Zayn's POV

Eu realmente não esperava por isso, não esperava ter dito tudo aquilo, e nem ter ouvido tudo aquilo. Não esperava que a Jessica me deixasse falando sozinho, eu queria ter pelo menos uma conversa civilizada com ela, mas nem isso eu consegui. Mas o pior não é isso, o pior é que a sua boca dizia uma coisa, mas seus olhos diziam outra. Ah, seus olhos, eles estavam vermelhos e a sua cara inchada, odeio pensar que ela podia estar chorando, chorando por mim... Não queria que tudo isso estivesse acontecendo, mas já aconteceu, não tem mais volta, ela quis isso tanto quanto eu, e eu acho melhor dar um tempo, foi o que eu tentei dizer a ela, mas isso não quer dizer que eu não goste dela. Depois de ela me deixar falando sozinho, fui para o meu quarto pensar um pouco, já tinha perdido a namorada, o dia de trabalho, não tinha mais o que fazer. Ótimo dia pra se jogar do ultimo andar não é? Fui pro meu quarto e resolvi fazer alguma coisa hoje, não estava tão tarde, e já que eu não estava mais com a Jessica, não tinha que me preocupar, era só sair... Tomei um banho demorado, coloquei uma roupa normal e sai sem avisar ninguém, até porque não tinha ninguém lá mesmo. Fui até o barzinho mais próximo e me sentei numa mesa afastada. O lugar era agradável, tinha música ao vivo, a iluminação não era nem clara demais nem escura demais, tinha muitas pessoas, mas nada que me incomodasse, realmente me senti bem lá. 

- Posso te atender? - disse uma moça alta, loira com os cabelos cacheados, uma roupa sexy e os olhos bem delineados. Sua voz era rouca.

- Ah, claro, eu quero... hum... por que você não me ajuda a escolher? Tem alguma coisa pra me indicar? - Sorri maliciosamente, e ela primeira vez depois de muito tempo, me senti mal fazendo isso. 

- Que tal um Dry martini? - ela retribuiu o sorriso malicioso. Normalmente, eu imaginaria muitas coisas com ela fazendo essa cara, mas dessa vez foi diferente, eu não senti nada, a Jessica não saia da minha cabeça.

- Ok, pode me trazer um então. - sorri novamente, mas um sorriso normal... até meio forçado.

As horas foram passando, eu fui bebendo mais, mais, mais, e mais. Minha visão já estava embaçada e eu estava desabafando com um cara que eu acabei de conhecer. Ele tinha chego em casa e visto a mulher dele na cama com o irmão dele. E eu achando que a minha vida estava ruim... pelo menos a Jessica não me traiu... 

- Cara... n-nunca confie nessas sangue sugras... - ele falou meio embolado, já não falava nada com nada, mas continuei o escutando. Ele estava quase chorando, eu não podia deixar ele assim ali. 

Depois de pelo menos mais umas duas horas conversando sobre mulheres, chegamos a conclusão de que precisávamos parar de pensar nelas, de se importar com elas e etc. Ele foi mais radical, em uma certa altura da noite, o cara já estava sem camisa gritando que ia virar gay, porque pelo menos assim ele seria feliz, e faria alguém feliz. Eu ria muito, assim como todos que estavam lá, afinal, não é todo dia que nós vemos um cara... assim... 

                A garçonete gostosa voltou para a nossa mesa, ela perguntou se podia ser útil para mais alguma coisa, e notei o tom malicioso nas suas palavras.

- Mas é claro que sim, você pode me ajudar a chegar até o meu carro, fazendo favor? – Sorri me apoiando no seu braço.

- Mas é claro que eu posso...

Fomos até o meu carro. Encostei ela no carro e cheguei cada vez mais perto dela. Eu olhava para os seus lábios vermelhos, que podiam não parecer convidativos antes, mas depois de tudo o que eu bebi, estavam irresistíveis. Sem conseguir me conter, colei meu lábio no seu, e por incrível que pareça, ela não me empurrou, pelo contrário, puxou minha nuca contra o seu rosto, dando mais pressão ao beijo. Automaticamente, desci minhas mãos que estavam nos seus ombros, para a sua cintura, a apertando com força contra o meu corpo. Nossas línguas se entrelaçaram mais durante o beijo quase que harmonicamente. As mãos dela foram até o meu abdômen e ela me arranhou de leve. Fiquei completamente arrepiado e muito mais excitado depois disso. Afastei meu rosto do dela para conseguir fôlego para mais um beijo e... Jessica? Não, ela não estava ali, eu tinha certeza. Mas... era o rosto dela, eu não estou ficando louco, o rosto dela estava no corpo da garçonete... mas como assim?

- Jess? – Falei quase sussurrando e a loira me olhou brava.

- Não! Meu nome é Brithanny! – e deu um tapa na minha cara me deixando sozinho.

O QUE? AGORA É MODA ME DEIXAR FALANDO SOZINHO? Peguei com dificuldade as chaves do carro que estavam no meu bolso mas... eu podia estar bêbado, mas não era idiota, eu sei que não consigo chegar vivo em casa dirigindo nesse estado. Guardei as chaves novamente e peguei meu celular, liguei para um taxista e em menos de 10 minutos ele foi me buscar. A noite podia ser boa, mas não, eu resolvi sair de casa e beijar uma garçonete louca... isso tudo é culpa da Jess... Mas não importa agora, ela deve estar muito bem na casa das meninas, só espero que ela não se atrase pra trabalhar amanhã, a gente terminou, mas ela continua trabalhando com a gente, afinal, precisamos de uma produtora. Cheguei em casa esbarrando nas coisas e o Liam estava na sala com a luz acesa assistindo filme... na verdade um desenho... ah, sim, ele estava assistindo Toy Story. Essa foi uma das cenas mais fofas que eu já vi na minha vida! Quase amanhecendo e o Liam me esperando assistindo Toy Story.

- Onde você estava? A nós ficamos preocupados, senhor badboy! – Liam parecia bravo, mas não me enganava.

- É... eu tive que sair, terminei com a Jess, é uma longa história, e agora eu estou com dor de cabeça demais pra contar... ah, ela já chegou? – Sou um idiota mesmo, eu aqui me preocupando enquanto ela deve estar muito bem, se divertindo... me esquecendo...

- Nossa... é... ela não chegou ainda, mas a Sarah mandou uma mensagem avisando que ela está na sua casa e elas estão bem, então não tem com o que se preocupar... só com você né...

- Ok... acho melhor eu dormir, não estou me sentindo muito bem... – Não queria ficar acordado pensando que ela está feliz e eu aqui, um bêbado com a cara vermelha.

- Tá, eu te ajudo a chegar no quarto. – Liam colocou meu braço no seu ombro e me levou até o quarto, ele é o pai que eu não tive...

Falando em pai... eis aqui o real motivo de tudo isso. Meus pais. Hoje de manhã, recebi uma mensagem de um número desconhecido.

“Oi, Zayn? Aqui é o seu... pai... eu queria falar que estou muito orgulhoso de você meu filho, eu te amo”

MAS QUE PORRA? MEU PAI? Desculpa, mas eu não tenho pai. Quando vi isso, uma lágrima desceu pelo meu rosto. Ou era uma mensagem de mal gosto, ou era mesmo o meu pai... Aquele que me largou naquele internato sem falar nada, sem se despedir... Mas por que agora? Por que ele me deixou lá? Eu precisei dele, por que ele não esteve comigo?