Casuality Of Love escrita por Melanie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Estou repostando a história porque fui convencida de que Rachel e Quinn mereciam um final mais digno do que eu dei quando parei de postar a tempo demais para ser contado. Depois de reler tudo, cheguei a conclusão de que sim, poderia ter feito melhor por essas personagens.
Então, sem mais delongas, deixo vocês com as palavras que minha mente pode reproduzir no papel.
Aproveitem.



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Lima – Ohio

Sempre tem aqueles dias em que nós acordamos com uma sensação ruim, de que algo vai azedar nossa rotina cuidadosa. Dias em que você sai de casa com a certeza de que vai se frustrar ou se machucar com algo no decorrer das horas e tem uma vontade incontrolável de permanecer em casa, na proteção dos seus cobertores, completamente isolado do mundo podre e cruel que te rodeia. Esse era um daqueles dias.

Tive essa certeza no minuto que abri os olhos e fitei o teto claro do meu quarto. Eu sabia que algo ia dar errado e que ia doer muito. Tomei algumas respirações profundas e levantei da imensa cama. Meu quarto ainda cheirava a ela e só por esse motivo que sorri levemente e passei a me arrumar para a escola. Porque ficar aspirando o cheiro se eu podia tê-la em meus braços o dia inteiro?

Mas aquela maldita sensação não me deixava em paz.

“Quinnie, querida.” A voz da minha mãe me alcançou no último degrau da escada. “Não vai comer nada antes de ir para a escola?”

“Não mamãe. Eu vou passar encontrar a San no Lima Bean e compro algo por lá.” Respondi ao passar pela cozinha. Dei um beijo leve em seu rosto e ela me ofereceu um sorriso cheio de dentes brancos alinhados. “Até mais tarde.”

“Até mais tarde querida.”

Entrei em meu carro e rapidamente comecei a dirigir até o Lima Bean. O silêncio do veículo logo foi preenchido por uma das minhas músicas favoritas, e sem perceber, a cantarolei até chegar ao café. Pude ver de longe o carro de Santana e o de mais alguns dos garotos do coral.

Como sempre a latina tinha escolhido uma mesa próxima a janela central do lugar. Ao seu lado estava Brittany, que pendia levemente sua cabeça no ombro da namorada. Eu não pude evitar sorrir diante da cena. Elas eram adoráveis juntas.

“Olá garotas.” As cumprimentei assim que sentei na cadeira do lado oposto da mesa. “Já disse que vocês são adoráveis juntas?”

A loira abriu um sorriso cansado em minha direção e a latina simplesmente balançou a cabeça.

“Diga algo que nós ainda não sabemos!” A latina murmurou sarcástica depois de alguns segundos, mas logo abriu um sorriso em minha direção. “Bom dia Q.”

“Oi Q!” O cumprimento veio de Kurt, que apareceu puxando Blaine por uma mão e segurando um copo imenso de café na outra. “Veio desfrutar a nossa companhia?”

“Parece que eu vim segurar vela.” Eu ri baixinho e todos me acompanharam.

“Porque não trouxe a Rach?” O garoto me perguntou novamente e eu dei de ombros. “Então parece que você vai mesmo segurar vela.”

Sacudi a cabeça concordando com ele. Alguns minutos depois fui buscar um café e ficamos mais algum tempo no estabelecimento. Logo já era hora de ir para a escola e então eu finalmente iria encontra minha miniatura de morena. Abri um sorriso bobo de forma involuntária, e isso fez Kurt e Blaine suspirarem e Santana fazer um som que ficava entre um grunhido e uma tosse.

Revirei os olhos diante do comportamento infantil da minha melhor amiga e acenei para todos antes de dar a partida com o carro. Nem cinco minutos depois meu New Beetle já despontava pelo estacionamento do McKinley. A sensação ruim voltou a rondar meu corpo, mas eu sacudi a cabeça, tentando a espantar.

Sai do carro e andei a passos largos até a porta de entrada, e antes de abri-la, tomei uma longa respiração.

“Acalme-se Fabray. Não vai acontecer nada de ruim. É só abrir a maldita porta.”

Sem que me desse conta já estava parada na porta do meu armário, esperando ver a silhueta delicada da minha Rachel. Mas isso não aconteceu.

Rach, onde você está? – Q

Não me sinto muito bem Quinn. Provavelmente só vou para a prática no Glee. – R

Quer que eu vá ai? – Q

Não precisa. Vou ficar dormindo. – R

Tudo bem então ;) Amo você baixinha – Q

Até mais tarde. – R

Eu estranhei o modo que ela me tratou pelas mensagens. Geralmente Rachel era uma pessoa extremamente carinhosa, e hoje ela parecia meio fria. Soltei um suspiro longo e finalmente segui para minha primeira aula do dia.

