Um Mau Acordar escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 3
Capítulo 3 - O suspeito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230578/chapter/3

Na manhã seguinte, estava um dia ensolarado. Os raios entravam pelas frinchas das cortinas, iluminando totalmente o quarto. Magda abriu os olhos e pestanejou, focando bem o ambiente à volta. Sentou-se na cama e, sorrindo, observou David a dormir. Ele dormia completamente torto e de boca aberta, sentado na cadeira.

- Vai ficar cheio de dores e rabugento. – Disse baixinho para si e bufou. Virou-se e tocou carinhosamente na perna do marido, que deu um salto.

- Que se passa? – Perguntou ele, endireitando-se na cadeira.

- Nada. Desculpa ter-te acordado… Mas estavas a dormir todo torto e tu já sabes como ficas quando dormes assim.

- Ai as minhas costas… – Queixou-se, levantando-se e endireitando as costas. – Tens razão. Eu vou buscar-te o pequeno-almoço.

- Eu posso ir tomá-lo lá. – Refilou a rapariga, começando a afastar os lençóis.

- Nem penses! – Resmungou David, impedindo-a de sair da cama e voltando a arranjar os lençóis. – Tu não sais daqui até estares completamente recuperada!

- Mas…

- Sem mas! – Interrompeu David, beijando-a e saindo do quarto.

Magda suspirou. Já sabia como David era no que tocava à saúde dela. Demasiado preocupado. Encostou-se na cama e respirou fundo, calmamente. Lembrou-se do telemóvel e pegou na carteira.

No edifício da Judiciária, Chuck falava com Jeff e Sebastien sobre o caso em mãos. Pressionava-os para encontrar o culpado, pois tinham uma reputação a manter. Eram considerados a melhor brigada e Chuck queria elevar mais a reputação. Era perfeccionista. Ainda não tinham suspeito e isso era mau. Sebastien revirava os olhos, perante as exigências de Chuck e, quando já encontrava apenas com Jeff, imitava Chuck, em tom de gozo. Jeff ria-se. Na verdade, também não gostava muito do exagero de Chuck, mas não dizia nada, apenas acarretava ordens. Entram no carro e seguiram para a clínica de David.

David foi ao seu consultório e lá encontrava-se Cândida, que se virou atrapalhadamente para o médico e se encostou ao pequeno armário, em cima do móvel.

- Como é que ela está? – Perguntou, Cândida, aproximando-se do médico. – Quando lá fui ela estava a dormir.

- Está estável. Ela vai recuperar bem. – Informou David, sorrindo.

- Claro que sim, David. – Concordou Cândida, colocando as suas mãos suavemente no rosto do médico.

- Eu nem quero pensar no que teria acontecido… – Suspirou David, sobre o olhar sério da cunhada. – Eu não quero nem posso pensar que podia ter ficado sem ela! Eu amo-a tanto que…

- Mas não aconteceu nada. – Disse Cândida, afastando-se rudemente do médico.

- Felizmente. Bem, eu vou levar-lhe o pequeno-almoço! Até já.

- Até já… – Respondeu Cândida num tom quase inaudível.

Magda vasculhava a carteira, à procura do telemóvel. Queria ligar a Cândida. Sabia que a irmã tinha estado lá e precisava do apoio dela. Cândida apenas era mais velha do que ela um ano e uns meses e foi ela quem sempre a ajudou e, acima de tudo, a ensinou a lidar com a doença que tinha. Um papelinho cai-lhe de dentro da bolsa e, de sobrolho carregado Magda pegou nele, abrindo-o e perguntando-se o que aquilo era.

“Eu sei que não me conhece, mas quero que saiba que vou estar sempre aqui. Vou salvá-la.”

Ainda incrédula, Magda abanou a cabeça e elevou a sobrancelha. Não sabia o que aquilo queria dizer e muito menos fazia ideia de quem era. Ouviu os passos de David a aproximar-se. Ia ter problemas se David visse aquele bilhete. Ele era muito ciumento e fazia uma tempestade num copo de água, mesmo não tendo razões para tal. Apressou-se a guardar o bilhete de novo na carteira, mas não foi a tempo e David entrou no quarto.

- O que é isso? – Perguntou David, pousando o tabuleiro na mesinha.

- Não é nada. – Respondeu Magda, pousando a carteira de novo na cadeira.

- Mostra-me! – Exigiu David, sério.

Magda revirou os olhos e bufou. Sabia que vinha aí crise de ciúmes. Pegou outra vez na carteira e tirou de lá o bilhete entregando-o a David. Ao ler o que o bilhete dizia, David arregalou os olhos e ficou ainda mais sério.

- Mas o que é isto, Magda? – Irritou-se, abanando o papel. – Quem é ele?!

