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Terça-feira de manhã, quando se levantou Debbie já se encontrava sozinha. Um bilhete fazia-lhe companhia na almofada ao seu lado. Com um sorriso nos lábios ela relembrou a noite anterior enquanto lia o pedaço de papel preenchido com a letra de Matthieu.

Despertou das lembranças da noite passada quando o seu telemóvel tocou.

-Hei! – Cumprimentou uma Monique contente. – Como foi a noite? – Perguntou rindo.

-Boa! Tu onde estás?

-Na cama não é de certeza! – Respondeu sarcástica. – Mas enfim…tens quinze minutos para estares pronta, eu apareço aí depois.

-Porquê? Que vamos fazer?

-Vamos almoçar! Agora desliga o telemóvel, levanta esse rabo branco da cama e veste-te.

Debbie gargalhou e Monique desligou a chamada.

A loira estava feliz. Parecia que tudo estava a encaixar-se novamente. Tinha feito as pazes com o seu pai, tudo estava bem com Matthieu e a sua amiga estava de volta.

Rapidamente se arranjou e mais tarde ouviu a porta do seu apartamento abrir. Monique havia chegado.

-Vamos? – Perguntou Debbie.

-Só vou trocar estes sapatos por algo mais confortável.

Debbie assentiu enquanto Monique se dirigia ao quarto.

O telemóvel do apartamento tocou e Debbie atendeu calmamente.

-Fala a Debbie.

-Debbie, querida, daqui é o Donald.

-Oh, olá Donald. Está tudo bem?

-Sim, felizmente. Eu só queria pedir que avisasses a Monique que ela poderá ver o apartamento amanha de manha, se assim ela o desejar.

-Claro, eu aviso, fique descansado Donald.

-Obrigado querida. Até mais.

-Até mais.

Debbie voltou a colocar o telefone no repouso e sorriu com a expectativa de poder ter Monique como sua vizinha.

-Quem era? – Perguntou Monique, curiosa.

-Donald. Pediu para te avisar que podes ir ver o apartamento, se quiseres.

-Amanhã?

Debbie assentiu e Monique ficou contente com a proposta de Donald.

As duas saíram do edifício em direção a um restaurante que ficava perto da revista.

            Elas entraram e sentaram-se numa mesa á qual foram dirigidas.

            -Vais trabalhar hoje? – Questionou Monique.

            -Sim. Tenho de passar na editora para ver a capa do próximo mês.

            -Do que fala?

            -Kate Moss.

            Monique encolheu os ombros e assentiu.

            -Porque é que tu perguntaste?

            -Queria fazer umas compras. Levantar um pouco o meu humor. – Respondeu Monique.

            -Para isso basta ligares para o Thomas. Vocês têm de fazer as pazes.

            Debbie sorriu quando Monique, que iria falar, foi interrompida pelo empregado que veio fazer os pedidos.

            Monique olhou Debbie ferozmente por cima da carta do menu e as duas sorriram.

            -Mas agora a falar a sério Monique, o Thomas sabe onde estás?

            -Ele pensa que eu estou em São Francisco. Não tenho intenções de mudar isso. – Resmungou. – Quando ele quiser que me procure.

            -Já estou mesmo a imaginar…! – Resmungou. - Um dia destes aparece-me o Thomas á porta também.

            Monique sorriu.

            -Azar o teu.

            -Veremos. – Desafiou a loira.

            O empregado regressou, agora com os pedidos das duas, que comeram enquanto falavam da nova capa da revista de Debbie.

            -Dick falou-me que tens um novo fotógrafo.

            -Sim é verdade. – Confirmou normalmente. – Já há algum tempo.

            -Hum…Porque é que tu não me disseste?

            Debbie bebeu um gole da sua bebida e pousou o copo, sorrindo.

            -É apenas um fotógrafo.

            -É bonito?

            -Já sabia que ias perguntar isso! – Brincou. – E sim, ele é jeitoso.

            -Jeitoso?! A que nível?

            -Monique! – Reprimiu.

            -Ok, ok! – Assentiu. – E o teu francês? Quando é que o irei conhecer?

            Debbie encolheu os ombros e revirou os olhos.

            -Quando o conheceres!

            -Não me digas?! – Exprimiu sarcástica. – Já passou o quê…? Um mês, desde que o conheceste?

            -E dois dias.

            Monique revirou os olhos.

            -Que seja! – Refilou. – Mas o que eu quero dizer é que, sendo eu a tua melhor amiga…

            -Nunca disse tal coisa! – Brincou.

            -…Eu já o devia ter conhecido. E cala-te que eu sei muito bem que eu sou a tua melhor amiga. Além de mim quem mais é que te consegue aturar?!

            Debbie riu.

            -Exato! – Ironizou. - Modéstia á parte…!

            Monique encolheu os ombros enquanto Debbie olhava o seu relógio.

            -Tenho de ir…

            -Eu vou contigo, quero conhecer o Adam!

            -Como é que tu sabes o nome… Foi o Dick! – Afirmou. – Ele disse-te tudo?

            -O que mais me interessava. – Assentiu Monique.

            -Não acredito! – Disse Debbie, espantada.

            Monique sorriu abraçando a amiga pelos ombros.

            As duas dirigiram-se aos estúdios da GQ, onde quando entraram, foram recebidas por bonitos sorrisos e elogios.

Ali todos conheciam Monique, apesar de nunca a terem visto no estúdio, sabiam que era uma das pessoas em que Debbie mais confiava, uma irmã para a loira.

