Um Mau Acordar escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 2
Capítulo 2 - À procura do culpado


Notas iniciais do capítulo

2º cap. Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230578/chapter/2

Jeff estava na sua secretária, folheando uma pasta. Encostou-se para trás na cadeira e passou a mão pelo queixo. Sebastien entrou no gabinete que partilhavam e observou-o, aproximando-se da secretária do colega e amigo.

 - Então, há novidades?

- Há e não são boas, Seb. – Revelou Jeff, pousando as folhas e apoiando os cotovelos na secretária. – A Magda Desrosiers foi drogada. É um tipo de droga raro. Esta substância abranda o ritmo cardíaco de tal maneira que a pessoa passa por morta. É chamada de simulador de morte.

- Então se ela não tivesse acordado a tempo… – Pausou Seb, arrepiado e de olhos arregalados.

- Sim, tinha sido enterrada viva. – Concluiu Jeff. – A sorte dela foi a dose não ter sido tão forte. Talvez o assassino se tenha enganado…

-O marido, o David Desrosiers, é médico… – Sugeriu Seb.

- Pois é. Temos de o interrogar. – Informou Jeff, levantando-se. – Mas há outra coisa. A equipa de análise encontrou um cartão rasgado perto do local do funeral. Reconstituíram-no e é de um Detective. Pierre Bouvier.

- Um Detective? – Questionou Seb, fazendo a sua habitual cara castiça.

- Sim. Eu mandei-o chamar e ele está na sala de interrogatórios com o Chuck.

Os dois inspectores saíram do gabinete e dirigiram-se para a sala de interrogatórios onde se encontrava Chuck Comeau, o seu superior. Entraram na pequena sala e sentam-se nas cadeiras vagas, ao lado de Chuck. Era uma sala em tons de azul claro, apenas com uma mesa e algumas cadeiras. Num das paredes havia um vidro de uma cabine, onde as pessoas ficavam invisíveis para os presentes na sala de interrogatórios.

- Então, o que está a dizer é que o David Desrosiers o contratou para seguir a mulher? – Perguntou Chuck.

- Sim. Ele achava que a Magda o traia e queria apanhá-la. Mas eu nunca encontrei nada que a incriminasse. Ela apenas saía com as amigas e andava nas compras. Foi o que lhe disse e ele terminou os meus serviços.

- E o quê que estava a fazer no funeral da Magda Desrosiers? – Perguntou Jeff, com ar curioso.

- Bem… Eu… – Soou Pierre, um pouco atrapalhado. – Eu fui lá despedir-me. Apesar de ela não me conhecer, eu conhecia-a. Ainda a segui um bom tempo. Foi só por isso.

Nenhum dos inspectores ficou muito convencido, mas como não tinham nada que o incriminasse, viram-se obrigados a deixá-lo sair. Já era tarde e Chuck informou que interrogariam David Desrosiers no dia seguinte, pois este andava ocupado com a saúde da mulher. Magda Desrosiers tinha sido levada para a clínica do marido, onde sabiam tratar do problema de saúde que tinha. Sofria de uma doença congénita. O seu coração tinha uma má formação, o que fazia com que tivesse ataques cardíacos muito facilmente, podendo levá-la à morte em segundos, se não fosse socorrida rapidamente.

Pierre entrara de rompante no seu gabinete e dirigiu-se para a sua secretária, sentando-se irrequieto, embora tentando controlar-se. Hortense, uma bela mulher, de cabelo castanho, curto, que andava sempre produzida e arrancava olhares de todos os homens, olhou-o. Trabalhava no mesmo gabinete de Pierre, sendo sua assistente. Esta aproxima-se dele e debruça-se sobre a secretária de Pierre.

- Então, Pierre, que se passa? – Perguntou Hortense, com voz sedutora e evidenciando os seus atributos à frente do Detective.

- Nada. – Revelou Pierre, levantando-se, inquieto.

- Oh. Vamos jantar. – Sugeriu Hortense, aproximando-se de Pierre e agarrando-o, passando a sua mão pelo peito dele. – Já não jantamos há tanto tempo.

- Tenho de trabalhar, Hortense. – Disse Pierre, mais paciente.

- Sim, está bem… Mas depois do jantar, podias passar lá em casa… – Sugeriu ela, encostando a sua cabeça no peito de Pierre e fechando os olhos. – Víamos um filme…

- Não, não vai dar. – Respondeu o Detective.

- Mas o quê que se passa contigo, Pierre? Eu não te percebo! – Perguntou irritada, afastando-se dele e fazendo uma pausa. – Tu estás a recusar-me por causa de um caso? Um caso em que uma gaja engana o marido?!

- A Magda não engana o marido. – Respondeu Pierre, calmamente e arranjando a camisa.

- Mais uma razão! Mais uma razão para tu deixares de a seguir!

- Não posso. – Informou Pierre, virando costas e sentando-se de novo na secretária.

- O quê que se passa contigo, Pierre? – Perguntou Hortense, irritada.

- Nada. Absolutamente nada.

Hortense ficou ainda mais furiosa. Virou-lhe costas e foi para a sua secretária.

David encontrava-se sentado na cadeira ao lado da cama onde Magda descansava. Era um quarto amplo e acolhedor. As paredes eram brancas, que condiziam com os lençóis e colcha, brancos, também. Havia uma grande janela, tapada por cortinas finas. O médico olhou o relógio que marcava 23.48h. Levantou-se aproximou-se de Magda, que dormia sobre o efeito de calmantes. Depois de ter acordado dentro de um caixão, tinha medo de adormecer e voltar a acordar dentro de um.

- Eu vou tratar de ti. Vou proteger-te, meu amor. – Sussurrou David, debruçando-se e dando um leve beijo no rosto da adormecida. Aconchegou-lhe a roupa e saiu do quarto. Estava com sede. Permaneceu durante horas, ali sentado, observado Magda a dormir. Foi até à cozinha que havia na clínica.

O quarto estava um pouco escuro. Apenas havia uma pequena luzinha por trás da cama, que dava um ar iluminado à dependência. A claridade aumentou com a abertura da porta, que tinha sido deixada encostada por David. Alguém se aproximou da cama, com todo o cuidado, evitando fazer barulho e observou Magda a dormir. Inclinou-se, aproximou o seu rosto e com a sua mão afastou carinhosamente os cabelos encaracolados do rosto da rapariga. Ao ouvir passos no corredor, apressou-se e tirou um pequeno papel dobrado do bolso das calças e colocou-o dentro da carteira de Magda, que se encontrava em cima duma cadeira do outro lado da cama. Rapidamente saiu do quarto, voltando a encostar a porta. Segundos depois, entrou David novamente, com um copo de água na mão. Deu um leve beijo nos lábios da mulher e voltou a sentar-se na cadeira.

Não sabia o que sentir. Estava feliz por Magda estar bem e por tê-la novamente ao seu lado. Sim, porque a ideia de a perder aterrorizava-o e o tempo em que julgou tê-la perdido para sempre foi o pior da sua vida. Não queria relembrar o que tinha sentido. Queria esquecer aquela sensação horrível de vazio. Fechou forçosamente os olhos e abriu-os novamente. Estava cansado. Encostou-se e acomodou-se na cadeira, acabando por adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Mau Acordar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.