Meetings in Our Holiday escrita por Machene


Capítulo 2
Estranhos em Nova York




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/230286/chapter/2

Cap. 2

Estranhos em Nova York

Reclusa em seu recanto, Kailane prova alguns petiscos do cardápio no restaurante escolhido a deriva, sem real fome. Seu paladar sensível treme com alguns gostos novos, mas nada que seja necessariamente desconhecido das suas lembranças gustativas.

– Nossa, será que não tem nenhum filme bom neste país? – ela reclama ao ler um jornal oferecido pelo garçom enquanto termina uma taça de sorvete.

– Na verdade, os filmes até são bons, mas os atores é que não estão sendo muito bem escolhidos ultimamente. – alguém a explica, então a moça vira o rosto e vê um belo e elegante homem sentado na mesa ao lado da sua, com aproximadamente sua idade.

– E você saberia me dizer o que eu posso fazer de menos tedioso neste lugar?

– Bom... Se não foi visitar os pontos turísticos ainda, é sinal de que não se diverte com qualquer coisa. Agradá-la deve ser uma tarefa difícil.

– Pois é, mas uma de minhas amigas está fazendo isso por mim, além de tentar me aborrecer. – ele ri, termina de beber seu café e deixa uma nota debaixo da xícara.

– Posso? – o estranho faz menção de sentar-se ao seu lado e ela confirma com sua cabeça a autorização – Será que eu posso saber por que está assim?

– Assim como? Eu estou ótima! – a jovem levanta a colher.

– Se estava tomando um sorvete enorme desse jeito sozinha, é porque deve estar com algum problema amoroso. Acertei? – Kailane levanta uma sobrancelha e mergulha o talher de volta na taça, dedilhando os dedos da outra mão na mesa.

– Já aviso que se você for um fã disfarçado ou algum pervertido, está perdendo seu tempo. – o rapaz cruza os dedos das mãos sobre o colo e sorri.

– Ah, sério? Então tudo bem, eu não quero incomodar.

– Mas se não é, pode ficar!... – o sorriso dele aumenta quando volta a sentar – Eu ia pedir outra taça dessas agora, mas se quiser pode mandar trazer algo para nós no meu nome. Talvez alguma coisa com menos calorias...

– É um pedido ou uma ordem? – o homem a observa bater os dedos.

– Mais ou menos uma súplica. Eu não quero correr o risco de engordar, você sabe? – novamente, o estranho ri e logo pede o especial do cardápio – Tudo bem se eu deixar um pouco da comida no prato, caso esteja satisfeita?

– Tudo bem, contanto que me conte por que está assim. Pode ser? – ela suspira de leve e dá de ombros – Posso saber o que tem?

– Chame de depressão pós-separação ou de outra coisa.

– Você teve alguma discussão com seu namorado?

– Não, eu dei um chute nele mesmo! – diz um pouco mais alterada – Sabia que ele me difamou? Saiu contando aos amiguinhos que conseguia me fazer obedecer todas as vontades dele, como se fosse verdade!

– É mesmo? E como você reagiu? – aos poucos, ele vai puxando a taça de sorvete para longe dela, precipitando um acidente pelo nível de nervosismo aparente.

– Como? Eu me irritei, é claro! Não como das últimas vezes. – a moça começa a atropelar as palavras, balançando as mãos – Eu sempre consegui ser bastante razoável e tentar entender o ponto de vista dos outros, mas quando aquele desgraçado me disse que “precisava” fazer aquilo pra sustentar a reputação dele, eu estourei! Entendeu? Não deu para suportar aquela humilhação, então eu chutei o idiota, literalmente!

– Nossa! – seu ouvinte segura uma risada – Você tem toda razão, esses homens de má índole são o câncer da nossa sociedade.

– É... – ela esfrega as mãos no rosto – Eu estou cansada de todos eles.

– Quer dizer que todos os caras com quem você saiu te trataram dessa maneira?

– Todos os que eu já tive o desprazer de namorar! – Kailane suspira, e desta vez de forma mais profunda, quando o garçom então chega com o pedido.

– Lamento por isso... Mas, como dizem dois amigos meus, “a comida sempre pode te fazer esquecer seus problemas”. Então, vamos comer? – ele arruma seu guardanapo – E não se incomode, porque hoje eu vou pagar, mas se quiser, nas próximas vezes, você pode dividir comigo. – a jovem o encara com surpresa, abrindo um sorriso malicioso.

– Está tentando me convidar para sair?

– Se prefere chamar assim... Eu diria conseguindo, não? – o rapaz a fita pelo canto dos olhos, cheio de ousadia, fazendo-a rir.

– Ok. Se não tentar nada comigo... Eu sou a Kailane.

