Meetings in Our Holiday escrita por Machene


Capítulo 4
O Retorno de Rivalidades




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230286/chapter/4

Cap. 4

O Retorno de Rivalidades

É fim de tarde e os tons do céu ofuscam o seu arredor com uma luz dourada. Perto de uma ponte que cruza um rio, Hilary e Salima aguardam a chegada de Ray e Tyson ao seu ponto de encontro com ansiedade. Isso porque, quando aceitaram serem as parceiras deles no torneio Gold Rush, não esperavam ver uma mulher específica do triste presente da zoóloga dentre as várias moças sentadas próximas a elas.

Contudo, a jovem não era uma miragem projetada por sua mente; ficara evidente pra escritora quando a vira conversando com outras ajudantes junto à extensa mesa com garrafas d’água, posta na trilha de terra pela qual os competidores iriam percorrer. Quais seriam as chances de estarem juntas no mesmo local e na mesma hora depois de tudo?

– Nós nos ferramos mesmo. – a morena retruca ao suspiro da ruiva – Nunca pensei que, mesmo sabendo o quanto Thalia e Diva se importam com o trabalho, Melissa podia ter coragem de dizer a elas sobre a nossa decisão de largar as nossas tarefas para ficar na margem de um barranco, tostando no sol, só pra dar assistência a um bando de idiotas.

– Não seja tão má Hilary! Os garotos são legais.

– Podem ser, mas não valem a pena este esforço. – ela olha de banda para a direita, cruzando as mãos rentes ao nariz – O seu principalmente.

– Bom... Eu concordo que é muita falta de sorte. Mas poderia ser pior.

– Acho que preferia o assédio dos fãs, mesmo correndo o risco de ficar presa pelos próximos dias naquele quarto. Inclusive, se não fosse por eles terem acampado na porta do hotel, nem precisaríamos estar aqui! É chato!

– Certo, só que eles estavam, e mesmo correndo o risco de serem postos para fora os rapazes driblaram a segurança e vieram nos avisar. Nós podemos estar numa situação chata, mesmo assim foi melhor ter vindo ajuda-los pra despistar a mídia e os fãs do que correr o risco de encerrar nossas férias mais cedo. Não acha?

– Ok, você está certa! – as duas sorriem – Foi um baita azar perder quando tiramos a sorte no palitinho pra ver quem ia ajuda-los nessa, mas pelo menos, graças a Lane, nós seremos recompensadas no final com um belo jantar!

– Eu acho justo participar mesmo sem essa condição. Devo minha vida ao Ray, e a ajuda que estou dando agora, é claro, não poderia pagar essa dívida, ainda assim...!

– Você não está enganando ninguém, sabia disso?!

– E o que eu deveria dizer? Eu não gosto do Ray!

– Mas eu nem disse que gosta. – um minuto de silêncio e, enquanto Salima bate na testa, Hilary ri tentando não chamar a atenção alheia.

– Na verdade, eu ainda não sei se gosto. – a moça encara Tyson e Max parados em frente, misturados entre outros competidores da corrida que esperam seus parceiros com os bastões para trocarem de lugar – É complicado.

– Sei... Então, aquela é a noiva do cara que você realmente gosta? – as duas olham novamente para a jovem de madeixas rosadas há algumas cadeiras de distância.

– É. Não posso dizer que ela era minha rival, nunca começamos uma briga mesmo.

– Sério? Quando você me disse quem ela era, pensei que estava pensando por que aquela criatura se bandeou justamente pra cá. “Não podia ter escolhido viajar pra algum lugar onde o índice de terremotos esteja alto nesta época do ano?”, tipo isso. – elas riem.

– Mariah é uma garota legal, e isso é o que mais aborrece. Eu quis viajar mesmo para não acender uma vela e tentar rogar uma praga nela! – a dupla ri de novo.

– Bem, como a sua amiga, eu não gostaria de ver a equipe dela vencer. Acho bom aquele moleirão do Tyson ir rápido! Ou... Eu devia torcer pelo Max?

– Eles estão competindo um contra o outro, mas acho que podem dividir a taxa do aluguel do quarto em dois, assim ambos ganhariam. Ao menos, as chances de vitória se ampliam desse jeito. Depois eles se resolvem com o prêmio.

– Tem razão, não é da nossa conta. De qualquer forma, Tyson vai precisar correr a toda se quiser evitar receber um chute na bunda de mim!

– Oh, agora eu pergunto, por que implica tanto com o coitado? Não gosta dele?

– Não é que eu não goste, mas o jeito exibido dele, e como mete os pés pelas mãos o tempo todo, isso me irrita! Além disso, ele é um baita preguiçoso.

– Como é que você percebeu isso em tão pouco tempo?

– Conversando com os amigos dele e observando. Olha só praquele bobão! – elas o encaram e Salima ri quando o rapaz se apoia sobre Max preguiçosamente.

– Bem... Tyson parece ser um homem divertido. Você poderia lhe dar uma chance.

