21.12.12 - A Invasão escrita por Padalecki


Capítulo 18
Namoro ou amizade?


Notas iniciais do capítulo

Amei a parte Glark *-*



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Imagem do capítulo: Os dois se amam, isso é fato. Mas de que modo se amam?

O pesadelo com a morte de Clark havia me assustado, então fiquei grata por não tê-lo sonhado mais uma vez. E havia também outra coisa que estava me assustando: O beijo surpresa de Josh.

Estou a mais ou menos meia hora olhando fixadamente para o teto de meu quarto. Posso sentir a respiração meio conturbada de Genevra ao meu lado, sinalizando que ela também não se sentia segura em seus próprios sonhos.

Não preciso fechar os olhos para reviver meu pesadelo. A cada segundo que se passa a cena da cabeça de Clark, com seus cachinhos ensanguentados, aparecia em minha mente, e me fazia reviver toda a dor, o desespero e a insegurança de antes.

Não me imagino num mundo onde o Clark não exista. Ele já é parte de mim, não posso negar isso. Claro, não posso dizer também que esqueci Josh completamente... mas Clark era e sempre será meu melhor amigo antes de qualquer coisa que ele possa vir a se tornar. Eu o amo, sempre amei. Se ele morrer, vai levar uma parte de mim consigo, e eu simplesmente não vou conseguir viver também.

Fecho os olhos e mais uma vez revivo a morte de Clark. Mesmo que fictícia, sinto que o próprio Kratos a mandou para mim, para me conturbar. Eu já não estava tão concentrada na batalha que se aproximava... Eu só queria manter meu melhor amigo vivo.

Sei que ele não vai recusar participar da batalha, e que não vai desistir de participar dela. Tanto ele como Orson, eles são ufólogos. Não perderiam uma batalha alienígena por nada.

Mas eu ainda posso mantê-lo vivo, penso. Eu ainda posso mantê-lo vivo.

Agora minha mente vagueia por um tempo, enquanto a ideia de poder fazer Clark sobreviver me deixa um pouco mais relaxada, e inconscientemente para em Josh. Vejo seu rosto, seu sorriso. Os lábios em formato de coração, os cabelos louros constantemente bagunçados, como se ele tivesse acabado de acordar, os olhos... Ah, os olhos. Aqueles olhinhos verdes e brilhantes, que quando manifestavam a forma Ariana, se tornavam fogo puro. Um laranja azulado e amarelado vívido...

É, sei o que você esta pensando ai: Gwen, Josh traiu você. E Clark é realmente maravilhoso! Por mais que Josh tenha se desculpado e tudo o mais, ele traiu você. Por que diabos ainda pensa nele dessa maneira?

Minha resposta é: Não sei.

Ele se desculpou e acreditei nas desculpas dele. Hoje, quando Genevra acordar, vou contar o que aconteceu ontem à noite para ela. Não omitirei a parte do beijo, não para ela. Para os outros sim, principalmente para Clark.

Aposto com você que Clark não vai acreditar no que Josh estava dizendo. Ele vai dizer que é mentira e que ele só veio com a história de que terminou com Samantha por causa de mim para me fazer derreter por dentro. Então acho que vou omitir essa parte da historia para os outros também. Para os garotos, só vou contar o motivo de ele ter nos traído.

Só que Genevra vai saber de tudo. Gosto dela. E confio nela.

Queria tanto Shawus aqui...

Ouço uma batida suave na porta de meu quarto e em seguida vejo minha mãe. Sorrindo e acariciando o pequeno volume de sua barriga que era meu futuro irmãozinho ou irmãzinha.

- Bom dia. – Sussurra ela. – Acorde Genevra, os outros já estão lá em baixo para o café da manhã. – E então sai.

Suspiro e me viro, tomando cuidado para não pisar em Genevra e acabar sendo afogada no rio Nilo ou coisa parecida. Eu a empurro delicadamente com um de meus pés, e ela geme, deixando claro que ainda não quer acordar.

A chamo pelo nome diversas vezes, e experimento dizer que se ela não impedir, mamãe vai servir crustáceos no café da manhã, e que Genevra vai ter que comê-los.

- Genevra! – Grito, a empurrando com força para o lado. Ela gira e cai no chão frio de meu quarto. Então finalmente abre os olhos e me olha com ferocidade. – Finalmente.

