JU’S POV

Bocejei. Era incrível o tédio que me dominava sempre que eu estava de folga.

Pensei em alguém que pudesse me animar e obviamente a primeira pessoa que veio na minha cabeça foi o Louis. Ele era sempre quem me animava, que arrumava alguma coisa legal pra fazer.

Mas desde que eu cheguei em Londres, Louis vinha com esse joguinho de sedução, bem do tipo “sou sexy e sei disso”. Não que ele não fosse porque aqueles olhos, aquele sorriso, aquele corpo... FOCO JULIA. FOCO.

Enfim. É claro que eu não ia deixar por isso mesmo. Louis não queria brincar? Então nós íamos brincar.  Pausa para a risada maléfica: MUAHAHAHA.

Eu vou fazer Louis se apaixonar por mim! Ou eu não me chamo Julia Tomlinson. Tá, eu não me chamo Julia Tomlinson. Mas um dia eu vou chamar. Eu espero. É.

Peguei o meu telefone, decidida a colocar meu plano em prática. Digitei o número.

- Hey Ju! – Louis atendeu.

- HEEY TOMMO! – Gritei.

- Você podia parar de gritar toda vez que eu atendo o telefone.

Eu ri.

- Desculpa. É bom te irritar.

- Ah, valeu hein. Agora sim. – Ele riu também. – Por que toda essa animação?

- Porque eu vou sair com você.

- Vai?

- Claro, você não lembra?

- E onde nós vamos? – Louis entrou na brincadeira.

- Você tinha dito que era surpresa.

- Hm. – Ele parou pra pensar.  – Passo ai em vinte minutos então.

- Tá. Até daqui a pouco.

Tomei um banho muito rápido e me troquei. Ia sair com o cabelo molhado mesmo, tanto faz. Escutei as batidas na porta.

- Oi Ju. – Louis sorriu pra mim. – Tá linda.

- Valeu Lou. – Sorri pra ele. – Então, onde nós vamos?

- Você me avisou  muito em cima da hora, e eu não consegui pensar em nada.

Revirei os olhos.

- Não tem shopping por aqui?

- JULIA, AQUI É LONDRES. L-O-N-D-R-E-S. – Louis falou pausadamente. – É obvio que tem shopping.

- É a melhor saída para programas não definidos. – Eu ri. – Vamos?

- Vamos.

Nós entramos no carro e eu liguei o rádio.

- Tá assim já é? – Louis riu.

- Por quê? Não pode? – Brinquei.

- Você pode tudo. – Ele sorriu de lado.

SE CONTROLA JULIA. VOCÊ CONSEGUE.

- Ah é Lou? – Sorri também. – Bom saber.

Louis me olhou de lado e eu sorri maliciosamente. Paramos no farol. Louis começou a se aproximar de mim, e eu deixei. Quando nós íamos nos beijar, encostei meus lábios no canto da boca dele. Bem de leve.

- Que foi? – Ele me encarou confuso.

- Que foi o que? – Me fiz de desentendida.

- Ah, é? Vai começar a brincadeira?

- Você que começou. – Acusei.

Louis riu.

- Você não vai aguentar.

- VAMOS VER ENTÃO. Desafio aceito.

Engoli em seco. Agora era pra valer.

Ele continuou com o sorriso no rosto até chegarmos ao shopping. Lá era incrível. IMAGINA A QUANTIDADE DE LOJAS QUE TINHA LÁ DENTRO. OMG.

- Ju? – Louis passou a mão na frente do meu rosto. – Você tá bem?

- Hã? – Balancei a cabeça. – Ahan.

Louis deu de ombros e pegou a minha mão. Mas o que diabos...? Meu lema a partir de agora: VAMOS APROVEITAR A OPORTUNIDADE QUE A VIDA NOS DÁ.

Entramos juntos no shopping e eu parei, observando tudo. Tão perfeito!

- Lou... a gente pode comer primeiro? – Perguntei.

- Claro Ju. Vamos lá.

Louis praticamente me rebocou até o McDonalds, porque eu andava devagar enquanto olhava as lojas.

- Ju, é assim... ou você anda, ou você olha as lojas. – Ele parou na minha frente, me fazendo olhar nos seus olhos. – Ou você faz o seu pedido.

Percebi que nós já estávamos na fila do restaurante e já era a nossa vez. Quanto tempo eu fiquei viajando?

- Ah, desculpa. – Olhei para a caixa. – Eu quero um Big Mac com coca, por favor.

Esperamos nosso pedido ficar pronto e fomos até uma mesa.

- Então... o que você fez nessa semana? – Louis começou a puxar assunto.

- Trabalhei. Trabalhei. Trabalhei. – Eu ri. – Mas finalmente eu estou de folga. E você?

