ao viajar para Nova Iorque só para a conhecer! Mas ainda não se tinha arrependido um segundo sequer!

            -Apesar de ridículo, é a mais pura das verdades! Eu vim até aqui, com esperanças de te encontrar. E roubar o teu número de telemóvel foi sem dúvida a coisa mais inteligente que fiz na minha vida!

            -Só por acaso não estás a brincar comigo, pois não?

            -Achas mesmo?! – Ele perguntou, olhou nos olhos dela seriamente, deixando claro a veracidade das suas palavras.

            -Tudo bem! Eu acredito!

            -Ainda bem!

            ~*~

            Os dois saíram do carro e encostaram-se ao capô do mesmo, lado a lado.

            -Obrigado! – Ele disse.

            -Pelo quê, exatamente?

            -Por esta noite! Por seres simplesmente, tu!

            -Não tens nada que agradecer. O prazer foi meu! – Ela disse sorrindo.

            -Acredito que sim! – Disse ele brincando com ela.

            -Que convencido!

            -Mas espero que tu gostes!

            -Eu gosto! Está descansado!

            Ele colocou a mão no peito e fingiu estar aliviado, mas na verdade ele estava mesmo!

            - Sabes o que eu quero fazer agora? – Ele perguntou aproximando-se dela.

            Debbie sentiu as suas pernas falharem e sentiu necessidade de apoiar as mãos no carro.

            -Não… - Ela disse. A sua voz saiu fraca e baixinha, como se ela estivesse ansiosa para alguma coisa.

            Ele chegou perto dela o suficiente, para colocar a sua mão na cintura fina dela dando um pequeno apertão que quase a fez soltar um gemido. Ela fechou os olhos para evitar a vergonha. O que o fez sorrir.

            -Eu acho que sabes exatamente, aquilo que eu quero, minha menina!

            Os olhos verdes dela continuavam fechados. Ele acariciou a sua cintura delicada e a sua outra mão subiu até ao rosto dela acariciando a bochecha com o polegar.

            Ela abriu os olhos. E ele encarava-a seriamente, como se pedisse permissão para o que aqueles dois tanto queriam.

            E então ela fez algo, que nunca pensou fazer.

            Segurou o rosto dele delicadamente e encostou os seus lábios aos dele, deixando-o pasmo mas realmente excitado pela força de vontade que aquela loira tinha.

            O beijo começou devagar, como se eles se quisessem conhecer um ao outro, encontrar a sintonia perfeita, a sintonia deles. Matthieu abraçou a cintura dela com os braços e levantou-a do chão rodando-a no ar, enquanto ainda sentia os lábios doces dela. Sentiu que ela sorria e sorriu também.

            Ambos sabiam que era rápido de mais, mas na verdade, quem se importava com isso, quando na verdade eles não se importavam!

           ~*~sawahayanid samwed

            -Só podes estar a brincar! – Disse o seu amigo Dick.

            Debbie estava no bar do seu amigo, no dia seguinte ao jantar com Matthieu.

            -Tu é que pediste para te contar como correu! E o que te interessa se nos beijamos no primeiro encontro ou não? Jesus! Mete-te na tua vida! – Ela disse irritada com o amigo. Não conseguia perceber porque é que ele ficara tão irritado, chegando ao ponto de a irritar também!

            -Tudo bem! Não digas que depois não te avisei! Tu mal o conheces e…

            -Já percebi Dick! Podes deixar de ser um idiota irritadinho, agora? Obrigada! – Ela disse irónica, bebendo mais um pouco da sua cerveja.

            Dick levantou-se da cadeira irritado e ao ir para o balcão passou por Sophie que achou estranho ele não a cumprimentar.

            -Que doidice! Que se passa com ele? – Perguntou Sophie a Debbie, assim que se sentou numa cadeira, da mesa da loira.

            -Eu é que sei?! Pediu-me para lhe contar como correu o meu jantar de ontem e depois ficou todo irritadinho!

            -Hum! – Disse Sophie sorridente. – Já percebi!

            -Eu nem vou perguntar! Dessa cabecinha não pode vir grande coisa!

            -Desta não, mas sei de uma cabeça de onde vem grandes coisas! – Disse Sophie olhando com cara de eterna apaixonada para um homem alto e moreno que saí da casa de banho em direção a elas.

            -Essa frase, é impressão minha ou é uma metáfora um bocado sujinha, hein?! – Perguntou Debbie, brincando com a amiga.

            Sophie olhou para Debbie sorrindo.

            -Olá meninas! – Disse o possível marido de Sophie, que Debbie anda não conhecera.

            -Olá! Debbie. Prazer! – Cumprimentou-o a loira.

            -Sawahayanid. Mas podes tratar-me por Yanid, é mais fácil!

            -Bem mais fácil!

            Os três riram alto.

            -Então que ideia maluca foi essa de casar em Vegas? – Debbie perguntou.

            -Ela explica-te já que a ideia foi dela, e eu vou buscar bebidas! Boa sorte amor! – Ela levantou-se da mesa depositando um beijo rápido nos lábios de Sophie e dirigindo-se ao bar.

            -E então? Como correu o jantar de ontem?