Ela coça a nuca e espreguiça, bocejando. Seus olhos estão vermelhos e sua pele mais pálida que o normal. Tem uma aparência cansada, como se não tivesse dormido nada. Será que o pesadelo dela fora pior que o meu?

- Você está bem Genevra?

- Estou. – Diz, mas a julgar por sua aparência, posso apostar que ela não está nada bem.

Mesmo sabendo disso não digo nada. Preciso contar em versão resumida o que aconteceu na madrugada de hoje. E precisa ser bem rápido, para que possamos descer e encontrar os outros.

- Ótimo. – Sorrio. Então abaixo o tom de minha voz, para que só Genevra possa ouvi-lo. – Preciso te contar uma coisa...

E então contei. Contei num versão resumida as desculpas de Josh, contei resumidamente também sobre a razão real – segundo ele, claro – de seu término com a ex-namorada e contei sobre o beijo.

Genevra ouviu tudo com atenção, esperando que eu terminasse para dar sua opinião sobre tudo.

- Hm... – Faz ela, coçando a nuca mais uma vez. – Parece sincero para mim. Tudo. – Genevra me olha com o olhar baixo, e bem significativo.

- Quer dizer... tudo mesmo? – Pergunto. – Até a parte amorosa da coisa?

Genevra dá uma risada cansada.

- Com certeza. E olhe que não sou muito fã de romance.

Reprimo uma risada. Genevra com certeza não é romântica... bom, isso quando Kovu não esta no meio. Pois quando ele está, posso apostar que ela vira uma Siriana extremamente doce.

Estou fazendo muitas apostas hoje não é mesmo?

Levanto de minha cama e calço as pantufas que Clark me dera em meu aniversário, ignoro o olhar cômico de minha mais nova amiga extraterrestre e me encaminho para a porta.

- Vamos, o café da manhã nos espera.

Descemos as escadas em silêncio. Genevra coçava sua nuca sem parar, como se algo realmente a estivesse preocupando ou irritando. Porém, quando via que eu estava notando quando ela fazia isso, parava imediatamente e continuava o percurso até a cozinha.

Estavam todos reunidos lá. Mamãe servia ovos e bacon para todos, enquanto Oliver servia café, leite e suco de laranja.

- Quer dizer, pensem bem, precisamos ir lá hoje! Não sei a hora que eles vão chegar, mas posso apostar que vai ser de madrugada. – Pude escutar a voz ronronante de Clark quando cheguei ao térreo de minha casa.

- Não, não, você está certo. – Disse Dallas. – E nós precisamos conhecer o terreno também, certo?

- Exatamente.

Quando chegamos lá, todos pararam abruptamente de falar e nos olharam. Clark e Josh sorriram para mim, assim como mamãe e Oliver. Orson e Dallas nos deram bom dia, já quanto a Kovu, ele simplesmente arregalou os olhos para Genevra.

Outra prova de que ela não estava bem, e o Liriano acabara de perceber isso também. 

Sento ao lado de Clark e roubo um de seus bacons, ele ri e bagunça meus cabelos. Josh nos olha, o olhar um pouco cabisbaixo, mas não diz nada, apenas me oferece um copo de suco de laranja.

Clark o olha com raiva, mas sorrio para Josh com leveza e pisco para Dallas, que também parece estar confuso.

- Preciso falar uma coisa para vocês. – Digo, enquanto mamãe acaba de colocar à minha frente um prato repleto de ovos, bacons e torradas com manteiga.

Quando todos já estão prestando atenção, continuo.

- Escutem, Josh me contou ontem à noite o motivo real de ter nos traído. – Olho de relance para Josh e vejo o alívio inundar seus olhos. – Independentemente do que vocês dissessem ou não dissessem, eles iriam me estudar. E bem, eu iria acabar sendo morta, assim que achassem que eu não serviria para muita coisa. Entendam, era isso que iria acontecer comigo há anos atrás, quando eu tinha apenas um ano e fui abduzida. – De repente, eu sabia que o que estava falando era verdade. E isso me deu força para continuar. – Kratos me estudaria, e veria os prós e os contras de se cruzar a espécie humana com a espécie alienígena. Coisa que, posso apostar, ele já esta fazendo com os pobres humanos que abduz.

- Está dizendo que... – Dallas olhava para Josh extremamente surpreso. – Que...

- Que Josh salvou minha vida? Sim, estou dizendo isso. Ele deu o tempo que Clark precisava para que me salvasse de fato. – Olho para Orson. – Tenha orgulho de seu filho, doutor.

