Atashi To Tenshi To Akuma escrita por Mel Devas


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Bem, uma das coisas que esqueci de falar no capítulo anterior é que agradeço muito e novamente à Carol (Kchan-lm) Sem ela Sam e Lorene não seriam irmão e muito menos filhos de Jim e Mitsra. E agradeço também pelas ideias a longo prazo >-
Eu quero me desculpar por tanto tempo sem escrever, a semana de provas foi fogo x.x Espero conseguir compensar no fim de semana.
Enfim, como sempre, boa leitura!!!!



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Pera! Sam... Irmão? NÃÃÃÃO PODE SER!!! E mais uma vez minha capacidade de relacionar as coisas foi pro saco. Não era possível. Simplesmente não era!

- C-como assim? – Perguntei hesitante.

- Entenda, Lorene, pode ser meio difícil pra você aceitar tudo isso, mas... – O diretor voltou a coçar a cabeça ignorando o olhar furioso da bonequinha sobre ele. Era muito estranho, agora que eu parei pra pensar. Qual era a das bonecas? E aquela, em especial? Como eles sabem que Sam é meu irmão (se realmente for)? Sim, era muita coisa.

            A bonequinha saiu da pequena cadeira onde estava sentada e caminhou solenemente até a mim, subiu no meu joelho e passou a mão em meus cabelos. Passou um tempo assim, a sala em silêncio. A boneca desceu, escorregando pela minha panturrilha, escondendo uma cara de choro.

            Ela murmurou algo como “ervilha”.

            - Tá com fome? – Perguntei. Tirando uma bala do bolso, pro tamanho dela devia ser muita bala.

            Ela e o Diretor me olharam com um olhar de dúvida e confusão. A bonequinha pegou a bala desconfiada.

            - Obrigada... – Ela continuou com uma cara de quem não estava entendendo nada.

            - Ué, pensei que estava com fome!! – Ela continuou olhando bolada, e percebi que a situação não era aquela em que as pessoas saíam falando “ervilha”. Decidi deixar pra lá. – Ah, esquece...

            - Agora serei sério, Lorene. – O diretor Chrow olhou bem nos meus olhos. - Nós somos seus pais.

--x—

            Bem, pelo menos posso afirmar que eles não mentiram quando disseram que eu ia ter dificuldade de absorver aquilo tudo. Sabe aquela sensação de paralisia? Que algo parece errado, você não quer acreditar, mas sente que está certo? Nada traduziria melhor o meu estado.

            Afinal, que tipo de pessoa não ficaria chocada ao saber que os pais que conheceu a vida inteira não eram seus parentes de sangue e seus verdadeiros pais são um diretor tarado e uma anja aprisionada em uma boneca? Claro, tão normal quanto escovar os dentes, pensei, irônica.

            Os dois me olhavam ansiosos e apreensivos, esperando que eu desse meu veredicto final. Até entendia o motivo da agitação, as chances deu aceitar passivamente eram pequenas perto das opções: rir da piada,fingir que nada aconteceu, fugir pra casa, decolar pra marte e ligar pra associação de exorcismo (será que exorcistas sabem lidar com bonecas “macumbadas”?).

            Acho que eu não tinha opções a não ser aceitar. Claro que é difícil aceitar que Sheila não era minha mãe biológica, nem meu pai, John, mas eles não deixaram de ser quem me criou, não deixaram de ser minha família.

            - Mas porque vocês não falaram isso com o Sam aqui também, afinal? Ele é o meu irmão, certo?

            - Hunf... Queria que fosse tão fácil assim. – Mitsra suspirou, cruzando os braços. – As SUAS memórias – Apontou pra mim. – de nós, eu apaguei para não te prejudicar, seria simplesmente um saco se você descobrisse antes do tempo. As de Sam foram apenas adormecidas quando ele foi levado ao lugarzinho infeliz lá. – Passou a apontar pro céu. – Mas o encanto que prende a memória dele se quebra aos poucos, e se a gente interferir nisso pode dar uma confusão. Além disso, uma penetração forçada nas lembranças dele pode avisar o pessoal lá de cima onde ele está.

            - E todo esse esforço de atraí-lo até aqui, terra santa, seria em vão. – O diretor concluiu.

            - Mas a terra santa não deveria alertar a quem está atrás dele?

            - Não necessariamente... Se você pensar bem, são poucas as chances deles investigarem as terras santas, nunca se espera que um fugitivo se esconda debaixo de seu nariz, entende? – A bonequinha explicou - E há várias terras santas espalhadas por aí, portanto não se preocupe, filha.

            Filha. Soou um pouco estranho, mas também senti como se sempre tivesse ouvido me chamarem assim com uma voz doce.

            - Como esperado de uma ativista política, você fala muito. – Chrow riu.

            - Algum problema com isso, querido? – A bonequinha desafiou, as mãos apoiadas na cintura. – Seu diretor tarado babaca!!

            - Calma, calma, amor! – O homem tentou se reconciliar com Mitsra, temeroso. – Você sabe que eu te amo, certo?

            - Também me amo! – Gargalhou a boneca, escalando o braço do marido. Como será que ela não quebrava se era feita de porcelana? Bem, ela era uma anja num corpo de boneca, então eu não deveria estar surpresa só com isso.

            Era um casal engraçado, aquele, os meus pais.

            - Então não posso nem falar com o Sam sobre nosso parentesco?

            - Não, não, esse menino não vai demorar muito pra perceber. – Mitsra afirmou confiante.

            - Então estou indo ao dormitório. Com licença. – Abri a porta que levava ao escritório principal do diretor.

            - Boa noite, querida! – Os dois responderam, sorrindo.

--x—

            Caminhando de volta às cabanas comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido. Até que eu estava aceitando bem as coisas. Era engraçado pensar que Sam era meu irmão. Todo o medo e receio que ele tinha chegado a me dar tinham sido expulsos de mim hoje. Ele é meu irmão e salvou a mim e a Dan daquele rosto. Espera. Aquele rosto no chão. Eu deveria ter discutido isso com meus... Com Mitsra e o diretor!! Agora nem dava pra voltar mais. Já era bem de noite e se não fossem pelos postes distribuídos irregularmente pelo caminho, eu teria sido engolida pela escuridão.

            O pensamento me deu um arrepio nas costas, todos os meu pelos se eriçaram, apressei o passo, quase correndo. Para mim era uma necessidade chegar rápido ao dormitório.

            Já tinha desistido de parecer calma e corri. Um mau pressentimento se alojou em meu coração. Não podia ser.

            Como se o mundo estivesse conspirando contra mim, a “agradável caminhada de 5 minutos” não passava!! Eu olhava pros lados e eram árvores, árvores, árvores e mais árvores, todas passando como em um borrão pela minha vista. Como pode um caminho tão curto ficar tão longo? Me sentia como numa daquelas de rodinhas de hamster, mas eu não sou um roedor de bem com a vida me exercitando depois de me entuchar de sementes de girassol, eu era uma garota paranóica, de noite, com uma lembrança de uma cara assustadora aparecendo entre meus pés.

            Como uma dádiva de Deus (olha a tal ironia de expressões populares me arrebatando de novo) avistei as cabanas e parecia que eu tinha me libertado da corrida eterna. Atravessei o corredor correndo com todas as minhas forças, abri a porta com um estrondo, ofegante.

            E lá estava.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem do capítulo *--* Eu tive bloqueio, mas foi feito com todo o carinho!!