Harry’s POV

Esse era o ano das grandes escolhas, meu último ano no colegial aquele que definiria quem eu era de verdade. É difícil se conhecer bem e saber o que realmente quer. Com toda a pressão que os pais e a sociedade fazem em você para crescer, escolher um bom emprego, ser bem sucedido... Esquecem que o melhor dos nossos dias está na nossa juventude. Eu não sei o que eu quero, mas por hora o que eu gosto de fazer é cantar com meus amigos no porão da casa de Niall. Acho que estou bem assim.

Terminei de escovar os dentes e desci as escadas, no final minha mãe me esperava com um sorriso no rosto, dei-lhe um beijo na bochecha e sai. Quando fechei a porta dei de cara com Liam que já me esperava para irmos à escola.

– Impressionante como você consegue se atrasar até no primeiro dia de aula. – Disse com um olhar sério mas logo riu.

– Desculpa papaizinho, mas meu despertador não tocou. – Ri também e ele apenas balançou a cabeça em sinal de reprovação. – Agora pare de reclamar e vamos.

Chegamos lá e avistamos os meninos no portão conversando com algumas meninas, o que já era de se esperar.

– E aí meus gays preferidos! – Disse Niall quando viu nossa aproximação e veio nos abraçar.

– Beleza piu-piu? – Falei segurando a risada, ele apenas ficou sério enquanto os outros riam disfarçadamente.

– Preparados para o nosso último ano? – Zayn falou tristonho.

– Mais que preparado, aliás temos que criar uma festa logo pra animar esse lugar. – Falou Louis rapidamente. – Também voto para pintarmos essas paredes de verde-limão pra ver se assim não me sinto mais no castelo do Drácula. – Todos riram menos ele. – Eu estou falando sério, não sei como não entrei em depressão nesse lugar.

– Ignorando sua idiotice Louis, eu voto para entrarmos logo. – Liam disse examinando as pessoas que começavam a entrar na escola. Um grupo de meninas “novas” passaram e Louis concordou com a cabeça.

– Vou concordar com o Liam, apenas pelo motivo que nós gatinhos precisamos de gatinhas novas. – E assim saiu correndo, provavelmente procurando um jeito de chamar atenção de alguma delas.

Entramos e logo algumas pessoas vieram nos cumprimentar. Posso dizer que somos bem populares ali, não sei bem o motivo mas as pessoas costumam gostar da gente. Quando entramos na sala de aula a maioria das cadeiras já estavam ocupadas, menos os nossos lugares de sempre e outra que não fazia ideia de quem pertencia.

– Bom dia alunos, como passaram as férias? – Professora Emma entrou na sala e quando terminou de dizer essa frase derrubou todos os seus livros. Sim, ela era atrapalhada e também uma das nossas melhores professoras.

Ela juntou tudo e colocou encima da sua mesa, sentou-se e sorriu para todos nós timidamente. Ia abrir a boca para falar algo quando ouvimos passos se aproximando, então ela olhou para o lado e todos nós acompanhamos seu movimento. Uma menina estava parada na porta com uma expressão séria e calma, ela não falou nada apenas entrou e sentou-se na cadeira vazia. Todos nós entendemos que ela era uma aluna nova, pois nunca ninguém havia a visto antes. Emma pediu licença para buscar alguns mapas que havia esquecido na sala dos professores e nós assentimentos. Todos conversavam alto, os garotos não paravam de falar bobagens e eu não conseguia parar de encarar a nova garota. Seus olhos eram extremamente azuis, sua pele era branca e a luz refletia nela deixando-a iluminada, seus cabelos eram castanhos médios e lisos, também usava uma maquiagem pesada e roupas escuras. Não era o tipo de garota que estávamos acostumados a ver. Mas além de tudo ela passava uma sensação vazia, não parecia sentir e nem se importar com nada a sua volta. Não conseguia tirar os olhos dela até que senti uma pancada na minha cabeça.

– Hey, estou falando com você seu retardado. – Niall me olhava rindo.

– Ãn? O que? – Passei a minha mão pela cabeça sentindo a dor e fechando os olhos.

– Só não vai secar a menina inteira, viu? – Quando virei para trás todos me olhavam com ar de deboche. Será que não se pode nem mais olhar para uma menina nessa droga?

– Ah, vai pro inferno! – Ri tentando disfarçar minha fixação na garota.

Ele ia protestar e provavelmente rir mais um pouco da minha cara, mas a querida professora entrou novamente na sala e me salvou. Todos ficaram calados e ela sorriu. Não pense que todos aqui são educados, mas o colégio impõe regras muito rígidas e eu acho que ninguém quer ser expulso então é bom obedecê-las.

– Vamos começar com as apresentações, turma. – Ela foi apontando o dedo para cada aluno e assim eles falavam seus nomes e de onde vinham. Chegou a vez da “nova garota” e ouvi atenciosamente seu nome: Elizabeth Stonem. Ela percebeu que eu a olhava e deu um sorrisinho de canto para mim, mas logo olhou para frente novamente e eu fiquei lá com a maior cara de idiota. Não sei o que ela tinha, mas chamava a atenção e não era só a minha, outras pessoas a olhavam curiosas.

Quando o sinal tocou para o almoço todos voaram para fora da sala de aula, os meninos me puxaram e eu não pude ver para onde ela tinha ido. Sentamos na mesma mesa de sempre e Niall não parava de comer, ele colocava toda a comida na boca desesperado.

– Desconfio que o Niall ache que comida tem pernas que podem sair fugindo dele, único motivo para comer assim... – Niall soltou um arroto na cara de Liam que assim foi interrompido.

– Você é nojento. – Eu disse rindo enquanto olhava para Liam que estava espantado.

A menina passou por nós e sentou-se duas mesas depois da nossa.

– Essa menina nova é... – Louis encarava a menina enquanto batia no meu braço tentando encontrar uma palavra. – Muito gostosa.

– Ela é linda mesmo, mas nada demais. – Zayn falou dando de ombros e tomando um gole de seu refrigerante.

– Nada demais? Você olhou bem pra ela Malik? Olha aqueles peit...

– Cala boca Louis, para de tarar a menina. – Me manifestei e ele soltou uma gargalhada alta.

– Olha quem falando, o pegador da escola. – Revirei os olhos e olhei para a menina que agora me encarava de novo com aquele sorrisinho. – Acho que alguém está afim de alguém aqui. – Todos os outros viraram para olhar para a menina e ela apenas riu, me deixando com as bochechas vermelhas de vergonha.