Pov Gerard on:

– O que você tem? – Questiono meu irmão enquanto ele dirigia; ele estava quieto – muito estranho da parte dele –, e tenso. Ele se remexeu um pouco no banco do motorista e bocejou.

– Nada! – Respondeu rápido; rápido demais em minha opinião...

– Sei. E, quando vai parar de tentar mentir e ir direto ao ponto? – Virei o rosto para frente, o olhando pelo canto do olho; ele franziu o cenho e se remexeu mais um pouco. – Não precisa dizer nada agora se não quiser...

Ele continuou em silêncio. Dava para ver claramente seu desconforto, mas eu também não dei um “piu”.

O olhei pelo canto do olho mais uma vez, ele estava com a típica cara de irmão mais novo, que não quer contar o segredo para o mais velho por medo da mãe descobrir.

Estranho; esse desconforto dele me deixou inquieto. Era raro Mikey ficar dessa forma comigo; muitas vezes ele escondia as coisas de mim para não me ver nervoso ou... Magoado.

Levei uma de minhas mãos ao meu ombro, o tocando de leve e sentindo falta do cabelo longo que tocava meu ombro.

Fechei os olhos e suspirei; mudar é uma coisa complicada... Apagar memorias que no fundo não deviam ser apagadas, tão confuso e... Idiota!Encostei a cabeça na janela olhando a rua em movimento. Fecho os olhos, me arrependendo após o ato. Uma onda de enjoo passou pelo meu corpo; levantei um pouco o corpo ainda com os olhos fechados.

– Tudo bem? – Ouvi Mikey perguntar e abri os olhos piscando-os algumas vezes.

– Acho que sim. – Balancei o pescoço um pouco, e o olhei sorrindo. – Finalmente abriu a boca! – Ele corou e bufou ao mesmo tempo, me fazendo rir. – Estou com tédio Michael, fala alguma coisa...

– Pensei que meus assuntos te deixavam com tédio! – Um sorriso pequeno apareceu em seus lábios, dei um meio sorriso para ele.

– Também... Mas seu silêncio é mais chato! – Comento e ele bufa mais uma vez.

– Tudo bem então, algum assunto especifico?

– Sei lá, escolhe, pode falar até de unicórnios que eu aceito!

Deitei a cabeça na poltrona do carro e ele resmungou:

– Não sou mais criança para falar sobre unicórnios Gerard!

– Se você diz... – Rio o ouvindo resmungar mais alguma coisa.

Ele começou a falar sobre algo que tem a ver com um restaurante, como sempre ele não parava de falar, me pergunto se ele respira como uma pessoa normal.

Mas de qualquer forma, é melhor do que o ver tão desconfortável comigo, isso com certeza.

– Chegamos, você pode entregar a compra para o Ray? – Ele perguntou sorrindo, franzi o cenho para ele.

– Não vai entrar?

– Não! Quero dar uma volta, para... Sabe? Pensar...

–... Pensar? – Questionei ainda com o cenho franzido. – Em que?

– Coisas minhas, Gerard! – Ele revirou os olhos e forçou um sorriso. Dei de ombros e abri a porta do carro e saí; o olhei com um sorriso de lado forçado e ele acenou, dando partida e se afastando com o carro.

Mas que...? o que está acontecendo com ele?

Pov Gerard off

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Pov Jamia on:

Frank tagarelava descontroladamente, ele fazia gestos com as mãos mostrando o que queria dizer, muitas vezes ele falava tão rápido eu não entendia nada. Na verdade... Nem prestando atenção eu estava, no começo estava sim, mas depois de muitos longos minutos...

– Entendeu? – Ele perguntou sorrindo.

– Claro... – Menti, ele sorriu mais ainda e coçou a cabeça. – Frank?

– Hun? – Ele me olhou franzindo o cenho, o encarei por alguns minutos. Ele me fitava de uma forma questionadora, continuei em silêncio o observando; ele tinha olhos meio pesados, meio tristes, daqueles que carregam um passado cheio de segredos, um presente difícil e um futuro como uma nuvem negra. Eram olhos tempestuosos. Tão cinza quanto às nuvens carregadas.

– O que houve com você? – Questiono apertando os olhos, ele cora e vira um pouco o rosto.

– Como... Como assim?

– Sei que não quer falar sobre isso, mas... Não acha que deve esquecer o passado?

– Como pode dizer isso se nem sabe o que passei. – Ele cuspiu friamente as palavras em mim, suspirei.

– Por isso mesmo! – Ele me olhou. – Vai guardar esse segredo para sempre, e ser consumido por ele? – Ele não respondeu. – Só quero te ajudar!

– Então não se intrometa! – De um homem que parecia tão alegre, agora estava tão... Frio.

– Você acha que sendo frio comigo, irá me fazer mudar de ideia?

– Não importa... – Bufou. – Porque começou com isso, hein?

– Porque eu te amo, idiota! – Joguei na cara, o fazendo me olhar surpreso. – Você parece um idiota sabia? Escondendo a verdade de quem quer te ajudar e quer o seu bem... – Parei respirando fundo, deixando que seu silêncio pesasse em mim. Fechei os olhos por alguns minutos e os abri lentamente, sai do quarto sem dizer mais nada.

Não o ouvi resmungar ou me xingar, nem nada. Talvez não tenha sido boa ideia tocar nesse assunto, mas eu apenas não quero o ver dessa forma.

Abri a porta de casa e sai; talvez tomar um ar, me faça bem. Caminhei rapidamente até um parque um pouco perto da casa dos Ieros. Eu devia ir para minha casa, ficar lá, e parar de tentar ajudar aquele ingrato!

Entrei no parque e me sentei perto de um lago, observando as crianças brincarem, isso me lembrava minha infância. Pena que dias como aqueles não podem voltar, mas sempre irão ficar guardados na mente das pessoas, mas acho que isso não é o suficiente.

– Posso me sentar aqui... Jamia?