21.12.12 - A Invasão escrita por Padalecki


Capítulo 17
O plano de Clark Benson


Notas iniciais do capítulo

Gente, não sei quando posto o próximo capítulo =S
E por favor, leiam as notas finais, quero pedir uma coisa pra vocês.



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Imagem do capítulo: Josh e Gwen conversando na madrugada. Ele finalmente tem a chance de se explicar. Será que Gwen acreditará nele?


– Tome, beba isso Srta. Parker. – Sorriu Clark enquanto oferecia um copo d’água para minha mãe, que finalmente estava conseguindo controlar suas lágrimas.

Eu estava, definitivamente, em estado de estupor. Quer dizer então que no final das contas minha mãe sempre soube. Sempre soube de tudo. Acho que isso pode explicar algumas de suas reações anteriores... tipo meu vômito comestível – ela não achou tão estranho quanto Carson... na verdade, se eu for me lembrar bem, ela pareceu compreender muito bem o que estava acontecendo. Ou o fato de eu ficar bonita do dia para noite... os poderes...

– Será que eu poderia usar seu telefone, milady? – Perguntou Obama numa voz formal, enquanto minha mãe bebia altos goles de sua água. Quando ela assentiu, mais surpresa do que qualquer outra coisa, Obama sorriu modestamente. – Agradeço. – E então pegou nosso telefone e saiu da cozinha, provavelmente procurando um pouco de privacidade.

Carson coçava o próprio queixo, suor salpicando sua testa franzida.

– Isso é... difícil de se compreender. – Falou ele, apertando os ombros de minha mãe, que agora devolvia o copo para Clark.

Sorri, assentindo.

– Você até que está tendo uma reação boa. – Disse Clark. – Quando eu descobri tudo, tive que me controlar para não gritar.

Arqueei as sobrancelhas.

– Você foi até a janela do meu quarto e começou a berrar lá.

Clark deu de ombros, mas não disse nada.

– Filha, eu realmente mandei você para aquele acampamento?

Abaixei a cabeça.

– Não... na verdade não. Você mandou Shawus, meu meio-irmão Plêiade. – Arrisquei uma olhada aos Vórtex presentes na minha cozinha. – Eu precisava tanto dele aqui nesse momento...

Bessie apareceu na cozinha, os olhos vermelhos e a língua caída para o lado. Porém, quando me viu, um brilho colossal voltou aos seus olhos novamente e ela recolocou a língua dentro da boca, correndo toda alegre em minha direção. Eu podia apostar que ela estava sorrindo.

Dallas franze os cenhos quando vê o animal passando por minhas pernas. Genevra lança um olhar nervoso para a nossa sala de estar, onde Kovu está acomodado e Orson está o mantendo hidratado.

Ajoelho-me no chão e coço as orelhas de Bessie. Ela parece estar aliviada por ter minha presença novamente. Enquanto permito que Bessie lamba meus dedos e minha mão, olho para minha mãe.

– Eles vão atacar daqui a dois dias. – Em seguida dirijo meu olhar para Clark. – Só temos um dia e meio para preparar um plano de batalha e treinar os Vórtex.

Ele assente e minha mãe reprime um gemido preocupado. Carson aperta seus ombros com extremo carinho, mas seu olhar ainda está um pouco arregalado.

– Acha que é possível que já tenham chegado a Terra? – Pergunta ele.

Dou de ombros e olho para Orson quando o mesmo retorna da cozinha.

– O alien está melhorando. – Ele olha para Genevra. – Quer ver você.

Vendo meu semblante confuso ao constatar que Genevra sorri e sai correndo até onde Kovu se encontra, Dallas cochicha em meu ouvido:

– Eles têm certa história no passado. Eu não sei direito, mais quando ela o viu, não sabia se o beijava ou se o matava.

Arregalo os olhos, surpresa. Então volto-me para meu quase padrasto.

– Por que a pergunta?

Ele coça o queixo novamente.

– Alguns desaparecidos nessa semana.

– Pessoas desaparecem todos os dias. – Digo.

– Eu sei, mas foram muitas para apenas dois dias. E também houve aquele terremoto no Colorado, e aquele furacão em Ohio.

– E que tem isso? – Pergunta Clark, agora ao meu lado, uma das mãos pousando timidamente em meu ombro esquerdo enquanto a outra coça a barriga de Bessie.

– É perto de onde moramos. É perto de New York. – Oliver argumenta.

