Já haviam passado três meses desde que Debbie e Matthieu haviam embarcado numa relação sólida.

Debbie havia finalmente percebido que com Matthieu sentia-se segura e querida e entendeu que estava apaixonada por ele, que talvez já o amasse.

E contra isso ela sabia que não podia lutar.

Finalmente o mês de Dezembro havia chegado e com ele o aniversário da loira.

Monique que finalmente havia mudado para Nova Iorque juntamente com Thomas, estava felicíssima com a ideia de organizar a festa da amiga. A mesma havia alugado um salão de festas sofisticado e convidou toda a gente que as duas conheciam.

A festa teve lugar no centro da cidade e havia uma grande movimentação á porta do salão. A decoração envolvia cores entre o azul-marinho e o cinzento e entre os enfeites encontrava-se tons dourados e pratas que davam um ar de elegância á festa.

Quem chegava á festa não podia de deixar de reparar em todo o ar elegante que era o grande caraterizador da festa.

As pessoas carregavam um grande sorriso de imponência nos rostos e um extremo prazer por poderem estar presentes em tal evento.

Debbie chegou acompanhada de Thomas que a pedido de Matthieu tomou o lugar do namorado que proferiu que chegaria mais tarde naquela noite.

Debbie não demonstrou muita preocupação pois tinha total confiança nele e sendo Thomas um grande amigo seu não se importou da companhia.

A sua entrada foi recheada de sorrisos, flashes de câmaras e parabéns de todos.

A festa prolongou-se noite dentro e houve quem tivesse ficado depois de a aniversariante ter ido embora. Debbie estava radiante quando saiu pela mão de Matthieu pelas portas traseiras do salão de festas.

Os dois dirigiram-se para um parque da cidade e ficaram envolvidos até ver o sol nascer.

–Eu amo-te.

As palavras que Debbie proferiu de forma séria fizeram o interior de Matthieu tremer. Estava seguro que de agora em diante ela estaria entregue a ele de forma completa. Sem receios, sem estabilidades entre eles. E apesar de querer muito ficar contente por isso, como pensou que ficaria, ele queria levantar-se da relava húmida e correr até mais longe possível.

Ele sabia o porquê.

Durante os três meses em que estiveram juntos, Matthieu sabia de todo sobre Debbie, e ela pensava o mesmo, porém não sabia a verdade sobre ele, quem realmente era.

Matthieu tinha conhecimento que o dia em que ela descobrisse ia chegar, e ele sentia que estava muito próximo.

Adam percorria o corredor com um sorriso nos lábios. O mesmo sorriso malicioso e brincalhão que sabia que a sua chefinha odiava.

Encontrar-se-ia com Debbie para discutir sobre a sessão fotográfica da nova modelo da Emporio Armani.

Quando chegou ao andar dela a secretária da mesma não estava presente e sendo assim Adam avançou para a porta do escritório e bateu educadamente, não obtendo nenhuma reação.

Colocou a mão na maçaneta da porta e girou-a abrindo a porta no mesmo instante.

–Bom dia…chefinha… - Sussurrou vendo o escritório vazio.

Adam pensou bem se saía e voltava depois ou se esperaria por ela ali.

Sabendo que ela iria ficar irritada ao encontrá-lo ali decidiu ficar, para poder, mais uma vez, assistir á sua furiosa chefe chegar aos limites e quase, quase demiti-lo.

Sorriu e fechou a porta com o pé avançado de seguida para a cadeira de Debbie.

Sentia o perfume doce e fresco de Debbie no escritório e amava aquele perfume.

Quando se sentou na cadeira podia imaginar a frieza e a força com que Debbie dirigia a edição da revista. Sentiu Debbie e toda a sua personalidade naquele trabalho.

Observou todo o escritório que o rodeava querendo entender e conhecer mais da loira.

Observou todos os livros nas estantes, dramas e romances, preenchiam a estante de mogno. E ele percebeu que aquela pessoa fria que Debbie queria mostrar era na verdade delicada e ansiava por mais na vida.

Estudou os retratos na secretária de vidro da loira. Dois quadros estavam presentes.

Num dos retratos encontravam-se duas raparigas. Uma loira, sorridente e de olhos verdes, tão verdes como uma esmeralda preenchida pela luz do sol, cabelos com fios loiros banhados por quase inexistentes fios morenos. Uma mistura de cores suave que o deixava enternecido. A morena de olhos castanhos chocolate beijava a pele clara da loira e a mesma sorria abertamente sendo abraçada pelos braços da amiga.

Adam percebeu ali uma amizade duradoura e forte, importante demais para as duas.

O outro retrato tinha um casal representado. Ele tinha cabelos claros e olhos azuis e abraçava a cintura de Debbie que o olhava docemente. Adam aproximou o retrato do seu rosto.

Nunca tinha visto Debbie acompanhada por nenhum homem e apesar de ter conhecimento da presença de um homem na sua vida, ao ver aquela fotografia todo pareceu ficar mais real.

Olhando a foto do casal, Adam percebeu que eles pareciam inseparáveis e isso tomou conta de si. Levantou-se da cadeira delicadamente e saiu do escritório tomando um decisão que para ele seria definitiva.

