Casuality Of Love escrita por Melanie


Capítulo 2
Capítulo 2




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Lima – Ohio

3 semanas depois

Aquelas três semanas tinham passado tão rápido quanto eu previra. Tinha medo de abrir meus olhos e ter de aguentar a sensação de saber que não teria mais Rachel. Meu coração se apertava, e inconscientemente apertei mais ainda meus braços em torno da morena adormecida em minha cama. Depois de muito relutar, abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a face adormecida de Rachel. Queria gravar aquela imagem para sempre. Seus cabelos castanhos estavam espalhados pelos lençóis brancos, as bochechas estavam um pouco coradas por causa do calor que já se fazia presente, os lábios rosados e cheios estavam relaxados em um pequeno sorriso.

Toquei levemente sua face, e ela abriu aqueles grandes olhos castanhos para mim. O chocolate derretido me encarava sonolento.

“Oi linda.” Sussurrei bobamente e dei um beijo leve em sua têmpora.

“Bom dia.” Ela respondeu sonolenta e escondeu o rosto em meu peito, se apertando mais ainda contra meus braços. “Não queria que esse dia chegasse.”

“Eu também não queria Rach.” Murmurei contra seus cabelos, sentindo o leve aroma de morangos que desprendia daquela região. Tinha certeza que sempre que sentisse cheiro de morangos lembraria inevitavelmente dela. “Mas vai ser o melhor para nós duas.”

“Eu sei disso. Mas não deixa de doer.”

Mordi o lábio inferior tentando conter as lágrimas que queriam escorrer. Eu tinha que ser forte por ela, mas sabia que no momento que ela entrasse no trem para Nova York e eu embarcasse para a França, as lágrimas iriam descer sem nenhum pudor.

Nossos olhares se encontraram, da mesma forma que nossos lábios segundos depois. Se tinha algo que eu nunca esqueceria era a sensação dos lábios de Rachel. Era como entrar em uma casa aquecida com lareira, onde todos estavam sentados em volta, contando histórias sobre a vida enquanto saboreavam o mais delicioso chocolate quente do mundo. Era como encontrar um lar.

Nossos lábios se encaixavam de um modo perfeito – como se fossem duas peças de um quebra-cabeça – e nossos corpos se fundiam como se fossem um só. Eu poderia passar a vida inteira enrolada em seus braços, sentindo o calor que emanava de seu corpo pequeno, decorando cada curva milimetricamente desenhada. Mas nós tínhamos um prazo de existência, e ela estava esgotando.

Era como uma ampulheta que soltava seus últimos grãos de areia. Nos separamos quando minha mãe bateu levemente na porta do quarto.

“Meninas, está na hora de levantarem.” Sua voz saiu abafada pela enorme porta, mas ainda assim foi fácil de entendê-la. “Se não sairmos logo, vocês perdem suas conduções. E os pais da Rachel já estão aqui.”

“Já estamos indo mamãe.” Respondi automaticamente, mesmo não querendo levantar da imensa cama.

Rachel soltou um longo suspiro e delicadamente se desvencilhou de meus braços. Imediatamente senti falta do seu calor. Soltei um muxoxo e ela sorriu triste em minha direção.

“Anda logo Q. Nós temos que ir.” Falou enquanto tirava o pijama e colocava uma calça jeans e uma das minhas blusas.

“Não quero.” Fiz bico e cruzei os braços no tórax. Ela olhou em minha direção e arqueou sobrancelha no melhor estilo Quinn Fabray.

“Quinn, não torne isso mais difícil do que já é.” Sua voz saiu contida. Eu bufei, mas fiz o que ela me pediu. “Boa menina.”

Peguei uma jeans e coloquei uma das camisetas que tinha ganhado de Rachel. Não iria colocar muita coisa já que tinha que passar muitas horas dentro de um avião, e não seria confortável. Rachel estava encostada na janela com os olhos fixos em algum ponto no horizonte. Aproximei-me lentamente e passei meus braços pela sua cintura e apoiei meu queixo em seus cabelos.

“Vamos bonita.” Murmurei e a ouvi soltando um longo suspiro. Suas mãos pequenas seguraram as minhas e ficamos assim por um tempo. “Daqui a pouco eles vem nos buscar a força.”

“Eu acho que sim.” Ela riu suavemente e se soltou dos meus braços, pegando minha mão e me puxando para fora do quarto.

“Ainda bem que vocês chegaram.” Minha mãe comentou quando nós aparecemos na imensa sala de televisão. Os pais de Rachel estavam sentados num dos sofás e se levantaram assim que nos viram. “Pensei que ia ter que buscar as duas com uma corda.”

Os três adultos começaram a rir e eu me senti corar. E a julgar pelo modo que a morena abaixou a cabeça, eu não fui a única.

“Mãe.” Resmunguei e isso só os fez rir mais. “Vocês três são horríveis.”

“Deixa eles, Quinn. Vamos lá para fora.” Rachel reagiu e saiu me rebocando até o lado de fora da casa.

Como nossas malas já estavam dentro dos carros, só tivemos que esperar nossos pais pararem de rir da nossa cara e então pudemos seguir até a estação de trem. Minha mãe e Leroy – um dos pais de Rachel – foram com o meu carro, e eu e Rachel fomos no carro do seu pai Hiram.

