No hospital Debbie tinha ido com uma enfermeira fazer o curativo e ele ficou a guardar a sua bolsa, quando uma ideia o assolou. Uma ideia que mudaria tudo, e ele não sabia.

            ~*~

            Nova Iorque.

            Um sol, frio, reinava no céu. Debbie aconchegou mais o seu sobretudo contra o seu corpo e saiu de casa.

            Já fazia uma semana que tinha voltado de Paris. O seu braço estava muito melhor. E depois de o estranho a ter deixado no hotel nunca mais se tinham encontrado e, na verdade, ela não sabia se isso era bom ou mau para ela, mas queria acreditar que era bom, muito bom!

            Tinha marcado um almoço com Monique, antes de a mesma partir para Itália com Thomas, o seu noivo. Debbie iria sentir falta dela, mas acreditava num futuro cheio de coisas boas para a sua amiga e para o seu companheiro.

            Chegou no restaurante, um pouco atrasada. Mal entrou encontrou Monique e Thomas abraçados. Monique parecia um bocado em baixo, mas mal viu Debbie colocou-se de pé e sorriu-lhe enquanto batia pequenas palmas junto ao peito. Debbie riu. Sabia que a amiga vivia sempre ligada á corrente.

            -Olá! – Cumprimentou Debbie, o casal.

            -Olá Debbie! – Cumprimentou Thomas.

            Monique abraçou Debbie beijando-lhe o rosto.

            -Senta. Então novidades de Paris? – Perguntou Monique.

            -Está tudo na mesma…

            -E os franceses? – Monique piscou-lhe o olho.

            Thomas apertou a cintura de Monique, fingindo-se chateado, fazendo-a um soltar um pequeno “Ai!” e, ele mesmo gargalhou com isso.

            -Estou a brincar amor! Sabes que só tenho olhos para ti!

            -Acho bem! – Thomas beijou-lhe os lábios suavemente.

            Debbie fingiu tossir chamando a atenção do casal que riu com a situação.

            - Mas conta aqui á tua querida amiga. Tiveste muitos affairs?

            -Não! – Disse Debbie fingindo estar triste, sorrindo de seguida. – Fui lá para trabalho, e tu sabes, mente perversa!

            -Eu?! – Monique fingiu-se indignada.

            -Eu que o diga! – Confessou Thomas baixinho.

            -Oh! Tu não te queixas quando nós…

            -Pois muito bem! – Interrompeu Debbie mudando de assunto. - O que vamos pedir?

            Os três gargalharam.

            Depois do almoço eles ficaram a conversar mais um pouco sobre a ida do casal para Itália.

            -E o que vais fazer lá Thomas? – Debbie perguntou.

            -Vou gerir a filial das empresas do meu pai. Talvez abrir uma nova na Sicília. Mas vai correr tudo bem! – Disse Thomas, olhando nos olhos de Monique, como se quisesse tranquilizar a sua noiva. Ela sorriu-lhe.

            -Claro que sim! Monique vai ter milhares de lojas abertas e vocês vão ser o casal sensação de Milão!

            Os três gargalharam mais uma vez.

            Debbie podia ver a felicidade do casal nos olhos dos dois, mas pensou ver na sua amiga a insegurança, e por isso torcia por eles, para que tudo desse certo.

            -Bem é melhor eu ir andando! Vou ter com o meu pai á casa dele. Encontramo-nos amanhã?

            -Eu espero que sim! – Argumentou Monique. – O avião parte às dez! Ainda deve dar tempo.

            -Tudo bem, então eu vou indo!

            Ela despediu-se do casal e dirigiu-se para a mansão do seu pai.

            Em frente ao portão da casa ele tocou o interfone e foi atendida por Gustavo, um emprego latino do seu pai.

            -Quem é? – Perguntou Gustavo com a sua pronúncia latina.

            -Daqui é Debbie, Gustavo.

            -Ah! Boa tarde menina! Entre, entre!

            Os grandes portões de ferro foram abertos e ela avançou para dentro da propriedade com o seu carro. Atravessou o grande caminho de asfalto até chegar á enorme entrada da casa. Estacionou o carro e saiu do mesmo subindo as escadas até á porta, que rapidamente foi aberta por Gustavo.

            Cumprimentou o emprego e subiu a escadaria de mármore até chegar ao escritório do pai. Bateu á porta e ouvindo o seu pai dar autorização para entrar, foi isso que ela fez.

            Observou o pai debruçado na secretária enquanto lia e assinava uns papéis. Coisa que ela estranhou, pois os fins-de-semana eram sagrados, para o seu pai.

            -Boa tarde pai! – Cumprimentou.

            -Oh! És tu querida! Boa tarde! Já almoças-te?

            -Já sim, pai! E o senhor, que está fazer fechado no escritório num domingo á tarde?

            -Estou a tratar de uns papéis importantes, querida! Depois mais tarde vais saber o que é!

            -Credo! Para que tanto mistério? O pai sabe que eu nunca fui muito fã de surpresas!

            -Por isso, ainda está solteira, querida! – Acusou o seu pai, brincando.

            -Pai! Isso é lá coisa que se diga! E eu estou solteira por escolha própria!

            -Hum hum!

            Debbie revirou os olhos fazendo o seu pai rir com o seu gesto.