Eu e Clark trocamos um olhar. Orson e Josh cochicham freneticamente sobre Josh ter sido idiota em ter revelado a primeira parte da profecia. Dallas está sentado ao lado de minha mãe, brincando com uma pedrinha que ele criou a partir de seus poderes terrestres.

– O que está querendo dizer? – Pergunto, levantando-me assim como Clark e o olhando minuciosamente.

Carson dá de ombros.

– É só uma suposição, mas... E se forem eles os culpados pelos desaparecimentos e por todos esses fenômenos climáticos fora de hora? Eu li em um artigo que quando extraterrestres querem entrar no nosso planeta, eles criam esses fenômenos para que possam passar despercebidos.

Faço um gesto afirmativo com a cabeça, afinal ele está certo. Quando voltei para a Terra, minha nave – minha e de Shawus, é claro. – acionou um dispositivo a laser que criou uma tempestade fora de época em minha cidade.

O que quer dizer também que, caso os Grays tenham planejado chegar aqui antes, eles também podiam fazê-lo.

De repente, um medo infinito começa a me consumir por dentro e, antes que possa pensar no que estou fazendo, agarro uma das mãos de meu melhor amigo. Ele parece estar satisfeito ao ver nossos dedos entrelaçados, o que não é o caso de Josh.

E se Carson estiver certo? E se, de alguma maneira, o prazo para o fim do mundo me fora passado errado pelos Plêiades? E se o fim do planeta Terra como o conhecemos estiver mais próximo ainda do que eu esperava? Não tenho Shawus aqui, não tenho ninguém que posso contribuir com alguma coisa!

Sinto um formigamento dominando meu corpo, mais não ligo. O desespero toma conta de meu ser.

E se eu falhar? Não vou conseguir salvar a Terra e fui muito tola achando que conseguiria algo tão esplendoroso! Olho para Carson e mamãe, pensando no dia do casamento deles... Será que eu estarei viva até lá?

– Gwen? – Clark chama, a voz rouca e suave com o alto grau de sotaque britânico me desperta de meus devaneios. – Hã... Você está fazendo muitos objetos pontiagudos levitarem.

Quando olho para a direção em que todos os presentes naquela cozinha olhavam, chocados, percebo que o que ele diz é verdade. Há uma sequência variada de facas, tesouras e martelos de carne suspensas perigosamente no ar. Tento relaxar meus músculos retesados e os objetos caiem no chão com um baque forte que faz minha mãe pular da cadeira.

– Eles não podem estar aqui. – Afirmo. Mais para mim mesma do que para Carson. – Se estivessem, Shawus me avisaria. Ele enviaria um sinal telepático dizendo que estou em perigo.

– O fato de eles estarem aqui não muda a data da profecia. – Orson finalmente se manifestou. – É uma profecia. É o destino. Não dá para mudar. Nem mesmo fatos, nem mesmo datas. – Prossegue ele, finalmente me acalmando.

– Tem certeza? – Pergunta Clark. Nossos dedos da mão direita ainda estão entrelaçados. E ter a sensação da mão quente e firme de Clark na minha é gratificante.

– Acho que sim. – Diz Orson segurando Josh pelos ombros. – Porém, mesmo com essa ameaça iminente, nós temos que descansar. Podemos usar o banheiro? Precisamos de um banho.

Minha mãe assente e se levanta.

– Eu vou preparar o quarto de hóspedes. Carson, será que você poderia pegar algumas mudas de roupas e emprestar aos rapazes? – Ela olha de relance para Clark e seus olhos descem lentamente até onde se encontra nossas mãos. Rapidamente, solto-me de Clark e disfarço. Percebo que os olhos de minha mãe estão desconfiados, mas ela nada diz a respeito disso. – Clark, quer que eu ligue e invente uma desculpa para sua mãe?

Ele faz que sim com a cabeça.

– Séria ótimo. – Diz. – Experimente dizer que Gwen está tão doente quanto eu e Josh, e que é melhor ficarmos em quarentena aqui na sua casa. – Ele deu de ombros. – Ela acreditará.

***

Lá para as oito horas, todos nós já nos encontrávamos em boas condições para ouvir e entender o plano que Clark havia elaborado com suas pesquisas. Ele, Josh, Dallas, Kovu, Obama e Orson vestiam pijamas diferentes de meu quase padrasto. O pijama verde de bolinhas amarelas que ele havia ganhado em um rifa ridícula do trabalho ficara para Dallas, que não parecia nem um pouco feliz com isso.

