POV THEREZA

Hoje é o grande dia, o dia de nossa filha saber toda a verdade que está ao seu redor e que todos esses anos ela não havia percebido.

Como todos os dias, me levanto cedo, preparo o café e arrumo as coisas. Desde que nossa filha começou a estudar em um colégio interno, essa casa nunca foi a mesma, para falar a verdade, é uma casa onde quase não se escuta risadas e brigas familiares sobre coisas insignificantes. Eu sinto muita falta dela. Muitos de nossos vizinhos acham que nós somos maus e não queremos dizer que temos uma filha, isso é realmente muito chato, mas não podemos contar para eles nada sobre o caso e nem sequer onde trabalhamos, pois isso também é um segredo imenso!

Pois bem, hoje é um dia especial, confesso que estou muito nervosa para falar isso com a minha filha. O que ela vai achar que somos? Que só fomos lá para alerta-la e não para matar a saudade? Espero que dê tudo certo. Acho que ela ficou muito feliz por saber que ao invés de ir para um passeio bobo de um museu, verá seus pais.

– Bom dia querida! Está preparada para o grande dia? – disse meu marido

–Bom dia! É... Acho que sim, confesso que estou um pouco nervosa.

Olho para o relógio e vejo que já são 09h30min da manhã e procuro me apressar.

– Querido, melhor nós nos apressarmos, senão não chegaremos no horário previsto.

– Já estou pronto, só estou lhe esperando.

– Ok, irei me arrumar.

E esse nervoso que não passa nunca? Já não aguento mais! Para falar a verdade, esse nervoso é por causa de um pressentimento ruim que eu estou tendo, mas isso deve ser pelo medo. Eu realmente sou uma tonta e frouxa. É só pensar que nada de mais irá acontecer e tudo dará certo.

Termino de me arrumar e vejo que Aaron está me esperando na garagem para irmos para o colégio, que fica a mais ou menos meia hora daqui.

Entro no carro, verifico se não esqueci nada e partimos!

Estamos indo em direção à escola, demora um pouco para chegar lá e ainda por cima, por ser final de semana, o trânsito está totalmente engarrafado na ponte, pelo menos é só na ponte, depois que sairmos dessa bendita ponte o trânsito estará livre! Nada melhor do que fazer nada para ter um momento de reflexão. Pensando bem, ainda estou com aquele certo pressentimento ruim que me atormenta. Não é sempre que tenho certos pressentimentos, mas sempre que eu os tenho, acontece coisa ruim. Eu tenho um pressentimento que nunca mais irei ver a minha filha novamente, eu tento não pensar nisso, mas não adianta.

– Amor, está tudo bem com você? Você me parece meio pálida...

– Na verdade, eu estou tendo um pressentimento ruim desde manhã e não consigo pensar em outra coisa.

– Bobagem, eu não acredito nessas coisas. Isso é coisa da sua imaginação, fica tranquila.

Apenas dei um sorriso meio torto e simplesmente queria pensar como Aaron, mas não consigo, acho que não sou madura o suficiente mesmo sendo adulta, eu ainda acredito nessas coisas e até eu chegar lá eu não vou sossegar.

Depois de meia hora de engarrafamento conseguimos sair da bendita ponte. É uma sorte demorar só meia hora, geralmente é duas horas de engarrafamento e olhe lá! Bem, para irmos até a cidade onde fica o colégio, para cortar caminho, vamos por uma estrada que ainda não é asfaltada e é nesse momento que eu começo a ficar nervosa, para não dizer que eu entro em pânico.

– Vá com calma Aaron, pelo amor de Deus!!

Ele olha fixamente pra mim e diz:

– Querida,você ain....

– AARON! NÃÃÃÃÃÃÃO! OLHA PRA FRENTE

Narrador Comum

Até que o carro desce barranco a baixo, sem nenhuma chance ou maneira de alguém que estava naquele carro estar vivo.

Em uma casa perto dalí morava um casal de idosos que estavam em casa quando ouviram o barulho ensurdecedor de algo caindo.

– Joseph, venha aqui! Acho que aconteceu um acidente! Chame a ambulância, a policia o que for, mas vá logo!

– Espera querida primeiro temos que saber se ....

E logo vieram as chamas, o carro explodiu e todas as provas de quem eram aquelas pessoas que estavam no carro se fora.