- Não sei! Não sabes ler? Não vês que aí diz que eu não o conheço? – Resmungou Magda, chateada e cruzando os braços.

 - Eu dou cabo dele! – Gritou David, rasgando o bilhete.

Magda encolheu os ombros, despreocupada. Era mais uma de tantas crises de ciúmes de David. Já estava habituada. Era só deixá-lo berrar, espernear, que acabaria por lhe passar. Pelo menos, até à próxima vez. Por vezes, sentia-se cansada de tantos ciúmes. David não podia ver nenhum homem olhar para Magda, mesmo que a intenção não fosse a que ele pensava, que o médico passava-se. Magda apenas o deixava falar e respirava fundo.

Jeff e Sebastien tinham chegado à clínica e encontravam-se na porta de entrada, quando ouviram David aos gritos e correram até ao quarto onde o casal estava.

- Eu mato este gajo! Eu vou dar cabo dele, estás a ouvir?! – Continuou David, a gritar e a desfazer o bilhete em mil pedacinhos.

- Doutor, os seus gritos ouviam-se na entrada! – Disse Jeff, sério, entrando no quarto e encarando David.

- Mas afinal o quê que se passa aqui? – Perguntou Sebastien, de mãos na cinta e olhando o casal, com os seus olhos azuis atentos.

- É a minha mulher, que anda a receber cartinhas de amor. – Revelou David, deitando os pedaços de papel ao chão e olhando Magda.

- David! – Reclamou Magda.

- Tu não dizes mais nada! – Disse David, irritado.

- Doutor, tenha calma. – Aconselhou Jeff, calmamente.

- Magda, você está bem? – Perguntou Sebastien.

- Estou. Ele é maluco. – Respondeu Magda, revirando os olhos e virando a cara para o lado.

- Bem, Doutor, vamos conversar melhor para outro sítio? – Pediu Jeff. – Aliás, eu passei por aqui porque gostaria de fazer uma visita ao seu consultório, pode ser?

David acenou com a cabeça afirmativamente, ainda chateado com o que se tinha passado.

- Sebastien, ficas aqui? – Perguntou Jeff.

- Fico. – Respondeu Sebastien, aproximando-se da cama para se certificar de que Magda estava bem e também para não a deixar sozinha.

Jeff saiu do quarto seguido por David, que lhe mostrou o caminho do seu consultório. O médico respirou fundo, tentando acalmar-se.

- Eu sei que exagero um bocado mas fico doente com estas coisas! – Revelou David, sentando-se na sua secretária.

- Pois, mas tem de ter calma. – Aconselhou Jeff, acabando de calçar as luvas.

- Pois tenho… Mas… Eu gosto tanto da Magda, sabe, que só de imaginar que um homem qualquer possa olhar para ela… Fico doido! – Confessou David, calmamente.

- Bem, eu vou precisar dum minuto aqui, pode ser? – Perguntou Jeff.

- É claro, esteja à vontade. – Consentiu David, levantando-se e encaminhando-se para a porta. – Eu estou ali fora. Vou beber um café.

- Beba antes um chá… De camomila. É bom para os nervos. – Aconselhou Jeff, dando um sorriso e ajeitando as luvas.

David sorriu como se acatasse o conselho e saiu do consultório. Jeff aproximou-se da secretária, procurando algo que o pudesse ajudar na investigação, quando olhou para um móvel em que havia um pequeno armário. Dirigiu-se ao mesmo e tentou abri-lo, mas constatou que estava fechado à chave. David voltou, com um copo de chá na mão e observou Jeff, a tentar abrir o armário.

- Passa-se alguma coisa?

- Ahm… Este armário está fechado… Pode abri-lo, por favor? – Pediu Jeff.

- Com certeza! – Prontificou-se David, pousando o copo na secretária e tirando as chaves do bolso. – Esse armário é onde eu guardo os medicamentos mais importantes.

O médico abriu o armário e afastou-se, esticando o braço, dando licença a Jeff, para observar o conteúdo do armário.

- Ora, aqui está.

- Obrigado. – Agradeceu Jeff, aproximando-se do armário, observando os medicamentos e procurando enquanto David continuava a beber o chá, descansadamente.

Jeff ia lendo os rótulos dos medicamentos até encontrar um pequeno frasquinho, que não sabia o que era. Pegou no mesmo e virou-se para David, apontando para o suposto medicamento.

- O que é isto? – Perguntou Jeff, elevando o objecto.

- Não sei. – Respondeu David, com ar confuso, observando o frasquinho. – Eu juro-lhe que não sei.

- Bom, vou ter de levar para o laboratório para analisar e pedia-lhe que viesse comigo.

- Claro, com certeza. – Respondeu David. – Mas eu juro-lhe que não sei que frasco é esse…

- Então, vamos descobrir os dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Mau Acordar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.