A viagem foi relativamente curta, já que a estação de trem não ficava muito longe da minha casa. Viemos o caminho inteiro em silêncio, que só era quebrado pelos sussurros de alguma música que tocava no rádio do carro. Eu tinha Rachel engolfada em meus braços e ela fazia carinho em minhas mãos.

Os garotos do coral já nos esperavam na plataforma de embarque. Todos tinham expressões tristes no rosto, e assim que nos viram, correram em nossa direção. Antes que eu pudesse pensar, braços quentes já nos prendiam firmemente.

“Eu nem acredito que vocês estão indo embora.” Kurt murmurava tristemente enquanto apertava meu braço com força. “Vou sentir tanta saudade.”

“Logo você vai ir também.” Rachel falou sorrindo para o garoto, e isso só o fez chorar mais. “Kurt, não precisa chorar.” Ela sussurrou desesperadamente enquanto o puxava para um abraço.

Se aproximando lentamente, vinha Puck. Ele passou a mão pelo moicano de forma desconfortável e se colocou em minha frente. Eu abri meus braços, o convidando para um abraço que logo foi atendido. Senti meu corpo ser erguido alguns centímetros do chão e depositei um leve beijo em seu rosto. Apesar de tudo que tinha acontecido em todos esses anos, Puck ainda era parte de minha vida, e ele foi um grande protetor quando eu e Rachel assumimos nosso namoro.

As lágrimas escorriam pelos seus olhos, mas ele as secou rapidamente e sorriu fraco em minha direção, indo então abraçar Rachel. Um por um os garotos se despediram de nós. Todos prometeram manter contato, e nunca esquecerem nada do que vivemos nesses anos de Glee Club.

Logo meus braços estavam sobre Rachel. Ela chorava de forma inconsolável em meu peito e eu a apertei mais ainda contra mim.

“Hey linda, vai ficar tudo bem.” Sussurrei contra seus cabelos e ela apertou suas mãos pequenas em punhos contra minha camiseta. “As coisas não vão mudar entre nós duas. Eu vou continuar sendo sua amiga até o dia que você me expulsar de sua vida.”

“Você me promete?” Sua voz saiu frágil e quebrada. Eu podia sentir a dor e a insegurança, e elas espelharam minhas próprias emoções.

“Prometo.”

Seus lábios cheios logo se apossaram dos meus. Esse era nosso último beijo, eu podia sentir. Ele tinha um tom de desespero que os outros não carregavam. Automaticamente consenti a passagem de sua língua pelos meus lábios e devolvi o beijo com a mesma paixão que recebia. Tinha o gosto salgado das lágrimas que escorriam dos nossos olhos.

A chamada do trem de Rachel nos fez quebrar o beijo. A segurei mais um instante contra meus braços e então a soltei.

“Eu amo você baixinha.”

“E eu amo você.”

Ela abraçou seus pais mais uma vez, e então entrou no trem, sumindo de nossas vistas. Os últimos passageiros entraram e então ele começou a se mover. Meus pés cravaram no chão. Eu assisti imóvel o amor da minha vida partir. Então comecei a desmoronar. As lágrimas caiam sem pudor pelo meu rosto, fazendo ruir consigo a fachada forte que eu construi durante essas três semanas. Os soluços começaram a irromper pelo meu peito, minhas pernas começaram a fraquejar, mas antes que meu corpo atingisse o chão, senti dois braços me amparando.

“Quinn!” Eu podia ver a expressão assustada de Santana enquanto ela me embalava em seus braços. Eu me deixei vencer pela dor. Por um instante era tudo que eu podia sentir. Meu corpo todo vibrava. “Quinn, fala comigo. Por favor, não fica assim. Logo você e a baixinha vão se encontrar.”

“Nós não vamos.” Consegui murmurar. “Acabou S. Tudo acabou.”

“O-O que?”

“Ela n-não é mais m-minha.” Os soluços voltaram a ficar mais fortes. “Nós terminamos.”

A latina ficou em silêncio, mas mesmo pelos olhos turvos eu pude enxergar sua expressão perplexa. Ela tentava processar a informação, mas custava a acreditar. Brittany e Puck se aproximaram lentamente e envolveram nós duas em um abraço.

Levou um bom tempo para os soluços pararem de me sacudir, mas consegui me acalmar o suficiente para contar o que tinha acontecido há três semanas para eles. Os três ficaram chocados, mas não fizeram mais nenhuma pergunta e eu agradeci mentalmente por isso. Antes que me desse conta, o horário para meu vôo se aproximou, e eu tive que seguir para o aeroporto.

Alguns dos garotos foram junto, mas os que ficaram se despediram de mim ainda na estação de trem. Sentiria falta de todos eles. Cada um foi uma peça importante em tudo que aconteceu, e eu seria eternamente grata a eles. Todos tinham um pedaço do meu coração. Ou do que Rachel não levara com ela para Nova York.

“Adeus mamãe.” Murmurei ainda abraçada ao corpo quente dela. “Vou sentir sua falta.”

“Eu também Quinnie. Eu também.”

Meu voo foi anunciado e relutantemente me afastei de algumas das pessoas mais importantes da minha vida. Assim que entrei no avião e sentei na poltrona confortável me deixei chorar mais uma vez. Agora era seguir em frente, e seja o que o destino quiser.


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