Angel Of Mine escrita por ZackSun


Capítulo 4
Capítulo 4 de 5


Notas iniciais do capítulo

Esperança... Temos e nem sabemos o porquê.



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 E mais uma vez você me fez pensar no amor...

Nas horas que passamos juntos...

No calor do seu corpo...

Na angustiante espera...

Na emocionante alegria...

E na dúvida primordial.

 

Como faz para que eu me apaixone perdidamente, toda vez que meus olhos te encontram?

 

Eu gostava daquele shopping em especial, porque era ali que tínhamos dado nosso primeiro beijo. Era um sentimento nostálgico, aqueles milhares de pessoas passando de um lado para o outro e os dois ali, como se só nós existíssemos no mundo todo. É difícil descrever o sentimento de um beijo, mas vou tentar... Sabe a emoção que temos quando, diante de nossa vista está uma paisagem que só víamos em livros ou na TV? Aquele fulgor logo abaixo do coração, pois é esse sentimento, mil vezes mais intenso.

 

E mais uma vez penso no amor...

Nas armadilhas e alçapões...

Nas idéias e emoções...

Nas esperanças e certezas...

Nos encontros e confusões...

E na dúvida persistente.

 

Por que mesmo quando não vejo, me apaixono perdidamente?

 

A ansiedade era um sentimento de praxe. Eu ali sentado de frente para o cinema, mas de olhos na escada rolante. Quer dizer, tentando porque sou míope e tinha tirado os óculos para parecer mais bonito e menos nerd, ambos os fatos muito difícil de ser verdade, mas tinha que tentar. Era um tudo ou nada, uma roleta russa.  

 

E mais uma vez o amor pensa em mim...

Para me completar e me fazer feliz...

Para me encher de calor no inverno sombrio...

Me refrescar e hidratar no verão ardio...

E no final da primavera esclarecer...

 

Que sou perdidamente, completamente e decididamente...

 

Apaixonado por você.

 

Está bom! Chega de ler essa poesia! Você já decorou desde seis horas da manhã e já são três da tarde! E daí que passou a noite toda a fazendo, e daí se gastou uma resma inteira de papel! Ela provavelmente nem vá querer ler... Por que só nós seres humanos conservamos esperanças? Por que só essa bendita raça no planeta não se conforma com a crueldade dos fatos e sempre espera um milagre? E por falar em milagre, se tudo der certo tenho que comprar um presente para Mena-chan pelo apoio dela. E também vou procurar pelos seus familiares, faz quase um mês que ela está conosco e eu não movi uma palha até agora. Acho que é porque preciso muito daquela menina com carinha de anjo.

 

Mas não tanto quanto preciso sarar essa ansiedade. Ela é tanta que eu nem consegui comer a comida da Mena-chan, que é um manjar dos deuses! Parece que tem um rato solto no interior do meu corpo passeando com suas patinhas e garrinhas pelos meus órgãos, ora se aninhando no estômago, que sinto encolher a cada garota de cabelos longos e escuros que sobe por aquela escada rolante.

 

Quatro horas da tarde, é parece que ela não vem. Baka, idiota, mil vezes idiota! Só você mesmo Shinji pra acreditar em uma coisa tão... Um susto! Meu coração pula quando meu telefone toca. É ela, ela está me telefonando, deve ser para se desculpar pelo atraso tem que ser!

 

— Alô!

 

— Shinji, tudo bem?

 

— Sim, onde você está? Você chegou?

 

— Sim, estou aqui, olha para frente.

 

Meus olhos vasculharam aquele imenso saguão e destaca ela do resto, um pouco distante. Estava vestindo uma blusa jeans, calça e um cachecol branco que eu tinha feito pra ela no natal. Estava tão linda, parecia até mentira, mas um facho de luz que descia do teto de vidro a iluminava, ela parecia um anjo. Eu comecei a caminhar na direção dela mas...

 

— Não venha... Apenas me ouça.

 

Eu parei, minha garganta parou e por alguns segundos meu coração também.

 

— Não é justo com você. Você é uma pessoa tão boa, tão especial pra mim, não é justo que eu te engane e continue te dando esperanças.

 

— D-do que v-você está...

 

Ela me olhava com a mesma cara de pena, acho que vi algumas lágrimas brotando do rosto dela.

 

— Eu reencontrei um velho amigo, Shinji, ele e eu não nós falávamos desde o colegial e daí nos encontramos, no meu aniversário.

 

— Não....NÃO! NÃO! VOCÊ ME PROMETEU, VOCÊ JUROU PARA MIM! EU OUVI, EU OUVI!

 

— Me desculpa, aconteceu! Eu não pude evitar, não comandamos nosso coração, você sabe disso!

— O QUE EU SEI É QUE VOCÊ MENTIU QUE ME AMAVA!

 

— Eu nunca menti pra você, quando eu te amei eu te amei de verdade! Mas mudou, o sentimento mudou, você tem que entender e me esquecer!

 

— VOCÊ NÃO PODE TER FEITO ISSO COMIGO, EU NUNCA FUI RUIM PARA VOCÊ EU SEMPRE TE DEI TUDO, EU TE DEI A MINHA VIDA! A MINHA VIDA!

 

— Por favor, Shinji não complique tudo, eu... Eu não tive culpa... Ninguém teve... Apenas aconteceu!

 

— O QUE ELE TEM QUE EU NÃO TENHO! DINHEIRO, CARRO, É ISSO ELE É RICO?

 

— Eu não vou comparar vocês dois, porque vocês são diferentes. E eu não estava com você por interesse nunca estive e te dei inúmeras provas disso.

 

Eu comecei a chorar, e me ajoelhei no chão... Ela levou a mão na boca, eu via que chorava também, seu tom de voz havia mudado.

 

— E se ele te maltratar, e se ele abusar de você? Quem te garante que você será feliz com ele?

 

— Eu te garanto Shinji, eu garanto que ele me fará feliz.

 

Tirei a sorte grande, a única bala em um tambor de oito. Direto no meu coração, aquele sorriso foi uma gélida e fria lâmina de uma espada no meu coração. Ela confirmou com um sorriso, um sorriso! “Eu garanto que ele me fará feliz, Eu garanto...”.  Eu não me conformei, levantei e segui em direção a ela, joguei meu celular no chão e comecei a caminhar a passos duros, eu iria pegar ela nos braços e a beijaria e ali ela veria quem a amava de verdade.

 

Todo ser sabe distinguir o fim, só o ser humano crê em um novo começo.

 

Eu vi um outro rapaz, um pouco mais velho que eu, mais forte, mais bonito, se vestia muito melhor também. Eu o vi abraçar ela por trás, ela enrubesceu de vergonha ao ver a minha cara de surpresa, novamente meu corpo parou eu tinha entendido o porque da distância, havia entendido o porque dela vestir tão bem. Havia entendido tudo. Havia perdido, o Coupe de Grace havia sido aplicado, aquela pessoa no saguão que ficou parada encarando o nada por duas horas não era mais Shinji Tadao, aquela pessoa era o primeiro ser humano sem alma na face da terra.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

A poema é real, chama-se "E mais uma vez". Criado pelo meu grande amigo BIG V.