O resto da manhã passou de forma lenta e monótona. Quando se tem uma carta de admissão de faculdade em mãos é realmente difícil achar alguma aula no colegial que seja interessante aos olhos, mas eu me esforçava para permanecer o mais atenta possível a todas as palavras dos professores.

O mal estar que eu sentia não passava, e para não perturbar meus amigos com meu possível mau humor, resolvi matar à hora do almoço passando um tempo no auditório. Eu tinha pego a mania de ficar por lá durante a minha gravidez, já que era uma área livre de possíveis ataques e eu poderia apreciar minha morena cantando com toda a sua alma. Não que ela soubesse disso naquela época - já que eu me esforçava para ficar no canto mais escuro.

Qual foi minha surpresa ao entra no auditório e a encontrar sentada na beirada do palco? Caminhei lentamente em sua direção, e Rachel estava tão distraída com seus pensamentos que nem notou a minha chegada.

“Hey, baixinha.” Falei ao me colocar em seu campo de visão. Ela ergueu a cabeça de forma brusca e seus olhos se arregalaram ao me ver. “O que você está fazendo aqui?”

“Q-Quinn?”

“Rach, você não estava doente?” Tornei a perguntar assim que alcancei seu corpo pequeno. Plantei minhas mãos em seus joelhos cobertos por um vestido branco, e seu corpo ficou tenso no mesmo segundo. Levantei minhas mãos de forma rápida e as coloquei na frente do meu corpo. “Amor, o que está acontecendo?”

Eu observei ela tomar uma respiração profunda e cruzar as mãos nervosamente sob as pernas. Olhou-me por longos segundos, talvez tentando decidir como começar. Inúmeras emoções corriam por seu rosto e eu não conseguia absorver tudo, mas algo me dizia que isso tinha haver com a sensação estranha que me perseguiu a manhã inteira.

“Nós precisamos conversar.” Ela sentenciou e meu corpo ficou tenso no mesmo segundo. Isso nunca era bom. Algo no tom de voz dela me alertava isso. “As coisas entre nós não estão dando certo Quinn.”

“C-Como?”

“Isso tudo. Algo se perdeu.” Rachel me encarava de forma séria, e dentro dos seus olhos castanhos eu pude ver uma dor imensa. “Eu não sinto as coisas como no começo do nosso namoro.”

“Você quer terminar comigo?” Perguntei incrédula e ela assentiu, desviando os olhos para o chão. Por um momento tudo parou. Eu não sentia mais nada a minha volta. Era tudo um completo vazio. E depois veio a dor. Como se apunhalassem meu coração com uma faca afiada e depois o retirassem do meu peito, o rasgando em minha frente em inúmeros fragmentos. Minhas pernas fraquejaram e instintivamente dei alguns passos para trás, até encontrar uma das cadeiras do auditório. “Por quê?”

“Eu já disse Quinn. Não está mais dando certo.”

“Eu quero a verdade Rachel.” Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, enquanto eu tentava bloquear a raiva que tinha se apoderado do meu ser. “E eu sei que essa não é a verdade.”

“Você vai para a França em três semanas Quinn. Três malditas semanas.” Ela desceu do palco e parou em minha frente. Eu podia perceber a mágoa escondida em sua voz. Rachel Berry podia ser uma ótima atriz, mas eu já conhecia cada pequeno pedaço da sua personalidade. “Como você acha que eu me sinto com isso? Acha que é fácil para mim? Eu passo o tempo inteiro pensando em como vai ser com você tão longe de mim. Todas aquelas pessoas interessantes e inteligentes a sua volta. Namoros a distância não funcionam Quinn. Você sabe que não funcionam e...”

“Pare, por favor.” As lágrimas já desciam pelo meu rosto e marcavam também o rosto bonito dela. Eu não podia mais ouvir isso. Era demais. Doloroso demais.

“Perdoe-me Quinn.” Soluçou e eu não pude evitar enlaçar sua cintura e a puxar firmemente contra meu corpo. Ela cedeu facilmente e passou os braços finos pelo meu pescoço. Ficamos nesse abraço por longos minutos, tentando acalmar os soluços que sacudiam nossos corpos. “Eu não consigo Q. Perdoe-me, mas eu não consigo.”

“Eu não quero não ter você Rach.” Murmurei contra seus cabelos castanhos. “Dói demais.”

