Acordei morrendo de dor de cabeça. Aquela luz fraquinha que vinha da janela estava me incomodando muito. Tateei a cama em busca do meu celular para ver as horas. “01h45 da tarde? Já?” Rolei um pouco na cama antes de levantar. Sentei na cama, calcei meus chinelos e me levantei. Desci as escadas grudadas ao corrimão para não cair. Fui até a cozinha em busca de aspirinas e vi em cima do balcão um jornal com a seguinte frase em amarelo: “FESTA ENTEDIANTE? Emma Archibald é flagrada escapando da festa de sua mãe e entrando em uma boate no Upper East Side.”

- Ótimo. Era exatamente isso que eu estava precisando!

Me apoiei sobre os cotovelos no balcão e enterrei meu rosto nas mãos.

- Bom dia minha gata. – Adam me abraçou por trás.

- Adam. – me virei e beijei ele. O cabelo preto dele estava comportado hoje. E a camisa azul deixavam os olhos ainda mais verdes. – Ta fazendo o que aqui a essa hora?

- Essa hora? Já são quase 02h00 da tarde. – Ele olhou para o jornal. – Ah, já leu?

- Acabei de ver. Minha mãe vai me matar. Ela implorou pra mim ontem. Pediu pra eu não sair assim na mídia.

- Relaxa Em. Ela vai entender.

- Não vai não. A festa da Type era muito importante pra ela e eu sai de lá e fui pra outro logar. Agora ta todo mundo falando de “como a jovem Emma se cansou da festa da revista da própria mãe”.

- Quer tomar um café pra esfriar a cabeça?

Esfreguei os olhos e disse:

- Ta. Só preciso me arrumar. Espera ai.

- Não posso subir também? – ele deu um sorriso.

- Para. – me virei e subi.

Vesti um short e uma camisa larguinha com uma jaqueta preta por cima. Coloquei um All Star e desci.

Fomos para uma Starbucks na 5ª avenida e ficamos conversando.

Meu celular vibrou. Era uma mensagem.

De: Jenny

Festa secreta no East Village sábado. Estamos dentro né?

No dia seguinte, segunda feira, acordei e me arrumei pra escola.

Peguei as chaves do meu carro e fui pro colégio.

Estava meio atrasada então, estacionei e entrei correndo pra primeira aula.

No intervalo, encontrei Jenny no refeitório.

- Em, você vai na festa ou vou ter que ir sem a minha melhor amiga?

- Não to sabendo dessa festa.

- É esse o objetivo. Vai ser uma festa muito louca em um lugar escondido no East Village. Só poucas pessoas sabem onde fica. Quem sabe onde é convida os amigos, mas não conta onde vai ser pras pessoas babacas e sem graça não descobrirem. Entendeu?

- Mais ou menos. Que sem sentido! Daqui a pouco já ta todo mundo sabendo.

- Não importa ok? O importante é que vai ser divertido.

- No East Village? Não é meio perigoso?

- Não! Vamos? Por favor? – Jenny fez bico.

- Ta. Vamos.

- Isso! – Ela comemorou. – To tão ansiosa pra sábado. Adam sabe onde é, não sabe?

- Não sei. Acho que não. Ele não falou nada pra mim.

- Sean sabe onde é. Ele vai levar a galera da escola. Vamos nos encontrar na quadra do colégio sábado as 9h30 da noite pra ir ok?

- ok.

- Vamos fazer compra depois da escola? – Jenny estava muito animada.

- Jenny, calma. Ainda é segunda feira ok?

- Meu Deus, essa festa vai ser muito foda. – Ela se levantou da cadeira. – Te vejo na hora da saída. – disse gritando enquanto seguia em direção ao pátio.

A semana passou bem rápido. O único assunto que se ouvia era sobre a Festa Secreta.

Pra sorte da Jenny, sábado chegou. As 10h00 da manhã ela já estava me ligando.

- Emma, sua vaca. A festa é daqui a algumas horas e a gente nem comprou roupa!

- Ai Jen, desculpa ma...

- Cala a boca e me encontra 11h30 no Petrie Court. Te amo.

Ela desligou na minha cara.

- Idiota. – dei risada.

11h00 peguei um taxi e fui encontrar com ela. Fomos na Chanel da Madison com a 64 comprar algumas roupas. Depois de algumas horas andando pela 5ª avenida, Jen e eu fomos pra minha casa. 07h00 da noite começamos a nos arrumar. Tiramos todas as roupas do meu guarda roupas e procuramos algo pra eu verstir. Jenny já estava pronta com um vestido preto de paetês e o cabelo loiro solto no ombro.

Pra mim, nos escolhemos uma skinny preta, uma blusa cinza brilhante e uma jaqueta de couro. Coloquei alguns colares e anéis e calcei meu scarpin preto de tachinhas.

Prendi meu cabelo castanho escuro em um coque bagunçado, peguei minha Chanel 2.55 e descemos. Adam e Sean estavam lá em baixo esperando a gente.

- Nossa. Tão lindas – Disse Sean. – Vamos?

- Obrigada - respondemos.

- Você ta incrível Em. – Adam me puxou e me beijou.

Seguimos para o colégio encontrar com o pessoal. Tinham umas 100 pessoas lá esperando a gente. Sean foi no carro com Jenny e mais três amigos nossos na frente, Adam e eu fomos logo atrás levando mais três pessoas e o resto dos carros foram seguindo Sean que era o único que sabia onde ia ser a festa.

Descemos Manhattan até chegarmos quase perto da ponte do Brooklyn. Entramos no East Village e entramos em uma estrada de terra que nos levou até um galpão em uma clareira.

