ISA’S POV

Pude ouvir seu grito assim que retiramos as malas.

- AQUI MENINAS! – Ju acenava no meio da multidão.

Bru e May riram e nós andamos até ela.

- NÃO CONSIGO ACREDITAR QUE ISSO TÁ ACONTECENDO! – Ju falou, enquanto nos abraçava.

- Tá bom Ju. – Bru riu de novo. – Você já pode parar de gritar.

Eu ri com a cara que a Ju fez.

- Desculpe. – Ela abaixou o tom de voz. – É que isso é bom demais.

- Eu sei! – May começou a pular de novo. – Como nós sonhamos!

Bru e eu nos entreolhamos e sorrimos. Então, nós duas começamos um abraço em grupo. Isso mesmo. No meio do aeroporto. É, nós somos loucas.

- Acho que sou a garota mais retardada do mundo. – Ju riu depois que nos soltamos.

- SÉRIO JU? NÃO SABIA DISSO. – Ironizei.

Ela mostrou a língua pra mim e continuou a falar.

- Eu tenho uma casa aqui e dormi em um hotel.

- E por que você fez isso? – May franziu a testa.

- Porque eu não queria entrar sem vocês.

E em uma sincronia incrível, eu, Bru e May reviramos os olhos.

Enfim. Depois do nosso pequeno momento de afeto, voltamos a caminhar para a saída do aeroporto. Pegamos um taxi e eu dei o endereço ao motorista. O endereço da nossa casa. Senti um frio na barriga.

Minha vida não poderia estar melhor. Eu estava feliz com o Harry. E agora eu moraria em Londres com as minhas melhores amigas. O que mais eu podia querer?

Suspirei, lembrando-me do quanto eu tinha esperado por isso. De todos os planos que nós tínhamos feito. Do quanto esperar todo esse tempo fez valer a pena.

Viramos na esquina da nossa rua. E como eu sabia que era lá? Obviamente eu já tinha ido para conhecer a casa e tudo mais. É melhor eu explicar isso. Nós meio que dividimos as tarefas. Eu fiquei responsável por procurar a casa. Ju pelos móveis. Bru pela decoração e May pela comida. Mexi os dedos, um pouco nervosa.

A Bru tinha me pedido, assim que eu comecei a procurar pelas casas, a escolher uma que fosse bem longe da casa dos garotos. “Do outro lado da cidade, se possível”, Bru tinha dito. Não vou dizer que procurei por muito tempo, afinal achei uma boa casa em apenas duas semanas. Mostrei as fotos para as meninas e elas adoraram.

Essa era a boa notícia. A má era pra Bru. Nossa casa era na esquina. Na esquina da mesma rua que a casa dos garotos. Pois é.

- Isa? – Ju passou a mão na frente do meu rosto. – Você tá legal?

- Hã? Ahan, é claro! É, tá tudo ótimo. – Dei uma risada nervosa.

- Tem certeza? – Bru perguntou do banco do passageiro. May também olhou pra mim.

- Hã? É claro... – Limpei a garganta. – É claro Bru.

Ela me encarou desconfiada, mas deu de ombros. Bru não ia esquecer essa tão cedo, tenho certeza.

O carro parou na frente da casa. Era tão linda!

- Aqui é tão lindo! – May concretizou meus pensamentos.

Bru pagou o taxi e todas nós descemos e ficamos paradas na frente do portão branco.

As paredes da casa eram amarelas. O contorno das janelas e o portão eram brancos. Tinha um jardim na frente, com algumas flores que eu não sabia nomear.  Tão perfeita para nós.

Colocamos a chave na fechadura e giramos juntas. Como era de se esperar, os cômodos estavam vazios.

- É a hora de começar a arrumar tudo. – Falei, olhando para as caixas no canto da sala.

- Agora? – Bru perguntou, se fazendo de cansada.

- Pelo menos algumas coisas né?

Ela suspirou.

- Tá. Fazer o que.

Com essa pequena reclamação, nós quatro começamos a desembrulhar nossas coisas das caixas. É claro que eu esperava alguma coisa rápida, mas em meia hora todas nós já estávamos deitadas em cima dos colchões que estavam no chão.

- Super arrumação hoje hein? – Ju ironizou, rindo.

Rimos junto com ela. May esticou o braço e pegou um pacote de bolacha na mochila.

- Vocês querem? – Ela ofereceu com a boca cheia.

- Não, obrigada. – Agradeci. – Pode se matar com o pacote.

Ficamos em silêncio por um tempo até que ouvi meu celular tocar. Mensagem.

“Se importa se eu for até ai?”

Sorri inconscientemente e respondi a sms do Harry. Respirei fundo enquanto eu esperava por ele. Meu coração bateu mais rápido quando a campainha tocou. Levantei rápido demais, ignorando os olhares estranhos que as meninas me mandaram.

Abri a porta e lá estava ele. Com aqueles olhos maravilhosos e aquele sorriso encantador. Suspirei.

- Oi Harry. – Sorri.

- Oi meu amor. – Ele me deu um selinho.

- Desculpa pela bagunça. – Dei passagem pra ele. – Praticamente acabamos de chegar.

- Tudo bem. – Harry sorriu. – Oi meninas!

Elas sorriram e responderam um “oi”.

Harry caminhou até um dos colchões e se sentou, pegando uma bolacha de May. Pareceu tão natural que eu não consegui reprimir uma risada. Harry me olhou com a bolacha na boca.

- Que foi? – Ele perguntou de boca cheia.

- Nada. – Sentei do seu lado.

- O que estão achando daqui? – Harry encarou cada uma de nós.

Bru revirou os olhos.

- Acabamos de chegar Harry.

- Ah, é. Foi mal. – Ele passou a mão na cabeça. – Sabe, achei ótimo vocês morarem tão pertinho da gente.

Engoli em seco.

- Hã... como é Harry? – Bru perguntou, com um sorriso meio falso no rosto.

- É, sabe, é só andar até a outra esquina. – Ele apontou.

Olhei pra Bru, praticamente implorando para ela não falar nada. Bru respirou fundo, passando a mão no cabelo.

- É ótimo né Harry? – Ela disse.

- Ahan. Gostei pra caramba.

- É.

Ficamos um pouco ali, mas logo Harry teve que ir. Pedi mentalmente que ele ficasse por mais um tempo, mas não adiantou.

Fechei a porta e me virei, dando de cara com a Bru.

- Isa. Que. História. É. Essa?

Engoli em seco e puxei o ar.

- Então, Bru...- Comecei a falar. – É que... hã...

- Não vem me dizer que só tinha essa casa pra vender porque eu não vou acreditar.

Suspirei.

- Tá. Me desculpa Bru. Eu devia ter te escutado, é só que nós tínhamos prometido.

Bru soltou o ar pesadamente.

- Tínhamos prometido antes de tudo isso acontecer.

- Desculpe.

Bru sorriu de lado.

- Tá tudo bem, Isa. – Ela começou a se virar, mas parou. – Só espero que isso não sobre pra mim.