            -Isto é demais! – Elogiou Monique. – Bom trabalho, Debbie.

            Debbie sorriu, orgulhosa.

            -Obrigada. Mas também se deve ao meu pai.

            -Ah sim! Onde está o tio? – Perguntou Monique.

            Debbie olhou no seu relógio de pulso, tentando obter uma resposta a Monique.

            -A esta hora deve estar no escritório dele, ou está a chegar. – Respondeu. – Mas podes ir lá ver. A Tricha leva-te.

            Monique assentiu, agradeceu e dirigiu-se ao andar superior onde ficavam os escritórios presidenciais e os gestores financeiros da revista. Quando Tricha bateu na porta do escritório de Mikael e o mesmo deu permissão para entrar, Monique fê-lo sem hesitar.

            -Olá tio! – Cumprimentou Monique.

            -Minha sobrinha! – Mikael levantou-se com os braços abertos e um sorriso nos lábios. – Há quanto tempo, minha querida?

            Monique fingiu pensar numa resposta e respondeu:

            -Uns três meses! – Sorriu abraçando o seu tio adotivo. – Já soube das novidades.

            Mikael apontou-lhe a cadeira que ficava em frente da sua secretária e Monique sentou-se.

            -Espero que ao contrário de Debbie, tenhas recebido de uma forma mais…

            -Tio, você sabe que eu sou uma mente aberta! Não tem de se preocupar. – Tranquilizou-o Monique. – Aliás eu estou á espera do meu convite para o casamento.

            Mikael gargalhou face á espontaneidade da sua “sobrinha”.

            -Claro que sim, minha querida. – Confirmou. – E novidades tuas? O que te trouxe ao meu ninho?

            Monique levantou-se e aproximou-se da grande janela de vidro que se apresentava atrás da secretária do tio.

            -Vim acompanhar Debbie e com sorte conhecer o novo fotógrafo.

            -Ah sim…Adam. – Mikael coçou a nuca. – É cá uma peça!

            Monique sorriu e olhou o tio, voltando-se a sentar.

            -Sim já me disseram. – Comentou. – Principalmente da relação dele com Debbie. – Monique franziu o cenho. – Tricha já me contou algumas das aventuras daqueles dois.

            Mikael sorriu.

            -Acredito que tenham sido algumas. – Monique assentiu. – E como está Itália? Thomas?

            -Itália está bem, os negócios correm bem, felizmente.

            Mikael acedeu e encarou a sobrinha reparando que alguma coisa se passava. Alguma coisa que ela não queria contar.

            -O que se passa, minha querida?

            Monique encarou o tio, confusa.

            -O Thomas sabe que estás aqui?

            A morena respirou fundo e cruzou as pernas, furiosa.

            -Mais ou menos…

            -Mais ou menos? – Perguntou o tio. – Monique, tu nunca foste de fugir aos problemas, o que se passa?

            Monique encarou o tecto do cômodo e encarou o tio novamente.

            -Eu foi totalmente infantil, verdade, mas acho que eu também precisava de estar um bocado longe. Aliás, não fui só eu que errei, Thomas agiu mal ao não contar-me da bonita secretária do escritório e ter de ser eu a descobrir que ele gosta de olhar para ela num grupinho de amigos. – Monique bufou. – Eu fugi, sim, foi infantil, mas eu precisava de estar um pouco em casa.

            Mikael sorriu.

            -Eu compreendo, querida. Mas sabes que mais tarde ou mais cedo vocês vão ter de falar, certo? Assuntos desses nunca se deixam pendentes.

            -Obrigada tio! E sim, eu faço questão de falar com ele…quando me der jeito. – Monique sorriu acanhada. – Eu prometo tio, eu vou resolver isso.

            Mikael assentiu.

            Os dois despediram-se e Monique foi procurar pelo novo fotógrafo. Encontrou-o no estúdio a limpar as suas máquinas e respetivas lentes.

            -Adam? – O mesmo olhou-a quando esta o chamou. – Prazer, sou Monique, amiga de Debbie.

            Adam sorriu e Monique não deixou de perceber tal facto.

            -Prazer Monique.

            -Então, Debbie hã?!

            Adam olhou-a confuso mas continuou a sorrir.

            -É?

            -Quero dizer, gostas dela, certo?

            Adam olhou-a assustado.

            -Sou assim tão transparente?

            Monique sorriu enquanto observava as câmaras de Adam.

            -Como água. – Ela encarou-o. – Sabes que ela tem um namorado, certo?

            Adam negou e continuou a prestar atenção às suas câmaras.

            -Um francês… - Monique encarou-o tentando ler as feições do rapaz. – Ela provavelmente vai-me matar, mas…se gostas dela porque é que nunca arriscaste?

            Adam riu.

            -Eu já tentei. Mas se ela tem namorado… - Respondeu encolhendo os ombros. - E aposto que não faço o tipo dela!

            -Da última parte, eu tenho certeza. – Adam assentiu com um olhar sarcástico para Monique, que sorriu. – Bem acho que vou deixar-te acabar o que estás a fazer.

            -Obrigado. – Adam assentiu. – Espera, porque é que vieste falar comigo?

            -Curiosidade. – Monique sorriu. – Adeus.

            Adam acenou-lhe e Monique saiu deixando-o sozinho.

            Após a sua saída, Adam ficou a pensar no que ela havia dito sobre arriscar. E decidiu que tentaria novamente com Debbie. Além disso ele não tinha nada a perder, pelo contrário, só a ganhar.