MAY’S POV

Apaguei a luz do escritório. Mal tinha começado a trabalhar e já era a última a sair. Ah, espera. Isso não é necessariamente uma coisa boa. A não ser que o chefe da empresa seja você.

Fazia frio em Londres, só pra variar. Apertei meu casaco contra o corpo e senti um braço sobre o meu ombro. Olhei para o lado.

- Estava esperando você sair. – Math sorriu pra mim.

- Oi Math. – Sorri pra ele. – Obrigada por vir até aqui.

Espera... o que diabos ele fazia aqui?

- Hã... mas... é – Tentei pensar em uma frase que fizesse sentido.

- A Bru falou que você trabalhava aqui. – Ele me interrompeu. – Espero que você não se importe.

- Não. – Sorri de novo. – Não me importo.

E eu não me importava mesmo. Math me fazia bem, de um jeito diferente. Eu queria ter ele comigo, e apostava nisso como uma chance de esquecer o Niall. Suspirei.

- Que foi? – Math chamou minha atenção.

- Hã? Nada.

- Tá com frio?

- Tô bem.

- Pega meu casaco.

- Não precisa.

- Eu insisto.

Ri com a nossa conversa de frases curtas. Math colocou o casaco nas minhas costas.

- Obrigada Math.

- Não tem de quê. – Ele fez uma pausa. – Quer tomar  um café?

Pensei na possibilidade. Café seria bom. E talvez alguns cookies. É.

- Claro! Seria ótimo.

Math ofereceu o braço e eu passei o meu braço no dele. Começamos a andar pela rua até o café que ele tinha me falado. Vi o letreiro brilhante assim que viramos a esquina.

- Aqui é ótimo May. Você vai adorar.

É claro que eu ia adorar. Vendia comida.

Era um lugar bem iluminado, com um balcão de pedidos no fundo. O cardápio ficava logo acima. Esperei Math pedir primeiro, para ver qual seria a quantidade de comida que ele ia pegar. Segurei um suspiro ao ver que ele pegou dois cookies e um café médio.

Pedi dois cookies e um café grande. Droga. Se o Niall estivesse aqui... é, mas ele não está. Balancei a cabeça.

- Vem May.

Acompanhei Math até a mesa, aceitando o fato de que ele estava me acompanhando e não o Niall. Acho que eu nunca iria superar isso. Mas eu precisava. Merda. Merda. Merda. Niall, o que você fez com o meu coração?

- Então Math... o que você fez desde... hã... antes de ontem?

Math riu.

- Nada de interessante. – Ele respondeu. – As melhores coisas eu faço quando estou com você.

Olhei pra baixo, sem graça.

Math sempre fazia isso quando estávamos juntos. Estou falando isso porque nós nos víamos com frequência agora. Math era meu amigo. Bem menos do que Louis ou Harry, mas ainda sim meu amigo.

- May, você tá legal? – Math chamou minha atenção.

- Ah, desculpa Math. Estou pensando em umas coisas do trabalho.

Ele sorriu de lado.

- Adoro esse seu jeito quietinho.

Fiquei em silêncio. Percebi que Math não sabia nada de mim. Não conhecia a May que eu era antes. Que não conseguia ficar quieta um minuto. Que ria de tudo. Math definitivamente não me conhecia.

- May...

- Droga. Desculpa Math.

- Você tá bem preocupada né?

- É. – Respondi. – São coisas importantes.

- Pelo menos bebe o café.

Olhei para os cookies intocados na minha frente. Perdi a vontade de comer. Estranho.

Dei um gole no café e voltei a olhar para o Math. Ele sorriu.

- Nós devíamos sair mais.

Franzi a testa.

- Nós nos vemos quase todos os dias.

- Mas não é o suficiente pra mim.

- Por que você faz isso?

- Porque eu não consigo parar de pensar em você.

- Math... - Deixei a frase morrer no ar.

Pensei por um momento. Math era mesmo a minha chance de esquecer o Niall, por que não arriscar?

- Qual é May? Você tem outro?

Tenho.

- Não Math, não tenho.

- E por que você não quer ficar comigo?

- Math, eu não sei tá? – Soltei o ar. – Não sei mesmo.

Ele murmurou algo como “pelo menos não é um não”.  

Era melhor eu evitar isso. Sério. Não queria brincar com o Math. Tentar é uma coisa diferente.

- Acho melhor a gente ir. – Falei.

- Tudo bem. – Math se levantou.

Continuei em silêncio até a rua.

- Desculpa May. – Math falou primeiro. – Eu não queria deixar as coisas estranhas entre a gente.

Suspirei.

- Eu estou estranha Math.

- Mas a culpa é minha.

- Não é.

- Eu sou um idiota.

- Não é Math. Relaxa.

A conversa morreu de novo, e nenhum de nós fez questão de voltar a falar.

- Posso te levar até a sua casa? – Math perguntou baixinho.

- Claro Math. – Respondi, tentando agir normalmente. – Seria ótimo.

Ele assentiu e passou o braço no meu. Não recusei.

Math parou assim que chegamos na entrada da minha casa. Me virei para ele.

- Obrigada por me trazer até aqui. – Sorri pra ele.

- É sempre um prazer.

Math se aproximou de mim e eu fiquei parada. Ele colocou uma mão da minha bochecha e eu fiquei encarando seus olhos. Aqueles olhos tão azuis. Niall tinha olhos azuis assim.

Não percebi quando sua boca encostou na minha, mas eu não me distanciei. Sua mão deslizou para a minha nuca, me prendendo contra ele.

Mas eu não senti... nada. Meu coração não acelerou, minha respiração não ficou descompassada, não senti aquele típico frio na barriga. As coisas que eu costumava sentir quando estava com o Niall. POR QUE EU SEMPRE TINHA QUE PENSAR NELE?

- Math... – Falei assim que nos separamos.

- Shhh. – Ele colocou o dedo sobre a minha boca.

Suspirei.

- May. – Math começou a falar. – Pelo menos tenta. Por favor.

- Mas Math...

- Não é nada sério, eu prometo.

Senti vontade de chorar de tanta indecisão.

- Tudo bem Math. – Suspirei. – Prometo que vou tentar.