Virei na direção do casal e observei o sorriso de satisfação que eles esboçavam. Eu estava imóvel, nao conseguia respirar direito, tudo estava girando, minha cabeça doía. Família Cyrus? Eu? Membro? Então quer dizer que eles... Eles me adotaram?

- Va até ele Miley, abraçei-os, eles são sua família agora! - disse Diane. Eu simplesmente obedeci, mesmo não querendo. Meu corpo não obedecia aos meus comandos, era estranho, eu queria correr dali, mas meu corpo queria ficar!

A mulher, que se me recordo bem possuía o nome de Tish, se levantou da cadeira e me puxou para um abraço. Ela tinha os olhos marejados e assim que me abraçou, começou a chorar. Eu nem pisar conseguia, só observava tudo, queria correr dali, ir para os braços de Justin, onde eu encontrava o meu porto seguro; mas algo me prendia, algo me impedia de sair dali correndo, uma parte de mim queria ficar ali com eles, e os chama-los de papai e mamãe. Uma parte de mim queria uma família.

- Você é a nossa princesinha agora, nossa jóia dos olhos azuis. - disse a mulher que me tinha em um abraço apertado.

Nada disse,simplesmente permaneci imóvel. Pela fresta da portas que estava meio aberta, pude ver Justin com os olhos vermelhos me observado. Fechei os olhos porque nao queria demonstrar a emoção.

Eu estava triste, feliz, confusa, perdida... Queria minha mãe, minha verdadeira mãe, queria seus braços, queria seu abraço, queria ouvir aquele tudo vai ficar bem, querida que ele sempre me dizia. Eu queria ela.

Quando abri meu olhos, Justin nao estava mais lá, a mulher havia me soltado e eles me observavam.

- Querida, vá para o quarto, arrumar suas coisas. Você ira ainda hoje! - disse Diane.

Hoje? Eu queria gritar dizendo que não queria ir, mas algo em mim me impedia de fazer isso, algo dentro de mim gritava mais alto dizendo que eu deveria ir, pois a partir de agora eu teria alguém que cuidasse de mim, alguém que me amaria, alguém que me daria presentes de Natal, alguém para me ajudar nos deveres, alguém que eu poderia recorrer a qualquer momento.

Mas a minha outra parte debatia dizendo que Justin sempre fazia isso por mim. Ele sempre estava lá e seria errado deixa-lo, seria errado abandona-lo ali, sozinho, sem ninguém.

Justin era o pai, a mãe, o irmão, que eu não tive todos esses anos e agora o que eu estava fazendo? Eu estava o abandonando. Os minutos anteriores da minha entrada naquela sala, vieram em minha cabeça. Se fosse com ele, ele iria, ele me abandonaria aqui, então ?porque eu deveria ficar? Por nada!

Voltei a realidade quando já estava em frente ao dormitório junto com a senhorita Germanota. Com meus devaneios não havia percebido isso.

Entrei e haviam somente algumas crianças estavam ali. Fui até o meu armário e a senhorita Germanota pegou uma mochila e me ajudou a colocar todas as coisas que eram minhas ali - que por sinal eram poucas -.

- Isso é incrível, Miley, você terá uma família, uma casa, quem sabe até irmãos. Ganhara brinquedos e roupas novas... - dizia ela, mas eu só tinha pensamento em uma coisa,ou melhor, em uma única pessoa. Justin.

Ela continuou falando enquanto guardava as minhas coisas na mochila. Me sentei na cama e peguei Sparta, minha tartaruga que já estava bem velha e remendada. Apertei-a em meus braços e me levantei. A senhorita Germanota já havia terminado de aprontar minha mochila e nos dirigimos novamente aquela sala. Por todo o caminho até ela, olhei para os lados tentando encontrar Justin, mas nao o achei em lugar nenhum.

Chegamos na sala e nova,ente encontrei o casal Cyrus com aquele sorriso no rosto não que eu não gostasse, mas aquele sorriso me incomodava e me dava medo, medo de mim mesma, por que se eles estavam sorrindo era porque estavam felizes, mas por que eu não conseguia ficar feliz também? Por que eu sentia uma tristeza quando via aquele sorriso?

- Querida, você será a garota mais amada e querida de todas. - disse Tish sorrindo, pela primeira vez com muito esforço eu sorri em resposta.

[...]

Estávamos na saída, eu iria embora, iria viver uma nova vida, uma vida longe dali! Até agora eu não havia visto Justin, fui até a cabana mas ele não estava lá. Ele havia desaparecido, e eu não queria ir embora sem me despedir, eu não podia!

Estava descendo as escadas da parte exterior do orfanato insonte o carro, quando escutei alguém me chamar.

- Miley! - gritou aquele voz que eu reconheceria mesmo com uma matilha de cachorros latindo! Instantaneamente virei-me e vi que ele corria em minha direção, corri até ele e nos abraçamos. Sem que eu percebesse lagrimas já enchiam meus olhos e eu já me encontrava em prantos.

- Desculpa. - sussurrou ele no meu ouvido, e aquilo fez com que eu chorasse mais ainda. A culpa me consumia eu devia ter gritado, esperneado, devia ter dito que nao iria! Devia ter pronunciado algo, quando tive a oportunidade.

- Não vai! Por favor, eu preciso de você. Por favor, por favor! - só deus sabe o quanto aquilo me quebrou por dentro. Eu era apenas uma criança como podia sentir tamanha dor? Tamanho sofrimento?

- Eu... Eu não tenho escolha. Eu... Eu... Eu sinto muito. - disse entre soluços.

- Miley, vamos querida. Nossa viajem será longa! - disse Tish atras de mim. Me soltei de Justin e vi que ele também chorava. Seus olhos denunciavam sua tristeza, mas eu não sabia o que fazer, eu queria ficar, mas ai mesmo tempo queria ir.

- Juntos para sempre e sempre, se lembra? - disse ele.

- Sim, Justin. Mesmo longe eu estarei com você. Juntos para sempre e sempre! - disse e voltei a abraça-lo.

- Miley, vamos! - dizia Tish impaciente atras de mim. Me soltei de Justin e olhei para ela que já estava ao lado do carro. E voltei meu olhar para Justin e dei um ultimo abraço nele.

- Eu te amo Miley. Nunca se esqueça de mim pois nunca esquecerei você. - disse ele a mim.

- Eu também te amo Justin e não me esquecerei de você nem em mil anos. A gente ainda vai se ver. Eu tenho certeza. - disse e o soltei.

Desci as ultimas escadas e fui até o carro deixando Justin ali parado apenas me observando. Entrei no banco traseiro do carro e acenei pra ele.

O carro foi ligado e logo entrou em movimento, Justin inutilmente começou a correr atras do carro e vê-lo chorando me fez chorar também, ele correu o máximo que conseguiu mas não alcançou.

E essa foi a ultima vez que o vi...