Dois dias haviam se passado desde a briga com Adam e eu não falava com ele desde então. Tinham mais de 100 chamadas não atendidas dele. Eu ainda estava com raiva do modo como ele havia falado comigo e estava muito confusa sobre tudo o que aconteceu.

Sentia falta do Adam, mas ainda não queria conversar com ele. E Justin. Sentia falta dele também. Nos tornamos grandes amigos mesmo nos conhecendo a pouco tempo.

Meu celular tocou outra vez. Adam. Resolvi atender.

- Em?

- Oi.

- Até que enfim Ems. Eu... a gente pode conversar? – ele parecia bem confuso.

- Aham...

- Olha, eu queria pedir desculpas. Eu sei que fui bem idiota aquele dia. Desculpa. Eu fiquei com ciúmes...

- Eu sei. Eu também queria pedir desculpas por ter esquecido o nosso encontro.

Ficamos conversando por uns 30 minutos e nos acertamos finalmente.

Um mês se passou e eu não via Justin desde então. Ele sumira. Nunca mais passou aqui por perto de casa, nem o vi por Manhattan.

Quanto a mim e Adam, estávamos bem. Um pouco diferente, mas bem.

Em um sábado a noite, decidi fazer compras na 5ª Av. Estava caminhando sozinha quando olhei pra frente e vi Justin do outro lado da rua. Corri até ele e gritei:

- Justin!

Ele pareceu ouvir, mas continuou andando. Corri mais rápido até alcançá-lo.

- Justin! – Segurei ele pelo ombro.

- Ah, oi Emma! – Ele sorriu, mas pareceu forçado.

- O que aconteceu com você? Nunca mais te vi por aqui.

- Ah, nada. Eu só andei muito ocupado.

- Hm. Então, tudo bem?

- Tudo, e com você?

- To bem. Senti saudades. – olhei no relógio. – Olha, ta afim de assistir um filme? Se formos pro cinema agora dá tempo de pegarmos a sessão das 7h00.

Justin concordou e fomos para o cinema. O filme acabou as 8h50 e fomos para uma Starbucks. Pedimos nossos cafés e ficamos sentados conversando.

- E o serviço comunitário? Já cumpriu?

- Ainda não. Faltam 20 horas.

Justin estava falando sobre o trabalho quando olhei atrás dele e vi Adam e mais dois amigos se aproximando rindo bastante. Ele por fim me viu.

- Ah não. Droga!

- O que foi? – Justin perguntou.

- Emma? – Adam chamou. A expressão dele mudou imediatamente.

- Oi.

- Fala sério. Você ta fazendo o que aqui com essa cara Emma? Eu já te falei. – Ele falava alto.

- Adam, a gente já falou sobre isso. Ele é meu amigo e você disse que tudo bem.

- Não Emma! Não tá tudo bem!

- Adam. – me coloquei de pé. – Você ta bêbado? – Olhei pra uma garrafa de whisky na mão de um dos amigos dele.

- Não.

-Para de gritar ok? – Olhei pra Justin. – Eu tenho que ir. Desculpa.

Justin concordou com a cabeça e ficou sentado.

- Me diz Emma, o que ta rolando?! – Adam perguntou.

- Nada. Vamos sair daqui ok? Não vai dar vexame no meio da rua. – Puxei ele pelo braço e andamos um pouco mais pra longe da mesa onde estava.

Adam agarrou meu braço e me puxou.

- O que ta acontecendo Emma? Entre vocês dois? Me fala porra!

- Adam, para com isso! – Os olhos dele estavam exalando ódio. Nunca o vira daquele jeito.

- Você ta ficando com aquele otário? – Ele apertou meu braço.

- Adam, você ta bêbado!

- Não muda de assunto!

- Adam, meu braço. Ta doendo! Para com isso. Ta me machucando! – Falei alto.

Justin se colocou de pé e veio se aproximando depressa.

- Solta ela Adam!

Adam olhou para ele por cima do ombro. Soltou meu braço, se virou pra ele e disse:

- Você toma conta das suas vadias que da minha cuido eu, falou?

Assim que Adam terminou a frase, Justin se aproximou e lhe acertou um soco no nariz. Adam levou a mão ao nariz e ficou tonto. Se apoiou na parede para não cair. Antes que ele pudesse se recuperar, Justin foi pra cima dele outra vez.

Adam caiu. Justin subiu em cima dele e começou a bater ainda mais forte nele.

Consegui me recuperar do choque e falei.

- Justin, para! – Ele parecia não me ouvir. – Justin, já chega! – olhei pros amigos de Adam. – Pelo amor de Deus, façam alguma coisa!

Os garotos por fim foram em direção a eles e conseguiram com muito esforço tirar Justin de cima de Adam.

Justin tentava se livrar dos garotos e voltar a bater em Adam. Me coloquei na frente dele.

- Justin, chega! – Segurei seu rosto com as duas mãos. – Para com isso.

Seus olhos encontraram os meus. Seu olhar passou imediatamente de ódio para preocupação.

- Emma, você ta bem? Ele te machucou?

- Não, eu to bem.

- Tem certeza?

- Justin, eu to bem. – olhei pra Adam no chão.

Ele tinha o nariz, a sobrancelha, a boca e o nariz sangrando. Os meninos o levaram para o hospital e eu fiquei com Justin.

- Não é melhor irmos para o hospital? Sua sobrancelha esta cortada. Sua boca também. – reparei.

- Não, eu to bem.

- Anda, vamos pra casa. Você precisa de curativos.

Dirigi até minha casa. Era tarde, 11h10 mais ou menos. Entramos.

Levei Justin até meu quarto para que ninguém acordasse e visse ele em casa.

- Espera aqui ok? Vou descer e pegar o kit de primeiros socorros.

Voltei e cuidei dos cortes dele. Não eram profundos. Só limpei e coloquei band-aids.

- Pronto. – Justin tinha os olhos fixados em mim. – Que foi? – perguntei e sorri.

- Nada. Como esta seu braço? Ele te machucou muito?

- Não.

Ele pegou meu braço.

- Tá vermelho.

- É normal. – Me lembrei dos olhos de Adam, da cara de ódio dele. Uma lagrima escapou.

- Em... – Justin enxugou a lagrima que escorreu pela minha bochecha. Sua mão fez um carinho em meu rosto.

Ia falar alguma coisa, mas quando encarei aqueles olhos castanhos dele, perdi a fala. Os olhos e o sorriso dele tinham um efeito enorme sobre mim.

Começamos a nos aproximar, Justin com os olhos fixados nos meus. Nossos rostos estavam prestes a se tocar quando ele parou, tirou o cabelo do meu olho e disse:

- Eu tenho que ir. – Ele me deu um beijo na bochecha e começou a andar em direção a porta.