– Estou parecendo um abacate gigante. – Reclamou ele.

Quanto às garotas, nesse caso apenas Genevra, ela havia criado o próprio pijama. Dessa vez usando crustáceos e mais algas marinhas e plâncton fluorescente que eu realmente achei impressionante. Tampões de ouvido feitos de alga marinha e estrelas do mar complementavam seu visual. A única coisa minha que havia em seu corpo eram o par de méis grossas que emprestei para ela.

Kovu havia readquirido sua palidez natural, mas a ponta de seu nariz estava absurdamente vermelha e sua boca tinha uma aparência seca e ressecada. Ele nos dissera que precisava de certa porcentagem de água todos os dias, mais água até mesmo do que a própria Genevra precisava, e que não havia seguido a “dieta” com tanto afinco. Por isso o esforço feito no avião havia devastado seu ser.

Percebi que Genevra e ele estavam sentados próximos um do outro, e que ela o olhava muitas vezes. Porém, não consegui entender seu olhar. Era como uma namorada assassina ou algo parecido.

Quanto a Obama, avisar sua família fora fácil. O difícil era explicar o desaparecimento do presidente. Michelle Obama, sua esposa, estava agora mesmo no noticiário, alegando que o marido se encontrava muito doente e que havia viajado para o exterior. Ela disse que logo embarcaria com os filhos para o mesmo lugar, porém não deu indícios da localização.

Depois de desligarmos a televisão, Clark abriu sua bolsa e retirou de lá seu IPad. Enquanto ele o ligava, minha mãe se dirigiu para a cozinha, dizendo que já estava mais do que na hora de preparar o jantar.

– Certo, bonitão, diga-nos o seu plano. – Falou Genevra, piscando sedutoramente para Clark. Não sei quem pareceu mais ultrajado: Eu por ela ter flertado com Clark, Josh por eu ter ficado ultrajada por ela ter flertado com Clark, Clark por Josh ter ficado ultrajado por eu ter ficado ultrajada por ela ter flertado com ele ou Kovu, que estava apenas com uma única sobrancelha erguida em direção a Genevra.

Genevra, por outro lado, permaneceu do modo em que estava. Pouco se lixando para os olhares incrédulos que recebia.

– Prossiga Clark. – Disse Orson, com um meio-sorriso irônico pintado nos lábios, em meio à barba grisalha e por fazer.

Clark esta nervoso, consigo ver isso estampados em seus olhos claros. Os cabelos molhados fazem com que seus cachos fiquem ainda mais visíveis e há certo brilho em seus olhos. As bochechas estão rosadas devido ao frio e ele está usando um de seus pijamas antigos de guerra nas estrelas que mamãe achou em uma das gavetas do quarto de hóspedes, de modo que seus pulsos e suas canelas ficam visíveis, mesmo com as meias que Carson lhe emprestara.

Ele termina de ligar o aparelho e aperta uma sequências de ícones na tela. Depois, me mostra a imagem de um mar, ou oceano, não sei. Há uma ilha, que está bem afastada. No céu as nuvens são diferentes de qualquer coisa que já vi.

– O Triângulo das Bermudas. – Comenta Genevra. Então arqueia as sobrancelhas para Clark. – Acha mesmo uma boa ideia que essa quantidade de extraterrestres vá dar uma passeadinha por lá?

Clark dá de ombros e retoma o IPad.

– Não é bem passear por lá. Mas, bem, é o Triângulo das Bermudas. – Ele diz isso como se já explicasse muita coisa.

Dallas, Genevra e Kovu sorriem, provavelmente entendendo o que Clark acabara de dizer. Quanto a mim, permito-me trocar um olhar confuso com Josh – e infelizmente isso faz com que borboletas voem em meu estômago – e volto a olhar Clark, que ri de meu semblante confuso.

– Vocês são os alienígenas, e sou eu que tenho de explicar o porquê de “Triângulo das Bermudas”?

– Cale a boca Clark. – Falo.

Ele balança a cabeça, descrente.

– Escutem, muitos barcos, aviões e principalmente pessoas desaparecem quando atingem a coordenada exata do Triângulo das Bermudas. Para os gregos, isso acontecia porque ali se encontrava um dos vários caminhos para o reino de Hades. Para os romanos, porque se encontrava o reino de plutão. Para os égipcios, porque ali era o Duat. Alguns ufólogo acreditam que ali existe um dos maiores buracos de minhoca do espaço. Tirando a muralha da China, é claro, mas que em minha opinião é apenas um modo de localização. A maioria dos ufólogos que foram para lá investigar essa teoria...