– Considere prometido. – apertam-se as mãos e riem – Meu nome é Kai.

...

– Acho que a perdemos... – Daichi toma fôlego quando Tyson e Max param a sua corrida desenfreada – Já era Max!

– Mas eu preciso tirar ao menos uma foto dela!

– Você pode roubar uma da internet meu amigo, é para isso que ela foi feita. – seu amigo mais velho circula o braço ao redor do seu pescoço – Quer um refrigerante?

– Aí, Tyson! – os três escutam um grito vindo do outro lado do parque onde estão e viram nessa direção, vendo um garoto se aproximar correndo.

– Fala aí Chief! O que está fazendo aqui? – o loiro o ajuda a segurar sua mochila, carregada com seu material de trabalho.

– Você ia trabalhar com o Ray hoje, não ia?

– É Tyson, mas aconteceu um acidente grave...!

– Ei, você não é a Melissa? – todos olham para um grupo que se reúne num canto.

– Ei, é a cineasta inglesa! – Daichi aponta – Mas quem é a outra com ela? Não sei se é uma famosa também. – Max bate na própria testa.

– Ela é sim! As duas são inglesas. Aquela é a cineasta Hilary e a outra é a estilista Melissa, que inaugurou os seus modelos no último desfile romano.

– Então você devia aproveitar pra tirar uma foto das duas juntas e...

– Ei! – Daichi se interrompe e o trio olha para Tyson, gritando detrás das crianças reunidas – Até que enfim conseguimos te alcançar! Por que estava fugindo da gente?

– Como é? Quem é você? – Hilary o encara de cima a baixo.

– Ok Tyson, chega de vexame por hoje, certo?! – Chief o empurra para longe com um meio sorriso – Oi, eu sou o Kenny, e esse aqui é meu amigo Tyson.

– Meio escandaloso o seu amigo. – a cineasta cruza os braços.

– É que às vezes ele perde a noção do ridículo. – o fotógrafo ri – Oi, eu sou o Max.

– Melissa e Hilary. – a estilista as apresenta gesticulando com uma das mãos antes de prosseguir com os autógrafos – Mas imagino que já devem saber.

– Sim, e por isso mesmo queríamos falar com vocês. – o loiro sorri em ansiedade.

– Sem problema, mas acho que vão precisar entrar na fila. – Melissa responde.

– Legal. Então vocês ficam na fila e eu vou indo embora.

– Negativo Tyson, você fica! – o ruivo entra na frente – Conseguimos uma chance única. Não vai desperdiçar logo agora, não é?! – o rapaz suspira.

– Certo, eu faço companhia pra vocês!... Ah, por que fui levantar da cama hoje?

...

Um avião começa a descer no aeroporto de Nova York, JFK (John F. Kennedy), trazendo duas garotas baixinhas dentre os passageiros. Elas se encaminham a entrada de desembarque após recuperarem suas bagagens, logo procurando por um táxi.

– Até que enfim, eu estava ficando nervosa! – a ruiva de curtos cabelos, dos olhos beirando a dourados, joga a bolsa por cima dos ombros – Thalia, para onde a gente vai?

– Não faço ideia Diva. – suspira a outra, mexendo nos cabelos também curtos, mas negros, e percorrendo os olhos verdes pelo lugar – Eu já deixei duas mensagens na caixa postal da Hilary avisando que viríamos.

– Aquela doida não nos deixaria aqui sem a menor satisfação, pelo menos se tiver lido as mensagens, certo?! Ela tem que estar atrasada!

– Talvez... Vamos esperar mais um pouco.

...

Ainda no parque, após tirarem a atenção das crianças de si com alguns autógrafos, Hilary e Melissa se reúnem perto de um carvalho com Tyson, Max, Daichi e Kenny.

– Então, o que vocês querem com a gente? – a cineasta cruza os braços.

– Ah... É que eu precisava tirar algumas fotos suas. – Max admite – Sou fotógrafo do The New York Times e meu chefe me mataria se voltasse de mãos vazias!

– Tadinho. – a estilista ri – Bem, acho que não custa nada dar um tempinho pra ele fazer seu trabalho, certo Hilary?! – a amiga torce o nariz.

– Ok, mas seja rápido, por favor! Nós temos muitas coisas pra fazer e ainda temos que encontrar a Kailane e a Salima. – elas se aproximam uma da outra.

– Você disse “Salima”? – Chief interfere no começo da sessão de fotos.

– É sim, por quê? Você conhece a Salima?

– E como ele ia conhecer, se a Salima nunca veio para Nova York antes, Melissa?

– A sua amiga é uma ruiva que gosta de tigres?

– É! Viu só? Ele conhece a Sali, Hilary!