- Dormi. Dormi. Dormi. E comi também. – Ele riu. – Mas o que você faz mesmo?

Suspirei.

- Sou foto jornalista. – Respondi. – Mas eu trabalho em uma revista turística aqui.

- Vou te levar pra conhecer alguns lugares então. – Louis sugeriu.

- Eu vou adorar. – Sorri pra ele.

Naquela hora, meu plano estava totalmente esquecido. Louis me hipnotizava de uma forma que eu perdia a noção de tudo. A única coisa que eu conseguia pensar era no quanto eu queria ele pra mim.

Felizmente, eu voltei à minha insignificante consciência bem na hora que Louis mirava a batata frita em mim. Ele jogou, mas eu acabei desviando. Louis arregalou os olhos quando a batata acertou a mulher que estava atrás de mim.

Comecei a me desculpar, mas a garota também pegou uma batata para jogar em Louis. Me abaixei e ela jogou, mas Lou também desviou e a comida pegou no cara atrás dele. Ferrou.

O cara era enorme, e estava acompanhado pela mulher e por uma menininha de uns sete anos. No começo eu pensei “ah, que fofa!” mas então a garotinha falou:

- GUERRA DE COMIDA!

E o caos reinou no McDonalds. Era batata, embalagens, e eu cheguei a ver até um pão voando por ai. Eu não conseguia parar de rir, muito menos de tacar batatas.

Louis estava distraído demais para perceber dois seguranças correndo na direção do restaurante. Respirei fundo.

- PAREM! – O primeiro gritou e depois foi atingido por uma caixinha de lanche. – PAREM AGORA!

Segurei uma risada.

- QUEM COMEÇOU ESSA BAGUNÇA? – O segundo segurança perguntou.

Olhei pra baixo, na esperança de não ser notada. Percebi que todos ficaram em silêncio, então fui obrigada a levantar a cabeça para ver o que aconteceu. Talvez o pior erro da minha vida.

Todos, quando eu digo todos, quero dizer TODOS mesmo, apontavam na nossa direção. Eu e Louis nos entreolhamos.

- Por favor, me sigam. – O primeiro falou e começou a andar na direção contrária.

Eu e Louis levantamos e seguimos o cara.

- Tem uma batata no seu cabelo. – Sussurrei pra ele.

Louis passou a mão, limpando o cabelo. Olhei em volta, procurando por uma saída quando vi o corredor que levava aos banheiros. Apertei a mão de Louis.

- Que foi? – Ele sussurrou pra mim.

- Os banheiros. – Sussurrei de volta.

Louis olhou pra frente e viu do que eu estava falando. Ele assentiu. Nós passamos na frente e entramos correndo no corredor. Louis me puxou para o banheiro de deficientes.

Respirei fundo.

- CARALHO LOUIS. – Reclamei. – TODA VEZ QUE EU TÔ COM VOCÊ EU QUASE VOU PRESA.

Ele não parava de rir.

- Vai dizer que não foi engraçado?

- Cala a boca. – Dei um tapa nele. – Idiota.

Louis ria tanto a ponto de se curvar sobre a barriga e sentar no vaso. Assisti aquela cena, mas não consegui ficar em silêncio por muito tempo. Comecei a rir também.

- Eu achei que aquele cara ia te bater. – Falei.

- Eu também.

Nós ficamos ali, esperando a crise de risos passar.

- Lou... preciso te falar uma coisa. – Tentei controlar a respiração.

- Aqui? – Perguntou, ficando sério de repente. – Num banheiro?

- É o melhor lugar.

Ele franziu a testa e depois deu de ombros.

- Fala então.

Olhei nos seus olhos.

- As coisas mais loucas eu faço com você.

Louis sorriu.

- E eu gosto que você faça as coisas mais loucas comigo.

Ele se levantou do vaso e se aproximou de mim, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Pisquei, lembrando do meu objetivo com  tudo isso. Limpei a garganta.

- Vamos? – Me afastei dele. – As meninas já devem estar chegando em casa.

Louis suspirou.

- Vamos.

Caminhamos em silêncio até o estacionamento.

- Ju.- Louis disse assim que entrou no carro.

- Hã?

- Eu não quero te fazer sofrer.

Franzi a testa.

- Você não me faz sofrer, Louis. – Falei sinceramente. –Você só torna a minha vida melhor.

Ele soltou o ar.

- Só preciso que você me espere.

Olhei pela janela. Já estávamos na esquina de casa. Respirei fundo. Louis parou o carro. Abri a porta.

- Eu vou te esperar pelo tempo que for Louis.

Andei até em casa e olhei pra trás antes de fechar a porta. Acenei.

Eu não ia conseguir levar meu plano até o fim. Eu queria o Louis mais do que tudo.