– Não que eu tenha algum problema com isso, mas você deve ter se esquecido dos detalhes nos separando, Sali. Veja: eu sou inglesa e ele americano; eu gosto de trabalhar e sou organizada, ele é relaxado e detesta fazer esforço desnecessário, até mais do que o tal de Kai pode ter dado a entender; eu sou bastante rica e ele está mendigando ajuda pra ganhar uma estadia de três dias num hotel enquanto o seu barraco está inundado.

– Quem disse que ele mora em um “barraco”? Isso é preconceito Hilary.

– Eu disse que não me importo com esses detalhes, mas eles existem.

– Se você não liga, por que mencionou essa lista de empecilhos?

– Porque ele deve se importar Sali, e outras pessoas também.

– Se o Tyson se incomoda você só vai descobrir falando com ele. Quanto às outras pessoas, que se dane! Não precisa prestar contas da sua vida pessoal a elas!

– Ok, supondo que tivéssemos algo, o que faríamos então sobre a distância?

– Nem deveria estar me perguntando isso. Pode achar que é o maior problema dos dois, quando na verdade deveria estar mais preocupada com suas diferenças. E mesmo a lista sendo grande, e daí? Você não pode desistir sempre que surgir uma dificuldade. Ele pode ser o seu completo oposto, mas não dizem que os opostos se atraem?

– Ah, pare com esse sorrisinho maligno! – as duas riem – De qualquer forma, esse tipo de relação nem existe entre a gente. Somos quase amigos.

– Hunhum... De grão em grão é que a galinha enche o papo.

...

Detrás das jovens, nas arquibancadas, o restante dos seus amigos se acomoda um ao lado do outro. Melissa olha impacientemente pra trilha de onde devem vir Daichi e Ray, dentre outros competidores, assim como Max e Diva, enquanto Kenny e Keilhany mexem nos seus celulares simultaneamente, Kai escuta música usando fones de ouvido e Kailane lê um livro pequeno de bolso. A loira bufa pela milionésima vez neste dia.

– Tenha calma. Eles não vão desistir dos pulmões por sua causa.

– Ai Lane, mas aqueles dois estão demorando muito! Os competidores só precisam correr em círculo até chegar naquele relógio de pedra no caminho; qual a dificuldade?

– Vá saber. – a mais velha responde sem tirar os olhos do livro – Mas eu acho bom você se aquietar antes que caia da arquibancada. – a moça faz um bico e segura o grande chapéu branco sobre sua cabeça devido à inesperada rajada de vento.

– Ei, aquela ali na ponta...! – Keilhany desvia os olhos do telefone um momento e franze o cenho – Não pode ser... Tá de sacanagem, destino?

– Qual é o problema? – o loiro questiona com estranheza.

– Aquela garota ali é a noiva do cara de quem a Salima gosta!

– Mentira! – Diva olha na direção em que a amiga aponta – Caramba, é mesmo! A foto que você me mandou dela naquela vez tava desfocada, mas eu consigo reconhecer.

– A tal de Mariah? – Kailane, afinal, abandona sua leitura – O que ela faz aqui?

– Sei lá, mas pelo visto não é a única assombração no pedaço. – a ruiva cerra seus olhos, mirando novamente uma imagem pelo binóculo – Acabei de ver uma gralha perto da linha de chegada, e ela tem cabelo azul e uma saia de babados.

– Como é? – Melissa toma o objeto e verifica a direção – Ei, não é aquela cantora ídolo pop japonesa com nome repetido, Ming-ming?!

– Sério? Cadê? Eu quero ver, me dá! – Kenny pega o binóculo rapidamente e sorri – Ah, ela é um encanto! Adoro a Ming-ming!

– Jura? – as jovens aborrecidas o encaram e Thalia prossegue – Sabia que a Hilary foi traída pelo namorado dela por culpa daquela gralha exibida?

– Ah... É... – o rapaz fica assustado e se recolhe para perto de Max.

– Deixe-me ver isso. – a advogada toma o objeto dele e olha a cena, travando logo em seguida – Eu... Não é possível. Não acredito nisso!

– O quê? Ela trouxe o cara junto? Porque se trouxe, eu vou avisar a Hilary agora!

– Não é isso Diva. Ele... – a moça aperta os dedos – Ele está aqui.

– Quem? – é a vez de Kai olhar pelo binóculo – Está falando daquele homem perto dela? O ruivo alto com uma jaqueta laranja?

– É. – todos a encaram com estranheza, então ela toma fôlego e completa – Ele é o meu ex, Tala. – o grupo silencia estarrecido pela revelação.

– Ah não, isso já é sacanagem! – Melissa toma o objeto do empresário e olha junto de Max – O que diabos aquele cara veio fazer aqui também?

– Ele patrocina a Ming-ming. Eu sabia disso, só não tinha conhecimento que ela é a responsável por arruinar o último relacionamento da Hilary.

– Bom... – Keilhany suspira – Eu suponho que Mariah esteja aqui de férias, assim como nós, e é bem capaz do noivo ter vindo junto. Se Ming-ming e Tala vieram também para, possivelmente, começar a turnê dela sobre a qual eu ouvi falar, só fica faltando...