– Deixe-me adivinhar. – Disse Josh. – Nunca mais voltaram?

Clark faz que sim com um movimento rápido de cabeça.

– Enfim, eu e Orson...

– Oh, não caro ufólogo prodígio, o crédito da ideia é todo seu. – Interrompe Orson com um sorriso orgulhoso.

O rosto de Clark adquire um tom corado por um momento e ele continua.

– Está bem. Eu deduzi que, caso os Grays realmente quisessem acabar com a Terra, eles precisariam começar por algum lugar. Isto é, eles precisariam de um bom buraco de minhoca para conseguir transportar suas naves. – Então engole em seco e olha para Carson. – Aquilo que disse sobre eles já estarem aqui... pode muito bem ser verdade. Caso utilizem mesmo esses buracos de minhoca, eles podem chegar duas vezes mais rápido do que chegariam realmente.

– Isso não explica porque não vieram atrás de mim. – Digo com extrema veemência, incapaz de acreditar que a Terra já pode estar caindo nas mãos de meus inimigos.

– Explica sim. – Titubeia Clark. – Eles querem entender o povo da Terra, querem saber como reagiríamos com um ataque de alienígenas hostis iminente.

O ar fica preso em minha garganta. Clark pode estar absolutamente certo. Como fui idiota! Nunca sequer havia passado por minha cabeça que os Grays seriam inteligentes a ponto de estudarem a Terra e os terráqueos com mais afinco durante esses dias, para que pudessem saber como e quando atacar.

– Certo, consideremos que eles estejam aqui. – Digo em meio a um suspiro.

– O que isso tem haver com o Triângulo das Bermudas? – Pergunta Josh.

– Posso apostar todo o dinheiro do presidente que os que estão na Terra, entre nós, nesse exato instante são apenas mensageiros. É claro que muitos deles visam encontrar você, e matar se for preciso, mas o motivo real não é esse.

Josh e eu trocamos outro olhar, e ignoro a sensação borbulhante em meu estômago.

– O que quer dizer com... – Começo.

– Deus, garota, você é burra? – Pergunta Genevra revirando os olhos. Carson arqueia as sobrancelhas para ela, e posso ouvir minha mãe derrubando alguma coisa na cozinha. Clark olha incrédulo para a Vórtex da água. – Ele quer dizer que os verdadeiros soldados Grays estão vindo para cá e usarão o buraco de minhoca de Bermudas. E posso apostar minha cauda que Kratos virá com eles.

– Ótimo, que venha. – Digo de um jeito firme, levantando-me do sofá e fazendo o que imagino ser uma pose heroica. – Preciso pegar de volta o anel de meu pai, de qualquer maneira. – É então que me lembro de que Shawus dissera que meu pai e todo o exército Plêiade provavelmente estaria vindo para a Guerra também.

Meu corpo todo murcha e desabo nas mãos de Clark. Quando abro meus olhos e vejo seu sorriso, não consigo evitar e sorrio também.

Estou sentada no sofá novamente, com todos os olhos sobre mim.

– Shawus recebeu uma mensagem de meu pai. – Digo apertando a testa. Minha cabeça está doendo. – Ele disse que Shaw estava se metendo em uma guerra que não era dele, e por isso estava vindo buscá-lo. Disse que, para se proteger e protegê-lo, estaria vindo com um exército.

Escuto mamãe derrubando outra coisa na cozinha, e posso ouvir a respiração acelerada de todos. Tirando Carson, que estava confuso como sempre, todos ali sabiam o que isso significava. Quando um Plêiade entra em guerra, ele entra para vencer. Mais quando um Plêiade entra obrigatoriamente em guerra, seus valores o impedem de ganhar.

O que quer dizer também que papai e seu exército não viriam para lutar, mais que os Grays não veriam da mesma forma.

Engulo em seco.

– Qual seu plano Clark?

Ele sorri, reconfortando-me enquanto acaricia meus cabelos atrás da orelha.

– Vamos para o Triângulo o quanto antes. Antes de eles chegarem. E quando chegarem, estaremos preparados.

***

Genevra vai dormir em meu quarto, não que ela fique muito satisfeita com isso. Mas como tenho percebido, ela não anda muito satisfeita com muita coisa.

– Acha que podemos vencer essa guerra? – Ela me pergunta depois de algum tempo em silêncio.