“Dói em mim também Q.”

“Você não vê outra saída? Não acha que nós podemos tentar lutar por isso?”

“Eu queria isso. Deus sabe o quanto eu queria.” Sua voz saia mais baixa, entrecortada pelas poucas lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto. Ela agarrava firmemente a blusa que eu usava, e se prendia ainda mais em meu corpo. “Eu não quero que algo dê errado e depois não conseguir mais olhar para você. Eu tenho tendência a exagerar nas coisas e não vou conseguir me concentrar se ficar imaginando o que você está fazendo ou com quem você está falando. Eu tenho medo que as coisas comecem a ruir entre nós e depois não consigamos mais reparar.”

“Se é isso que você quer, eu vou aceitar Rachel.” Suspirei afastando levemente seu corpo de mim e a fazendo olhar em meus olhos. As obres castanhas estavam mortas, sem aquele brilho único que eu sempre via e admirava. Era um espelho doloroso dos meus próprios. “Eu vou dar um passo para o lado e torcer para que no futuro nossos caminhos se cruzem novamente. Vou te deixar ir, porque sei que te mataria a cada pouco ver nosso relacionamento ruir. Mataria-me a cada pouco também. Mas eu vou esperar por você Rachel, porque eu te amo, e você vale até a espera eterna. Meu coração vai ser sempre seu, não importa o que venha a acontecer. Mesmo se você não me quiser mais, meu coração ainda vai ser seu.”

“E o meu vai ser seu.”

Colei meus lábios nos seus. Eles eram doces e suaves, e traziam a sensação de paz que eu sempre procurei. Mas esse beijo tinha uma pitada de gosto amargo. Eram dois corações se quebrando aos poucos. Eram também dois corações implorando para que no futuro voltassem a se reparar e finalmente serem consertados. Tinha o sabor amargo de um fim. Um fim que nenhuma de nós queria, mas que era inevitável. Seus braços se apertaram em volta do meu pescoço, como se buscassem gravar cada pequena sensação do contato. Da mesma forma que eu fazia. Eu tentava grudar em minha memória a sensação de ter seu corpo pressionado ao meu, seu coração batendo descompassado, seu cheiro impregnando meus sentidos, seu toque fazendo meu corpo acender.

Deus, eu iria sentir falta de cada pequeno pedaço da morena que se desmanchava em minha frente. Iria doer como o inferno, mas era a vontade dela. Eu não tinha outra saída. Se tentasse lutar contra, possivelmente iria arruinar tudo que nós levamos tanto tempo para construir. Era uma maldita encruzilhada.

“Você pode fazer algo por mim?” Sua voz saiu frágil quando quebramos o beijo. “Promete que não vai me odiar por isso? Que vai ser minha amiga? Eu não posso continuar com isso se você não estiver presente de alguma maneira.”

“Eu prometo Rach. Eu prometo.” Eu mirava seus olhos novamente, buscando qualquer luz que a fizesse desistir da ideia, mas não encontrava nada. Suspirei. “E você pode fazer algo por mim?”

Ela assentiu e esboçou um sorriso fraco.

“Você pode passar essas últimas três semanas como minha garota?” Perguntei baixinho, temendo sua reação. “Eu sei que é egoísmo e talvez idiotice da minha parte, mas eu preciso de você. Nem que forem por poucas semanas.”

“Tudo bem por mim Quinn.” Ela sorriu novamente e me abraçou.

Deixei-me consumir pelo abraço, querendo aproveitar os poucos dias que ainda a tinha comigo e podia a chamar de minha. Era um prazo de validade, mas também era a única maneira de continuar. Eu não podia me imaginar cruzando essas últimas semanas sem poder a abraçar como queria e com nossos amigos fazendo perguntas que nos deixariam machucadas.

O sinal tocou nos despertando do transe e trazendo de volta a realidade. Consultei as horas em meu celular e me assustei ao ver que o horário do Glee já tinha chegado. O tempo corria tão rápido. Isso dizia o quão curto ainda era meu tempo com minha baixinha.

“Vamos Rach. É hora do Glee.” Estendi minha mão em sua direção e ela a agarrou sem pestanejar.

“Você está pronta para isso?” Ela perguntou antes que pudéssemos cruzar as portas do auditório.

“Nós temos que estar.” Sentenciei a puxando em direção a sala do coral.

A única certeza que eu tinha era de que eu ia continuar amando aquela baixinha morena por toda a minha vida. Não importava quando anos corressem e nem quantas pessoas passassem por nossas vidas. Meu coração seria unicamente dela para todo o sempre.


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