Sides Of New York escrita por Fanfictioner


Capítulo 3
O outro lado da cidade




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Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto. Me joguei na cama.

A única coisa que passava pela minha cabeça era o que a Jenny tinha me dito no carro, sobre eu e Adam. Por que ela tinha me falado aquilo? Eu? Acomodada? Não era verdade.

Eu namorava Adam a mais de 2 anos, e pra falar a verdade, o namoro não estava igual a antes. Mas eu ainda amava ele, muito.

Meus pensamentos foram interrompidos por um sms

De: Adam

Vamos sair hoje? Te pego as 9h00 ok? Te amo

Respondi que sim. Olhei no relógio e ainda eram 2h16 da tarde. Decidi caminhar um pouco no Central Park.

Tomei um banho, coloquei um short e uma regata, calcei meu tênis, prendi o cabelo em um rabo de cavalo, peguei meu ipod e fui saindo de casa.

Assim que passei pelo portão, reparei que havia alguém do outro lado da rua. Tive a impressão de conhecer aquele jeito de andar. Seu rosto estava escondido pelo capuz do moletom. Me aproximei e ele se virou.

- Justin. – disse sorrindo.

- Oi Emma. – Ele falou sorrindo de lado, tirou o capuz e “arrumou” o cabelo.

Me distrai com o sorriso dele, mas logo voltei ao normal.

– Ta fazendo o que aqui?

- Nada, eu só... – Ele fechou os olhos e balançou a cabeça. – Na verdade, eu queria ver você. – Ele me olhou.

Fiquei em silêncio, sem saber o que ele queria dizer com aquilo.

- Eu queria, sei lá, tomar um café ou... Conversar sabe? – ele estava bem diferente do que das outras vezes. Ele pareia tímido.

- Bom, eu estava indo caminhar agora. Seria bom ter companhia. – sorri. Ele sorriu de volta e seguimos para o Central Park.

Andamos por cerca de 1 hora, conversando sobre tudo: musica, escola, festas, filmes... Depois nos sentamos em um banco de frente ao lago.

- Quando terminar o colégio vai fazer o que? – ele me perguntou?

- Não sei. Meus pais querem que eu vá pra Columbia...

- E você não quer ir pra faculdade.

- Não, eu quero. Quero fazer medicina, mas não quero fazer na Columbia, quero fazer na Yale.

- E o problema ta aonde?

- É complicado. Minha família toda se formou na Columbia. É a melhor, e os Archibald não aceitariam que eu fizesse na Yale nunca. - Parei de falar.

- Entendi.

- Às vezes eu queria fugir de tudo isso sabe? Da pressão de ser uma Archibald. Queria sumir pra Los Angeles, onde ninguém me conhece, mas Nova York é minha casa, minha vida. Eu não consigo sair daqui de perto.

Justin ficou em silencio. Depois ergueu a cabeça, sorriu e disse:

- Quer fugir sem sair de Nova York?

Olhei pra ele confusa.

- Se eu pudesse...

- E pode. Vem. – Ele me puxou pelo braço e corremos pelas ruas de Manhattan.

Paramos de frente a uma escada que levava ao metro no subterrâneo.

- A gente ta fazendo o que aqui?

- Já andou de metro? – Ele me olhou. Hesitei.

- Não. – disse fazendo careta de envergonhada.  Ele sorriu.

- Vocês de Manhattan... – ele balançou a cabeça em negação.

- Vai me julgar? – disse em tom de brincadeira.

- Eu? Sou a pessoa menos indicada para julgar alguém. – ele sorriu de lado. Aquele sorriso que eu adorava. Descemos as escadas.

Lá em baixo, haviam varias catracas. Justin tirou dois cartões do bolso e me entregou um.

- Sabe fazer isso?

- Acho que sim. – sorri pelo nariz e abaixei a cabeça. – Isso é ridículo. Nunca parei pra pensar nisso. Nunca andei de metro.

- É ridículo mesmo.

- obrigada pelo apoio moral. – olhei pra ele com a sobrancelha erguida.

- Vem logo. – ele sorriu e me puxou.

Passamos as catracas e descemos as escadas rolantes. Lá em baixo era enorme. Pisos lisos e brancos, pessoas por todos os lados, algumas lojas. Justin me arrastou para a plataforma de embarque.

- Você deu sorte. Não esta cheio hoje.

- E fica mais cheio que isso? – perguntei.

Ele fez que sim com a cabeça.

Estava distraída olhando para os trilhos ali na minha frente e de repente um barulho começou junto com um vento.

- É o metro chegando?

- Aham. – Vi as luzes do metro no túnel se aproximando. Ele parou e uma porta se abriu na nossa frente. – Vem.

Entramos no metro e tinham alguns lugares vazios. Sentamos em um banco de dois lugares no final do vagão.

- A gente ta indo pra onde?

- Brooklyn.

- Brooklyn? Ta falando serio?

- To. Você não queria fugir dos problemas sem sair de Nova York? Brooklyn é o lugar.

Olhava fixada pra ele. Ele me olhou e eu sorri.

- Você é louco.

- Você que é. Mora em Nova York e nem conhece sua cidade. Nunca saiu de Manhattan.

- Já sai de Manhattan sim ok? Fui até o Bronx inúmeras vezes ver os Yankees jogarem. – disse nervosa. Justin gargalhou.

- Você? Assistindo Baseball? – ele riu outra vez. – não esperava por essa.

- Você acha o que? Que meu esporte favorito é fazer compras? Pelo amor de Deus.