– Será que podemos tirar logo essas fotos? Aí conversamos em outro lugar. – sorri o loiro desconfiado – Tem muitas pessoas olhando pra cá, então logo seremos cercados de novo. – as garotas concordam e fazem algumas poses simples.

– Tudo bem, terminamos. Diz logo garoto, o que tem a Salima?

– Eu não sou um garoto, apenas a minha estatura que é baixa!

– Não seja má Hi! – a loira repreende, segurando-a pelo braço – Vamos sair daqui.

– Certo... Mas depressa, antes que eu mude de ideia!

...

No Café mais próximo, assim que eles já estão sentados nas cadeiras de uma mesa no fim do corredor, Hilary abre o lap top de Kenny e checa seu e-mail.

– Hilary, isso não é hora de olhar suas mensagens!

– Bom, sim, mas a Diva tinha me ligado na semana passada falando que precisava contar algo urgente para mim e não disse o que era. Ela pode ter mandado algo.

– Não tem problema, mas eu tenho que dizer uma coisa.

– Sim... Kenny, não é?! – ele confirma em aceno – O que tem a Sali?

– Opa... – a cineasta interrompe – Temos um problema.

– O que foi? – Tyson se põe ao seu lado para olhar a tela.

– A Keilhany e a Diva estão na cidade, esta mesma.

– Sério? – Melissa se levanta pra ver a mensagem – Mas quando elas chegaram?

– Hoje de manhã... – a moça ri sem jeito, ouvindo os recados do celular – E devem estar furiosas por não termos ido pegá-las no aeroporto.

– Mas elas devem saber se virar. Bom, o que você ia contar?

– A sua amiga está com problemas! – todos encaram Chief com surpresa.

– Como é? – as jovens questionam com crescente aflição.

– É o que estava tentando falar até agora! Sua amiga Salima está em perigo!

– E por que não disse isso logo? – Tyson reclama – Onde é que ela está Kenny?

– No zoológico, com o Ray! – mal ele termina de falar, as garotas levantam e saem correndo na frente – Espera aí, eu levo vocês até lá!

...

Correndo pelo caminho indicado por Kenny, o grupo acaba encontrando Kailane e Kai saindo do restaurante onde ainda estavam conversando, então diminuem o ritmo.

– Hilary, Melissa, que pressa é essa? – a loira ofega e começa a gesticular aflita.

– Lane, a Sali precisa da gente! Ela tá dentro da jaula dos tigres!

– Verdade? Quando ela disse que queria vê-los, não pensei que seria tão de perto.

– Não, você entendeu errado! Ela estava vendo os animais no zoológico e acabou caindo junto com o veterinário dentro da jaula dos tigres!

– Ai meu Deus! Alguém já chamou uma equipe de resgate?

– Provavelmente. Eu saí de lá pra avisar o que aconteceu aos outros, então não sei.

– Quem é esse? – Kailane olha do menor para os mais altos – E quem são eles?

– Eu perdi alguma coisa? – Kai se intromete.

– Kai! – Tyson passa a frente – O que você está fazendo aqui?

– Podemos deixar as explicações pra mais tarde, será? – Hilary eleva a voz – Nós precisamos salvar nossos amigos, então vamos logo! – todos concordam e se vão.

...

Chegando ao zoológico, o grupo chega ao recanto dos tigres e vê a grande equipe de tratadores distraindo a atenção dos animais enquanto os bombeiros ajudam Ray a sair de cima de uma árvore com uma escada. Keilhany e Diva surgem em meio à multidão, e a morena guarda seu celular ao avistar as amigas, puxando a ruiva pelo pulso até elas.

– Mas onde foi que vocês se meteram? Hilary, eu não acredito que não leu minhas mensagens! Nós ficamos muito preocupadas!

– Desculpa Thalia, mas... Espera: o que vocês fazem aqui?

– Não é óbvio? Estamos resgatando a Salima e aquele cara. – Diva bufa – A gente soube do acidente quando ouvimos na rádio do táxi que pegamos no aeroporto.

– Eu chamei os bombeiros depois que os tratadores entraram em cena. – Keilhany se volta aos outros, mirando as moças – Melissa e Kailane?

– Ah, sim!... Nós nos conhecemos pela net. – a loira lembra – Muito prazer.

– Igualmente. – Thalia suspira – Só é uma pena que tenhamos este encontro nestas circunstâncias. – ela olha os rapazes – E quem são eles?

– Eu sou o Max. – o jovem aperta a mão de cada uma – Esses aqui são Tyson, Kai, Daichi e Kenny. Somos amigos do cara que vocês ajudaram, então obrigado.

– Não por isso. – a ruiva responde – Quando os dois estiverem bem, continuamos.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meetings in Our Holiday" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.