De longe, achando estranha a sua reação, uma mulher de fios loiros observava atenta o caminhar do fotógrafo para longe do seu escritório.

O telemóvel de Matthieu tocava estridentemente em cima da mesa-de-cabeceira do seu quarto de hotel. Sonolento e sem prestar atenção a quem lhe ligava ele atendeu com a sua voz de quem acabou de acordar.

–Sim…?

–Matthieu?! É o Frank, preciso de te contar uma coisa séria.

–Não podemos falar mais tarde…? – Frank interrompeu-o.

–Olha, desculpa ligar-te tão cedo…Alguma informação vazou…Informação sobre ti. Precisas de voltar imediatamente.

Totalmente acordado Matthieu levantou o corpo da cama ficando sentado entre lençóis brancos e enrodilhados.

–Como assim? – Matthieu perguntou agressivo. – Ouve, seja lá o que aconteceu precisas de resolver, eu ainda não…Nada disso podia acontecer agora. Debbie ainda não sabe nada sobre…

–Eu aconselho a que te despaches com o que tens a fazer. Tens cerca de dois dias antes que a publicação se torna pública. Cuidado com o que fazes agora. Tens olhos em cima de ti a partir de agora.

Matthieu respirou fundo tentando pensar no que iria fazer agora. Contar a verdade, ou simplesmente desaparecer sem explicação?!

“Eu amo-te.”

Aquelas duas palavras invadiram-no com força total e ele sentiu o ar deixá-lo por segundos. Um pouco atordoado Matthieu levantou-se e vestiu as suas calças de malha. Olhou-se ao espelho do quarto e a raiva alastrou-se como fogo pelo seu corpo.

–Não…

Com o seu telemóvel em mãos marcou desesperado o número que tão bem conhece. Ela não atendia e ele sabia que ela estaria provavelmente numa reunião. Tentou ligar-lhe novamente e novamente foi parar á caixa de correio.

Sem conseguir falar com ela, Matthieu decide então fazer o que melhor sabia fazer, desaparecer para o mundo, só que desta vez ia deixando algo para trás.

Quatro dias depois

“Quase quatro meses depois de ter estado desaparecido para o mundo Matthieu Martinez abençoou todos os seus fãs com um concerto especial no centro da nossa linda cidade. Paris, recebeu de braços abertos o regresso do nosso cantor preferido.

Os fãs foram levados ao extremo e mais uma vez Matthieu consegue superar as expetativas depositadas em si.

Depois de ter desaparecido para umas férias, e com bilhetes esgotados por toda a Europa, Matthieu prolonga a sua tour deixando milhares de fãs á beira da loucura.”

Uma lágrima solitária deslizou pela face clara de Debbie, ela não aguentava mais saber de notícias sobre ele. Queria poder desligar-se do mundo e simplesmente esquecer-se que a primeira vez que se entregou realmente a alguém, foi enganada e abandonada sem nenhuma explicação, literalmente do dia para a noite.

Mas ela não iria ficar a sofrer por ele para sempre, sabia disso, apenas precisava de uma noite diferente, como dissera Monique, na noite anterior.

Levantou-se do sofá da casa da amiga e caminhou até á cozinha onde a mesma preparava o almoço para o encontro com os amigos. Sophie e Yanid estavam de volta á cidade e Monique decidiu juntar o pessoal na sua nova casa.

Enquanto a morena fatiava alguns dos ingredientes, Debbie olhava o anel que brilhava na mão da amiga. Sempre dissera que nunca casaria, nunca subiria ao altar e nunca iria admitir em simples e repetidas palavras que amava algum homem. Mas agora encontrava-se numa situação em que ela mesma queria sentir-se na pele da amiga, queria saber o que é sentir-se amada por alguém até ao fim, saber que todos os dias teria um homem que a iria amar, na saúde e na doença. Palavras velhas e repetidas nunca lhe pareceram tão corretas como naquele momento.

–Debbie?

A loira olhou a amiga e fingiu um sorriso.

–Sim…

Monique respirou fundo e continuou como se nada fosse. Ela não gostava de ver a amiga sofrer e sabia que ela precisaria de todos ao pé de si agora.

–Estava a pensar em fazermos alguma coisa diferente esta noite…Começávamos no bar do Dick, e depois íamos até á nova discoteca que abriu do outro lado de Manhattan…que achas?

Dick.

Debbie lembrou-se do olhar que o mesmo lhe lançou quando este a viu na noite em que ela soube que ele tinha ido embora. Dick simplesmente lhe virou as costas e foi como se lhe cortasse o coração. Ela conseguia perceber o porquê de ele ter agido assim. Ele já a tinha avisado acerca dele, mas Debbie simplesmente fez o que lhe pareceu bem.

Debbie sorriu fraco para a amiga e assentiu, deixando as normais conversas entres as duas de lado.

–Adoro a tua animação!

Debbie levantou-se a abraçou a amiga de lado, beijando-lhe o rosto.

–Obrigada por tudo. – Sussurrou para a morena.