Viro-me na cama e olho para o colchão abaixo dela. Os olhos de Genevra fitam o teto de meu quarto, e posso sentir que ela esta nervosa. Mas, para falar a verdade, quem é que não está nervoso?

– Acho que sim. – Digo eu, demonstrando mais confiança do que realmente sentia.

Ela assente e fecha os olhos.

– Pensei que ouvir a escolhida dizendo isso me deixaria mais calma. – Um sorriso irônico pinta seus lábios. – Me enganei. – Ela abre os olhos e me fita por um momento, então os fecha novamente. – Boa noite.

– Boa noite. – Respondi.

Minha noite foi péssima.

Revivi o sonho de quando estava no planeta Grayano, e ouvia a discussão de meu pai com Kratos. Depois, sonhei com a destruição da Terra: Terráqueos correndo por todos os lados, crianças chorando enquanto se perguntavam o que estava acontecendo. Depois, o pesadelo teve inicio. Primeiro eu me encontrava imersa em uma água negra e estava sendo perseguida por algo, ou alguém. Pude ver Genevra a minha frente, ela gritava para que eu me apreçasse, não queria que eu morresse. O algo que estivera me perseguido agarra um de meus pés, e posso sentir fielmente suas unhas alongadas e afiadas penetrando em minha carne. A dor é lancinante e estou ficando fraca. Os gritos de Genevra ficam abafados e tento me livrar do aperto, mas o ser de garras longas é muito mais forte do que eu.

Depois, o cenário muda, e estou na cozinha de minha casa. Estou discutindo com Clark sobre Josh, e sobre como nunca mais me deixarei ser feita de boba por ele, mas percebo que Clark está quieto demais, com a respiração muito devagar. Quando me aproximo dele, ele diz:

– Não. – Murmura. E algo me diz que tem coisa errada com ele. Sua voz está fraca e ele respira com dificuldade. – Armadilha.

– O que? – Pergunto confusa. Nada ali faz sentido.

É então que o vejo.

Kratos.

Vejo Kratos em sua forma real: Corpo franzino coberto de músculos, a cabeça num tamanho anormal e os olhos grandes e escuros como bolas de tênis. As garras longas e afiadas sobem pelo corpo de Clark e param em seu pescoço.

– Você vai se entregar para mim, queridinha. – Disse Kratos com a voz arrastada, quase que com desleixo. Ele desliza uma das garras pelo pescoço de Clark. – Se entregue a mim, deixe-me usar seus poderes para arrancar os recursos deste planeta, e ele viverá.

– Nunca. – Digo.

E então só tenho tempo de sentir o ar fugindo de meus pulmões. Ouço um barulho de algo afiado cortando carne e no segundo depois, a cabeça de Clark cai aos meus pés. Os cachos bem desenhados empapados de sangue.

Acordo de súbito e percebo que estou totalmente encharcada. Levanto-me com extremo cuidado e pulo o colchão onde Genevra está roncando.

Primeiro vou ao banheiro e jogo água gelada no meu rosto. Melhora um pouco, porém ainda não me sinto cem por cento.

Em seguida vou até o quarto de hóspedes, pois quero ver Clark. Quero me certificar de que sua cabeça permanece no lugar em que deveria estar, mas um pouco antes de chegar ao meu destino, observo alguém em minha cozinha, olhando pela janela.

Quando me aproximo desse alguém, me arrependo imediatamente, pois é ninguém menos do que Josh Stuart.

Começo a dar pequenos passos para trás, mas...

– Insônia? – Ele me pergunta.

Para no meio de um passo e xingo no idioma Plêiade mentalmente. Então suspiro e me sento ao lado dele.

– Pesadelo. – Corrijo. – E você?

Josh dá de ombros.

– Insônia.

Ficamos em silêncio por um longo tempo. A única coisa que eu podia ouvir era sua respiração e as cigarras lá fora. Josh sorri de repente.

– Seu coração está acelerado.

Ergo as sobrancelhas por um momento.

– Como sabe disso?

Ele dá de ombros novamente.

– Minha audição. Ela está apurada demais. Principalmente de noite.

Assenti.

– Você tem poderes incríveis, Josh. – Então suspiro e olho para os desenhos intrincados da mesa. – Por que nos traiu?

Josh abaixo os olhos, visivelmente constrangido.

– Era a única maneira de te manter viva.

Balanço a cabeça.