Depois de uns minutos, chegamos na ponte do Brooklyn.

- Por que aqui? A gente não podia parar no meio do Brooklyn? – perguntei preguiçosas.

- Não. Você tem que passar pela ponte e ver Manhattan como a gente vê.

- Ta legal.

Eram 5h34 da tarde e já estava anoitecendo. As luzes de Manhattan começavam a aparecer. Ficamos ali olhando a paisagem.

- É lindo demais.

- É. Tão perto, mas tão distante. – ele falou com os olhos fixos na cidade.

Olhei pra ele e pensei no que ele queria dizer com aquilo.

- Vamos? Daqui a pouco o Jacques Torres fecha.

- Quem? – perguntei confusa.

Bem perto da ponte, paramos em uma lojinha de doces: Jacques Torres Chocolate. Justin saiu do balcão com uma caixinha pequena com vários chocolatinhos dentro.

- Meu Deus, isso é muito bom. – disse com alguns na boca.

Depois dali, fomos ao Almondine Bakery, onde segundo Justin, tinhas as melhores baguetes de NY. E tinha mesmo.

Justin me levou ao Prospect Park.

- Bem vinda ao Central Park do Brooklyn.

Ficamos sentados na grama comendo e conversando.

Fomos a vários lugares legais no Brooklyn. O tempo todo eu ouvia coisas tipo “E ai Justin?” “Oi Justin. Firmeza?”

- Quem diria. O garoto desconhecido de Manhattan é a estrela do Brooklyn. – ele sorriu com meu comentário.

Começou a esfriar e ele me obrigou a vestir o moletom dele. Fofo.

Estávamos sentados em uma quadra vendo um grupo de amigos do Justin jogarem basquete. Estava escuro e Justin olhou no relógio.

- 10h19. Melhor eu te levar pra casa agora.

- Claro. – me levantei.

- Ryan. – Justin chamou um de seus amigos. – A gente ta indo.

- Falou. Emma, foi um prazer te conhecer.

- O prazer foi meu Ryan. – cumprimentei ele.

- A gente se fala amanhã. – Justin apertou a mão dele e nos seguimos para o metro. Descemos na Times Square para fechar nosso passeio com chave de ouro.

De lá, seguimos andando até a minha casa. Chegamos as 11h03. Parei de frente ao portão.

- Hoje foi demais. Obrigada. – olhei pra ele e sorri.

- Não foi nada. – ele retribuiu o sorriso.

Eu sempre ficava sem graça quando ele sorria desse jeito.

- Ah, sua blusa. – disse, e comecei a tirar o moletom.

- Não. Fica com você. – ele segurou meu braço. – Assim vou ter uma desculpa pra te ver outra vez. – Ele sorriu de lado.

Por que ele tinha que ter aquele sorriso lindo?

Fiquei em silencio encarando ele. Justin fez menção de se aproximar, mas ele se deteve quando ouviu Adam.

- Emma? Onde você estava? Eu to te esperando faz um tempão. – Ele estava bem nervoso.

- Ah, oi amor.

Adam reparou em Justin.

- Onde você tava? To te ligando desde as 9h00 da noite. – tentou parecer calmo. Não conseguiu.

- Ai, nosso encontro. – levei a mão à cabeça. – Desculpa Adam. Eu esqueci.

- Onde. Você. Estava? – Adam tentava controlar a raiva.

- Eu fui caminhar, ai encontrei com Justin e... a gente foi dar uma volta. Nem me lembrei da hora. Adam, me desculpa. – falei tensa.

- Quem é esse?

Justin estava calado, com uma expressão muito calma. Mantinha os olhos baixos.

- É um amigo.

- Amigo? Amigo Emma? O que você estava fazendo até essas horas com esse otário?

- Ou, otário não. Você nem me conhece cara. – Justin falou, pela primeira vez, parecendo bravo.

- Você estava fazendo o que com a minha namorada seu babaca? – Adam gritou.

Justin se aproximou bruscamente e eu me coloquei entre eles para evitar uma briga.

- Justin, não. – empurrei ele.

Ele e Adam se xingavam, mas nem ouvi o que diziam.

- Adam, para com isso. Justin, por favor, vai embora. - Justin se afastou sem tirar os olhos de Adam. – Por favor.

Ele olhou pra mim e depois foi embora.

- Emma, quem é esse cara? O que ta rolando aqui? – ele estava muito nervoso e nem sabia o que falar direito.

- Adam, calma ok? Ele é só um amigo.

- Você me deixou aqui esperando...

- Adam, me desculpa. Eu juro que esqueci.

- Esqueceu? Porra Emma! Você me deixou pra ficar andando por ai com esse cara?

- E o que foi que você fez comigo na Festa Secreta? – perdi a cabeça e gritei também.

- É diferente Emma.

- Não é nada diferente. Você me deixou pra ficar andando com seus amigos. Não é isso?

- Para de querer comparar aquilo com isso. Eu tava com meus amigos.

- E eu tava com um amigo meu também.

- Ele não é seu amigo!

- Claro que é!

- Emma, olha aqui. Eu não quero você por ai com qualquer um.

- Adam, cala a sua boca! Você ta falando como se eu fosse uma vadia com um cara qualquer. Eu sai com um AMIGO, e a gente não fez nada de mais.

- Eu...

- Ai, quer saber? Foda-se isso tudo. – virei as costas e entrei em casa, deixando Adam lá fora falando sozinho.


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