Imediatamente um sorriso iluminou o rosto de Orson e ele abraçou seu filho Ariano com força. Josh, sufocado no abraço de seu pai Terráqueo, lançou-me um olhar extremamente significativo e formou uma sincera palavra com os lábios carnudos e bem desenhados.

Obrigado.

Sorrio em resposta e observo a reação dos outros.

Kovu e Genevra, que bebia uma garrafa lotada de água, não demonstravam reações. Dallas estava contente, e dava tapinhas amorosos nas costas do Ariano. Mamãe e Oliver estavam abraçados, e sorriam para mim. Obama fazia o mesmo que Dallas. Clark mantinha os olhos semicerrados e balançava a cabeça de um lado para o outro lentamente, demonstrando sua discordância.

Pouso uma de minhas mãos no ombro dele e o fiz olhar para mim.

- Foi sincero Clark, pode acreditar em mim.

Ele sorri. Um sorriso irônico.

- É nele que eu não acredito. – Disse baixinho, e desviou o olhar do meu.

Depois do choque inicial, continuamos com o café da manhã. Dessa vez com um clima muito incentivador e animado, pois agora, tirando Clark, todos nós estávamos de bem com Josh novamente.

Tenho certeza que, se Josh não gostasse de mim, Clark acreditaria fielmente nele assim como todos os outros. Mas não, o ciúme besta de Clark o fazia parecer um idiota chato e mesquinho. E isso estava me irritando.

- Então quer dizer que planejam ir para o Caribe hoje? – Pergunto, bebericando meu suco de laranja.

- Fica no caribe? – Pergunta Josh, com as sobrancelhas erguidas. = Pensei que fosse em Nova York.

Clark o olha como se dissesse “Cara, como é que você consegue ser tão burro?”.

- Bom, fica perto da Flórida também. – Diz Genevra. – Uma ponta é na Flórida, a outra é em Porto Rico, passando por Cuba é claro e a outra na Ilha das Bermudas, é óbvio. – E coçou a nuca novamente.

Finjo não perceber esse fato e prossigo.

- E como planejam viajar até lá?

- Vou oferecer um de meus aviões particulares. – Diz Obama, terminando de engolir seu último bacon. – E assim que chegarem na Flórida, oferecerei um de meus navios. Geralmente eles são usados pra transportar a mim e minha família por água, mas vou emprestá-lo para vocês. – Ele suspira e entrega o prato e o copo vazios do qual usou para minha mãe. Ela os pega e vai direto para a pia, lavá-los. – Mas assim que chegarem lá, estão por conta própria.

- Como assim? – Pergunta Clark, um tanto assustado.

Obama dá de ombros.

- Eu estarei na casa branca há essa altura, e o piloto que os levará até a Flórida vai acompanhá-los até o momento em que chegarem ao ponto exato do Triângulo do Diabo, então ele vai lançar uma corda para trazer o capitão do navio para o avião, e então voltará para a Casa Branca.

Mamãe coloca ambas das mãos em meus ombros e os aperta carinhosamente. Clark parece um pouco mais assustado.

- Você não vai. – Digo de repente.

- O que disse?

- Não vai. Não pode ir.

O silêncio domina a cozinha. Clark me olha perplexo.

- Porque está dizendo isso Gwen? – Sua voz se torna suave e sedutora.

Simplesmente odeio quando ele faz esse tipo de coisa.

- Você ouviu o que o presidente disse. – Aponto para Obama. – Estaremos sozinhos no momento do perigo. Acontece que tanto eu quanto os Vórtex, temos poderes para nos defendermos... Você, não.

 - Então você quer que eu faça o que, Gwe? – Pergunta ele, um pouco irritado. – Fique de braços cruzados vendo a batalha de aproximar cada vez mais? Com a alta possibilidade de trazer você morta com ela?

- Clark...

Ele se levanta com brutalidade e me olha.

- Não.

Então segue em direção para o quintal traseiro de minha casa.

- Droga. – Reclamo.

Mamãe aperta meus ombros mais uma vez e os solta. Ela beija uma de minhas bochechas e aperta de leve meu nariz.

- Vá falar com ele. – Diz ela suavemente. – Nós resolvemos sua viagem, você resolve as coisas com seu amigo. Vá, pode ir querida.

Olho para os Vórtex. Eles se entreolham e dão de ombros. Josh me encara, e levemente assente, dizendo que preciso mesmo falar com Clark.