– Nem ouse completar essa frase! – a estilista aponta para ela, fazendo-a silenciar, e então retorna ao seu milk-shake ainda frio sobre o banco.

– Por acaso você também teve uma decepção amorosa? – o fotógrafo indaga.

– Infelizmente sim, recente, e não preciso ver o cara de quem eu estava afim aqui, ou a baranga que tomou ele se aproveitando da minha fragilidade!

– “Fragilidade”? – o rapaz levanta uma sobrancelha e a loira começa a gaguejar.

– Eu só... – ela sorri e abana a mão direita frente ao rosto – Não ligue para mim! É um coração ferido, nada demais! Além disso, não tem a menor chance deles...

A jovem se interrompe quando os competidores do torneio chegam e repassam os bastões, dentre eles um homem com cabelos medianos tom de mel e um boné decorado pela sigla dos Estados Unidos da América. Quando ele para de correr, tomando fôlego e se apoiando nos joelhos, uma bela moça se levanta da primeira cadeira da mesa de apoio e lhe entrega uma toalha além da garrafa d’água.

– Oh, merda! – Melissa espreme o copo da sua bebida já terminada – Odeio muito o Michael, e odeio ainda mais estar errada!

...

– Cara, eu tô muito cansado! – Daichi diz ofegante, jogando a cabeça para trás.

– Mas vocês fizeram um ótimo trabalho. Aqui. – Hilary oferece uma garrafa com água para cada um e eles as depositam no chão ao seu lado.

– Obrigado Hilary. – Ray olha de soslaio para trás dela – Ei, quem é aquela mulher conversando com a Salima? – a morena se vira e faz uma careta.

– Oh merda! – a cineasta sorri disfarçadamente – Ninguém! Eu vou lá falar com a Sali, ok?! – ela corre na direção da zoóloga enquanto os dois se levantam.

– Ray, qual é o problema? – o ruivo questiona ao sério rapaz.

– É aquela garota... – ele observa Mariah apoiando o braço direito na perna – Ela conhece a Salima, e parece que as duas não se gostam nem um pouco.

– É com isso que está preocupado? Você deve estar imaginando coisas.

– Na verdade não. – Diva e Keilhany se juntam a eles perto do relógio de sol sobre o pilar de pedra – Thalia e eu sabemos de todos os traumas amorosos das garotas, e no caso da Salima a culpa é daquela garota. Ela ficou noiva do homem que a Salima gosta. – o veterinário olha mais atentamente para as moças conversando e se surpreende.

– Puxa! Aquela é a Mariah? – neste instante o resto de seus amigos se aproxima.

– Quem vocês estão olhando? – Melissa vira o rosto – Ah, aquela ladra de caras?

– Acho melhor morder a língua antes de dizer alguma coisa dela de novo.

– Por que Diva? Vai dizer que resolveu defender aquela lá?

– Não, mas talvez o Ray queira defender. – o grupo o encara.

– É... – ele pausa, engolindo em seco – A Mariah é minha amiga de infância.

– É O QUÊ? – as jovens berram em uníssono, igualmente estarrecidas.

– Ah, ela é aquela menina de quem você falava quando morava na China? – o empresário cruza os braços.

– Sim Kai. A Mariah está noiva... – Ray a observa sentindo a brisa repentina – Faz um tempo que eu não converso com o Lee, o irmão dela, então não estava sabendo de nada.

– Maravilha...! – Kailane massageia suas têmporas – As coincidências não param.

– Melissa! – todo mundo escuta a chamada e se voltam ao rapaz que acena.

– Inferno! – a loira sorri forçadamente a acena de volta – É o Michael.

– Quem é Michael? – Daichi ergue a sobrancelha e Chief sussurra em seu ouvido.

– É o cara de quem a Melissa gosta. Ele estava morando na Inglaterra, mas voltou pra Nova York faz alguns dias com a namorada.

– Você tem que falar com ele. – a advogada avisa a estilista, que logo paralisa – Se não for até lá, ele vai vir até aqui, e trazer a namorada junto.

– Pelo amor de Deus, vai comigo! Eu não quero ir lá sozinha!

– Ok, vamos. – a mais velha se volta aos demais – Vocês esperam aqui? Voltamos já. – Kai acena em confirmação pelos outros e quando elas saem ele vira de costas.

– Não sei se entendi bem a situação, mas todas as suas amigas tiveram decepções amorosas, por isso decidiram viajar para esquecer os problemas e agora todas as pessoas que elas não queriam ver apareceram justamente aqui?!

– Pois então, você entendeu. – Thalia suspira – É uma longa história.

– Então por que vocês não nos contam amanhã? Podemos almoçar naquele mesmo restaurante onde Tyson e Daichi trabalham. – Ray sugere.

– Ah claro, porque não será você que vai usar um uniforme ridículo para servir a sua própria turma! – o ruivo reclama cruzando os braços.

– Por mim não tem problema. Eu gostaria de voltar lá. – Diva confessa, e diante as covinhas do sorriso dela, ele coça o nariz disfarçando seu rubor e dá de ombros.

– Certo, eu vou avisar o Tyson então e nós fazemos uma reserva.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meetings in Our Holiday" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.