MAY’S POV

Eu praticamente quicava de excitação.

- DÁ PRA VOCÊ PARAR? – Bru colocou a mão no meu ombro. – Estamos no meio do aeroporto.

Escutei Isa rindo do meu lado.

- Desculpa Bru. – Pedi. – Eu não consigo.

Ela me olhou com censura.

- E eu posso perguntar o porquê da senhorita estar tão ansiosa?

Engoli em seco.

- Qual é Bru! – Levantei os braços. – Você sabe que eu sou louca por Londres.

Bru me analisou por um tempo.

- May, cuidado com o que você vai fazer. – Ela me avisou. – Você sabe que...

“Essa é a última chamada para o voo de Londres EA-1997”.

Graças a Deus a moça interrompeu o que Bru estava falando.Respirei fundo enquanto caminhávamos para o portão de embarque.

Era difícil pensar no que tinha acontecido. Ir até a Argentina para ver o garoto que eu mais amo no mundo e descobrir que ele tinha ficado com outra. Tentei evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas. E, mesmo essa sendo a pior coisa que eu já fiz na minha vida, eu terminei com ele.

Nesse sentido, eu queria ser igual à Bru. Sabe, ela era forte. Talvez até demais. Ela não abaixava a cabeça pra ninguém que a tivesse machucado. E eu sei que ela deve estar se culpando até agora por ter se envolvido tanto com o Zayn. Imagino o quanto isso deve ser difícil pra ela, mas Bru não gostava de mostrar o que ela estava sentindo.

E essa era a diferença entre nós. Aposto que se o Zayn aparecesse aqui, a Bru pensaria mil vezes antes de falar qualquer coisa pra ele. Se o Niall aparecesse aqui e dissesse a primeira letra do meu nome eu já teria voltado com ele. Suspirei. Queria ser mais difícil.

E era exatamente isso que eu procurava em Londres. Mudar.

- May... a sua passagem. – Isa me chamou. – Quer um fone?

Assenti, pegando o fone da mão dela. Caminhamos pela pista de pouso até o nosso avião e nenhuma de nós conseguiu reprimir um suspiro. Era o nosso sonho, bem ali na nossa frente.

- Todas nós vamos sentar juntas né? – Perguntei.

- Sim May. – Bru respondeu.

- E vamos poder comer?

- Ahan.

- E beber também?

- É filha, relaxa.

Isa riu de novo.

- Coitada da aeromoça se for atender todos os seus pedidos.

- Já é de noite. – Dei de ombros. – Não vou comer tanto assim.

Bru deu uma risada sarcástica.

- Ahan. Vou fingir que acredito.

Entramos no avião ainda rindo e procuramos por nossos assentos. Sentei na janela, apesar dos protestos da Isa. A Bru nem reclamou; ela dormiria em qualquer lugar.

- Você pode me trazer um daqueles pãezinhos, por favor? – Pedi para a aeromoça assim que ela passou. – E uma coca também.

Isa revirou os olhos.

- Me deixa. – Falei pra ela.

Pluguei o fone de ouvido no meu celular e coloquei no aleatório. Primeira música: romântica demais. Segunda música: Everything About You. Terceira música: Moments. Soltei o ar pesadamente.

Mexi no celular, escolhendo uma música por fim. Nada melhor do que Ed Sheeran agora. Eu amava suas músicas. E ele era da Inglaterra. Imaginei isso por um momento... Não. Definitivamente não. Era muita sorte para uma pessoa só. Ainda mais se essa pessoa fosse eu.

Should I? Should I?
Maybe I'll get drunk, again
I'll be drunk, again,
I'll be drunk, again
To feel a little love

Murmurei os versos da música, sem me importar com as garotas do meu lado. Eu precisava de música. Sempre.

Voltei a pensar no Niall. É óbvio que eu já tive meu coração quebrado, mas nem de longe foi tão ruim quanto dessa vez. Na Argentina, quando eu já estava no hotel, eu chorei mais do que parecia possível. Parecia que todo o ar tinha sido retirado dos meus pulmões. Naquela hora, eu imaginei como eu poderia sobreviver com isso.

 E só para piorar tudo, eu tive a brilhante ideia de entrar no twitter. Até hoje, nunca entendi como as informações chegam tão rápido às fãs. Não consegui evitar ler as mensagens que me mandaram, dizendo que eu não merecia o Niall. É claro que eu seria a culpada por tudo isso.

Senti alguém passando a mão no meu rosto. Olhei para a Isa.

- Não chora. Por favor. – Ela pediu.

Só quando ela disse isso percebi que as lágrimas escorriam pela minha bochecha.

- Desculpe. – Pedi, limpando as lágrimas com as costas das mãos.

- É difícil não pensar. Eu sei. Mas você tem que tentar.

Assenti, sem falar nada.

Tentei evitar ficar brava com a Isa. Ela não tinha culpa afinal. Mas ela estava com o Harry. E não sabia como era perder o cara que você quis estar desde os seus catorze anos.

Toquei o colar no meu pescoço. Eu não ia desistir dele. Mas também não ia correr atrás, muito menos ficar facilitando. O Niall ia ter que mostrar que me queria de volta. E provar, sim, provar  que eu fui importante pra ele.

É uma promessa.