E é o que faço.

Fecho a porta traseira de casa no momento em que passo por ela e localizo Clark sentando num antigo balanço. Seus cachos voam para lados diversos conforme o vento toca neles.

Sento no balanço do lado e abaixo a cabeça.

- Sinto muito. – Digo.

Clark dá de ombros, mas não responde.

Droga.

- Escute uma coisa Clark, – Suspiro – não é que eu ache que você não consegue se defender. Longe disso. Sei que você é muito capaz, sei mesmo, mas... sei também do que os Grays são capazes. Eles são malvados, Clark, e cruéis.

- Posso ser malvado e cruel com eles também, se isso salvar sua vida. – Diz ele, olhando-me com os olhos d’água marejados.

Sorrio de leve, mas logo assumo o tom sério de antes.

- A questão não sou eu Clark, é você. E o que você significa para mim. E se Kratos sabe disso.

Começamos a balançar, relembrando nossa infância. De quando Clark me falava pela primeira vez que fora abduzido, estávamos exatamente como estávamos agora. Estávamos no balanço, ele no azul e eu no vermelho, como agora. Tudo parecia igual, o que não é verdade, é claro, tudo mudou.

- E o que eu significo para você Gwen? – Ele pergunta. Eu sabia que ele perguntaria, e sabia exatamente o que responder.

- Tudo. – Respondo simplesmente.

Sorrimos um para o outro, e o clima de tensão desaparece completamente.

- Se você estiver lá, Kratos vai querer te atingir antes de tudo. Ele sabe o quão especial você é para mim, sabe o quanto o amo, e sabe que eu não viveria sem você aqui comigo. – Peguei uma das mãos de Clark e comecei a balançá-la no ar, fazendo-o rir. – Se você morrer Clark, levará uma parte de mim também. Eu não aguentaria muito tempo sem você.

- Oh, Gwen... – Ele parecia emocionado.

Levantamos-nos e nos abraçamos. Um abraço sincero, um abraço amigo. Os braços de Clark me envolviam do mesmo modo de quando éramos crianças. E do mesmo modo, eu me sentia segura com ele lá. A sensação de seu corpo ao lado do meu sempre me dera forças para continuar com minha vida. E agora, com essa perspectiva tão grande de morte, principalmente para ele, percebi que não poderia deixá-lo sozinho aqui.

Os beijos de Clark – que não foram como os beijos ardentes de Josh, e sim como se ele apenas estivesse procurando um modo de me dizer que me amava de verdade e que não queria me perder. – não se comparavam em nada com seus abraços. Nos abraços, eu podia fielmente sentir o amor dele por mim. Nos abraços eu sabia que ele não me largaria por nada nesse mundo, que seria meu amigo para sempre. Meu amigo.

Meu grande amigo Clark.

Essa frase parecia tão certa! Era tão diferente de “Meu namorado Clark”... Não que eu não quisesse namorá-lo, é claro que queria. Ele era incrível! E estava cada dia mais atraente para mim. Mas o problema é que agora eu começava a duvidar de meus sentimentos amorosos por ele. Eu o amava, isso é fato. Mas de que modo?

Esse é uma pergunta que ainda não posso responder.

Soltamos-nos e ele permitiu que eu descansasse a cabeça em seu pescoço, enquanto seus braços ainda envolviam minha cintura.

- Eu também não conseguiria viver sem você Gwen. – Sussurra ele em meu ouvido. – Você já é parte de mim, e se você se fosse... eu não conseguiria preencher essa parte com mais ninguém. Porque você é única, é minha melhor amiga.

Porque você é única, é minha melhor amiga”. Algo no modo como ele disse essa frase me dizia que ele estava pensando no mesmo que eu. Amávamos-nos, certo? Certíssimo. Mas nos amávamos como? Namorados? Amigos? Como?

- Eu te amo, Clark. – Sussurro em seu ouvido, abraçando-o mais uma vez.

- Eu também te amo, Gwen. Demais. – Ele me abraça de volta.

Amor é uma coisa tão idiota.

Amor idiota.

Por que tão confuso?

Que droga.

Voltamos para a cozinha de mãos dadas, como fizéramos muitas vezes antes. Quando chegamos, nos separamos e voltamos a sentar em nossos lugares. Percebo que minha mãe estava com os olhos marejados, e na hora descubro que ela estava vendo o que acabara de acontecer entre mim e Clark. E também não duvido nada dela ter escutado.


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