- é aqui? – perguntei.

- Acho que sim. Vamos descer. – Adam saiu do carro e foi abrir a porta pra mim.

Fomos até Sean e Jenny. Seguimos pra porta do galpão. Não havia muito barulho no lugar e todos estavam achando muito estranho.

- Bem vindos à Festa Secreta! – Sean gritou e assim que abriu a porta, o barulho e a musica tomaram conta de nossos ouvidos.

O Galpão estava cheio de gente. Luzes, globos de cristal, DJ, Bebidas, gente dançando pra todo lado.

Entramos e Sean fechou a porta.

- Um galpão acústico. Não sai nem um pingo de som lá pra fora cara. – Sean falou pra Adam.

- Isso é fantástico. – alguns garotos gritaram e correram pro meio da galera.

Ficamos dançando, bebendo e curtindo muito. Adam, Sean e os meninos saíram para soltar algumas bombas e nos ficamos lá dentro dançando. Gente de Nova York inteira estava naquela festa.

Já estava ficando tarde. 4h23 da manhã. Adam e os garotos não voltavam. Liguei pra ele, mas ele não atendeu.

- Calma Em, já eles aparecem. – Jenny tentou me acalmar.

Peguei mais um copo de vodka e fui tomar um ar.

Me sentei em um banco lá fora e liguei Pra Adam outra vez. Caixa postal.

- Porra Adam, onde vocês estão? Ta de brincadeira comigo? Quero ir embora. – Desliguei.

- Sua carona foi embora? – alguém falou.

Olhei pro lado e vi um garoto de moletom e boné olhando pra mim.

- Meu namorado. Ele saiu com os amigos e sumiu. Idiota. – disse torcendo o nariz.

- Idiota mesmo. Deixar uma garota assim sozinha numa festa dessas. – Ele me fitava.

- Não é? – sorri. – Mas ele só é babaca assim quando bebe. – contei.

- Hm. – O garoto se aproximou e pude ver seu rosto com mais clareza.

Ele era branco, sua boca bem vermelha e seus olhos cor de mel. Lindos.

- Justin. – Ele esticou a mão e eu o cumprimentei.

- E...

- Emma Archibald. Eu sei.

Franzi a sobrancelha.

- Como você...

- Eu leio os jornais. – ele deu de ombros.

- Hm.

Ficamos ali conversando por alguns minutos. Olhei no relógio e já era 4h52.

- Ah, o Adam que se dane. Vou embora andando mesmo. – me levantei.

- Vai embora sozinha? A essa hora? Em Nova York?

- Vou. Não vou ficar a eternidade aqui esperando eles voltarem.

- Eu posso acompanhar você? Já ta tarde e eu não vou me perdoar se amanhã der no noticiário que você foi sequestrada.

Ele brincou, tentando manter o rosto serio. Eu sorri.

- E como vou saber se você não é um sequestrador? – brinquei.

- Vai ter que arriscar. – ele ergueu a sobrancelha.

- Vou ter que correr esse risco então. – torci o nariz.

Liguei pra Jenny pra perguntar se ela não queria ir junto e ela disse que não, que ia pra casa com uns amigos.

Justin e eu seguimos andando.

- Então, de onde você é?

- Brooklyn.

- Brooklyn? E vai me levar até o Upper East Side?

- Sim.

- E depois vai voltar como pra casa?

- Pego um ônibus.

- Olha o trabalhão que eu to te dando.

- Relaxa. To acostumado.

- A levar garotas até a casa delas em Manhattan? – brinquei.

- A andar muito, a passar horas acordado...

- hm.

- Você... Estuda aonde?

- Não estudo. Terminei o colegial.

- Serio? Que inveja.

Ele tirou o boné e sorriu de lado. Ele tinha cabelos loiros muito bagunçados, mas de um jeito bonito. E o sorriso dele era contagiante. Sorri ao vê-lo sorrir.

Conversamos durante nossa longa caminhada de quase 2h00. Falamos sobre musica, sobre filmes, nossas experiências em festas, etc, até que chegamos em casa.

- É aqui.

- Serio? Aqui? Esperava muito mais de você. – Ele disse irônico diante de minha casa de 3 andares, um jardim enorme e carros luxuosos pra todo lado.

- Desculpa. – dei risada. – Você quer... entrar? Beber alguma coisa antes de voltar?

- Não. To bem.

- Olha, se você quiser posso pedir pra alguém levar você pra casa.

- Não. Não precisa. – ele riu.

- Ta rindo por quê? To falando serio.

- Nada. Eu... vou de ônibus mesmo. Como eu disse, to acostumado.

- Então tá. – ficamos em silencio nos olhando.

- Olha. Valeu pro me trazer. Desculpa fazer você andar até aqui...

- Que isso! Foi um prazer. – ele deu aquele sorriso de lado outra vez. – te vejo por ai.

- Tchau. Até algum dia. – sorri e fiquei vendo ele se afastar.

Ouvi alguma coisa atrás de mim e vi que era o Sr. Winston, o jardineiro começando o trabalho.

- Bom dia Srta. Archibald. Se divertiu bastante, imagino. – Ele sorriu.

- Bom dia Sr. Winston. Me diverti sim. Já são 6h00 da manha?

- 6h11 pra ser exato.

- Caramba! Melhor eu entrar. To cansada.

- Vai. Durma bem.

- Obrigada Sr. Winston.

Fui pro meu quarto, tirei meu jeans e a jaqueta e me deitei. 5 minutos depois já estava dormindo.