Effy’s POV

Nova escola sempre é isso, inevitável não chamar atenção e admito que gosto muito disso. Logo percebi as pessoas que me observavam mas um em especial não tirou os olhos de mim, o garoto de cachinhos. Não que eu me importe, mas o jeito que ele me olhou foi diferente. Ele parecia tentar ver além da minha aparência.

As aulas no período da tarde passaram rápido, eu não tinha problema em estudar posso dizer que algumas coisas não mudam nunca... Grande história que não vale a pena ser contada agora. O sinal tocou nos avisando que a aula de hoje havia terminado, então me dirigi até o pátio da escola e sentei em um banco qualquer no meio das árvores afastadas. Me distrai olhando para um lago há poucos quilômetros dali. A água era cristalina e aquilo estava me entretendo quando vejo um vulto passar ao meu lado, logo deduzi ser alguém sentando no banco. Olhei para o lado e para minha não surpresa foi quem eu imaginava, aquele menino.

– Oi. – Ele disse parecendo simpático.

– Oi. – Falei voltando a olhar o lago.

– Você é nova na cidade, não é? – Conhecia direitinho o que ele estava tentando fazer.

– Sim. – Disse seca e rápida.

– Er... Eu sou Harry, Harry Styles. – Olhei de canto para ele e sorri.

– Elizabeth Stonem, como você já deve saber. Mas pode me chamar de Effy.

– Maior frase que já ouvi você falar. – Ele riu tentando parecer divertido e eu apenas assenti. – Então Effy, está gostando daqui? – Senti meu celular virar e me virei para ele calmamente.

– Outra hora terminamos essa conversa. – Levantei, peguei minha bolsa que estava ao meu lado no banco e sai caminhando sem olhar para trás.

Eu sabia exatamente onde ele queria chegar e não estava a fim de flertar agora. Minha cabeça estava a mil por causa da mudança, essa cidade não me fazia bem, me lembrava de coisas que eu fiz questão de tentar esquecer. Lembrei que meu celular havia vibrado há poucos minutos atrás e fui ver, era uma mensagem de minha mãe dizendo: “Effy querida, não vou estar em casa hoje, você sabe onde me encontrar se precisar.” Aquilo terminou com a droga do meu dia, será que minha mãe nunca iria voltar a ser como antes?

Passei o dia caminhando pela cidade e quando estava anoitecendo vi movimento em um beco. Silenciosamente observei e vi que era o que eu necessitava. Andei até eles e apenas sorri de canto, eles esticaram a mão e eu deixei o dinheiro ali. Sai dali e continuei andando pelas ruas agora escuras e encontrei um parque quase deserto. Estava frio e apenas alguns adultos passavam ali indo para suas casas provalvemente. Sentei em um banco qualquer, cruzei as pernas e tirei da minha bolsa a única coisa que me deixaria bem naquele momento.

Harry’s POV

Fiquei como um idiota lá a vendo ir embora, por que ela tinha me tratado desse jeito? Uma hora parece estar afim de mim e outra é fria. Tentei não ligar muito para isso e fui para casa trocar de roupa, teria que trabalhar no restaurante à noite para meus pais já que ambos tinham compromissos. Cheguei um pouco atrasado no restaurante então tratei de atender aos pedidos rapidamente, assim talvez eu pudesse ir embora mais cedo. Quando cheguei a uma mesa me deparei com o ser mais desagradável da face da terra.

– Oi meu gatinho. – Até a voz dela soava insuportável.

– O que você deseja? – Falei seco.

– Você... – Ela riu e a olhei fuzilando-a com o olhar – Bom, além de você, também vou querer o prato especial do dia. – Ela sorriu e passou a mão no meu braço esquerdo.

– Ok, logo estará pronto. – Puxei meu braço bruscamente e sorri sínico.

Sai de perto dela o mais rápido possível, ela me causava enjoo. Era Lindsay, minha terrível ex-namorada, não sei por que diabos um dia eu fui namorá-la. Era bonita, tinha belas curvas, de boa família e a “perfeitinha” (o que importava muito aos meus pais). A questão é que mesmo depois de terminarmos, Lindsay não parou de me perseguir e eu já não aguentava mais isso. Pedi para outro funcionário atender a mesa dela e fiquei no balcão passando os pedidos para os chefes de cozinha. Não prestei atenção no tempo e quando vi já era bem tarde da noite, estávamos quase por fechar e eu fui tentar pedir ao Sr. Dylan para sair um pouco mais cedo. Dylan era o encarregado de cuidar do restaurante quando meus pais não estavam presentes. Consegui convencê-lo e sai rapidamente do restaurante, andava apressado e quando passava pelo parque ouvi um grito e segui as vozes que vinham depois.

– Vamos linda. – Vi um garoto puxando uma menina pelo braço, até que ela virou o rosto e logo reconheci, era Effy.

– O quê? Pra... on..de? – Ela soltou uma gargalhada alta e logo depois tentou se soltar dele.

– Hey! Solta ela. – Eu corri até eles que me olharam rindo.

– Qual é mano, só vamos brincar um pouquinho com ela. – Olhei para Effy que olhava para a parede fixamente e ria, não estava entendendo.

– Se não quiser que te denuncie por abuso ou por qualquer outra coisa que posso muito bem inventar, solte-a. Eu te conheço e sei que você tem ficha na polícia. – Ele arregalou os olhos e soltou-a dizendo um “foi mal” e saindo assustado. Eu nem sabia quem era esse idiota, porém pelo jeito dele vi que ficaria com medo disso. Effy caiu no chão com o corpo mole. – Effy, o que você tem? – Tentei puxá-la e foi em vão, ela parecia estar inconsciente. – Tudo bem então... – Peguei-a no colo e continuei caminhando pelas ruas desertas.

Effy’s POV

Acordei com a visão turva, quando voltou ao normal pude ver que não reconhecia aquele lugar e parecia ser um quarto. Rolei os olhos por todo o quarto e encontrei um rosto preocupado me olhando do sofá. O que eu estava fazendo na casa dele? Como era o nome dele mesmo? Ah, Harry, eu acho.

– O que estou fazendo aqui? – Olhei para minhas roupas e vi que estava vestida, então não deveria ter acontecido nada.

– Te encontrei na rua e estava estranha, você adormeceu e eu te trouxe até aqui por que não sei onde você mora. – Ele se levantou e caminhou até mim se sentando no cantinho da cama. – Você está bem? – Ele parecia realmente preocupado.

– Sim. – Olhei para seus olhos e percebi que eram claros, mas não conseguia ver a cor pois o quarto estava um pouco escuro. – Obrigada. – Levantei da cama e olhei em volta procurando a minha bolsa, não achei. Ok isso quer dizer que a perdi em algum lugar. – Agora vou indo. – Sorri fracamente em forma de agradecimento e ia sair se não fosse sentir um puxão leve me fazendo recuar.

Aqueles olhos pareciam me encarar admirados, percebi que ele se aproximava de mim cada vez mais. Foi então que vi como ele era bonito. Sorri maliciosamente e pensei comigo mesma "Por que estou perdendo tempo?". O puxei para perto de mim, rocei meus lábios nos seus e o vi fechar os olhos. Encostei minha boca lentamente na sua e senti seu halito quente, dei inicio a um beijo calmo. Nossas línguas dançavam em um ritmo lento que logo foi tomando intensidade. Puxei-o para cima da cama, o deixando sobre mim e passei a beijar seu pescoço. Tirei seu casaco e atirei em qualquer canto e comecei a tirar minha blusa quando ele me olhou assustado.

– Acho melhor não fazermos isso. – Ele parou de me beijar e falou ofegante.