Um Mau Acordar escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Funeral


Notas iniciais do capítulo

É uma das várias histórias que comecei a escrever e a que pretendi continuar neste momento. Espero que gostem :b Este capítulo é pequeno, mas os próximos serão maiores.



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Choro. O som do choro era o que mais se ouvia, naquele jardim de covas fundas, onde se enterravam os corpos daqueles que um dia respiraram. Uma dezena de pessoas, vestidas de negro, algumas tapando os olhos com óculos escuros e secando as lágrimas que caiam incontrolavelmente, rodeavam a mesa onde estava pousado o caixão. O mais notável era o choro desesperado de uma jovem rapariga de cabelos castanhos, compridos e ondulados que estava agarrada um rapaz bem-parecido, loiro, que a abraçava. Este deixava cair discretamente solitárias gotinhas, olhando o caixão. Agarrava as pontas da blusa da jovem amassando-as, como se se estivesse a conter para não acabar num choro indomável como o dela.

– Como é que isto pôde acontecer, David, como? – Perguntou a jovem, limpando as lágrimas.

– Não sei, Cândida, não sei… – Respondeu, ainda parecendo anestesiado.

A uns metros de distância do local, por trás de uma enorme árvore, estava alguém, que observava com atenção o que se passava na cerimónia. Era um rapaz alto, cabelo curto, castanho e espetado. Abanou a cabeça e tirou um pequeno papel do bolso, o qual rasgou e deixou cair perto da árvore, antes de se afastar do local.

O dilúvio continuava. Mas agora mais calma, Cândida olhava o caixão, uma última vez, antes de o afundarem naquele buraco escuro e solitário. Todos os presentes se assustaram e alguns começaram a correr, afastando-se dali, quando se notou que o caixão abanava e se ouviu uma voz gritando lá dentro. Imediatamente David se aproximou, incrédulo, e tocou no mesmo, certificando-se que não estava a sonhar.

O que aconteceu estava a custar-lhe horrores. De um momento para o outro, sentiu a sua vida ruir perante os seus olhos. Tudo o que tinha construído nos últimos anos tinha desmoronado. Finalmente tinha casado com a mulher dos seus sonhos, tinham comprado uma casa e tinham a vida que muitos invejavam. Inclusive, estavam a ponderar ter um filho. Apesar de algumas vezes discutirem devido aos seus ciúmes incontroláveis, tinha a vida que sempre tinha sonhado. Mas, para David, agora nada fazia sentido. Era como se tivesse um vazio tão grande dentro de si, que era capaz de lá caber o mundo.

Porém, o seu coração voltou a aquecer e a bater fortemente quando ouviu os gritos vindos de dentro do caixão. Talvez não fosse o fim.

– Estão à espera do quê?! Abram esta porra! Rápido! – Gritou David para os coveiros.

Rapidamente três homens correram em direcção ao caixão e o abriram, sem se preocupar se o danificavam. Lá de dentro surgiu uma rapariga de cabelos castanhos-escuros encaracolados, que se sentou respirando com dificuldade. Inspirava o ar como se este fosse voltar a fugir-lhe.

David agarrou a mão da rapariga, chorando. Piscou freneticamente os olhos, olhando a rapariga que se encontrava pálida, com a outra mão sobre o peito. Cândida aproximou-se deles, estupefacta com o que estava a acontecer.

– Magda… – Sussurrou David.

– Da-Da-David! Que se pa-passa? – Perguntou Magda, confusa com tudo o que se passava à sua volta, olhando toda a gente com os olhos esbugalhados.

Sobre os olhares assustados dos poucos presentes, David pegou em Magda e tirou-a de dentro do caixão, sentando-a numa das cadeiras lá existentes.

– Acalma-te, amor, está tudo bem! – Respondeu David, acariciando-lhe o rosto.

– Eu já chamei uma ambulância. – Informou Cândida, pegando na mão de Magda. – Estás bem?

– Que achas?! Acabei de acordar dentro de um caixão… No meu funeral! – Gritou Magda.

– Acalma-te! Olha o teu coração! – Avisou David.

– O meu coração está bem! Est…

Magda começou a ter dificuldade em respirar e acabou por desmaiar nos braços de David. Cândida deitou as mãos à cabeça, resmungando que a ambulância nunca mais chegava. David dava leves bofetadas na face de Magda, com a esperança que esta reagisse, mas nada. Era inútil. A rapariga estava inconsciente. Pouco tempo depois, ouviu-se a sirene da ambulância ao longe e não demorou muito até esta chegar ao local. Junto veio um carro com dois Inspectores da Polícia Judiciária, chamados pelo INEM. Magda foi transportada para a ambulância e David fez questão que esta fosse levada para a sua clínica, onde a podia tratar. Era um dos médicos mais bem conceituados do país. No local ficou Cândida, ainda meio apatetada com o que se tinha passado.

– Boa tarde. Inspector Jeff Stinco da Polícia Judiciária e este é o meu colega, Sebastien Lefebvre. – Informou, mostrando os distintivos.

– Ai, meu Deus… Eu ainda não percebo como é que isto aconteceu… A minha irmã…! – Disse Cândida, limpando o rosto com um lenço de papel e acenando a cabeça depois. – Cândida Garcia.

– Muito bem, pode-nos contar o que aconteceu? – Pediu Sebastien, com o seu habitual bloco de notas na mão.

– Foi tudo tão rápido… Primeiro estava morta, iam enterrar o caixão quando de repente… Ouviu-se gritos e… Estava viva! – Respondeu Cândida, esbracejando. – Mas como é que isto foi acontecer…

– É isso que vamos descobrir. – Comunicou Jeff. – Agora se nos dá licença…

Os dois inspectores afastaram-se e Jeff ligou para o Departamento, pedindo à equipa de análise para se deslocar ao local para recolher eventuais provas.

– É sempre a mesma coisa! – Refilou Sebastien. – E logo agora que eu estava quase a resolver o meu cubo mágico…! Mas os criminosos não tiram férias?

– Tu não páras de te queixar? – Perguntou Jeff, olhando Sebastien que estava emburrado.


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Notas finais do capítulo

"How could this happen to me? I just wanna scream" :b



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