– Percebe que o que fala não faz sentido? Eles iriam me estudar de qualquer maneira.

Josh afirma com a cabeça e me olha nos olhos. Eu simplesmente não consegui desviar o olhar e então ficamos nos olhando.

– Iam, e então te matariam assim que Kratos desse a ordem. Ao saberem da primeira parte da profecia, eles finalmente sacaram que você era a chave de tudo. – Então sorri e tira os olhos dos meus. – Sabendo disso, teriam que usar você, e não matá-la. – Ele volta a me olhar, mas dessa vez acompanho o desenho de seus lábios com meus olhos ou invés de olhá-lo. – Eu não sabia que iríamos ser salvos pelo presidente dos Estados Unidos, eu tive que pensar em algo. E rápido. – Uma de suas mãos se arrasta pela mesa e toca na minha. – Não queria que você morresse.

Retiro rapidamente minha mão dali e a coloco entre minhas pernas ao cruzá-las.

– É claro que não. O futuro da Terra... – Começo.

Josh me interrompe quando pega em ambas de minhas mãos com as suas.

– Não tem nada haver com isso Gwen. – Diz ele. – Nunca te contaram o porquê de eu ter terminado com Samantha, contaram?

Fiz que não com a cabeça. Tentei retirar minhas mãos, mas Josh era demasiado forte, e a quentura que emanava de seu ser era tão boa que realmente desisti de tentar sair dali.

– Bom, foi por sua causa, é claro.

Esqueço-me de como respirar.

– M-minha? – Ele sorri. – Só pode estar brincando!

Ele solta minhas mãos e bagunça o cabelo. Começo a perceber que seu sono está reaparecendo.

– Não estou. Você sabe muito bem que eu era caidinho por você quando éramos pequenos... e ainda sou.

Na verdade, eu não sabia de nada, eu apenas especulava. Mas assenti, afirmando que sabia. Estava tão surpresa que as palavras não saiam de minha boca.

– Então veio à nona série, e me convidaram para ser o quarterback. Eu aceitei, mas isso me afastou de você. Eu comecei a me dedicar ao futebol americano, e aos poucos eu quase não te via na escola. Houve até uma época em que pensei que você e Clark eram namorados... Enfim, nas férias do nosso segundo ano do colegial, me apresentaram para Sam, que era a chefe das líderes de torcida e tudo o mais. No início, só ficamos juntos pelas regras dos populares, mas depois até gostei mesmo dela.

Permaneci em silêncio, olhando para ele.

– Mas acho que bem lá no fundo, eu sempre gostei de você. E, bem, quando eu senti aquela... sensação de reconhecimento quando olhei para você numa das aulas... eu tive certeza de que ainda gostava de você. Eu amava Sam, e ainda devo gostar. Mas você é e foi à primeira garota que roubou meu coração, Gwen.

Senti meus olhos brilharem, e liguei meu celular. A única coisa que ele iluminavam era o rosto gentil de Josh, que me olhava com carinho.

– Terminei com Sarah de vez um pouco depois daquela sensação. Ela quase me matou, e acho que teria matado se estivéssemos sozinhos.

– Hã... eu não sei o que dizer. Sempre fui apaixonada por você também, mas...

– Mas agora tem o Clark. – Ele sorri, triste. – Eu entendo, não precisa ficar preocupada. Foi bom me abrir com você, e espero que possa acreditar quando o digo que não a trai. Nunca iria traí-la, mesmo que a traição esteja em meu sangue.

Sorrio de volta, mas antes que eu possa perceber o que vai acontecer, Josh se aproxima e planta um beijo delicado em meus lábios.

– Boa noite branquinha. – E então se afasta, seguindo para a escuridão que é o restante de minha casa.



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Notas finais do capítulo

Minha cadelinha é uma labradora preta de olhos da cor do mel, que pesa 36kg. Eu cuidei do pai dela desde pequeno, e da mãe dela desde pequena, cuidei dela e dos irmãos e irmãs dela desde quando eram pequenos também.
Agora ela desenvolveu uma grave infecção no útero e isso pode matá-la. Se ela morrer, eu não sei do que sou capaz de fazer.
A cirurgia, provavelmente, será realizada nessa segunda-feira.
O meu pedido é que vocês rezem por ela, caso forem religiosos, e peçam para que dê tudo certo da cirurgia.
Para os que não são religiosos, só mandem energia positiva.
Essa cadelinha é minha vida, se ela morrer, eu morro tambem.



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