Estava na cozinha comendo donuts quando ouvi a voz da minha mãe. Eu não a via desde a festa da Type semana passada. Ela foi pra semana de moda em paris e tinha acabado de voltar. Meu pai estava em Washington cuidando de negócios e só ia voltar na próxima semana.

Eu achava que, como uma semana tinha se passado, o assunto de eu ter saído da festa dela e ido pra uma boate estaria acabado. Me enganei.

- Desapontada. É assim que eu estou. – Ela chegou falando.

- Bom dia! Senti saudades também mamãe. – Disse irônica.

- Olha, eu estou sem tempo agora. Mas a gente ainda vai falar sobre aquilo.

-Ta. Ta bom. – Coloquei um donut na boca. – Como foi a semana de moda?

- Ótima pra quem assistiu. Um horror pra quem produziu. Nem tive tempo de ver as criticas sobre minha coleção ainda.

Minha mãe disparou para o quarto dela. Meu iPhone tocou.

- Oi Jen.     

- Emma? Você ta bem? – Ela parecia assustada.

- To, por que? – perguntei confusa.

- Eu vi você sair com aquele cara ontem. Só queria saber se chegou bem em casa.

- E só ligou agora? Que boa amiga.

- Eu nem sei como vim parar em casa Emma.

Gargalhei.

- To bem sim.

- Quem era ele?

- Não sei direito. Um cara que conheci lá. Justin. Bem legal.

- Bem legal e um gostoso. Ai! Minha cabeça.

- Ai Jenny, pelo amor de Deus.

- Não era?

- Era bonitinho.

- Ficou com ele?

- Jenny! Claro que não. Eu tenho namorado, caso não se lembre.

- Desculpa. Só queria saber. Você tava puta com o Adam ontem...

- Tava, mas a gente não terminou.

- Já falou com ele?

- ainda não.

- Em, to morrendo de dor. Depois eu te ligo ok?

- Ta. Até depois então.

Assim que desliguei meu celular, ele tocou outra vez. Era Adam.

- Caramba. – Atendi. – que foi?

- Emma, meu amor. A gente pode se encontrar?

- Pra que? Pra você me deixar sozinha e fazer eu voltar andando outra vez? – disse mantendo a calma em minha voz.

- Ems, desculpa. Por favor, vamos conversar pessoalmente?

- Onde?

- Pode ser no Candle Café?

- Ta. Daqui 40 minutos eu to lá. – desliguei na cara dele.

Cheguei no Candle e ele já estava lá. Me sentei na frente dele.

- Fala.

- Em, por favor me desculpa.

- Adam, você me deixou lá sozinha esperando.

- Eu sei. Desculpa. Eu fui perceber as horas só mais tarde. Eu voltei e o Mark disse que você já tinha ido. – não falei nada. – Por favor.

Ele pegou na minha mão e me olhou. Aqueles olhos verdes e a cara de dó. Não resisti.

- Tá. – disse ainda brava. – Eu te desculpo.

- Obrigado. – Ele se levantou na mesa pra me beijar, mas eu me afastei.

- Ainda to com raiva de você. Amanhã a gente se vê na escola ok? Minha raiva já deve ter passado até lá.

Deixei ele me dar um beijo na bochecha e entrei no meu carro.

Segunda feira no fim da aula, Jenny veio falar comigo.

- Emma, vamos na delegacia comigo?

- Ai meu Deus, o que você aprontou ontem? – perguntei assustada.

- Não. Eu não aprontei nada. Eu perdi meus documentos. Preciso ir lá.

- Ah ta. Vamos. Agora?

- De preferência.

- Tá. Vem.

Seguimos para a delegacia. Fiquei esperando Jenny na sala de espera.

Estava distraída lá quando olhei pra um corredor e vi Justin saindo de uma sala.

- Justin? – Chamei.

Ele se virou e caminhou até mim. Me levantei.

- Oi. – ele disse com uma voz calma.

- Ta tudo bem?

- Ta. Eu só... – ele ficou quieto.

- Ta fazendo o que aqui?

- Vim responder um processo. – Ele disse coçando a cabeça.

- Processo? Pelo que?

Ele balançou a cabeça.

- Vandalismo. Pichação sabe? E uma briga.

Não sei por que, mas eu dei risada.

- Desculpa. – disse tentando segurar o riso.

- Que foi? – Ele perguntou rindo com cara de confuso.

- Não sei. – me controlei. – Você brigou? Ta tudo bem?

- Ta sim. Foi semana passada. Mas ta tudo bem.

- E o que o juiz falou?

- 150 horas de serviço comunitário em um abrigo.

- Hm. Que saco.

- É.

- Emma, acharam meus documen... – Jenny reparou em Justin. – ah. Oi. Em, quem é seu amigo? – ela disse sorrindo.

- hã, Justin, Jenny. Jenny, Justin.

- Oi Justin amigo da Emma.

- Oi Jenny. É um prazer.

- É sim. – Jenny me lançou um olhar tipo “Que lindo vocês”.

Justin percebeu o meu constrangimento e abaixou a cabeça, rindo e coçando o cabelo.

- Jenny. – desisti de falar. – Olha, boa sorte com o serviço. Eu tenho que ir.

- Ok. Foi muito bom te ver outra vez.

Fiquei sem graça com o comentário. Não sei por que.

- Tchau. – Sorri e me virei.

- Tchau Justin. Foi um prazer. – Disse Jenny.

- Tchau. – Ele falou acenando.

Saímos da delegacia e entramos no carro.

- Emma, que isso? Meu Deus como você dá sorte. – Jen tinha um sorriso enorme no rosto.

- Do que você ta falando? – disse com a cara fechada.

- Do Justin! Ele é mais lindo do que eu imaginava. Que sorriso é aquele? Nossa!

- Jenny, para.

- Vai dizer que não acha?

- Acho, mas não é pra tanto.

- NÃO É PRA TANTO? – Ela gritou. – Fala sério. Ele é perfeito!

- Ai, não grita ok?

- Onde ele mora? Quero morar lá também.

- Ele mora no Brooklyn.

- Brooklyn? Ele tava fazendo o que em uma delegacia em Manhattan?

- Respondendo por vandalismo e briga.

- Um bad boy? Meu Deus, que excitante.

- Jenny, para com isso!

- Ah, vai dizer que não é?

- Você não existe. – pela primeira vez, dei risada.

- Você que não. Eu no seu lugar já teria pegado.

- Ai, de novo isso? Eu NAMORO Jen.

- Ai Emma. Todo mundo sabe que seu romance com o Adam já deu o que tinha que dar.

- Que? Ta falando que a gente tinha que terminar? É isso? – ergui a sobrancelha.

- Ai Em, é que vocês já namoram a um tempão e cá entre nós, a gente sabe que vocês não tem nada a ver.

- Para com esse papo Jenny. A gente se gosta ta?

- Estão acomodados. – Ela disse baixo.

- Que?

- Nada.

- Que que você falou?

- Ai... Que estão acomodados nesse relacionamento. É o que eu acho. Pronto. Falei.

- Não vou discutir isso com você. Eu sei o que eu sinto por ele e ponto.

- Ta. Desculpa. Você ta certa. Não vou mais me meter.