Dez minutos depois chegam a policia e o bombeiro. Primeiro eles apagaram o fogo, e logo depois homens descem para retirar os corpos e ver se sobrou algo que possa ser útil na investigação.

– Senhor Jansen, encontrei uma coisa! Está bem longe da área de fogo, mas é uma carteira de motorista, pode ser da vitima.

– Traga pra cá! Quero dar uma olhada.

– Sim, senhor!

– Hum... Aaron McCartney Drummer. Nome interessante, mas será que é da nossa vitima?

– Senhor Jansen, entrarei em contato com algum parente próximo.

– Sim, faça isto.

Chegam os repórteres e começam a falação.

Ocorreu um acidente aqui na estrada que liga Village á Sweet Ville, ainda não temos informações das vitimas, mas pelo que se pode entender se trata de um homem e uma mulher com idades aproximadas de 30 anos, os corpos já estão no I.M.L e a polícia está procurando algum parente próximo.

POV LAILA

Meus pais pelo visto não vão vir hoje, e eu sou uma tola mesmo para acreditar que eles viriam, que idiotice da minha parte não é?! Meus pais nunca me visitaram direito e eu achando que eles viriam bem no dia do passeio, isso só foi um truque deles para fazer eu não ir. Tudo bem, eu não me importo, eles nunca foram aqueles tipos de pais que se preocupa com os filhos.

Fiquei a manhã inteira na biblioteca lendo uns livros bem bacanas e só agora percebi que nem almocei e já são três da tarde. Estou com fome e já desisti de esperar meus pais faz algum tempo.

A escola inteira já voltou do passeio faz mais ou menos umas três horas, e Michele não me achara, ela nunca iria adivinhar que eu estava na biblioteca, isso seria um lugar onde ela nunca iria à minha procura. Com certeza essa hora ela estava no quarto dormindo. Geralmente esses passeios são tão chatos que faz você dormir quando chega em casa ou no seu quarto na escola.

Sirvo-me e me sento em umas das mesas, é fácil comer quando não se tem gente no refeitório, você não precisa sair por aí, procurando lugar pra sentar ou esperar a boa vontade de outras pessoas para terminarem de comer.

– Eca!

Isso é tudo o que eu consigo dizer, essa comida está gelada, perdi até a fome agora. Acho melhor eu esperar pelo lanche às dezesseis horas.

Levanto-me e escuto o barulho dos autofalantes. Lá vem reclamação da diretora Margarete, na verdade ela só usa esses autofalantes para isso.

Aluna Laila Drummer, por favor comparecer à sala da direção.

Hã? Eu? Só pode ser algum engano. Eu não fiz nada de errado! Ou fiz?

Mesmo sabendo que não fiz nada de errado, vou até a sala da direção, ver o que aconteceu dessa vez.

Chegando lá, vejo que a sala fora reformada e está bem bonita e mais clara. Não creio que foi a Senhora Margarete que deu um toque a mais nisso aqui.

– Sente-se. E espero que esteja preparada para escutar o que eu tenho a dizer.

Faço o que ela manda e me preparo pra começar a ouvir coisa que eu não faço ou fiz.

– Vou ser bem direta, mesmo sendo um assunto delicado.

– Sim senhora, pode dizer.

– Ér... Seus pais senhorita Drummer, houve um acidente com eles hoje de manhã enquanto estavam vindo para cá.

– OQUE? - Digo me levantando. – COMO ELES ESTÃO? ESTÃO VIVOS?

– Acalme-se Srtª Drummer. Sinto muito em lhe dizer mais seus pais não resistiram.

– NÃO! NÃO PODE SER, A SENHORA ESTÁ FALANDO DA PESSOA ERRADA!

– Srtª Drummer, você poderá tirar uma “licença” pra sair desse colégio por 7 dias, para se recuperar e poder visita-los.

– SENHORA MARGARETE, A SENHORA NÃO ENTENDE! NÃO PODE SER MEUS PAIS! EU NÃO TENHO MAIS NINGUÉM DA FAMÍLIA ISSO NÃO É JUSTO.

– Me desculpe, mas isso de fato aconteceu com seus pais. A polícia está investigando as causas do acidente.

Desabo no chão e começo a chorar, me sinto a pior pessoa do mundo por não ter amado meus pais como eles realmente mereciam. E agora eles estão mortos e não tenho mais ninguém a não ser minha tia distante. Só quando perdemos damos valor ao que realmente importa.

~CONTINUA~